NACIONAL ENERGY

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Filas na Vivo

Ser cliente de empresas de celular tem altas peripécias. Olha essa!

Não se perde muito tempo para tirar uma fatura na Vivo, cujo prédio é situado frente à Praça São Francisco no Bairro Cidade Nova. Isso quando a pessoa tem a graça de chegar lá e não ter ninguém esperando na fila.
Os usuários de telefones celulares que já passaram pela agilidade no atendimento conhecem. E agradecem. 
Porém, se nessa tentativa de pagar as contas existir meia dúzia de clientes na sua frente fazendo o mesmo, prepare-se. Você não sai de lá antes de meia hora de espera em pé.
Resta saber o que é mais comum. Se o episódio do rápido atendimento ou da galerinha pagante. 
Na manhã de hoje (terça-feira, 3 de dezembro), eu estava na Vivo adiantando a impressão duma fatura pra minha namorada. Adiantando é apenas modo de falar. O valor é razoável mas já estava atrasado. 
Cheguei às 10h10 e sai depois das 10h40. Pelo menos, foram esse horários que notei após me ocorrer a ideia de registrar "mias impressões" dessa ocasião. Tão rotineira. É um ritual que se repete mensalmente como a religiosidade que as regras de uma mulher vem. Só que toda vez é incômoda. 
Acho que o problema é o fato de aguardar em pé e ver os atendentes sentadinhos, confortáveis. Ou, simplesmente, não receber um copo de água. 
Enfim, é tudo culpa do amor!!! kkk...

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

ARENA FREEDOM - No sábado passado (30), Sara Nossa Terra reuniu centenas de jovens em grande evento no Ginásio Nonatinho

Apresentações de dança encantavam o público 

Arena Total movimentou Bairro Liberdade no final de semana

Pedro Henrique  (à dir.), membro da banda Ponto 12,
que animou a comemoração com canções 
Na noite de sábado último (30), a Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra realizou grande evento endereçado ao público jovem, no Ginásio Nonatinho, situado ao longo da Avenida Paraíso, no Bairro Liberdade – núcleo Cidade Nova. Intitulado de Arena Total, a reunião tem caráter evangelístico e ocorre trimestralmente, envolvendo a comunidade cristã em Marabá.  
Estandartes das equipes que formam a “juventude sarada” ornavam a entrada do Nonatinho, e davam as boas-vindas para a noite de celebração, que contou com diversas bandas de louvor, coreografias e apresentações artísticas.
Segundo a Bispa Edna Castilhos, líder eclesiástica da Sara Nossa Terra, a Arena Total é um encontro voltado para a juventude, diferente das típicas reuniões e cultos na igreja.  
“Temos grandes objetivos com esse evento. Resgatar os jovens das drogas, vícios e prostituição”, afirma a Bispa Edna.  
Cerca de mil jovens participam, semanalmente, dos cultos regulares conhecidos como Arena Jovem em cada uma das congregações, localizadas nos núcleos de Marabá, e eles encaram cada arena como um lugar de decidir destinos.
Durante a Arena Total, a banda de rock cristã “Ponto 12” marcou presença e levou centenas de vozes a adorarem a Deus. Abraão Castilho, Dener Emanuel, Gustavo Almeida, Fernando Alves Joseph Santiago e Pedro Henrique seguem juntos para propagar a mensagem da cruz de Cristo. 
Além do caráter evangelístico, durante o evento os jovens são estimulados a utilizar as habilidades, conhecimento e dons que Deus os concedeu.   
“Também é reservado para os jovens demonstrar seus talentos na arte e na música, além de soltarem suas energias. Mas, acima de tudo, estamos trabalhando a formação de líderes jovens. O nosso projeto maior é formar líderes, pois, muitos deles já lideram grupos de cinquenta, cem, duzentos jovens”, acentua a Bispa.
A noite serviu de comunhão e festejo para que cada equipe interagisse com os semelhantes na fé.
O tema dessa edição foi “Arena Freedom” e encheu a nave do ginásio com sorrisos e gritos de louvor. Freedom é um termo da língua inglesa que, entre seus possíveis significados, representa o de Liberdade.
“Com isso, mostramos que o jovem pode ser livre sem usar de vícios nem violência”, pontua a líder evangélica.






segunda-feira, 25 de novembro de 2013

MULHER GOSTA DE DINHEIRO (p. 79 Guia politicamente incorreto da Filosofia – Ensaios de Ironia, Luis Felipe Pondé Editora Leya)

(Essa é minha leitura atual. Bom investimento feito na Livraria Cruzeiro do Sul. Vale muito refletir sobre os efeitos do Politicamente Correto na sociedade brasileira. Quem lê o ensaio abaixo vai ter não apenas bons argumentos contra o fanatismo feminista que sê dissemina "doentiamente", mas, vai fazer um exercício com a opinião contrária. Ninguém é obrigado a endeusar a ideologia desse grupo. E como sei que a lei dos direitos autorais pode me incriminar, tenho a esperança que eles interpretem essa postagem apenas como um ato de um leitor curioso que quer compartilhar boas leituras. Tipo uma propaganda "for free", mas bem direcionada e intencionada. A todos, boa leitura. Às feministas, desejo uma melhor leitura ainda.)
             
