QUADRANGULAR EM AÇÃO
Neste sábado, 15 de novembro, a partir das 7h da manhã, a população de Marabá será beneficiada com uma grande ação social promovida pela Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ). O evento, intitulado "Quadrangular em Ação", acontecerá na Escola Irmã Theodora, localizada no Bairro Liberdade (núcleo Cidade Nova), e oferecerá serviços gratuitos em diversas áreas.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
TODO AMOR, AMOR TODO
quinta-feira, 27 de novembro de 2025
A IMPUNIDADE É O MAIOR DOS CRIMES
O que acontece no momento em que as pessoas assistem a injustiças? Quando elas presenciam a injustiça na forma de impunidade? Qual é o impacto, qual é o efeito disso em suas mentes? Eu, na maioria das vezes, fico reflexivo. Um pouco paralisado, pensando no absurdo que meus olhos veem.
Entendo que
esse impacto depende, geralmente, de múltiplos fatores: o meio, o tipo de
injustiça e meu vínculo em relação a quem, porventura, sofre com a impunidade.
Por exemplo, o
meio pelo qual essas situações ou cenas de violência, de patente injustiça,
chegam: pelo celular, pela TV. Ou quando eu presencio a ocorrência delas. Isso
mexe na minha sensação de potência ou impotência reativa perante os fatos.
Vejamos. Que
potência tenho se, ao ir à padaria, vejo a notícia de um bandido solto em
audiência de custódia, enquanto a vítima desse assassino vai para debaixo da
terra e os familiares padecem com o silêncio e a ausência de representantes dos
direitos humanos? Nenhuma, imediatamente falando.
Agora, eu
posso evitar o “sucesso” das pequenas injustiças praticadas no dia a dia, coisa
que acostuma muita gente que gosta de sair impune. Na fila do pão – a gente
precisa sair da padaria –, se vejo à minha frente uma pessoa ser atendida por
dar uma de espertinha e violar a vez de quem estava ainda mais à frente — que
chegou bem antes de nós dois: de mim, o “assistidor”, e do pentelho à frente, o
espertalhão — obviamente que a potência aumenta. Assim, podemos cobrar que o
atendente seja justo e não permita que a injustiça ocasione a impunidade.
Embora exista uma
gradação entre maior ou menor relevância social, todo um abismo entre esses
dois exemplos de impunidade, a do bandido solto dolosamente e a do espertalhão
na fila do pão, é necessário avaliarmos os efeitos da impunidade em todas as
esferas da sociedade.
Na verdade, o
impacto de cada caso vai muito além do aspecto visual. Muito além da cara que
fazemos, quer de consternados, quer de revoltados.
Quando
presencio a injustiça na forma de impunidade, todos os meus sentidos ficam num
esforço contínuo, acredito que seja para reagir, isto é, para gerenciar os
fatos que chegam até mim e como vou entender o que é a vida — ou seguir
entendendo o que é a vida a partir dali. Mais: o que vou fazer com o que é vida
ao ver que a vida também é aquela impunidade ali, na minha cara.
Sabemos que
mais um fator é a nossa relação, nossa intimidade, nosso vínculo com quem
padece a impunidade. Não posso esperar para reagir e agir, para usar a potência
que tenho, apenas quando minha relação com quem sofre injustiça seja a de quem
tem a vítima em seu campo de afeto — por motivos sanguíneos, um familiar,
afetivo-sociais, um amigo de infância, ou até filosófico-existenciais, alguém
da minha igreja, do meu partido ou da minha profissão.
Quando a
justiça não é feita, toda a sociedade sai perdendo. Quando a impunidade
torna-se a regra, as pessoas do povo passam a desacreditar nas leis, passam a
perder a confiança naqueles que deveriam executá-las.
No fim das
contas, a impunidade é um tipo de maldade que consegue ser maior que o crime
cometido. Ela torna todos nós culpados em alguma medida. Porque todos temos a
capacidade, a potência de se importar. Seja adulto, seja idoso. Até uma criança
chega a um momento da infância em que percebe que as injustiças não pertencem a
bem nenhum. E que o coleguinha merece ajuda. Justa ajuda.
terça-feira, 25 de novembro de 2025
II Encontro Municipal de Bandas e Fanfarras agita Marabá com ritmos e talentos locais
A manhã desta quarta-feira, 19 de novembro, foi marcada por sons vibrantes de tambores, pratos e fanfarras no II Encontro Municipal de Bandas e Fanfarras, realizado no Museu Municipal Francisco Coelho. O evento reuniu estudantes de escolas municipais e regionais em uma celebração da música e da cultura paraense, promovendo integração, disciplina e o resgate das tradições locais.
