Por: João
Salame Neto - Prefeito
de Marabá
Nesta
sexta-feira aconteceu a eleição para a presidência da Associação dos Municípios
do Araguaia e Tocantins (Amat). Essa entidade surgiu com forte compromisso com
a criação do Estado de Carajás.
Não era
minha intenção participar desta eleição, pois tenho grandes desafios a
enfrentar diante do caos que recebi a prefeitura de Marabá. No entanto, participar
passou a ser importante diante da conformação da única chapa que existia,
encabeçada pelo prefeito de Tucuruí, Sancler Ferreira. Decidi apresentar meu
nome para que uma verdadeira farsa não fosse consumada sem nenhuma reação.
O
prefeito de Tucuruí não moveu uma palha na luta pela criação do Estado de
Carajás. Não participou de um comício, de uma reunião sequer. Nem mesmo no seu
município. Não por acaso foi justamente em Tucuruí que tivemos a menor votação
no plebiscito. Cerca de 66% dos votos, contra mais de 95% na maioria dos
municípios da região.
Não
seria justo que exatamente esse prefeito se tornasse presidente da Amat, que
tem no seu estatuto a luta pela criação do Estado de Carajás como prioridade.
Mais
grave ainda é que sua candidatura passou a ser articulada diretamente pelo
governo do estado, que liberou secretários para montar acampamento em Marabá
oferecendo asfalto para os prefeitos votarem na sua chapa. Vários prefeitos confessaram
este fato. Um outro chegou a dizer que sua fazenda foi invadida e se não
votasse no candidato do Governo, a polícia não iria retirar os ocupantes de sua
propriedade.
Esses
fatos revelam que a Amat perdeu importância.Deixou de unir os prefeitos para
lutar pelo Carajás, pela hidrovia do Araguaia Tocantins, pela pavimentação de
nossas estradas, pra se impor diante do Governo do Estado e exigir tratamento
igual ao que é dado à prefeitura de Belém. Só na data da eleição da Amat ela
volta a ter alguma importância como moeda de troca para migalhas, para
promessas na maioria das vezes não cumpridas.
Tinha a
obrigação de trazer esses fatos ao povo de Marabá, pois a Amat recebe quase R$
20 mil por mês do nosso município. Ou quase R$ 1 milhão de reais em quatro anos
de governo. Dinheiro que faz falta na solução dos graves problemas por que
passa Marabá. Sobretudo para alimentar uma entidade cuja maioria dos seus
membros perdeu qualquer perspectiva de ação coletiva, abandonou qualquer
compromisso com a luta maior do povo de Carajás.
Disputei
para não compactuar com isso. Infelizmente, como a votação é secreta, não temos
como revelar os nomes dos 10 prefeitos que nos prestigiaram com o seu voto. Que
resistiram a todo tipo de pressão. A esses meu mais profundo agradecimento. Ao
povo de Marabá, a quem verdadeiramente devo obrigações, a certeza de que
valorizaremos cada centavo que entra nos cofres da prefeitura, impedindo que
esse dinheiro seja usado para financiar atividades que vão contra a luta
histórica de nosso povo pela criação do estado de Carajás.
Marabá,
22 de fevereiro de 2013
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