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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

NA MULTIDÃO DE E(R)ROS - POEMA

NA MULTIDÃO DE E(R)ROS

“Tudo dói, mas passa!”

 

Não vinha com manual de instruções...

A vida.

Nauro,

Machado.

Com letras de analfabeto

Escrevi não só a minha.

Rabisquei a de outros.

Rasurei.

Alguns me deram chance de (re)escrever.

Outros me apagaram com a borracha.

Fecharam seus cadernos pra mim.

Sequer me permitiam cola.

Contudo,

Diante de mim,

Permanecia a minha lida.

 

Ninguém nasce sabendo...

E o menino?

É pai do homem.

Pai dos Machados.

Pai de Wordsworth.

Enfim,

Não haveria maravilha no desconhecido.

Não haveria prazer ao se vencer o não saber.

Muito menos o gozo de nunca saber tudo,

Saber que o suficiente nunca é o suficiente.

Vivendo as incompletudes.

A sanidade do vir a ser.

A dispersão natural.

O melhor vai e vem!

 

Somos uma folha em branco,

Entretanto,

Sei que fui entretecido,

Magnificamente,

No ventre de minha mãe.

As cachoeiras não dão água.

Elas escorrem...

Elas só se sabem movimentos.

Seu líquido,

Numa vazão medida pelo maior Astro,

Banham as cabeças.

Banham as cabeças que nasceram sem pensar a si próprias.

Mas,

Foram magnificamente pensadas.

 

E a minha multidão?

Está no meu livro.

Foram esquecidos da minha mente.

Até onde o que é erro é erro,

Ou é aprendizado?

Durei tanto tempo pra agregar,

Pra ser rico como quem aprende com os erros,

Dos outros,

De si.

E agora, a fronteira entre o que me é riqueza

E o que me é memória em falta

Faz-me questionar:

“Que multidão! Sempre será estúpida como tantas outras?

Como a que levantou no madeiro o Salvador?”

Antes só...

E segue o ditado.

 

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