Educação e cultura de mãos dadas
Para o secretário de Educação, Cristiano Lopes, a iniciativa reforça a importância da música na formação cidadã:
“Os alunos saem daqui mais confiantes e conectados com todo o ensinamento que a inteligência musical proporciona. Nosso objetivo é criar, para 2026, um evento no calendário letivo municipal, no formato de campeonato, com torcidas e premiação aos vencedores.”
Ensaios que transformam vidas
O professor Walkimar Guedes, do Departamento de Música da Semed, destacou o esforço contínuo dos estudantes:
“Esse é um momento importante para que os alunos tenham socialização e mostrem o resultado dos ensaios. Durante toda a semana eles estão produzindo suas marchas. Algumas bandas de outros estados já manifestaram interesse em participar, o que fortalece a cultura musical em Marabá. Hoje o projeto atende 44 escolas, sendo 10 da zona urbana e 4 do campo.”
Emoção e superação
O maestro Weigno Leite, da Banda de Percussão Odílio Maia, ressaltou o impacto do projeto em comunidades carentes:
“Trazer a cultura para dentro da escola é algo único. Os alunos ficam tão ansiosos que às vezes nem dormem. É gratificante ver o resultado na vida deles, tanto na musicalização quanto na questão social. Hoje trouxemos 22 alunos, mas a banda tem 40 instrumentos e estamos preparando também os de sopro para integrar às próximas apresentações.”
Cultura em expansão
Representando a FCCM, o maestro Amarildo Coelho celebrou o encontro como resultado de anos de trabalho:
"Esse momento é glorioso pra nós, porque estamos vendo o resultado das extensões da Casa da Cultura e da parceria com a Semed. É maravilhoso ver profissionais atuando nessas escolas e fortalecendo a cultura.”
Música como presente
O professor Daniel Oliveira (UEPA), responsável por três bandas, destacou o valor da iniciativa:
"Pra vida desses alunos, que passaram meses estudando música, isso é um presente. É o primeiro contato de muitos com a música, e para alguns é tudo ao que eles se agarram. Isso deveria estar inserido na grade curricular de todas as escolas.”
O professor Josias Ramos, da Banda de Percussão Jardeon de Souza (EMEF Faixa Linda), relatou a emoção dos alunos e familiares:
"É a primeira vez que eles participam e está sendo incrível. Uma mãe chorou de emoção ao ver o filho se apresentar. Esse é o resultado que esperamos: emoção e confiança. Essa parceria entre família, comunidade e escola é fundamental.”
A professora Amanda Vieira, da Banda Marabela (EMEF Tancredo Neves), destacou o marco para a cidade:
“É a primeira vez que temos um evento grande com várias bandas tocando músicas além das marchas. Estou muito feliz e orgulhosa. Isso é um marco para Marabá e espero que se repita todos os anos.”
Intercâmbio cultural
O professor Waldemar Guedes trouxe a Banda de Percussão de Itupiranga, convidada especial, ampliando o intercâmbio cultural entre municípios.
Já a estudante Ramilly Caroline, de 18 anos, emocionou-se ao falar da experiência:
“É maravilhoso ver que a prefeitura de Marabá e a de Itupiranga desenvolvem esses projetos para os jovens. Antes não havia oportunidades e muitos se envolviam em coisas desnecessárias. Agora temos momentos que transformam nossas vidas. Espero que esse seja o primeiro de muitos encontros.”
Encerramento em grande estilo
A manhã foi concluída com apresentações da Banda Som do Arco (EMEF Arco-Íris), Banda Raquel de Queiroz (EMEF Pedro Marinheiro e Prof. Raimundo Gomes) e, por fim, a explosiva Banda Som da Juventude (EMEF Geraldo Luiz Gonzaga), que colocou o público de pé.
