O dia amanheceu, “nas redes”, com memes que desejavam a morte do presidente Lula. Lembro bem de como foi ruim ver gente zoando com a “Fakeada” ou “Fakada-Fest”, ou jogar bola “artisticamente” com a cabeça de Bolsonaro, ou, pior, ver repórteres inteligentinhos, articulistas e colunistas, escreverem artigo de opinião desejando que o ex-presidente morresse.
Não serei eu quem vai censurar as
pessoas, nem tenho poder algum pra cercear nenhum dos lados da polarizada
política brasileira, tampouco posso extirpar nenhum dos sujeitos que julgavam
certo se expressar assim contra seus desafetos políticos. Mas, é importante
bater um papo consigo mesmo e entender que sempre haverá uma última conversa
para todos.
Acredito que há uma necessidade, urgente
e cada vez mais carente, de se promover a consciência do fim das coisas. Uma escatologia
pessoal e de bom senso. Uma prosa poética sobre o final a que todos chegaremos.
Muita gente vai ficar muito excitada
com a notícia da morte de ambas autoridades políticas. Talvez, já haja apostas acerca
de qual das duas personalidades vai ser a primeira a partir. Penso que é penoso
as pessoas prosearem tanto sobre o fim dos outros e, poucamente, ou
quase nada, refletirem sobre os últimos dias de si mesmos.
Nós teremos uma conversa pela última
vez. E, com quem será, sobre qual assunto, quais as condições em que estaremos
quando cessarem todos os relógios, que conta pagamos com a nossa vida pelo
tempo que se viveu... poderiam ser reflexões muito mais excitantes e edificantes.
Porque, a cada dia que passa, mais fica manifesta perante todos QUEM VOCÊ
REALMENTE É diante da vida que leva.
Acredito, verdadeiramente, que carregamos
uma mensagem com a vida que levamos. Em cada fala, a cada ato, por cada escolha,
nossas ações e reações, lutas e desistências... tudo isso define a mensagem que
carregamos com a vida. É essa mensagem que fica na vida daqueles que não somos.
Saber que haverá a prosa final
deveria gerar em nós maior consciência de que todos somos passageiros. De que
ninguém todo o poder. Só de Um é o poder. Como dizia Bob Marley, contra os
poderosos que acham ter muito poder: “Cause none of them can stop the time”. Há
uma força muito poderosa, o tempo. E ela fará com que todos se calem. Que toda
língua cesse. Não à toa Deus ser o Senhor do tempo. Ser o mudador das
estações.
Na poética do fim, espero ter
deixado mais paz que dor, mais vida que desprezo, mais fé do que dívidas, mais
abraços do que costas viradas em intransigência. Não importa com que será minha
prosa final. Só importa que a prosa não acabe e que tudo que eu tenha dito com
minha vida não seja silêncio sem amor, um corpo oco sem fé.
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