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sexta-feira, 29 de março de 2013

1º SARAU DA LUA CHEIA


Não era pra menos. A informalidade a serviço da poesia.
Um encontro de gostos artisticamente vários, por uma razão dentro de si mesma, dentro da própria arte.

Na noite de quarta-feira última (27), um dos saguões que compõem o prédio sede da ARMA (Associação dos Artistas Visuais do Sul e Sudeste do Pará), situado no Bairro Novo Horizonte, serviu de cenário para um encontro informal, aberto aos apreciadores da arte poética. Batizado de “I Sarau da Lua Cheia” pelo próprio idealizador, o poeta Airton Souza, de simples informalidade o encontro se tornou um banquete.
Na ocasião, houve o compartilhamento de textos, tanto de livros clássicos, um Gonçalves Dias, quanto de artistas contemporâneos, nada menos que Ledo Ivo. Cada um declamando com prazer versos como se vida fossem.
As leituras teceram o linho fino das idéias, sejam as sensuais, sejam as angustiantes. Todas mais que bem vindas graças à poesia.
Segundo Airton Souza, o convite para o sarau se deu através das redes sociais como facebook, e-mails e compartilhamentos boca a boca. Sendo que o objetivo era tão somente reunir amigos e pessoas novas interessadas em poesia.
Souza deu as boas vindas a todos que abraçaram a proposta do encontro. Após uma breve apresentação feita por cada participante, aconchegados no formato clássico de roda de leitura, o idealizador deu o pontapé inicial com versos de sua autoria.
As escritoras da Academia de Letras do Sul e Sudeste do Pará (ALSSP), Vânia Ribeiro e Eliane Soares, declamaram poemas de colegas afeitos ao ofício do papel e pena.
Conhecidas do público local apaixonado por literatura, elas parabenizaram a participação de todos que contribuíram com suas experiências de vida como leitores.
Pelo visto, não era pra ter nada de suntuoso mesmo numa roda de pessoas sentadas com livros em punho. Nem precisava de holofotes. Prova disso, que o grupo confeccionou um poema ad momentum. Saiu do forno uma poesia, que teve inicio em duas mãos e se encerrou ao passar por todas. Sendo estão, então, lida no desfecho do sarau por Vânia Ribeiro.
Bastou uma qualquer picardia por parte dos leitores ali, almados por um desejo profundo de poesia, que a noite feliz pariu. Muitos filhos. Mais um bocado de corações fecundados pela arte.  
Arte das musas... – Vagabundeando com maestria na ponta da língua. A interpretação de composições musicais, executadas com marca singular, ficou por conta de Xavier Santos.
Além de ser um fruidor de artistas da linha de Jessier Quirino e Patativa do Assaré, Santos representou com humor ímpar alguns causos poéticos.
Talentos – Lara Borges e Marcio Holanda, ambos conhecedores e profissionais da cultura local, aproveitaram o sarau e deixaram os ouvintes curiosos ao comentarem sobre suas produções escritas. Porém, ambos ainda não publicaram suas obras
Esses dois artistas, com obras ricas ainda fora do forno, homenagearam com gratidão a direção da ARMA, sobretudo à pessoa do jornalista cultural, Ederson de Oliveira, por fornecer condições tão satisfatórias para a primeira edição do Sarau da Lua Cheia. 

XV MANHÃ AO PÉ DA CRUZ

A multidão fez ato profético de mãos erguidas em oração por Marabá neste centenário