O II Encontro Municipal de Bandas e Fanfarras mostrou que a música é capaz de transformar vidas, unir comunidades e valorizar tradições. Mais do que um espetáculo, o evento consolidou-se como um marco cultural em Marabá, reforçando o papel da educação musical como patrimônio imaterial da região e preparando o caminho para futuras competições e intercâmbios nacionais.
quarta-feira, 19 de novembro de 2025
PRÁTICAS DIDÁTICAS SOBRE O FERIADO MARABAENSE DE SÃO FÉLIX DE VALOIS – LEI Nº 2.376/1982
PRÁTICAS DIDÁTICAS SUGERIDAS PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (GROK)
Aqui estão
8 atividades didáticas e lúdicas, adaptadas para diferentes faixas etárias do
Ensino Fundamental I, II e até Ensino Médio, todas baseadas na história de São
Félix de Valois e na devoção em Marabá. As atividades misturam história local,
religiosidade popular, patrimônio cultural e valores como gratidão, fé e
preservação.
1ª série ao 3º ano (Ensino Fundamental
I) – “O santo que cuida na floresta”
Atividade: Desenho + pequena roda de
história
Conte a história do menino perdido de
forma bem simples e afetiva.
Peça que as crianças desenhem “São
Félix cuidando do menino na floresta” (pode ter árvores, animais, o santo de
barba branca com hábito branco e vermelho – cores tradicionais dos
trinitários).
Depois façam uma exposição dos
desenhos com legenda ditada pela criança: “São Félix salvou o menino perdido”.
4º e 5º ano (Fundamental I) – “Caça ao
tesouro da história de Marabá”
Atividade: Caça ao tesouro com pistas
pela escola ou pátio
Esconda 6 pistas que contam a história
em sequência:
Família traz imagem na década de 1920
Menino some na mata
Pai faz promessa
Menino volta e reconhece o santo
Construíram a primeira capela
Hoje é feriado e a igreja é tombada
A última pista leva até uma imagem ou
réplica pequena de São Félix e um bolo ou doces para comemorar o “achado”.
6º e 7º ano (Fundamental II) – “Linha
do tempo viva”
Atividade: Linha do tempo humana +
teatro de sombras
Divida a turma em 6 grupos. Cada grupo
representa um momento da história (1920, desaparecimento, milagre, construção
da capela, enchente, feriado em 1982, tombamento em 1993).
Eles criam uma frase e um gesto
congelado (estátua viva).
Depois apresentam em ordem cronológica
formando uma linha do tempo gigante no pátio.
Variante para o Ensino Médio: gravar
um teatro de sombras com celular + lençol contando a mesma história.
6º ao 9º ano – “Entrevista com o
passado”
Atividade: Simulação de entrevista
jornalística
Um aluno faz o papel do menino que
voltou da mata, outro do pai que fez a promessa, outro da pessoa da família que
trouxe a imagem em 1920, e outro de um morador que viu a enchente destruir a
capela.
Os demais alunos são repórteres e
preparam perguntas.
Pode ser gravado em vídeo ou
apresentado ao vivo para outras turmas.
8º, 9º ano e Ensino Médio – “Por que
20 de novembro é feriado em Marabá?”
Atividade: Debate regulado + produção
de cartaz ou vídeo explicativo
Divida a turma em 4 grupos:
Grupo histórico (conta os fatos)
Grupo religioso (fala da fé e da
devoção popular)
Grupo do patrimônio (importância da
igreja tombada)
Grupo crítico (pergunta: todo feriado
religioso deveria ser mantido? Compara com outros feriados municipais do
Brasil)
Ao final, cada grupo cria um cartaz ou
um Reels/TikTok de 1 minuto explicando por que Marabá para no dia 20 de
novembro.
Todas as idades – “Mapa afetivo de São
Félix em Marabá”
Atividade: Mapa colaborativo gigante
Desenhe ou imprima um mapa
simplificado de Marabá no chão da sala ou no pátio com papel kraft.
As crianças/adolescentes marcam:
• Onde ficava a vila na década de 1920
• Onde o menino pode ter se perdido
(área de mata)
• O local da primeira capela (atual
Igreja de São Félix de Valois no bairro São Félix – Pioneira)
• Onde acontece a procissão hoje
Cada um cola um coração ou uma flor de
papel com uma palavra: gratidão, proteção, fé, história, etc.
Ensino Fundamental II e Médio –
“Redação ou cordel: O milagre da floresta”
Atividade: Produção textual criativa
Opções:
a) Redação em 1ª pessoa: “Eu sou o
menino que voltou da mata…”
b) Cordel de 6 estrofes contando toda
a história (muito comum no Pará)
c) Conto fantástico: “E se o menino
tivesse encontrado São Félix de verdade na floresta?”
Os melhores podem ser encadernados ou
ilustrados e doados para a biblioteca da igreja ou exposição na escola.