        Esse tema é um dos preferidos pela praga politicamente correta. Para eles, nem temos sexo, mas gênero. O que é gênero, nesse caso? 
            A teoria de gênero afirma que nossa sexualidade é socialmente construída. Nada há nela de biológica. Assim sendo, as sociedades constroem os gêneros (leia-se, os sexos) na dependência do poder das classes sociais ou dos grupos malvados da vez. Claro, ao final, quem paga o pato é sempre o homem heterossexual.
            Essa discussão incide diretamente sobre questões caras ao politicamente correto, desde as mais gerais até as mais específicas, como o patriarcalismo, para alguns feministas o culpado pela poluição e pelos erros do Big Bang cósmico, ou o fato de que mulheres têm normalmente pressão arterial mais baixa “devido a opressão patriarcal”, e não a dados fisiológicos bem conhecidos. Mesmo a gravidez deve ser “culpa” do patriarcalismo. Aqui vale contar um fato real ocorrido comigo.
            Certa feita, sentado ao lado de uma amiga um tanto feminista (infelizmente, porque ela até é bonitinha, e feminista, normalmente, são azedas porque são feias) antes de um debate do qual participaríamos, vi com meus próprios olhos o quão absurdo pode ser o mau-caratismo do politicamente correto (no caso específico da sexualidade e das diferenças entre mulheres e homens).
            Minutos antes de o debate começar, ainda sentados na platéia, ela se sente mal. Mãos frias, tontura, mal-estar. Digo a ela que vá ao ambulatório da instituição porque deve ser pressão baixa, fato comum nas mulheres (que têm pressão em média mais baixa que os homens segundo todas as pesquisas médicas conhecidas). Ela vai. Minutos depois volta se sentindo melhor, dizendo que era mesmo pressão baixa e que depois de uns minutos deitada e uma pequena medicação melhorou.
            Ao iniciar o debate, ela diz ao público como sou machista porque supus que ela, ao se sentir mal, e por ser mulher, deveria estar com pressão baixa. Independentemente do fato de eu ter acertado o diagnóstico (os sintomas era de pressão baixa), e de que a pressão mais baixa das mulheres é uma constatação científica (decorre de sua menor massa e metabolismo), ela insistia que tudo isso era mesmo machismo e ideologia patriarcal. Resultado: as diferenças fisiológicas são também fruto das construções sociais para as fanáticas da teoria do gênero.
            Esse fato em si é um diagnóstico: como o politicamente correto afeta mesmo pessoas inteligentes (e bonitas).
            O que está pressuposto por trás da hipótese da minha amiga afetada por essa praga? Que eu sou machista, que a medicina é machista, que os medidores de pressão arterial são machistas, enfim, que o átomo é machista. A construção social se faz assim: nem a fisiologia é biológica, mas social e política. Dá sono, não?
            Para esses fanáticos, homens e mulheres não existem da mesma que cães e gatos, mas são projetos ideológicos. Todas as diferenças de temperamento, comportamento, expectativas e mesmo biológicas são fruto do patriarcalismo.
            Um bom antídoto contra o politicamente correto nesse campo é o darwinismo. Mas, antes, uma breve explicação de como o darwinismo funciona.
            O mecanismo de seleção natural não pressupõe qualquer inteligência operando acima da matéria e seus elementos. Não me interessa aqui a discussão do darwinismo com o criacionismo, portanto não vou entrar em reflexões cosmológicas ou (a)teológicas acerca da origem do universo. Meu interessa recai apenas sobre o que o darwinismo nos relata a respeito da psicologia evolucionista, ou seja, o mecanismo de seleção natural atuante no âmbito do comportamento humano.
            A seleção natural opera a partir de dois conceitos básicos: acaso e acúmulo de design cego, O acaso diz que o meio ambiente é acaso, e a mutação do DNA também. A rigor, no darwinismo contemporâneo, o que passa por seleção é o DNA ou material genético. Mutações ao acaso ocorrem nesse material e são selecionadas pelo efeito do meio ambiente. As mais adaptadas sobrevivem e levam à prole, via reprodução, seu sucesso adaptativo. O verbo em inglês é o to fit. Por sua vez, o acúmulo de design cego é o processo através do qual (a evolução propriamente dita) um conjunto específico de material genético vai sendo selecionado, e aquilo que dele for eliminado jamais voltará ao “mercado da seleção natural”, portanto, ao longo do tempo, um conjunto específico de genes permanece desempenhando (designing) uma espécie mais bem adaptada. Por exemplo, sendo o Neandertal extinto, você não pode ter um filho Neandertal. A história da seleção natural não anda para trás, daí a evolução. Ao longo do tempo, a sensação é de uma “relação” invisível entre o material genético adaptado e as demandas do meio ambiente na história da seleção natural daquela espécie, daí a impressão de que há um design (projeto), mas ele é cego (ninguém está “olhando e organizando” o processo).
            No caso do comportamento, apenas temos que adicionar a hipótese de que um comportamento (ou um conjunto de comportamentos e regras de comportamento) é determinado por uma composição genética bem-sucedida, por isso reproduzida nos descendentes. O exemplo clássico é o que chamamos de moral: a moral como um todo se revelou como um sucesso adaptativo, porque todos os grupos humanos a têm (mesmo que com variação de valores) e ela regra e acomoda as tensões dentro do grupo humano. Quando falamos em moral aqui, falamos em hábitos mesmo inconscientes (a psicologia evolucionista trabalha com a noção de inconsciente biológico selecionado ao longo do tempo determinando a consciência)que foram bem-sucedidos e por isso passaram para a frente, até chegarem a nós.
