NACIONAL ENERGY

sábado, 24 de fevereiro de 2024

A SOLIDÃO QUE GERA AMIGOS

Ser poeta é um lugar muito solitário. O poeta tem que lidar com vazios de tempos em tempos. Pois, tamanha solidão representa uma condição necessária para sua poesia. Talvez para toda poesia. Afinal, muitos poemas conseguem nascer do total silêncio. Nascem do momento em que todas as outras vozes parecem se calar.

Daí a importância de povoar a habitação com muitos poemas.

Os poemas, depois que partem de nossos punhos, tornam-se como amigos. Passam a ter uma voz, ter algo a dizer até pra nós mesmos que os geramos.

A habitação fica, dessa forma, repleta de amigos.

E mesmo que alguns sejam tagarelas, faladores, eles carregam consigo uma mensagem única. Assim como cada amigo, de carne, osso e dente, deve ser. Amigo que é amigo também carrega por aí a sua mensagem para com a vida.

Não estou reclamando da dura vida do poeta. Pra quê?! A vida no silêncio pode ser o melhor útero deste mundo.

Contudo, dura coisa é encarar a solidão do poeta. Afinal, ainda que seu punho tenha gerado milhares de amigos faladores, suas falas-poemáticas se vão para algum lugar e vão fazer amizades com outras pessoas.

E o poema segue essa sina. Ele vai se hospedando noutras habitações. Encontra as casas de novos moradores e, ali, passam um tempo comunicando a seus habitantes tudo que se tem vontade de dizer.

Embora haja alguns que nos dê vontade de mandar de volta para os punhos dos quais, não façamos. É melhor deixar seguir o povoamente. A vida com amigos que não escondem o que têm pra falar é muito melhor.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

NARCISISMO ACONSELHATIVO

Como é possível chegar a um lugar sem se sentir preparado para estar ali? Seria impossível? Deveria. Mas não é.

Se formos contar, especificar, a quantidade de pessoas que alcançam certo status, certa posição, certa condição, e sequer tem o básico de preparação para permanecer em tal alcance, faltaria tempo pra computar tudo. Mais. Se já está difícil permanecer, quem dirá alcançar um novo nível!

Talvez exista alguma lei que não é tão perceptível aos olhos. Uma lei que te empurra para não se sabe onde, que te leva de lugar algum que se estava e não te pergunta nada sobre o “paraonde” é que você queira ir. Como se todas as pessoas, em algum momento de suas vidas, chegassem num lugar em que seriam necessárias fazer muitas proezas, todavia, estão e não se sabe exatamente o porquê foram parar ali.

É terrível essa sensação. Porém, seria lei natural?

Deve existir alguma força que obriga todo mundo a passar por um perrengue. Um tipo específico de perrengue. E que só se torna complicado exatamente pelo motivo de que a causa – que fez o sujeito chegar nesse momento da vida – não foi vista com os olhos de quem observava.

Afinal, não dá pra explicar muito bem. Um namoro, uma oportunidade de trabalho, uma viagem, um desafio, uma parceria...

Como mesmo que se foi parar ali?

E seguem-se os questionamentos. Quem sabe seja a família que veio antes de mim. Ou, talvez, foram os amigos que me colocaram nisso. Pode ser que eu não recorde bem de um “sim” que eu disse em algum lugar. Poderia também ser um gesto que eu não imaginava ter certo escopo. Enfim, o mais assustador é que teriam outras mil coisas que, caso eu tivesse feito ou deixado de fazer, capazes seriam de me empurrar pra ditos momentos da vida em que só fico me perguntando: “Rapá! O que que eu tô fazendo aqui? Por que será que estou passando por essa?!”.

A resposta, muito provavelmente a mais coachiada do momento, e que também é mais apática dita pela galerinha da “empatia”, seria algum narcisismo na forma de conselho. Conselho para que eu faça exatamente como outra pessoa acha que minha vida deve ser.

Há exceções. Reconheço. Gente que acerta. Ouro. Só que, por falar em probabilidade, o narcisismo aconselhativo gaaanha.

Do nada surge um. Outro ali. Outra por acolá. Aconselhadores com ego solucionador para todos os males do mundo. E eu? Bem... continuo aqui, questionando: “Como raios...?!”.