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Público participou da exposição realizada por Francisca Cerqueira, escritora de Marabá, a respeito da obra do literato paraense Benedicto Monteiro |
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Romances abordam perfis e dramas de
quem vive no espaço da Amazônia
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Na noite de ontem (26), uma rica abordagem acerca da obra do
escritor paraense, Benedicto Wilfred Monteiro, aconteceu no prédio da Biblioteca
Municipal Orlando Lima Lobo, situado na Marabá Pioneira. A pesquisa apresentada
foi construída por Francisca Cerqueira, escritora da obra “Espelho dos meus olhos”
e professora do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Acadêmica (NAIA), vinculado
à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA).
O encontro faz parte do calendário da Secretaria Municipal
de Cultura (Secult), em parceria com a Associação dos Escritores do Sul e
Sudeste do Pará (AESSP).
Cerqueira principiou a comunicação tratando da vida e obra de Benedicto
Monteiro, chamado “Bené” pelos amigos de arte, colocando em relevo o fato do
autor ser consagrado, porém pouco estudado no espaço das faculdades e escolas
do estado.
“É uma perda enorme não se ver publicações nem pesquisas nas
faculdades do Pará, com tanto a ser aprendido e descoberto em Monteiro. Em
Marabá, por exemplo, dificilmente alguém encontra TCCs nas universidades
abordando as obras dele. Preferem repetir temas caducos de outros autores”,
afirma.
Natural de Alenquer, o literato nasceu em 1 de março de
1924, foi escritor, jornalista, advogado e político. Belém recebeu com grande
comoção seu falecimento, aos 84 anos, em 15 de junho de 2008, por falência
múltipla dos órgãos. O paraense ficou conhecido pelos romances que formaram a pentalogia
amazônica, a saber, Verde vagomundo, O minossauro, A terceira margem, Aquele um e
Homem Rio.
Bené sofreu com prisão e censura durante o regime militar.
Teve larga carreira política, atuando como deputado, e foi membro da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), se consagrando no âmbito jurídico por ser o criador da
Procuradoria Geral Estadual do Pará. Embora Monteiro tenha alcançado destaque
na prosa literária, também produziu composições musicais e poesia, esta já aos
18 anos.
Segundo Francisca Cerqueira, o literato paraense se preocupava
em valorizar e descrever o cenário dos povos amazônidas. No romance “Homem Rio”,
o autor fala de cidades como Marabá e Serra Pelada, tratando ainda da constituição
do município de Curionópolis.
Um seleto grupo de escritores locais prestigiaram a
comunicação e aproveitando para compartilhar conhecimentos que perpassam os
textos do saudoso autor.
De acordo com Airton Souza, nenhum historiador
trouxe uma visão sobre Serra Pelada tal e qual Benedicto Monteiro o fez, na obra
“A terceira margem”. Por sua vez, Bertim da Carmelita destacou como o autor usa
a personagem para abordar a degradação do humano, precisamente da condição da
mulher, conforme se vê na narrativa de “Maria de todos os rios”.