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terça-feira, 18 de maio de 2021

POEMA - PEITO DELETÉRIO

Peito deletério (Anderson Damasceno)

                                                                   A MC Quer Vinho


Estou com tantas mulheres,
Estou casado
E nunca te deixei pra trás. 

Guardo, escondida, 
Tudo o que foi minha vida,
Sem saber o que quero mais.

De feridas e verdades antigas,
Arrancando a casca da minha sina,
Incapaz de desolhar pra trás. 

Eu me enxergo de um ângulo torto,
Já são sete, ou oito, 
E os anos me enterram mais e mais.

Nesse caminho, não 
Nutro a porta da esperança, mas
Sei que, um dia, a força cansa de ser um pai.

Fecundando as nuvens do meu mistério,
Com a leveza de um gás hélio,
Corta fino o silêncio dos temporais.

Com dentes grandes,
E boca cheia de pimenta, 
O pássaro de fogo atravessa os carnavais.

Voando pra longe de um coração tolo,
Aquele que ficou comendo bolo,
Bebe a taça de vinho dos seus ancestrais.

Poeira de cometa passou,
E só depois de tão tarde olhou
A saúde, que não volta mais.


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