            Assim sendo, segundo o darwinismo, homens e mulheres tem características diferentes, herdadas pela seleção natural, as quais não passíveis de construção ou desconstrução social, como querem as chatas feministas, porque são frutos do inconsciente “genético” herdado. Mesmo que você dê uma boneca para meninos pequenos e os vista com roupa identificada como de meninas, isso não garantirá uma “menina feliz consigo mesma”.
            Por exemplo, por que dizer para um homem que o filho é a cara dele conta muito enquanto para a mulher nada acrescenta de essencial na sua relação com a criança? Por uma razão muito simples, a mulher não tem insegurança com relação à prole, mas o homem tem, porque ele nunca tem a certeza de que o filho seja seu e, se não se cuidar, pode acabar cuidando do filho do vizinho. E a capacidade de uma mulher de 100 mil anos atrás de ter um homem com ela erafator determinante para a sua sobrevivência, principalmente quando grávida, por isso a importância dela se mostrar fiel a ele. Era assim na caverna e ainda o é hoje – mesmo “mulheres” independentes se sentem mal quando são mães solteiras e sozinhas, mesmo que as chatinhas digam o contrário. A confiança na mulher é chave essencial da relação de investimento na paternidade em família. Os homens foram selecionados assim porque os ciumentos foram so que tiveram sucesso em garantir sua sucessão. Os desencanados são desencanados simplesmente porque não estavam nem estão interessados nela ou na prole deles. Mesmo hoje em dia, se você pedir a sua mulher para fazer um exame de DNA, o casamento acabará por conta desse pedido – e você será mesmo um idiota em fazê-lo. Dizer para uma mulher que o filho é a cara dela nada acrescenta em sua plena segurança quanto à maternidade. Dizer para um homem que o filho é a cara dele significa que ele não cria filhos que não são dele e, para ela, que ela é fiel – portanto ela fica bem na fita. Homens e mulheres não agem assim “porque querem”, mas porque os que agem assim foram bem-sucedidos na manutenção da sua descendência, e ela está aqui até hoje. Isso é a moral: homem que ama investe e é seguro, por isso precisa de sinais de fidelidade da mulher. Mulher que quer ser amada e se sentir segura se comporta de modo a ser vista como fiel, se ela quer o que as americanas chamam de homens keepers (guardiões ou bons partidos). A possibilidade de desenvolver amor pela parceira e pela sua cria foi um ganho adaptativo, porque o macho pode assim ter família (somos um animal gregário porque nossa cria “custa caro”, principalmente num meio ambiente onde podia ser comida toda hora por predadores), e a mulher pode assim ser menos vítima de predadores em função da gravidez e do risco de morte no parto. O número de fêmeas ancestrais que morriam sozinhas muito jovens devido ao parto é dado conhecido pela paleontologia. Ossos “solitários” são encontrados, revelando a morte da jovem mãe e de seu bebê cercados pela solidão e por predadores.
            Sendo assim, como Shakespeare já suspeitava em sua peça Otelo (o grande mouro que destrói sua vida por duvidar de sua amada Desdêmona, como todo homem apaixonado), quanto mais um homem ama (investe afetivamente em) uma mulher, mais ele fica inseguro e ciumento. Se seu namorado estimula você a viajar sozinha, ele provavelmente a está rifando. E a mulher e o “bando” não podem abrir mão do macho investidor (aqui essa palavra não significa meramente “dinheiro”), porque o meio ambiente no qual evoluímos sempre foi extremamente perigoso. Por isso mesmo, uma fêmea até hoje não suporta machos fracos, medrosos e “pobres”. 
            O grande problema da fêmea da espécie humana já há mais de dezenas de milhares de anos é como sobreviver à gravidez e à lida com a prole. Passar sozinha por ambas as coisas sempre foi má idéia, tanto fisiológica quanto psicologicamente. A gravidez é cara fisiologicamente para a fêmea (logo, o sexo também), e não para o macho. Tirar o macho do exílio meramente animal para a humanização (fazê-lo “amar”, e não apenas “transar”) foi um enorme ganho adaptativo da espécie. Mas machos frouxos e pobres não servem para keepers. Logo, “mulher gosta de dinheiro”.
            O politicamente correto parece ser anticientífico. Mas, mais do que isso, ele faz mal para homens e mulheres porque atrapalha milhares de anos de seleção natural de comportamentos nos quais homens e mulheres se reconhecem. A pressão pela “crítica ao macho” contamina as relações porque, apesar de se falar muito hoje em dia sobre homens serem mais sensíveis do que outrora, as mulheres (que não suportam fracos) só agüentam a sensibilidade feminina até a página a três. Passou daí, elas se enchem. A superação da praga do politicamente correto é necessária em todos os campos do pensamento, mas nesse, talvez, mais do que em todos os outros, porque, sendo a vida sexual e afetiva uma das chaves do convívio humano, e sendo ela acima de tudo uma “carga” sobre as costas dos heterossexuais, embaralhar, falsamente, os “papéis” masculinos e femininos é péssimo para a vida cotidiana. Isso nada tem a ver com “negar” a vida profissional das mulheres, mas sim com lembrarmos que mulheres são mulheres, e homens são homens, pouco importando o que as azedas queiram dizer. Claro que a sociedade impacta a sexualidade e seus modos de ação, mas dizer que não há nada no homem e na mulher (ou na maioria esmagadora deles) que tenha a ver com sua herança biológica é como negar a lei da gravidade, dizendo que os corpos caem apenas porque a ideologia opressora persegue os corpos de menor massa.
            Para terminar, um detalhe. Lembraria à leitora que não adianta ficar nervosa porque os  homens não erotizam a inteligência da mulheres, enquanto as mulheres erotizam a inteligência dos homens. Fácil entender: inteligência no homem é como dinheiro, uma forma de potência. O homem apenas precisa da beleza da mulher e, se a amar, da sua fidelidade. Isso não precisa ser motivo de briga – na humanidade, tem lugar para quase todo mundo. 