Na manhã de hoje (29), feriado da Paixão de Cristo, ocorreu a “XV Manhã ao pé da Cruz” no Ginásio Poliesportivo Renato Veloso, situado na Folha 16, núcleo Nova Marabá. O tradicional evento evangelístico pilotado pelos Campi I e II da Igreja do Evangelho Quadrangular em Marabá celebrou o memorável ato salvífico de Jesus Cristo.
Louvor, encenações artísticas e a pregação do Evangelho foram apreciados por parte das famílias que aos milhares marcaram presença no evento.  
Segundo Ronisteu Araujo, pastor dirigente do Campus II, apesar do dia começar pouco convidativo, devido às chuvas derramadas com peso desde a madrugada, vários ônibus despontavam de todos os núcleos de Marabá, bem como de cidades vizinhas, com a massa expressiva de fiéis.
“O mais importante foi clamor feito a Deus, em prol de nossa cidade, dos nossos representantes políticas e das famílias locais que são a maior parte da nossa gente”, afirma Araujo.
Somente o horário da programação acabou atrasando, iniciando então por volta das 9h30.
Além disso, a 15ª edição, mais um vez, parabenizou a visita e deu as boas vindas a inúmeros membros de várias denominações eclesiásticas, tanto evangélicas quanto católicas.
O pastor presidente do Campus I, reverendo José Maurício, agradeceu aos mais de 500 líderes que se dispuseram a trabalhar nessa edição da “Manhã”, tanto para que a programação corresse a contento, quanto para que toda a população presente aproveitasse a festança cristã.  
"Maior evento evangelístico da Semana Santa
 incrementa o calendário local"
Força jovem – A participação esplendorosa do ministério de dança, Agape, e teatro, Qadash, impactou os espectadores com a mensagem do poder transformador através da pessoa de Jesus Cristo. Cada representação artística comunicava a essência do poder Deus.
“Muitos jovens se esmeraram em meses de ensaio e oração, pra poder apresentar o melhor”, nota Vanilda Cardoso, líder do Agape. Provando, assim, que por meio da arte o Evangelho alcança muitas vidas.
Não oficial? – Embora o tradicionalismo da Manhã ao pé da Cruz seja um elemento indiscutível, essa comemoração continua fora do calendário municipal.
Esta situação comoveu os pastores presidentes da denominação que, por ser oportuna a ocasião, comunicaram aos marabaenses no ginásio um pedido sincero. “As autoridades políticas dessa cidade precisam olhar com mais carinho para a Manhã ao pé da Cruz. Afinal, ela já está na adolescência, pois contam quinze desde a primeira comemoração”, afirma o reverendo Maurício.
Ainda conforme José Maurício, o fato dessa programação não constar no calendário de atividades culturais do município coloca em relevo, entre outras coisas, dois velhos impasses. Primeiramente, outras denominações cristãs têm suas programações incluídas no mapa cultural, no entanto, não possuem sequer 10 anos de tradicionalismo. E mais ainda, a tal da burocracia.
“A direção do ginásio poliesportivo só queria ceder as arquibancadas. E usar isso aqui parcialmente não dá... Só peço que Deus abençoe o dirigente que ainda é novo aqui na cidade e não entende o direito dos outros”, observa, acrescentando que há custos pra fazer um evento, só que a burocracia atrapalha por demais. 

Salvação - Maurício pregou a palavra de Deus, baseando numa célebre passagem do livro do profeta Isaías, capítulo 53. Mais de 50 pessoas escolheram assumir uma aliança com Jesus, e fizeram confissão de fé com a oração do pecador.   

terça-feira, 26 de março de 2013

A celebração da vitória


Êxodo 15. 20 – 21 (Antífona de Miriã e das mulheres)

“A profetisa Miriã, irmã de Arão, tomou um tamborim, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamborins e com danças. E Miriã lhes respondia: Cantai ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro”.

