Naturalmente, surgiu. Hoje, durante algumas aulas que
lecionei sobre linguagens, em mais de uma instituição, percebi dois
comportamentos semelhantes. Um novo e um “velho”. Um em mim, outro nos
alunos.
E, já que num tô fazendo nada, vim aqui escrever uma crônica
enquanto saboreio um cachinho de uvas estado
aqui do ladinho do meu note.
O do alunado já é sabido. Repetidas vezes, o professor dá
uma paradinha na exposição da aula, faz uma pausa de silêncio durante a
abordagem de um conceito ou exemplo mais complexo, ou ainda durante a resolução
de questões. Isso, só pra ver se a galera que tá com conversinha paralela, com
burburinho, com ruídos, se manca e volta para o propósito da aula.
Acredito que não apenas eu, mas todo professor que preza
pelo estudo, e pelo encontro especial que o espaço da sala de aula nos permite,
tem a paciência comedida, na dose certa, para relevar esse comportamento de
parte dos “estudantes” ao ficarem dispersos do foco do ensino. Dose certa para
não permitir o abuso, pois, conduta tolerada é conduta permitida, e conduta permitida é conduta ensinada. Só que hoje,
em parte, minha reação mudou.
Nos momentos em que ocorreram esses contratempos, eu fiz o
dito silêncio, só que minha linguagem cinestésica, corporal, foi a de ficar
mastigando. Poderia até ser um pretexto para um cara fofinho como eu pensar em
comida. Ato reflexo próprio dos gordinhos. Mas não era comida. Até que eu quereria!
Contudo, reagi naqueles breves segundos mastigando, mas como quem rumina
palavras na boca. O silêncio, o vácuo intelectivo, o vazio, ganhou forma na cavidade
bucal.
O mais interessante era o que eu falava ao final desses
momentos de silêncio, até que todos colaborassem com o clima do saber ou os próprios
alunos repreendessem os desavisados, cobrando em certo sentido o silêncio
sapiente, tão caro e necessário para o andar da maior parte da aula. Eu
encerrava com um “Tô mastigando ódio!”, o que causava uma reação de riso na
maioria do público estudante, partindo de mim primeiramente, é claro. Se eu não
rir das minhas piadas sem graça, quem o fará?
Regularmente, adoto um estilo piadeiro. Anedotas ou sacadas que possam aludir ao conteúdo da aula
e ajudar a colar na retina, pra não esquecer. Espero! Não sou do tipo que “perde
o amigo, mas não perde a piada”. Mas, às vezes... Perco quase o emprego (rsrs).
O que seria mui injusto, afinal, nunca faço uma piada, assim, para tamanhuda absurdidade.
Agora, retornando à minha reação, o que seria?!!! É chiste? É
toc? É fetiche? É solução para certas descargas psíquicas? É a corporificação
do teatrinho anedótico, sabor que tanto prezo não só em aula? Enfim, não sei
responder. E já que a Unifesspa em meio à crise (rsrs) formou sua primeira turma de psicologia, em Marabá, tá aí um prato cheio. Deixemos os amigos psicólogos responderem. Me julguem! Ops... É “Julguem-me!”.