Uma das coisas que ganhamos quando vemos as coisas sobre o ponto de vista darwiniano ou pré-histórico é uma sensibilidade maior para refletir se os hábitos passados não teriam, afinal, algum sentido. 

VESTIBULAR DA UEPA - Segundo dia, instituição registra mais 8.548 faltosos dos 62.540 candidatos inscritos

Uepa aplica provas da primeira e segunda fase do Prise e Prosel 2014
Antonio Alves, 16 anos, Adriele Silva (16) e Andreza Lopes (16) encaram
caderno de questões na escola Heloisa De Souza Castro


Hoje cedo, movimentação era intensa em frente à Escola Municipal Heloisa de Souza Castro

























Imagem revela distância percorrida pelos vestibulandos
 na Avenida Hiléia, onde fica a UEPA

A Universidade Estadual do Pará (UEPA) registrou 9.042 faltosos dos 74.858 inscritos, apenas na prova realizada durante o domingo último (24), referente à primeira fase do Prise e Prosel 2014. Na manhã de ontem (25), a seleção continuou com a segunda fase do Programa de Ingresso Seriado (Prise) e do Processo Seletivo (Prosel), onde foram avaliados os conhecimentos do segundo ano do Ensino Médio. 


As provas ocorreram de 8h às 13h, em Belém e outros 24 municípios. Segundo a coordenação da UEPA, o primeiro dia de prova dos Processos Seletivos 2014 foi considerado tranqüilo. Na segunda-feira, a instituição registrou mais 8.548 faltosos, dos 62.540 candidatos aptos a realização da prova objetiva.
No primeiro dia, os candidatos tiveram cinco horas para responder a 56 questões objetivas de conhecimentos gerais nas áreas de Química, Matemática, Física, Biologia, Língua Portuguesa, Literatura Brasileira e Portuguesa, História e Geografia. No segundo dia, foram 60 questões objetivas de conhecimentos gerais, incluindo Língua Estrangeira. 
Candidatos mais atrasados tiveram que correr contra o tempo
A manhã foi de correria em diversos pontos em Marabá, município da região sudeste do Pará, por causa da preocupação com o horário de início da prova, bem como da distância de alguns lugares.  
Alguns estudantes que cursam o segundo ano médio, na Escola Estadual Doutor Geraldo Veloso, tiveram que se deslocar até o Bairro Liberdade a fim de chegar ao local da prova. Antonio Carlos Martins Alves, 16 anos, Adriele do Nascimento Silva (16) e Andreza Lopes (16) encaram o caderno de questões noutra escola da rede pública, Heloisa De Souza Castro, localizada na Avenida Gaviões.  
Bloqueio de algumas vias dificultavam acesso
ao local de provas no prédio da UEPA
O trio participou somente da avaliação referente a segunda fase e aguarda ansioso pela última etapa do processo de seletivo, no ano seguinte.
Noutro caso, Odete Dias veio deixar a sobrinha conduzindo uma moto, modo que ela julgou mais prático para que pudesse evitar os contratempos.   
Quem precisou realmente de habilidade para não perder tempo, foram os candidatos destinados a fazer essa avaliação no prédio da UEPA, situado na Avenida Av. Hiléia, espaço conhecido como Agrópolis do INCRA.
Devido às recentes obras efetuadas pela Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) em torno da universidade, muitas vias estavam bloqueadas. Vários vestibulandos desceram das conduções em que vinham e foram a pé até a entrada. Os mais atrasados deram um pique para chegar antes que vencesse o horário de fechamento do portão. 
No entanto, os profissionais que atuaram durante a realização do processo confirmaram exemplos desse triste episódio. Ainda no domingo, muitos candidatos deram de cara com a consequência do atraso e saíram dali com a pior das feições.
Se liga – O gabarito e o boletim de questões já estão disponíveis. Até o dia 9 de dezembro, a Uepa vai divulgar no site www.uepa.br os candidatos aptos a realização da terceira etapa do Prosel, que acontece no dia 15 do mesmo mês.
Os candidatos que não alcançarem a pontuação mínima de 40 pontos na soma das pontuações da primeira e segunda fase estarão eliminados.
Um total de 7.870 concorriam a uma vaga pelo Prosel e outros 678 pelo Prise. A maioria dos faltosos é atribuída, segundo a coordenação do exame, ao fato dos candidatos não levarem o documento de identidade oficial com foto e também a falta de atenção quanto ao horário de realização da prova, que é local.





