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segunda-feira, 8 de junho de 2020

EDUCAÇÃO – Sou professor e agora, Coronavírus?














Anderson Damasceno

Sou professor e agora? As escolas e universidades públicas (por que será?) conseguem pagar seus servidores, durante esse contexto de pandemia, provocada pelo vírus chinês, o novo coronavírus, COVID-19. E, o pior, um contexto que foi agravado por interesses políticos dos mais sórdidos – que por ora não quero mencionar. A questão central é: a educação não é serviço essencial?

Eu gostaria que essa pergunta nem precisasse existir. Mas, pelo que estamos vendo, a educação é um bem do qual podemos abrir mão. E abrimos rápida e facilmente. Ora, se vivemos em sociedade e temos que pensar na existência saudável e segura de todas as pessoas nela, então, refletir e trabalhar para sanar problemas a pequeno, médio e longo prazo precisa ser urgente.

Só que a única urgência que vemos foi a de suspender as aulas, ordenada por parte dos governos nas três esferas, federal, estadual e municipal. Motivo? A saúde, a vida em primeiro lugar. Ok! Dei todo apoio. Foi uníssono, desde o primeiro momento, entre os profissionais e proprietários das instituições particulares de ensino em que trabalho. Foi a medida primeira e mais incisiva no espaço educacional, para minimizar os perigos de contaminação.

Contudo, já passou um tempo – três meses, pode ser? –, o suficiente para que hoje, 8 de junho de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecesse que “Pacientes assintomáticos não contribuem para a propagação do vírus”. Isto é, deve ter milhões de pessoas paradas que poderiam estar esse tempo todo, mesmo que com menor ritmo de atividades, trabalhando por quem não pode, conquistando pelos seus.

Eu entendo que os salários dos servidores públicos – professores principalmente – continuam mantidos. E, enquanto isso, as escolas particulares, os cursinhos e universidades privadas têm dificuldades de manter a folha de pagamento, os custos com seus profissionais, manter os salários dos professores principalmente.

Aliás, há universidade particular, em Marabá, demitindo professor(a) doutor(a) e contratando ex-aluno formado porque era bolsista ou coisa do tipo. Neste Brasilzão, casos assim não foram só em nossa cidade. Né pussivi!

Só sei que... para este momento eu penso: “Do mal, o menor”. Atribuem a Santo Tomás de Aquino essa máxima, essa pérola de sabedoria concentrada. Bem, assim ouvi e talvez seja mesmo dele. Quem sabe algum leitor mais atento do que eu possa confirmar a citação, a referência, a informação. Ou, por que não, posso parar a escritura aqui e agora, dar uma googlada, e resolver a dúvida. Nãaao.

Ouvi sendo dita por ninguém mais, ninguém menos que Alfredo Bosi. É! Talvez esta referência também não seja lá do conhecimento de todo mundo. Mas, pra nós, da Literatura, é (com carinho) lei.

Retomando, o que quero dizer com tudo isso? É SERVIÇO ESSENCIAL, SIM!

O Brasil perde muito mais com esses milhões de jovens e adultos assintomáticos (a maioria do povo) parados, improdutivos, com a boca escancarada, cheia de dentes, vendo a morte dos outros chegar, sem fazer nada, sem investir em seus sonhos e na própria formação. Tempo perdido é tempo perdido. Já a vida perdida? Quem sabe muitas vidas poderiam ter sido ajudadas, sem essa loucura de que os assintomáticos seriam vetores.

Portanto, com o avanço da ciência até aqui, os governos, as escolas e universidades poderiam minimizar esse quadro de milhões de alunos sem aula, no Brasil. Há professores assintomáticos, do mesmo modo há alunos, há os demais profissionais vivendo livre do Covid-19. Permitir que essas pessoas voltem para o ambiente de trabalho e estudo, para as salas de aula presencialmente, só pode ser visto como absurdo, loucura, genocídio da população pobre etc. por gente que não consegue enxergar mais alto, e com mais humanidade.

Alto e humanidade? Sim, senhoras e senhores. Afinal, a tônica deste mundo é ou não é acreditarmos no bem da humanidade? Acreditarmos que essa vida só continua valendo a pena se confiarmos que a maior parte dos seres humanos sente que precisa ajudar uns aos outros? Logo, a parte da população que pode retornar à comunidade escolar pertencente necessita voltar.  

O mal maior e a longo prazo seria acreditar que somente os ricos poderiam, neste exato momento, retornar a parte da normalidade. O mal maior seria todos enlouquecerem com a ideia de que um “voltas às aulas” seria injusto com os estudantes que ficaram para trás.

Não me façam viver num mundo em que seja errado confiar que tem gente lutando por mim, mesmo que eu não consiga ajudar.

Se existe algum sentido no senso de humanidade deste mundo, com certeza, é um sentido feito, constituído dessa confiança. É o sentimento de que todos nós, algum dia, seremos mais ou menos inválidos, e apesar disso, as pessoas que realmente se importam com o próximo continuarão lutando para que todos os inválidos e inúteis continuem sendo amados.

Nem ouso aqui apelar para a minha fé em Jesus Cristo, pois isto sim seria um absurdo: ver algum cristão, independentemente de sua condição financeira, não acreditando que sua luta pode amparar os sintomáticos, os doentes de hoje.

Olha, o que está vindo pela frente é o mal menor. Ou seja, ainda que os números de professores e colegas de classe sejam menores, ainda que que nem todas as disciplinas possam retornar com a mesma quantidade de aulas, isso é um mal menor. Mesmo que haja tantos e todos os outros possíveis problemas, hipotetizados agora pelas melhores mentes do mundo, ou que, de fato, possam surgir tais desafios quando parte disso se normalizar – apesar de serem seguidas as medidas de segurança necessárias –, isso tudo continuaria sendo um mal menor.

O mal maior seria perder aquela crença. O mal maior seria deixar todo mundo em casa, sendo que têm aqueles que podem lutar por nós que não podemos.

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