CONFERÊNCIA CRESCIMENTO SOBRENATURAL

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No próximo sábado (26), a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) do Bairro Independência, sede da Região 337 em Marabá, será palco da Conferência Crescimento Sobrenatural, um evento que promete reunir fiéis e líderes religiosos em uma programação especial.

sexta-feira, 20 de junho de 2025

UNIFESSPA, o respeito à memória indígena não deve ser instrumento de ideologia esquerdista

 

O falecimento de uma importante líder indígena da Terra Indígena Mãe Maria (TIMM), em Marabá (PA), marca não apenas a dor de uma comunidade, mas também um momento de profunda reflexão sobre como a memória ancestral tem sido manipulada em certos espaços acadêmicos — especialmente por setores da universidade pública brasileira.

É inegável a contribuição significativa das universidades federais no apoio e na promoção de políticas afirmativas para os povos originários. Falo afirmativas até com certo receio, pois percebo um interesse de neocolonialismo subjacente às práticas de algumas universidades. Muitas ações de inclusão, formação e pesquisa têm valorizado saberes e culturas indígenas como parte viva da diversidade brasileira. Contudo, é necessário fazer uma crítica honesta quando esses mesmos espaços parecem instrumentalizar o luto indígena para promover uma agenda ideológica “woke” que pouco dialoga com a realidade das comunidades envolvidas.

Neste caso, o que se observa é a apropriação de um momento de perda profunda para se reforçar discursos ideológicos que tentam projetar nas sociedades indígenas os valores e as lógicas da política identitária moderna. Fica a pergunta: quem autoriza a universidade a interpretar o pensamento indígena sob a lente de um campo político tão específico? 

A concepção de patriarcalismo que a universidade tem é realmente a visão que os indígenas têm acerca das lideranças masculinas? Ou o neocolonialismo de esquerda deve ser imposto intransigentemente sobre a cultura das etnias presentes na TIMM?

Muitas etnias no Brasil — e isso não significa homogeneização nem cristalização de costumes — apresentam formas próprias de organização social nas quais homens também ocupam papéis centrais, muitas vezes espirituais e de liderança. Reconhecer isso não é negar os avanços conquistados pelas mulheres indígenas, mas sim respeitar a complexidade das cosmologias e das tradições desses povos.

Infelizmente, o que parece acontecer é uma tentativa de ressignificar tais práticas segundo um viés de pensamento que se julga libertador, mas que termina impondo suas categorias de gênero, poder e representação a realidades que não pediram por elas. Isso, a meu ver, configura um novo tipo de colonização: simbólica, acadêmica e travestida de "justiça epistêmica". 

A Universidade Federal não deveria se utilizar da morte de uma mulher indígena — com toda a trajetória que ela construiu — como palco para repisar batalhas políticas entre feminismo e patriarcado. Deveria, isso sim, render-lhe homenagens sinceras, ouvir sua comunidade, exaltar seu papel como mãe, liderança e guardiã da cultura de seu povo.

Não se trata de negar que há opressões. Mas é preciso evitar reduzir a experiência indígena a um roteiro em que as universidades atuam como roteiristas e protagonistas ao mesmo tempo. Há mais sabedoria no silêncio respeitoso diante de um caixão do que nos discursos que projetam mais o ego acadêmico do que a alma da memória que se foi.

Aos que fazem da universidade pública um espaço de diálogo real com os povos indígenas, minha admiração. Mas que não usem o luto como discurso. Que não falem por quem pode — e quer — falar por si.

Talvez seja esse o verdadeiro respeito à ancestralidade.

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