Peito deletério (Anderson Damasceno)
A MC Quer Vinho
Estou com tantas mulheres,
Estou casado
E nunca te deixei pra trás.
Guardo, escondida,
Tudo o que foi minha vida,
Sem saber o que quero mais.
De feridas e verdades antigas,
Arrancando a casca da minha sina,
Incapaz de desolhar pra trás.
Eu me enxergo de um ângulo torto,
Já são sete, ou oito,
E os anos me enterram mais e mais.
Nesse caminho, não
Nutro a porta da esperança, mas
Sei que, um dia, a força cansa de ser um pai.
Fecundando as nuvens do meu mistério,
Com a leveza de um gás hélio,
Corta fino o silêncio dos temporais.
Com dentes grandes,
E boca cheia de pimenta,
O pássaro de fogo atravessa os carnavais.
Voando pra longe de um coração tolo,
Aquele que ficou comendo bolo,
Bebe a taça de vinho dos seus ancestrais.
Poeira de cometa passou,
E só depois de tão tarde olhou
A saúde, que não volta mais.
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