Entre as forças que parecem governar o universo e as pessoas está a perda do valor. Louvá-la ou enojar-se dela? Eis a questão.
Talvez
seja mais uma das constantes universais que sedimentam o ajuste fino do nosso
universo. Porém, a cada novo dia... algo se esvai para outro estado de coisas
que outrora era e agora não. É o tempo. Vida e morte. Criança e velhice...
Por algum motivo, hoje me sinto bem
melhor com a sensação da perda de meu valor pessoal. Como ser, como gente, como
quem fui para quem foi pra mim.
Não
falo de perder os valores caros e irrevogáveis que me sustentam tais e quais a
fé em Jesus, o amor por minha família, o casamento que por uma mulher salva o
homem até de si mesmo...
Posso
não entender bem sobre como o universo vai perdendo de seu valor. Ele, relativo
ou criado, estaria indo de um estado mais organizado para outro menos organizado,
destrutivo e deletério. Assim como está caminhando para um fim em que, Ele,
brevemente será refeito. Tudo novo.
Contudo,
volto a me regozijar com a oscilação do meu estado pessoal de coisas. Que
sensação madura e gentil. Não me sentir mais preso ao valor que me davam e ao que
usufruía mesmo, aparentemente, ou myselfmente, sem eu desejar tanto.
Quem
sabe, neste momento, estarei eu amando a desimportância das coisas que me fazem
ser o que sou. Um Manoel de Barros. É! Vá lá me rotular como quem regozija de
ter alcançado a insignificância poética. Mas isso não é inovador. Muito antes.
Muito bem antes... houve quem se esvaziou por mim.
Portanto,
agora estou me sentindo numa nova aprendizagem, semelhante ao aprender andar de
bicicleta. Já passei da fase do medo por andar descontrolado sem saber como
parar e fugir da queda. Olha que coisa boa. Ainda me sinto que sou eu. E sou.
Mas um Ser que nem Heidegger saberia sua medição.
A
força que vai desfazendo o nada do universo também agora se liga por algum
fronteiro do meu novo eu – ou do meu mais eu que antes? – agora desvalorizado.
Salvo estou agora pela perdência que agora nutre a boa-venturança do meu
ser.
Estou
amado. Não mais por quem estive como eu queria. Poxa, Pessoa, estou melhor
sendo tudo o que de mim perdi? Oh, benção! Só benção.
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