COMPLEXO DE ÉDIPO, SOB A ÓTICA DE J. –D. NASIO, APLICADO À OBRA DE TEOLINDA GERSÃO, A ÁRVORE DAS PALAVRAS

(Pesquisa elaborada enquanto estudante de Letras na Universidade Federal do Pará - UFPA, hoje interiorizada como Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA)
CONCEITOS DO COMPLEXO DE ÉDIPO, SOB A ÓTICA DE J. –D. NASIO, APLICADOS À OBRA DE TEOLINDA GERSÃO, A ÁRVORE DAS PALAVRAS – ENSAIO ENTRE LITERATURA E PSICOLOGIA
Anderson Damasceno Brito
Introdução
Psicanalista e psiquiatra clínico, Juan-David Nasio, lecionou por trinta anos na Universidade de Paris VII-Sorbonne e atualmente dirige os seminários psicanalíticos de Paris. Tem mais de dez títulos publicados no Brasil, destacando-se: Lições sobre os 7 conceitos cruciais da psicanálise; O prazer de ler Freud; Como trabalha um psicanalista? e O livro da dor e do amor. 
No livro Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa, Nasio faz uma análise acerca das principais questões em torno do complexo, tomando como base parte dos pensamentos de Freud, Lacan e, minimamente, de Dolto. Ele não deixa de ressaltar mais vezes sua postura dialogando com os mestres. É de fato um livro sobre o conceito mais crucial da psicanálise, que abre as portas dessa ciência para o leigo e sumariza o complexo de Édipo para os especialistas. São as implicações na vida social, seja no âmbito familiar, educacional e artístico, e as questões em torno desse conceito que compõem o propósito deste artigo.
Desenvolvimento
            O título do livro já aponta um princípio que acarreta parte do status científico dedicado ao complexo, ou seja, observa-se a universalidade do complexo de Édipo. “Nenhuma criança escapa”. De fato, há uma lei imprescindível arrolada na estrutura genética do Homo sapiens, que determina seus estados biológicos e psicológicos, por mais vária que seja, ela implica em cada situação que um indivíduo esteja submetido.
Ressaltando Freud, Nasio explicita esse “fado” por ser a criança um ente herdeiro de certo esquema filogenético, que será realizado mesmo que suas experiências pessoais não sejam deliberadas (p. 132). Diz-se deliberadas, em virtude do complexo acontecer (na criança) a despeito de qualquer coisa, até mesmo de ser o adulto (pais) consciente de tal realidade.
Respondendo a um dos porquês sobre o complexo, Nasio assegura: “Porque nenhuma criança escapa à torrente das pulsões nela desencadeadas entre os três ou quatro anos de idade, e porque nenhum adulto de seu círculo imediato consegue evitar desempenhar o papel de alvo das pulsões e de canal para drená-las.” (p. 6). E, na parte de abertura do livro, o autor tenta definir o status do complexo de Édipo como polivalente, híbrido, uma vez que tem em sua conjuntura: realidade, fantasia, conceito e mito. Contudo, vale assegurar que: “para o psicanalista que somos, o Édipo permanece antes de tudo uma fantasia” (p. 14). O que para Nasio é muito claro definir, devido às imagens forjadas no inconsciente da criança não se consumarem como tais na realidade; a criança não vai descarregar suas pulsões sexuais da mesma forma como os adultos comumente o fazem.              
            Antes de entrarmos no Édipo do menino e no da menina, é importante validar o quanto foi significativo as confissões e os casos clínicos de homens e mulheres, para a descoberta do complexo de Édipo; bem como que solução ele traz aos trabalhos clínicos; e o que é o “Falo” para a criança e para a psicanálise.
Por observar as recordações de caráter sexual que os pacientes adultos tinham, ou melhor, quando o psicanalista tentava puxar pelo fio da memória alguma cena ou sensação adormecida, que leva a uma experiência sexual do adulto (quando criança), experiência forjada ao nível da fantasia, é que o complexo de Édipo foi de certa forma se comprovando. Os pacientes adultos conseguiam relatar, trazer a consciência essa “aventura sexual” com seus pais.  Não foi o advento das ciências em torno da psique nem mesmo a comprovação desse estágio, obrigatoriamente universal, e por que não dizer tão insolúvel quanto marcante na vida de cada pessoa, que geraram o complexo. O complexo existia muito antes da ciência descobri-lo.
Nasio esclarece que o complexo de Édipo foi descoberto por Freud a partir do relato de cenas de sedução, que seus pacientes adultos acreditavam ter vivido na infância; pois o complexo:
não é uma realidade observável, mas uma fantasia sexual forjada pela criança sob a pressão de seu desejo incestuoso. O conteúdo dessa fantasia é frequentemente uma cena de sedução sexual exercida pelo adulto. [...] embora criada na infância e sempre em ação no adulto neurótico, deverá ser reconstruída pelo analista ao longo do tratamento. (pp. 132 - 133)
E a solução que o conceito do Édipo oferece está no fato de entendermos como se forma a identidade sexual, de homem e de mulher, no ser humano. Dependendo de como for o “ciclo” edipiano deste, poderá se encontrar a razão de seus sofrimentos neuróticos. Nasio defende que sexualidade e neurose estão extremamente ligadas pelo que “a neurose resulta de uma sexualidade infantil perturbada, interrompida em sua maturidade, hipertrofiada ou, ao contrário, inibida” na relação com seus pais. (p.67).
Assim sendo, o Édipo traz à luz a compreensão de como um adulto neurótico se formou (identidade sexual e neurose) por causa do caminho que o desejo incestuoso percorreu. Nasio explica essa relação citando Freud: “O desejo de ter um filho com a mãe nunca falta no menino, o desejo de ter um filho do pai é constante na menina, e isso quando são totalmente incapazes de fazer uma idéia clara do caminho que pode levar à realização desses desejos.” (p.133).
No menino e na menina o Falo é uma fantasia de ser onipotente, é o canal das sensações erógenas. Ele representa a fonte do desejo na criança. O Falo é algo imaginário e faz a criança sentir-se onipotente com seu pênis, pênis enquanto objeto mágico de desejo. Embora seja o menino o portador do pênis como órgão máximo de sensações prazerosas, para Nasio, na cabeça tanto do menino como da menina há a presença do Falo. Isso é o que Freud chama de fase fálica. “Durante essa fase, as crianças, meninos ou meninas, acham que todas as criaturas do mundo são dotadas de um Falo, isto é, que todas as criaturas são tão fortes quanto elas.” (p. 23).
No menino, o percurso do Édipo pode ser vário. Tudo começa com os três desejos incestuosos que podem tomar conta do corpo do menino. Desejo enquanto aquilo que nos leva a buscar o prazer na carne do outro (p. 25). Acerca desse desejo, Nasio pontua: “É um desejo virtual, nunca saciado, cujo objeto é um dos pais e cujo objetivo seria alcançar não o prazer físico, mas o gozo” (p. 25); o corpo dos pais configura o desejo incestuoso como o padrão de todos os outros desejos, uma vez que representa a alegoria de retorno ao estado de beatitude que a criança possuía em sua fase intra-uterina (p. 26). Ainda que por um breve momento, o gozo nos remete ao estágio pleno de satisfação no qual outrora a criança esteve, e/ou nós estivemos.
