CONFERÊNCIA CRESCIMENTO SOBRENATURAL

CONFERÊNCIA CRESCIMENTO SOBRENATURAL
No próximo sábado (26), a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) do Bairro Independência, sede da Região 337 em Marabá, será palco da Conferência Crescimento Sobrenatural, um evento que promete reunir fiéis e líderes religiosos em uma programação especial.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

AS MUDANÇAS QUE NÃO VI - CRÔNICA

Há mudanças que aconteceram tão rapidamente, algumas estão acontecendo agora mesmo, a ponto de eu sequer perceber. Acho que muitas delas, até agora, ainda não consegui dar conta de sua dimensão. De sua mínima dimensão. Quem dirá da máxima. E, francamente, pareço bem desinteressado e nada disposto a gastar com meditação, energia, tempo e trabalho para “sacar o que tá pegando!”. Seria o Ser, e não o ser, heideggeriano!

Em que momento diminui ou quase parei de visitar a casa dos outros? Gente querida, gente amiga. Quantos anos já? Onde está a curva decrescente do meu consumo de artigos de opinião e leitura de romances? E o fim da vida esportiva, que tomou quase uma década da juventude, e a nova vida esportiva que nos últimos anos insiste em ficar? Ficou na vida de adulto.

Há mudanças bem significativas... mais do que essas. Porém, não me interesso por formulá-las. Só as aceitei. Principalmente as que não vi. Foram acontecendo. Em cascata. Até parece que o meu não querer formulá-las, dizer a matéria de que se faz cada uma delas, seja sinal não do meu desinteresse, mas da minha exata não dação de conta.

Quando eu dizia, há mais de uma década, que tenho dormido pouco, não imaginava que isso se tornaria ou se modificaria, no futuro, para noites de insônia. E, talvez por ser maior o desinteresse ou a despreocupação, nem mesmo posso dizer que importa ou me valeu algo a perda das noites. Uma ou outra, devo reconhecer, foi de puro despropósito ou necessidade de lazer não atendida. Contudo, sigo. Claro que com bem mais lazer do que noutros tempos.

Acredito que muita gente passa anos e anos sem se permitir feriar. E, uma das mudanças que me ocorreram foi sim, não a principal, só que muito substancial, foi a da prática do feriar. Em que momento exatamente eu me percebi como um homem que nunca curtiu férias? E por que cargas d’águas eu mudei?

Mudei que nem vi. Agora, prezo. Não mais preso. Eu ferio.

Que show da Xuxa é esse?!

Devo tá guardando no meu bloco de notas do celular muitas notações que foram ou seriam momentos de mudanças. Coisa para se fazer depois. Coisas para se mudar. Coisas que eram de me interessar. Não para aquelas horas em que anotei e, sim, para algum momento que no futuro viverei.

E vivi! Devo recordar de uma ou outra tomação de nota que virou material de minha vida futura – que ficou em algum momento do passado. Um mote de poema para se terminar. Uma senha para eu recordar onlinemente. Uma homenagem pra fazer. Só que... a maioria... mudou. E nem vi!

terça-feira, 5 de novembro de 2024

SOBRE A PALAVRA VIOLENTA - CRÔNICA

        E saiu... como se eu sequer tivesse pensado em dizer. Xinguei.

Saiu naturalmente como se nem fosse eu quem a teria dito. Porém, meus ouvidos denunciavam contra a minha boca. Meus ouvidos permaneciam não enganados diante do que minha mente queria. Queria negar o que dos lábios saiu.

Sim, saiu. E senti por segundos como se eu não fosse aquela pessoa. Por outro lado, alguém dentro de mim quis afirmar o próprio erro. Quis sustentar o fracasso em forma de singelo palavrão: “Essa porra!”; como se fracasso não fosse.

Que turbilhão, passado em segundos. Em um ou dois minutos, que seguiram, parecia que aquilo sequer houvesse existido. Era semelhante a um apagamento involuntário que a mente impunha convenientemente a si.

Contudo, é de pasmar! Não havia ambiente para aquilo. Estava muito longe de haver forças ou motivos suficientes para que alguém sucumbisse a dizer algum nome feio. E, talvez, por se analisar a incipiência de motivos presentes nessas circunstâncias e a tamanha absurdidade contida no meu erro, agora, posso revisitar aquele meu abismo momentâneo e minutal.

Afinal, o que me aconteceu?

Teria eu explodido por motivos em acumulado? Razões de outras temporalidades? De outras assujeitalidades? Quem sabe... estava distante de muitos momentos que me motivariam mais substancialmente a proferir impropérios? Só que o tempo do relógio não é como o tempo que constitui a natureza da memória e a dos sentimentos. E sigo. Teria me acometido um lapso de insensatez diante do não mensurar as forças reais da cena loco-temporal?

Eu sempre falo da intransigência das pessoas. Só que a minha, ali, estava tácita. Quase querendo-se virtuosa. Como pude? Ou quem pode? No entanto, assim fazemos.

Ainda preciso me apegar a um pouco mais de crédito e tolerância para comigo mesmo. Pois, tendo neste instante uma medida mais fiel do que foram as coisas e das coisas que me aconteceram, enxergo que as pessoas que foram alvo e pivô, o estopim, da minha palavra violenta não necessariamente se comportam virtuosamente. Pelo contrário, não poucas vezes já mereceram justos impropérios. Mas, por questões de escolha pessoal, fé, filosofia de vida e compromisso profissional, eu não jamais justificaria a minha conduta de ter xingado.

É verdade! Não xinguei as pessoas. Talvez, por certa pressa e precipitação, ficou aqui algo parecido com isso: o Anderson xingou direta e injustamente uma ou mais pessoas. Contudo, não foi nada disso. Minha fala foi a algo não orgânico, foi endereçada a algo não-pessoa, foi dita um elemento físico, material e prático. Enfim, eu disse: “Para de conversar bobagem e faz a porra dessa atividade!”. E com cara fechada. Ou seja, parecia bem sério. E com raiva.

Em síntese, é! Foi tudo isso sim. E não consigo recordar em nenhum momento da minha história em que sequer tivesse eu passado perto disso.