            Aquilo que não celebramos em nossa vida fatalmente saíra dela. Essa declaração representa uma visão nítida a cerca da vitória de Deus pra nós. Se o cristão não festejar em razão de um sucesso que a mão de Deus trouxe a até ele, está claro que é vazio do mínimo de gratidão. E logo essa graça vai sair de sua vida.
1. Em resumo, a passagem que vimos amostra Miriã comemorando a vitória que Deus deu a seu povo. A irmã de Arão lança mão ao instrumento musical e declama poeticamente um verso de louvor a Deus Pai. O interessante é que a irmã do sacerdote recebe a simpatia e a companhia numerosa de mulheres outras, as quais seguem Miriã também com tamborins e exultando em passos de dança.
Ela faz isso de um jeito espontâneo e inspirador. Espontâneo, pois sabemos que não havia nenhuma lei ou obrigação das pessoas cantarem e dançarem porque algo benéfico lhes sobreveio. O louvor, o som do instrumento e os passos coreográficos nasceram do coração. Inspirador, porque a mulherada não perdeu o pique e saiu no passinho com Miriã.
2. O contexto explica muito dessa atitude recheada de alegria. É largamente conhecida a história de dor, sofrência e injustidade impostas aos descendentes de José no Egito. O povo de Deus ficou nessa terra de cultura diferente, sobretudo, porque a mão de Deus agiu no curso da história de José, filho de Jacó.
Foi realizado o sonho que ele teve ainda adolescente, apesar dos pesares – ser invejado e afligido por seus irmãos, ser vendido e servir como escravo nos tempos de Faraó, bem como ser preso novamente pela falcatrua armada pela safada mulher de Potifá. A Patifôa que nem muitos não delicadamente dizem.
Antes dos séculos de opressão, esse povo foi recebido com receptividade ali. Graças ao Deus de José eles, os egípcios, experimentaram a graça de Deus e não morrerem durante os sete anos de sequidão que seguiram após o período de fartura. Morto o Faraó e José de então, os rumos da relação entre os dois povos não foi muito animador.
Por causa da benção de Deus, os Israelitas cresciam mais que os egípcios. O ciúme e discriminação ascenderam no coração do Faraó – da geração seguinte –, que assumiu a descendência do trono, regendo o povo egípcio. Esse imperador se retraiu ante a presença de um povo de costumes e crença contraditória aquilo que o Faraó anterior soube tolerar. Ou que pelo menos teve a ciência de discernir a existência de um Deus Criador, responsável pelos ciclos que a terra tinha.  
3. Deus levantou um libertador, Moisés, filho de uma escrava hebréia no Egito, Joquebede – ato do dedo protetor de Deus, e não menos enredador de história – e que veio a ser criado como o filho da filha de Faraó. E após as dez pragas, além das inúmeras tentativas encabeçadas por Moisés, dirigido por Deus, e de acordos fracassados entre ele e aquele de por décadas seria seu avô faraônico – tudo sendo comprovado por sinais sobrenaturais – o libertador cumpre sua missão.
Enfim, a profetisa viu que O Eterno fechou o Mar Vermelho em cima dos inimigos opressores, que por séculos escravizaram o povo de Israel no Egito.
Vejamos o contexto que essa passagem comemorativa, promovida por Miriã, tem excessivos elementos representando o quanto o SENHOR foi bom e protetor dos seus.
4. O preconceito e a falta de discernimento espiritual também são mais dois pontos que florescem aqui. Em suma, no mundo moderno o que vale ser comemorado e festejado tem a ver em grande parte com conquistas de mero caráter efêmero e egoísta. As grandes conquistas da coletividade na verdade, quando celebradas, nadam passam de formas estratégicas de se acomodar a população do país.
Agora, se formos falar de grandes conquistas coletivas e de acontecimentos que podem render benefícios substanciais e duradouros a imensa parcela carente, pobre e miserável – que constitui nosso povo hoje – custaria pouco pra sacar que a festa sequer ocorre. Na verdade não há os motivos pra tão festa ocorrer. Nem todos discernem o que realmente tem sentido e preço pra ser enaltecido e patrocinado por ricos empresários, pelos políticos poderosos e pelos cidadãos mais esclarecidos, os quais acreditam ter contribuído com sua realidade circundante.
Quanto ao preconceito, e nem vou perder tempo aqui com as mesquinharias de líderes religiosos e seculares que tentam cortar a liberdade cristã, solidificada no quesito dança – sobretudo porque tal quesito é fecundo e transbordante de vida, gratidão e satisfação de deleito no Senhor. A dança e o louvor miriânico deve acalentar os corações de todos aqueles que vem o quanto Deus triunfa o caminho de Seu povo.
Haja o gigante que o houver, os grupos sociais malignos, ou as ideologias performáticas que se propagam como ventania em seus princípios anti-cristãos, sempre haverá uma pessoa de Deus comemorando junto com seus irmãos todas as vitórias do Pai Celestial. 