Há o desejo de possuir o corpo do outro, geralmente o da mãe; ou desejo de ser possuído pelo outro, isto é, o pai; e o desejo de suprimir o corpo do outro. De alguma forma, em meio suas fantasias na fase edipiana, o menino realiza um desses desejos; e é mister compreender que “a cena fantasiada não é obrigatoriamente consciente e que ela com freqüência se traduz na vida cotidiana da criança por um sentimento,  um comportamento ou uma fala” (p. 28). Muito menos sem o adulto perceber, algumas atitudes propriamente infantis ou que uma pessoa, ao olhar certo menino, diz que não entende o porquê dele puxar algo (como a barra da saia da mãe), pode estar presenciando um momento de realização sexual ante os seus olhos, mas que de fato ocorre ao nível virtual dos desejos fantasiosos da criança. Outro exemplo prático Nasio oferece em:
Ser espancado pelo pai é uma fantasia que satisfaz parcialmente o desejo incestuoso de um menino de ser possuído sexualmente pelo pai. A dor física torna-se então prazer sexual. A propósito, observemos que um incidente traumático de grande violência física ocorrido na infância ou na adolescência pode determinar em um homem a posição sexual passiva (masoquismo) em relação a um parceiro masculino ou feminino que o domina e degrada. (p. 134)
            Além do desejo e das fantasias, o menino sofre a angústia da castração, pois passa a perceber que seu Falo pode ser perdido. Aqui entra a imagem que o pai pode assumir perante cada uma das três fantasias que o menino pode ter. O pai repressor ameaça o menino em sua relação com a mãe, proibindo-o de realizar em sua mãe o Falo; o pai sedutor ameaça abusar do menino, roubando sua virilidade; e o pai rival que mais uma vez ameaça o falo do menino, e que este deseja destruir o pai.
            A menina percorre o complexo de Édipo em três fases. Na primeira, a fase pré-Edipiana, ela também deseja possuir a mãe, pois esta é quem primeiro a amamenta, quem limpa seu ânus e a satisfaz, o que a torna objeto de desejo da filha mediante as sensações clitoridianas (p.50). Porém, quando a menina percebe que a forma de seu Falo é diferente do menino, o que a leva a buscar no corpo masculino sua realização, ela passa a querer um pênis maravilhoso. Ela está entrando na fantasia da privação porque a mãe não poderá ajudar munindo-a de um pênis. A menina sofre por perceber que “perdeu” o que nunca teve e se subtrai do corpo da mãe resoluta, em dor, decepção, solidão. Essa é a segunda fase.
            Então, para resolver sua situação, sendo movida pela inveja do Falo, a menina vai procurar no pai quem a possa doar a onipotência. O psicanalista descreve esse estágio, pois, “agora um novo personagem entra em cena: é o pai maravilhoso, grande detentor do Falo. É quando a menininha magoada e sempre ciumenta volta-se para ele a fim de se refugiar e se consolar, mas também para lhe reivindicar seu poder e sua potência” (p. 54). Agora sim a mulher está na fase Edipiana. Só que há um problema, o menino para resolver sua situação com Falo se acovarda ante a lei que o pai lhe imprime, mas a menina, jamais poderá fugir sob a pena de nunca encontrar o Falo.
            Então, o que ela faz? “A menina aceita recalcar seu desejo de ser possuída pelo pai, sem com isso renunciar à sua pessoa. Enquanto o menino Edipiano resigna-se a perder a mãe por covardia, por sua vez, a menina, que nada mais tem a perder, obstina-se audaciosamente a se apoderar do pai. [...] Ela mata seu pai fantasiado, mas o ressuscita como modelo de identificação” (pp. 56-57). Encontrando tangencialmente uma saída para sua privação, agora a menina está pronta a sair do Édipo com as ressalvas de que sua identificação é dupla: a feminilidade da mãe e a virilidade do pai são assimiladas (absorvidas); e que sua feminilidade permanece um enigma não-resolvido (p. 58). Desta forma, quando mulher, ela transformará seu desejo de ser possuída pelo pai no desejo de ser possuída pelo homem amado. Em resumo, Nasio diz, sobre as três fases:
A fase pré-edipiana, na qual a menina em posição masculina deseja a mãe como objeto sexual; a fase que designo como “dor da privação”, durante a qual a menina fica sozinha, mortificada e com inveja do menino; e, finalmente, a fase propriamente edipiana na qual a menina é arrebatada pelo desejo feminino de ser possuída pelo pai. (p. 135)
            Antes de adentrarmos às neuroses que o adulto, homem ou mulher, pode carregar em todo seu tempo de vida, vejamos os frutos básicos que o complexo de Édipo pode gerar.
            Basicamente, o supereu e a identidade sexual que o indivíduo vai assumir são conseqüências de sua passagem pelo complexo de Édipo. Vimos a pouco que a mulher, terminada suas fases edipianas, vai incorporar o pai e a mãe, principalmente esta, pois a mãe é quem dá o equilíbrio no processo psicológico da menina; e a incorporação do pai supõe (significa) que a incorporação do supereu do pai foi plausivelmente feita. Para compreendermos o supereu do pai, vejamos o que acontece com o menino quando supera o complexo de Édipo.
Segundo Nasio, o supereu é uma instância psíquica criada no menino por causa do complexo de Édipo. “O supereu é instituído graças a um gesto psíquico surpreendente: o menino abandona os pais como objetos sexuais e os mantém como objetos de identificação. [...] apropria-se deles como objetos do seu eu; [...] assimila a moral deles” (p. 40); os valores, sentimentos e o comportamento do indivíduo é operado, controlado pelo supereu. Citando Freud, o que acontece: “o complexo é abandonado, recalcado, destruído radicalmente no caso mais normal, e um supereu severo é instituído como seu herdeiro”.
            Uma questão específica acerca de nosso pai psíquico – o supereu – é o que Nasio aponta como fatores determinantes sob o tipo de supereu que será instituído no indivíduo. Para Nasio: “Nosso supereu pode ser muito severo ou muito tolerante, segundo a velocidade e a violência do recalcamento do complexo de Édipo” (p. 136); de certo, nesse ponto o adulto responsável pela criança, pode agir deliberadamente, ou não, sem prejudicar o bom andamento da fase edipiana da criança. E, novamente ressaltando Freud, Nasio especifica as determinantes do supereu:
O supereu tentará reproduzir e conservar o caráter do pai, e quanto mais intenso for o complexo de Édipo mais rapidamente se dará o recalcamento e mais intenso, também, será o rigor com que o supereu reinará sobre o eu enquanto encarnação dos escrúpulos de consciência, talvez igualmente de um sentimento de culpa inconsciente. (p. 136)

