NACIONAL ENERGY

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

AS MUDANÇAS QUE NÃO VI - CRÔNICA

Há mudanças que aconteceram tão rapidamente, algumas estão acontecendo agora mesmo, a ponto de eu sequer perceber. Acho que muitas delas, até agora, ainda não consegui dar conta de sua dimensão. De sua mínima dimensão. Quem dirá da máxima. E, francamente, pareço bem desinteressado e nada disposto a gastar com meditação, energia, tempo e trabalho para “sacar o que tá pegando!”. Seria o Ser, e não o ser, heideggeriano!

Em que momento diminui ou quase parei de visitar a casa dos outros? Gente querida, gente amiga. Quantos anos já? Onde está a curva decrescente do meu consumo de artigos de opinião e leitura de romances? E o fim da vida esportiva, que tomou quase uma década da juventude, e a nova vida esportiva que nos últimos anos insiste em ficar? Ficou na vida de adulto.

Há mudanças bem significativas... mais do que essas. Porém, não me interesso por formulá-las. Só as aceitei. Principalmente as que não vi. Foram acontecendo. Em cascata. Até parece que o meu não querer formulá-las, dizer a matéria de que se faz cada uma delas, seja sinal não do meu desinteresse, mas da minha exata não dação de conta.

Quando eu dizia, há mais de uma década, que tenho dormido pouco, não imaginava que isso se tornaria ou se modificaria, no futuro, para noites de insônia. E, talvez por ser maior o desinteresse ou a despreocupação, nem mesmo posso dizer que importa ou me valeu algo a perda das noites. Uma ou outra, devo reconhecer, foi de puro despropósito ou necessidade de lazer não atendida. Contudo, sigo. Claro que com bem mais lazer do que noutros tempos.

Acredito que muita gente passa anos e anos sem se permitir feriar. E, uma das mudanças que me ocorreram foi sim, não a principal, só que muito substancial, foi a da prática do feriar. Em que momento exatamente eu me percebi como um homem que nunca curtiu férias? E por que cargas d’águas eu mudei?

Mudei que nem vi. Agora, prezo. Não mais preso. Eu ferio.

Que show da Xuxa é esse?!

Devo tá guardando no meu bloco de notas do celular muitas notações que foram ou seriam momentos de mudanças. Coisa para se fazer depois. Coisas para se mudar. Coisas que eram de me interessar. Não para aquelas horas em que anotei e, sim, para algum momento que no futuro viverei.

E vivi! Devo recordar de uma ou outra tomação de nota que virou material de minha vida futura – que ficou em algum momento do passado. Um mote de poema para se terminar. Uma senha para eu recordar onlinemente. Uma homenagem pra fazer. Só que... a maioria... mudou. E nem vi!

Nenhum comentário:

Postar um comentário