segunda-feira, 18 de março de 2013

Brincos na passarela em frente à Previdência Social


Durante o meu mês de férias em 2012, vi muita coisa linda nessa cidade. E, revendo algumas fotos que tirei pelas minhas andanças, encontrei a desses garotinhos brincando no lugar que ainda hoje se espera a construção de uma passarela de pedestres. Ou o término dela!
O espaço aí todo marabaense conhece. Fica bem na frente do prédio da Previdência Social, no Bairro Cidade Nova – ao lado da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Eu fiz o click no dia 13 de julho de 2012 (É bom repetir a data!). A garotada teve o trabalho de tirar parte dos ferros a fim de ter mais espaço pra brincarem de bola.
Afinal, deve ser emocionante brincar ao lado de uma Rodovia hiper-movimentada, perto de uma obra pública que até não foi terminada e custou só um pouquinho mais que dois MI. 2.826.901,56
E olha que a data de início (16/05/11) e término (16/11/11) já passou como chuva funérea anunciando o fim do governo Maurino Magalhães. Aff! Foi-se, só que pelo menos deu um tempinho a mais pra molecada curtir fora do Facebook.
Mas, vale lembrar que nesse mês de março de 2013, o novo governo de João Salame publicou na cidade que até o mês que vem, abril, a parte de concretagem estará completa. Então, é só aguardar! 

OPERAÇÃO PIREXIA


Durante o último sábado (16), a lógica de trabalho sustentada pela atual direção do Departamento Municipal de Trânsito e Transporte Urbano (DMTU) promoveu mais uma ação no perímetro urbano de Marabá. Novamente, com o trabalho de forma integrada entre os órgãos públicos, foi executada a Operação Pirexia, cujo foco era empreender revistas em dancings, boates e casas noturnas.
A iniciativa partiu do comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel José Sebastião Valente Monteiro, e contou com a participação expressiva dos departamentos vinculados à manutenção da segurança, que atuam no município.
De acordo com a direção do 4º BPM, o objetivo da operação era somente preventiva, fiscalizando os locais que se caracterizam como Pubs – recintos como bar que cria ambientes com estilo informal, marcado pela música de qualidade e variedade de bebidas.
O título dessa operação faz menção ao fato desta ser a “febre”, isto é, o último aviso sobre as possíveis irregularidades que geralmente ocorrem nas casas públicas. Pois, caso não sejam sanadas, ocorrerá a aplicação das penalidades previstas na legislação.
Prevenção – Essa medida de verificação marca o caráter preventivo, que configurou a Pirexia, e serviu como alerta tanto ao proprietários quanto aos frequentadores. Por conta disso, não fora lavrado nenhum auto infração, bem como não houve recolhimento de veículos.
Segundo Celso Oliveira, morador de longa data no Bairro Liberdade, Núcleo Cidade Nova, existem casas noturnas ao longo da Avenida Antonio Vilhena, umas das principais vias naquele núcleo, que se excedem em seu horário de funcionamento bem como a força do aparelho de som.
Isso acontece porque ainda não adequaram seus ambientes de modo que o som não atordoasse as casas na proximidade.  “Algumas ai nem abafam o ambiente, pois acho que deveriam ser locais fechados”, afirma.
Pirexia – O foco da Operação em tela foi averiguar se as “casas noturnas” estariam seguindo as determinações tomadas, anteriormente, em reunião no último dia 31 de janeiro, conforme dita o Secretário Adjunto da Secretaria Municipal de Segurança Institucional (SMSI), Emmet Alexandre Moulton.
Além disso, passar o último aviso preventivo, uma vez que “a partir do dia 01 de abril a fiscalização será mais rigorosa”, dita ainda de acordo com o secretário.
Assim, trabalharam nesta Operação um contingente de trinta e três servidores dos seguintes órgãos: DMTU, Guarda Municipal, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
A Operação fiscalizou locais diferentes em todos os cinco núcleos da cidade.
(Por Anderson Damasceno com informações da Assessoria de Comunicação/DMTU).


segunda-feira, 4 de março de 2013

Professores, é melhor não saber(?)