Todas as idades – “Jogo da memória
gigante de São Félix”
Atividade: Jogo da memória no chão
Crie cartas grandes (A3 ou cartolina)
com pares:
imagem de São Félix × hábito
trinitário
menino perdido × menino encontrado
primeira capela × capela destruída
pela enchente
promessa × milagre
lei de 1982 × feriado
igreja antiga × igreja tombada hoje
Jogado em duplas ou equipes no pátio,
enquanto contam a história a cada carta virada.
Essas
atividades trabalham história local, identidade cultural paraense,
religiosidade popular, patrimônio e ainda desenvolvem oralidade, escrita, artes
e pensamento crítico – tudo a partir do feriado de 20 de novembro em Marabá.
PRÁTICAS
DIDÁTICAS SUGERIDAS PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (COPILOT)
🎨 1.
Atividade de Artes Visuais – “Desenhando a História”
Objetivo: Estimular a criatividade e a
compreensão da narrativa histórica.
Prática: Os alunos desenham cenas
relacionadas à devoção:
- A família trazendo a imagem do santo.
- O milagre do menino na floresta.
- A construção da primeira capela.
- Adaptação:* No Ensino Médio, pode-se propor uma releitura artística
(colagens, pinturas ou quadrinhos).
🗣️ 2. Roda
de Conversa – “O que é um Padroeiro?”
- Objetivo: Refletir sobre o
significado cultural e religioso de um padroeiro para uma cidade.
- Prática: Professores conduzem uma
roda de conversa sobre:
- O papel de São Félix para Marabá.
- Comparar com outros padroeiros de cidades brasileiras.
- Discutir como tradições religiosas se tornam parte da identidade
local.
📜 3. Linha
do Tempo Histórica
- Objetivo: Organizar os fatos em
ordem cronológica.
- Prática: Os alunos constroem uma
linha do tempo com os principais eventos:
- Década de 1920: chegada da imagem.
- Milagre do garoto.
- Construção da primeira capela.
- Enchente e reconstrução.
- Tombamento em 1993.
- Lei de 1982 instituindo o feriado.
- Adaptação: No Ensino Médio, pode-se
relacionar com outros marcos históricos de Marabá.
📝 4. Lista
de Questões – “Quiz Histórico”
- Objetivo: Fixar conteúdos de forma
lúdica.
- Exemplos de perguntas:
- Quem é o padroeiro de Marabá?
- Em que década começou a devoção a São Félix?
- Qual foi o milagre associado ao santo?
- Quando a igreja foi tombada como patrimônio histórico?
- Qual a lei que instituiu o feriado municipal?
🎭 5. Teatro
ou Dramatização – “O Milagre na Floresta”
- Objetivo: Trabalhar expressão
corporal e oralidade.
- Prática: Alunos encenam o episódio
do desaparecimento do menino e sua volta, reconhecendo São Félix como
protetor.
- Adaptação: No Ensino Médio, pode-se
transformar em uma peça curta com diálogos mais elaborados e reflexões sobre fé
e cultura.
📚 6.
Produção de Texto – “O que significa o feriado para mim?”
- Objetivo: Desenvolver escrita
reflexiva e crítica.
- Prática: Alunos escrevem redações,
poemas ou crônicas sobre:
- O significado do feriado de São Félix para a cidade.
- Como tradições religiosas influenciam a vida comunitária.
- A importância da preservação do patrimônio histórico.
🌍 7.
Pesquisa e Apresentação – “Patrimônio Histórico de Marabá”
- Objetivo: Relacionar o feriado com a
preservação cultural.
- Prática: Grupos pesquisam sobre a
igreja tombada em 1993 e outros patrimônios da cidade.
- Adaptação: No Ensino Médio, pode-se
incluir debates sobre políticas públicas de preservação.
👉 Essas
atividades podem ser combinadas em um projeto interdisciplinar envolvendo
História, Artes, Português e Ensino Religioso, tornando o aprendizado mais rico
e conectado à realidade cultural dos alunos.
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
O Padroeiro de Marabá, a Negritude e a Educação
E quando a força da negritude compete com a força da santidade católica?
Nesta semana,
em que despenca o dia 20 de novembro, a cidade de Marabá, praticamente uma
metrópole plantada na região sudeste do Pará, permite-nos colher alguns frutos. Entre eles, brotam-se um feriado municipal, o dia de São Félix de Valois (leia-se:
“Valoá”), padroeiro da cidade, e uma data de repercussão nacional, o Dia da
Consciência Negra (leia-se: discussões de esquerda e de direita sobre como as
pessoas pretas devem ou não devem pensar e existir).
