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Promotores de Justiça, Waldir Macieira e Lilian Freire, conduziram Audiência Pública em defesa dos direitos da pessoa idosa |
Anderson Damasceno
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Secretária Nadja Lúcia (SEASP) anunciou que o governo Sebastião Miranda já arquiteta plano de ação para 2018 |
Na quinta-feira última (9), a
Promotora de Justiça de Marabá, Lilian Viana Freire, presidiu importante
Audiência Pública, intitulada “DIGNIDADE NÃO TEM IDADE – Direitos da Pessoa
Idosa: Dever da Família, Poder Público, Sociedade e Comunidade”, realizada no
prédio do Ministério Público do Estado do Pará (MP/PA), situado no Bairro
Amapá. Os dados apontam que cerca de 36% da população de Marabá está na melhor
idade, sendo que a média das cidades brasileiras é de 30%. Porém, esses atores sociais encontram grandes obstáculos para dar uma qualidade de vida digna para a maioria dos idosos.
Participaram da reunião a
assessoria do presidente da Comissão de Direitos Humanos, vereador pastor
Ronisteu Araújo, o presidente da Câmara Municipal de Marabá, Pedro Corrêa, e o
secretário Jair Guimarães, da Secretaria Municipal de Segurança Institucional
(SMSI), entre outras autoridades.
Após a palestra do promotor convidado,
Waldir Macieira (MP-Belém), seguiu-se a programação da audiência com as pessoas
inscritas para falar.
A maioria dos discursos foram de
pessoas já na melhor idade, revelando realidades e acontecimentos marcados, ora
pela impotência, ora pelo desprezo.
Segundo Antônio Carlos, a
Audiência Pública serviu para ficar sabendo sobre os próprios direitos. Ele tem
61 anos e foi despejado do último trabalho, sem direito a nada, por isso
aproveitou o encontro para pedir o amparo do MP.
Já Tertuliano Dias Aragão,
morador desde 1953 do Bairro Santa Rosa, conhecido Cabelo Seco, questionou em
tom de indignação o fato de populares da vizinhança fazerem barulho demais.
“É um som que ninguém suporta. Sem
falar que há usuários de drogas por lá, crianças jogando bingo apostado na
calçada da casa e os pais não fazem nada. Fui na postura e não fizeram nada”,
afirmou.
De acordo com Maria Feitosa Moura,
o direito que o idoso tem parece não existir, pois quando vai ao Posto de
Saúde, demora de 2 a 3 meses para marcar atendimento, e ainda criticou a
situação do transporte coletivo.
“Dizem que há o direito no ônibus
coletivo, mas alguns motoristas não respeitam. Tenho problema numa perna por
causa de queda dentro do ônibus”, pontuou.
Para Raimundo Pereira Alves, a
falta de respeito também é evidente na área da saúde pública.
“Tenho, no Hospital Regional, um
procedimento cirúrgico agendado desde 15 de maio de 2014. E até hoje não tenho
referência do quando serei atendido”, revela.
Por sua vez, Deusenira Tavares
criticou o fato dos idosos serem desprezados pela sociedade.
“Sei que não é todo mundo, mas a
maioria não dá atenção. Às vezes, o filho chama para morar no fundo do quintal.
Isso é uma forma de desprezo”, nota.
Raimundo Neto ressaltou situações
estarrecedoras no trânsito cotidiano do marabaense, enfatizando que se pode
mais aceitar que poucos motoristas deem um tratamento vergonhoso ao cidadão
idoso. Ele denunciou, inclusive, órgãos públicos que não reservam vagas para
idosos e deficientes estacionarem, a exemplo do que ocorre em frente a Justiça
Federal, que fica às proximidades da Secretaria de Assistência Social da
Prefeitura (SEASP), no prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
PLANEJAMENTO E TECNOLOGIA JÁ ESTÃO A CAMINHO
Na ocasião, a secretária Nadja Lúcia (SEASP) já anunciou que há um plano de ação para 2018, que vise minorar os dramas desse segmento da sociedade.
A professora Ana Cristina, que
atua na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSP), defendeu que
é preciso tornar o envelhecimento como algo natural e necessário como ele é.
“Isso só é possível através da
educação. É triste o quanto a UNIFESSPA está ausente da comunidade. Precisamos
fazer um levantamento sobre os idosos da cidade. Estou criando uma ferramenta
tecnológica e social de fácil acesso, que poderá nos ajudar a acompanhar essas
realidades”, detalha.