Resolvi assassinar um pouco mais da minha ignorância. Pra quem não sabe, eu minimamente conheço o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Fica até parecendo que não valorizo os valores que o ECA aborda. Talvez poucos entendam o trocadilho a seguir, mas, fá-lo-ei assim mesmo. Eu quero dar um “eca!” pra mim.
A razão disso é bem simples. Como professor, entendo que deveria conhecer – ainda que medianamente – as leis que defendem nossos infantes. Afinal, meu ofício é educá-los.
Só que acredito ser comum a maioria dos profissionais da educação esse tipo de desconhecimento. Eles se limitam à “sabência” dos métodos pedagógicos e conteúdos científicos de suas disciplinas. Superficialmente, isso é o suficiente pra se atuar nas salas de aula duma escola.
Enfim, o que fiz? Fui na lei – estrear meu Vade Mecum – e tentei resolver parcialmente minhas curiosidades. E cá estou falando dum pouco de minhas descobertas iniciais. Este foi meu jeitinho na tentativa de desmatar o “Amazonas de ignorância” da vida professoral que levo.
Achei algo na lei nº 8.069, decretada em 13 de julho de 1990, lei que fez valer as determinações no Estatuto da Criança e do Adolescente, e que eu precisava saber. Lendo o artigo 4º senti, de início, um grande alívio, porque vi que não é papel apenas dos professores executar a proteção dos juvenis. Nesse artigo diz:
“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.
Só que o alívio foi-se e deu lugar a um problema muito maior. Isto é, eu imaginava apenas que os educadores seriam os trabalhadores mais apáticos ao conjunto de leis que formam o ECA. Agora, comecei a me questionar se o Amazonas de ignorância, na verdade, se estende num país inteiro – aquele do gigante adormecido.
O estágio pessoal de dor na consciência mudou. Ligeiramente, a minha tentativa de conhecer a lei levou-me a consciência de um mal coletivo.
Enfim, eu tinha outras curiosidades, e quem sabe, o drama no qual me peguei não fosse tão grande assim. Bastaria eu ler e conhecer um pouco mais, então essa preocupação generalizada – que devia no mínimo pesar em todas as pessoas adultas que formam nossa sociedade – teria uma esperança, e finalmente, uma solução. E a bola da vez é o melindroso trabalho infanto-juvenil.
Pois bem, vejo com imensa freqüência crianças e adolescentes exercendo serviços remunerados. Sejam os garotos em uma lava jato, passando esponjas em carros e motos durante o sol escaldante de uma tarde; sejam os guris que fazem a novela como carrossel, no SBT – que acredito estão em condições bem melhores, embora eu não tenha experiência nenhuma com os bastidores de lá. A verdade é que em ambos os casos há injustiças.
O artigo 60º do ECA dita que é “proibido qualquer trabalho a menores de 14 (quatorze) anos de idade, salvo na condição de aprendiz”, porém, como sabemos, essa idade nem sempre é respeitada. Por isso, existe uma legislação especial que regula isso, conforme diz o artigo seguinte (61º). 
Se lembrarmos que, a pouco, vimos no artigo 4º que a sociedade deve garantir os direitos à profissionalização dessa gurizada, então porque os filhos de pessoas carentes são mais comuns de serem encontrados fazendo serviços pesados antes dos quatorze anos? Enquanto isso, os cantores e atores mirins – que nunca venderam um picolé na vida, a não ser estando em cena – são paparicados pela mídia.  
Quais são as chances do filho do meu vizinho, cujo ofício é pedreiro e recebe dois mínimos salários no mês, nesta linda cidade de Marabá, se profissionalizar no teatro? Há escolas públicas pra isso? O governa bancaria tal coisa? Ou o pedreiro deveria matricular seu pequeno na capital, se é que lá tem esse trilho de profissionalização menos degradante que o dos engraxates?
Além disso, microempresas e pequenos estabelecimentos que dispõem uma atividade pra essa meninada não tem estrutura ainda de manter aquelas condições que o trabalho de menor aprendiz requer.
A lei dita no art. 63 que o direito de profissionalização segue três princípios: I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular; Il - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; lII - horário especial para o exercício das atividades.
Dificilmente uma empresa de pequeno porte daria conta de fiscalizar e obedecer a esses critérios do mesmo modo que uma transnacional petrolífera. Mesmo sendo dever de ambas as classes de empregadores.
Contratar um aprendiz numa sorveteria com dois ou três anos de funcionamento está anos luz do menor empregado em um supermercado que desbrava o país com suas filiais. No entanto, as lojinhas de esquina ficam sujeitas a sofrer perseguições e multas da Justiça do Trabalho.
Não duvido que em todo meio exista grupos que tentam lucrar ilegalmente em cima dos jovens. E nesses casos o rigor da JT é necessário.
Porém, cada caso deve ser assistido justa e igualmente. Cada família dos que trabalham passam por condições relativamente semelhantes. Só que é nos detalhes esquecidos das variáveis que moram a presença ou não da lei legítima, solidificada no ECA. Isto é, no Brasil criança trabalha sim e em qualquer coisa, desde que seja pela TV e não na vida real.