POEMA – Olhos de bloguerinha (Anderson Damasceno)
E durante a noite
nascem os monstros,
assim que a razão se
deita:
do sono da razão
vivem
os mistérios,
as lanças que sangram,
as espadas que se
partem,
os graais.
Jacques Roubaud
Puxado pelos olhos da noite...
Fui.
A noite (en)canta e tem pele de negra,
Está vestida no branco da lua,
E guarda na casa do Pai uma oração.
A oração me diz que a Graça há de nascer.
Será filha de si,
Herdando todas as marcas,
Toda a bagagem,
Todas as horas de vida da noite.
Meu braço está parado por um click.
É uma selfie que aparece
Depois de um abismo de tempo entra a noite e eu.
Vivendo-se coisas parecidas, azeitadas pelas tantas feridas,
Coisas como a dor, a partida e o fim.
“Oh cavaleiro das armas escuras,
Aonde vais pelas trevas impuras,
Com a espada sanguenta na mão?”
Eu vou para os lábios dormentes, um caminho
Menos inconsequente, que verte fogo do meu coração.
Mesmo sem sorrisos,
As máscaras da noite e da minha prisão não escondem o desejo:
O de alguém acreditar que ainda há belezas ditas com os olhos,
E que mesmo entre esses trancados ferrolhos:
Máscaras de pandemia... Eles quiseram ficar lado a lado.
Deve haver mais chama queimando num instante trocado,
Entra a noite e meu eu puxado,
Incalculável à nossa vã filosofia.
A prisão, se de amor ou de instante, não se apaga
Com um espumante, que atravessa as margens do coração.
Temo todos os dias...
O dia em que a noite não quererá me dar seu olhar.
Por essa cegueira,
Soldado em plena trincheira,
Haverá de morrer sem lutar?
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