            Ouve-se comumente, no âmbito dos estudos da psique, a noção de neurose. Esta se divide entre ordinária – tomada com fruto de um Édipo mal recalcado –, e a mórbida – como resultado de um Édipo traumático. A neurose: “É um sofrimento psíquico provocado pela coexistência de sentimentos contraditórios de amor, ódio, medo e desejos incestuosos para com quem se ama e de quem se depende” (p.93); podendo ocorrer na criança uma vez que o complexo de Édipo é a primeira experiência desse tipo que a criança passa. Além disso, a mesma se dá em adultos, pois considera-se a neurose como a reativação do Édipo na fase adulta. Nasio defende que:
As fantasias edipianas, mal recalcadas na infância, reaparecem na idade adulta sob a forma de sintomas neuróticos. Em outras palavras, a neurose de um adulto é explicada pela intensidade com que ele viveu seu prazer sexual de criança e pela violência ou labilidade com que ele recalcou. (p. 136)
Assim sendo, ter alguma neurose ordinária é o normal no ser humano. Já a neurose mórbida possui peculiaridades mais “perigosas”.
Nasio defende que a neurose ordinária continua em nossa dia a dia devido a pessoa nunca realizar, nem evitar completamente, as torrentes de seus desejos incestuosos. Todos nós, portanto, continuamos “no conflito com as criaturas que amamos intimamente porque continuamos sempre a desejá-las com ardor” (p. 95) e essa neurose ocorre porque a dessexualização dos pais edipianos foi insuficiente.
            Já a neurose mórbida que engendra o sujeito dentro de um caso patológico. Ela se divide em: fobia, quando uma criança sofre algum abandono, real ou imaginário, provocando grande aflição; obsessão, quando a criança é vítima de maus-tratos que também pode ser fantasiosa ou não; e por fim a histeria, quando a criança passa por um contanto excessivamente sensual com o adulto de quem depende (p. 95).
           