No cenário da
educação municipal, como professor que sou há 21 anos, sei que, por um lado,
existe a felicidade por causa da força do feriado. Feriado rima com descanso,
duvida?! Todo trabalhador gosta de usufruir de um feriado no aconchego do lar.
Por outro lado, não vou afirmar que exista uma infelicidade, porém é nítido que esse feriado municipal (lei nº 2.376, de 1982), que representa fortemente a influência católica na formaçãoda identidade e da cultura marabaenses, parece perder espaço para as comemorações e protestos relacionados ao Dia da Consciência Negra.
Repito: não é
uma infelicidade, mas enxergo alguns problemas nesse contexto em que o feriado
local é invisibilizado pelo tema nacional.
Para ser bem
objetivo na observação que faço aqui, vou deixar de lado, momentaneamente,
minha crítica ao fato de que a esquerda política já sequestrou a data de 20 de
novembro, usando-a como instrumento ideológico para promover a própria agenda
de poder. Isto é, sequestraram a temática do racismo para sinalizar que eles
são os únicos virtuosos, são eles os justiceiros sociais capazes de resolver os
problemas do Brasil. A esquerda criou uma senzala ideológica. Enquanto isso, a
direita política sedimenta ações para desmistificar essa falsa virtude. É
chato, mas necessário. Afinal, os conservadores não caem nesse papo de racismo
estrutural. Nem no curral cognitivo do “lugar de fala”. Em síntese, toda axiologia em
torno do movimento negro de esquerda é, de fato, estratégia de silenciamento
das pessoas pretas de direita.
Nesse sentido,
o que a população de Marabá vê no chão das escolas, tanto nas públicas quanto
nas particulares, é um esforço em escala amazônica para a realização de
eventos: palestras, oficinas, apresentações artísticas, documentários, rodas de
conversa etc., completamente voltados para o Dia da Consciência Negra. No
entanto, a data do padroeiro de Marabá é relegada quase ao esquecimento. Digo:
os estudantes sabem ou aprendem pouco, ou quase nada, acerca de quem foi e qual
o peso de São Félix de Valois.
Doravante, faço
aqui um singelo esforço para entender ou tentar entender as pessoas que
acreditam que esse cenário está correto, ou seja, que Marabá deve seguir assim
mesmo, sem nenhuma ou com ínfimas referências ao padroeiro local.
Primeiramente,
entendo que muita gente vai argumentar sobre o fato de o racismo ser uma
temática urgente, que necessita de enfrentamento e conscientização, e que as
escolas são meios extremamente úteis para que a sociedade e o governo apliquem
ações diretas e indiretas, visando à construção de um Brasil mais socialmente
justo, igualitário e democrático. Beleza! Eu concordo que o drama do
preconceito racial deva ser combatido, mas isso não justifica a aura de
silêncio nas escolas sobre a história, a simbologia e a personalidade de SãoFélix de Valois. Caberia, nos espaços das salas de aula, ensinar também sobre o
padroeiro.
Repito: concordo
com as ações de uma educação antirracista. Mas não sou obrigado nem acredito
que as escolas devam ser obrigadas a reproduzir qualquer discurso panfletário
da esquerda política e autoritária. Autoritária porque rotula todos que pensam diferentemente
dela de racistas. Uma canalhice intelectual e antidemocrática que infelizmente amedronta
muita gente.
Em segundo
lugar, entendo que há pessoas que vão justificar com o argumento de que o
Estado é laico, no intuito de que as escolas não deem repercussão ou algum
fomento aos valores em torno de quem foi “Valoá”. Geralmente, esse é o
argumento mais usado por aqueles que promovem o preconceito e a intolerância
religiosa aos cristãos. Contudo, se fosse um "padroeiro" de matriz africana, essas mesmas
pessoas jamais evocariam o argumento da laicidade.
Por fim, é necessário que uma coisa não anule a outra. Deveria haver espaço para ambos nas escolas. Ou melhor, deveria haver espaço para esses três pontos: celebrar a consciência negra, dando voz às pessoas pretas de esquerda e de direita, respeitando suas diferenças, bem como garantir que os estudantes ao menos tenham noção da história da própria cidade. E, naturalmente, de seu padroeiro.


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