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quarta-feira, 17 de julho de 2013

3 ANOS SEM ESCOLA ANÍSIO TEIXEIRA

Em janeiro de 2014 a nova escola Anísio Teixeira
 estará concluída, conforme diz o projeto
.


Nos últimos três anos, a demora em torno da obra do Governo do Estado, referente à construção e ampliação da escola Anísio Teixeira, situada ao longo da Avenida Nagib Mutran, no Bairro Cidade Nova, tem abusado da paciência da comunidade estudantil. As turmas foram remanejadas do prédio original desde outubro de 2010, para espaços cuja estrutura não dá conta de atender o número de alunos, além de outras exigências básicas, com a devida qualidade.
Construção do Anísio vai completar triênio
inacabada, no próximo dia 3 de outubro.
Nesse triênio, os estudantes, pais, professores e representantes de sindicato reivindicaram pelo prédio original, inúmeras vezes. Paralisações de aulas, carreatas e manifestações em frente à 4ª URE (Unidade Regional de Ensino) foram algumas das formas utilizadas.
Elton Pedro Cavalcante tinha 17 anos quando estudava na Escola Estadual Anísio Teixeira, cursando o terceiro ano médio, em 2011. Ele participou das manifestações cobrando melhorias e atitudes do governo, e teve que se formar apesar de todos os atropelos naquela época.
Elton Cavalcante tinha 17 anos quando
cursava o terceiro ano, em 2011.
 Ele participou das manifestações junto com
colegas de turma.
Cavalcante lembra que os prédios alugados para receber o alunado, o corpo docente, bem como os espaços mínimos do funcionamento escolar – secretaria, diretoria, sala de professores, xerox, cantina – até o término da construção, não tinham “graça nenhuma”. Isso porque as edificações das igrejas Católicas (Bairro Laranjeiras) e Batista (Bairro Novo Horizonte), que foram destinadas aos níveis de ensino médio e fundamental II, respectivamente, eram pequenas e chegavam a estorvar o alunado “nos dias quentes”.
Nossa reportagem entrevistou alguns alunos nesse período de férias, que dura todo o mês de julho, para saber como vai a atual situação da escola, rotulada por muitos como descaso do governo atual.  
Segundo Caroline da Costa Souza (16), que veio a essa escola estadual em 2012, atualmente os problemas continuam. Souza relata que ao conversar com seus colegas de turma, hoje no segundo ano médio, a opinião geral é a de que o local continua inadequado. “Até meus pais estão decepcionados com a situação”, afirma.
Souza detalha que o resultado das manifestações nos anos anteriores trouxe melhorias por um lado, porque, as centrais de ar foram instaladas nas salas. Porém, a padronização da energia elétrica não foi efetuada, e por conta disso, não dá para refrigerar todas as salas.   
De acordo com Michele Ferreira (17), também secundarista, os estudantes no Anísio Teixeira não foram informados de nada acerca do novo prédio, e continuam sem previsão de retorno, após essa reconstrução. Ferreira observa que até seus professores reclamam das condições de trabalho por lá e, embora tenham ido à 4ª URE pedir esclarecimentos, nada se resolve.
Para Wendel Bezerra, durante reivindicação mobilizada pelo Sintepp – Sindicato de Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará – em abril deste ano, as obras no prédio faziam parte da pauta que foi levada à diretora da 4ª URE, Elaine Cristina Silva. Ele entende que, realmente, não deixa de ser um absurdo, tanto para os alunos quanto para os professores, permanecerem na mesma já em 2013.
Prof. Elis Lima (à dir.) e a diretora da 4ª URE, Elaine Silva, ao lado,
durante a III FECAT em Dezembro de 2012.
Bezerra recordou que, após aquela mobilização, a então diretora recebeu o Sintepp e confirmou que um novo processo licitatório havia sido encaminhado. Logo que a nova empresa assumisse os trabalhos, esta daria um prazo para o término das construções.
Essa informação nunca chegou até os ouvidos da comunidade estudantil. Porém, na placa em frente à construção, consta o prazo de 240 dias para que a nova empreiteira entregue a obra, contando a partir de maio deste ano. Ou seja, em janeiro de 2014 a nova escola Anísio Teixeira estará concluída, conforme diz o projeto.
A equipe compostas Lucas, Ana Beatriz,
Rafael, Marcos, Alexia, Adolfo, Jaqueline,
 Daniele, Mateus e Layla foi bastante elogiada
na III FECAT.
A única certeza é que, no próximo dia 3 de outubro, completam-se os três anos de espera, sem o Anísio Teixeira em plena forma.
Atualmente, há trabalhadores em plena função, atuando por conta dessa nova construtora, que tomou a frente das edificações no prédio. As lembranças das “Feiras” de Ciências e de Linguagem, que tomavam boa parte da Nagib Mutran, local que por anos recebeu o alunado do Bairro Cidade Nova e adjacências, repleta de projetos, ficam esperando por outras melhores.  
Assim como a IX FBI, o evento da FECAT ficou prejudicado
devido ao pouco espaço, para receber comunidade.