Aplicação dos conceitos
            Selecionei uma passagem do romance A árvore das palavras, de Teolinda Gersão, cuja narrativa tem como fio condutor a história da protagonista-narradora (Gita) que, por meio de um olhar sensível e lúdico, convida-nos a incursionar em suas lembranças. Na primeira parte da obra, Gita, ainda criança nos apresenta a casa branca, representada por sua família — brancos pobres, pertencentes a Moçambique — e a casa preta e o quintal, representados pela ama-de-leite, Lóia. Nesse espaço, encontraremos possíveis cenas que demonstram o encantamento, e por que não dizer encantamento erotizado (no sentido de que é rico em realização do complexo de Édipo), de Gita por seu pai Laureano.
Tal cena tomo como exemplo de fantasia que se passa na cabeça da criança, Gita, projetando nos adultos o seu Falo. E como certas brincadeiras podem gerar o prazer na mesma, levando em conta as questões a cerca do Édipo feminino.
Cena I
            E logo ali a casa se dividia em duas, a Casa Branca e a Casa Preta. A Casa Branca era a de Amélia, a Casa Preta a de Lóia. O quintal era em redor da Casa Preta. Eu pertencia à Casa Preta e ao quintal. (p.10)         
Mas o melhor momento é à noite, antes de eu adormecer, quando ele pega numa caixa de música que tem em cima um gato que dança. [descrição do gato na caixa de música] Tudo me intriga e me fascina, porque é um gato invulgar, de quem nunca se pode pensar, como de Simba, que é cunhado do gato bravo e sabe ainda muitas coisas da floresta.
                Laureano dá a volta à manivela e ele gira sobre si próprio ao som da música – notas leves, metálicas, que lembram vagamente um som de timbila. Ocorrem-me perguntas – por razão se veste assim e usa aqueles sapatos? – mas não quero falar para não deixar de ouvir, e terei adormecido antes de ele ter acabado de dançar.
            Em troca deste gato e da sua música jogarei um jogo contigo. Assim, quando chegas á tarde, e chamas, entrando pela porta: Giiiiiitaaaa... – só o silêncio responde, a casa parece vazia e sonolenta. Porque eu não estou, como à hora do almoço, à tua espera à janela, transformei-me num animal pequeno, escondido em passos furtivos atrás do guarda-louça. E tu deixaste de ser tu, és agora um animal grande chegando, fatalmente chegando, cada vez mais perto.
Sinto-te caminhar, invisível, por entre os móveis da entrada, empurrando a porta da sala, farejando o ar, à procura, por debaixo das mesas e por detrás das cortinas, enquanto eu quase desapareço na sombra, com o coração a bater cada vez mais. Sabendo que nada me dará tanto prazer como esse instante de quase terror em que me encontras, quando ainda não és tu, nem és sequer um homem, mas o desconhecido, o animal, o monstro, entrando de repente em casa e violando a sua ordem antiga.
Ser encontrada é uma morte, um júbilo, o passar de um limite. Por isso eu grito, de terror, de gozo, e de espanto. E então tu pegas em mim e seu sei que estou à tua mercê e que, como um animal vencedor, me poderás levar contigo, para o outro lado da floresta. Sim, e esse instante é uma pequena morte jubilosa. Triunfas sobre mim e, como se me devorasses, eu desapareço nos teus braços. Mas de repente continuo viva, como se voltasse à tona de água, do outro lado de uma onda gigantesca.
E agora és de novo tu, de novo homem, o homem amado desta casa. Vejo o teu rosto, o teu corpo, os teus olhos sobretudo, e não sei como foi possível ter estado alguma vez no teu lugar o animal. Ou o mal. Porque agora me é familiar como o vento e a chuva. (p.13)

            É uma passagem bastante rica em elementos fálicos, em fantasias eróticas que assumem a roupagem do lúdico – brincadeira pai e filha. Bem como vemos uma carne de criança transbordante de desejo incestuoso. Primeiramente, Gita diz que pertence à casa Preta e não à casa Branca (representante da mãe), isto é, ela já se encontra na fase edipiana, pois já superou seu pré-Édipo. O assistir ao pai com a caixa de música é uma fantasia de sedução do pai, uma atração para com a filha, um ato que a fascina. Após isso, Gita propõe um brincadeira com o pai, e como ela conhece a floresta, os animais, e vê seu comportamento de se esconder, ela transporta essa realidade animal para si e para o pai.
            A aceitação do jogo é visto na busca do pai por Gita. Então, os acontecimentos que se prosseguem: o bater da porta, o farejar já desejo sendo consumado, o coração que bate cada vez mais são sinônimos de excitação ascendente. A brincadeira faz do terror um prazer. A pulsão de vida e morte começa a ser patente nessa parte; até os termos usados (prazer, terror, morte, júbilo, grito, gozo, morte jubilosa) não disfarçam mais o que a brincadeira realmente é.
            Contudo, como foi estudado, o pai na realidade não viola sexualmente sua filha, mas a vontade desta explode nessa busca de ter o pai. Pelo menos na fantasia, esse pai vai violá-la primeiro porque a “ordem antiga da casa” não vale mais, ou seja, a lei que proíbe o incesto não vale mais. Só que, para isso ser possível, é necessário se romper um limite. É necessário morrer; morrer como uma passagem que vai levar à floresta, esta enquanto o lugar onde o gozo da criança pode continuar sem impedimentos.
            Só que tudo o que é bom passa. Sim, a onda passou, a turbulência das excitações sexuais no corpo da menina foi descarrega na carne do pai, este a devorou. Passada a onda, só resta mais uma vez cai em si, se “destransformar” de animal para ser humano, a realidade irrompe com a fantasia e a destrói. Os olhos do pai agora revelam que a lei anti-incesto, na verdade, continua e o pai não é mais aquele animal que deu gozo a ela, e sim, o homem amado. De qual casa? Da casa Branca, onde a plenitude não existe. Agora, será que outra brincadeira virá no outro dia? Gita precisa esperar, como se esperam as ondas; e também dormir e acordar, semelhante as ondas que vem e que vão.
            Eis o fim, vento e chuva são inorgânicos, mas se movem como se tivessem uma vida agindo por trás. A vida de Gita volta a ser familiar como o vento e a chuva; só que em seu inconsciente permanece um desejo pela interação tempestuosa dos dois, vento e chuva, que a levará novamente para as ondas de prazer que sua carne fora afundada (mergulhada), até chegar ao gozo, à plenitude.
Referências bibliográficas:
GERSÃO, Teolinda. A árvore das palavras. São Paulo: Planeta, 2004.
NASIO, Juan-David. Édipo: o complexo do qual nenhuma criança escapa. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.