ÁGUAS PASSADAS...
Setembro de 2011 – Durante a tarde de uma quinta-feira (15), a classe estudantil fez uma paralisação nas atividades, para discutir a situação com autoridades do município e alunos dos demais turnos. Desta vez, o motivo que tinha desencadeado o clima de insatisfação decorria já do famigerado atraso referente às obras no prédio da escola – que estavam paralisadas desde julho –, quanto das condições insalubres que professores e, sobretudo, os estudantes estavam passando, nos locais em que as turmas foram remanejadas.
Nessa ocasião, a promotora do Ministério Público, Cremilda Aquino da Costa, participou como ouvidora da causa pública, e o então diretor do Anísio Teixeira, Evaldo Barreto, informou que o governo do Estado rompeu o contrato com a empresa que tinha sido a responsável pela obra, por causa de gastos excessivos e rumores de superfaturamento.
Na avaliação da promotora, todos estavam sendo vítimas de uma desorganização generalizada por parte do governo de Estado, quanto ao gerenciamento da obra, desde o início.
Cremilda Aquino da Costa, participou como ouvidora
 da causa pública, e o então diretor do Anísio Teixeira,
 Evaldo Barreto, informou que o governo do Estado
tinha rompeu o contrato com a empresa em 2011.
Setembro de 2012 – A IX FBI Feira de Biologia realizada em setembro, durante a quarta-feira (26), moveu centenas de secundaristas, e apesar da falta de estrutura, conseguiu-se chamar a comunidade local para prestigiar esse evento. A preocupação dos educadores era de que a péssima infraestrutura refletisse no aprendizado estudantil, e fizesse o evento diminuir no prestígio, uma vez que em outubro de 2012 completaria dois anos fora do seu prédio original.
Ainda nesse período, a direção da escola, declarou que os eventos anuais – realizados como resultado do estudo em sala de aula – sempre foram queridos pela comunidade, o que justificava a numerosa freqüência de famílias bem como de alunos provenientes de outras instituições de ensino. Fato este que, conforme Evaldo Barreto, caiu consideravelmente.
Mesmo com todos os obstáculos, a professora de biologia e coordenadora da feira, Edite Carvalho, parabenizou o esforço e a criatividade dos secundaristas.
Ela ainda acrescentou algumas das dificuldades que eles tiverem que superar, a fim de manterem o melhor dessa FBI: “Infelizmente, esse é o espaço que a gente tem. Estamos por dois anos aqui e é só o aluno que acaba perdendo mais. Não temos nem sala de computadores, estes estão tudo trancado porque não tem onde instalar, estão sem biblioteca...”, revelava.
IX Feira de Biologia Interna (FBI), no pátio da
 Igreja Católica - São João Batista -, situada no Bairro
 Laranjeiras. Enlatados dentro do pátio, por isso,
 muitos optaram por ficar de fora.
Outubro de 2012 – Houve um dia de paralisação nas atividades escolares, com a finalidade de se promover uma caminhada formada pela comunidade estudantil. O ato se deu em repúdio a todo descaso que se instalou em torno da Escola Estadual Anísio Teixeira, no que se refere às obras de reforma e ampliação do antigo prédio.
Os manifestantes se reuniram na frente do prédio no Bairro Laranjeiras, a fim de partirem rumo à Cidade Nova, passando pela 4ª URE (Unidade Regional de Educação), pelo prédio em reforma, até alcançarem o Ministério Público.
Nesse ato, a direção tinha elaborado um documento endereçado ao Ministério Público, e para a 4ª URE, contendo as demandas da escola, espaço inadequado, desumano, com as mínimas condições de trabalho. Circunstâncias que, para os professores, poderia comprometer todo o ano letivo em 2013.
Coordenadora da FBI em 2012, Edite Carvalho.
Abril de 2013 – Também numa quinta-feira (11), uma ação programada por educadores, estudantes e sindicatos, em frente o prédio da 4ª URE, demorou manhã e tarde, com os manifestantes ocupando o local, cobrando com cartazes e discursos uma educação de qualidade nas escolas de nível médio.
Em parte da Praça São Francisco, pais de alunos acompanhavam os representantes das instituições, localizadas em cidades da região sudeste, como Parauapebas, Jacundá, Marabá, Brejo Grande, Palestina, Bom Jesus e outras. 
Desta feita, a professora de Língua Portuguesa, Márcia Quaresma, que também é coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública de Parauapebas, protestou pelos direitos garantidos à educação pública no Pará.  
“Essa paralisação fazemos todos os anos. Porque, nós que trabalhamos na rede estadual, representamos os educadores de todo o Estado, e sabemos o quanto é difícil atuar com tantos problemas ocorrendo... Está a pior calamidade!”, afirmou durante o protesto.
Quaresma pontuava que a falta de merenda, a demanda de professores e a infraestrutura implicam, diretamente, na qualidade do ensino.  

Delegação cobrou urgência no atendimento de pauta (abril de 2013).







   
Jovens cobram com cartazes e discursos educação de qualidade.

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