NACIONAL ENERGY

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

MULHER GOSTA DE DINHEIRO (p. 79 Guia politicamente incorreto da Filosofia – Ensaios de Ironia, Luis Felipe Pondé Editora Leya)

(Essa é minha leitura atual. Bom investimento feito na Livraria Cruzeiro do Sul. Vale muito refletir sobre os efeitos do Politicamente Correto na sociedade brasileira. Quem lê o ensaio abaixo vai ter não apenas bons argumentos contra o fanatismo feminista que sê dissemina "doentiamente", mas, vai fazer um exercício com a opinião contrária. Ninguém é obrigado a endeusar a ideologia desse grupo. E como sei que a lei dos direitos autorais pode me incriminar, tenho a esperança que eles interpretem essa postagem apenas como um ato de um leitor curioso que quer compartilhar boas leituras. Tipo uma propaganda "for free", mas bem direcionada e intencionada. A todos, boa leitura. Às feministas, desejo uma melhor leitura ainda.)
             
        Esse tema é um dos preferidos pela praga politicamente correta. Para eles, nem temos sexo, mas gênero. O que é gênero, nesse caso? 
            A teoria de gênero afirma que nossa sexualidade é socialmente construída. Nada há nela de biológica. Assim sendo, as sociedades constroem os gêneros (leia-se, os sexos) na dependência do poder das classes sociais ou dos grupos malvados da vez. Claro, ao final, quem paga o pato é sempre o homem heterossexual.
            Essa discussão incide diretamente sobre questões caras ao politicamente correto, desde as mais gerais até as mais específicas, como o patriarcalismo, para alguns feministas o culpado pela poluição e pelos erros do Big Bang cósmico, ou o fato de que mulheres têm normalmente pressão arterial mais baixa “devido a opressão patriarcal”, e não a dados fisiológicos bem conhecidos. Mesmo a gravidez deve ser “culpa” do patriarcalismo. Aqui vale contar um fato real ocorrido comigo.
            Certa feita, sentado ao lado de uma amiga um tanto feminista (infelizmente, porque ela até é bonitinha, e feminista, normalmente, são azedas porque são feias) antes de um debate do qual participaríamos, vi com meus próprios olhos o quão absurdo pode ser o mau-caratismo do politicamente correto (no caso específico da sexualidade e das diferenças entre mulheres e homens).
            Minutos antes de o debate começar, ainda sentados na platéia, ela se sente mal. Mãos frias, tontura, mal-estar. Digo a ela que vá ao ambulatório da instituição porque deve ser pressão baixa, fato comum nas mulheres (que têm pressão em média mais baixa que os homens segundo todas as pesquisas médicas conhecidas). Ela vai. Minutos depois volta se sentindo melhor, dizendo que era mesmo pressão baixa e que depois de uns minutos deitada e uma pequena medicação melhorou.
            Ao iniciar o debate, ela diz ao público como sou machista porque supus que ela, ao se sentir mal, e por ser mulher, deveria estar com pressão baixa. Independentemente do fato de eu ter acertado o diagnóstico (os sintomas era de pressão baixa), e de que a pressão mais baixa das mulheres é uma constatação científica (decorre de sua menor massa e metabolismo), ela insistia que tudo isso era mesmo machismo e ideologia patriarcal. Resultado: as diferenças fisiológicas são também fruto das construções sociais para as fanáticas da teoria do gênero.
            Esse fato em si é um diagnóstico: como o politicamente correto afeta mesmo pessoas inteligentes (e bonitas).
            O que está pressuposto por trás da hipótese da minha amiga afetada por essa praga? Que eu sou machista, que a medicina é machista, que os medidores de pressão arterial são machistas, enfim, que o átomo é machista. A construção social se faz assim: nem a fisiologia é biológica, mas social e política. Dá sono, não?
            Para esses fanáticos, homens e mulheres não existem da mesma que cães e gatos, mas são projetos ideológicos. Todas as diferenças de temperamento, comportamento, expectativas e mesmo biológicas são fruto do patriarcalismo.
            Um bom antídoto contra o politicamente correto nesse campo é o darwinismo. Mas, antes, uma breve explicação de como o darwinismo funciona.
            O mecanismo de seleção natural não pressupõe qualquer inteligência operando acima da matéria e seus elementos. Não me interessa aqui a discussão do darwinismo com o criacionismo, portanto não vou entrar em reflexões cosmológicas ou (a)teológicas acerca da origem do universo. Meu interessa recai apenas sobre o que o darwinismo nos relata a respeito da psicologia evolucionista, ou seja, o mecanismo de seleção natural atuante no âmbito do comportamento humano.
            A seleção natural opera a partir de dois conceitos básicos: acaso e acúmulo de design cego, O acaso diz que o meio ambiente é acaso, e a mutação do DNA também. A rigor, no darwinismo contemporâneo, o que passa por seleção é o DNA ou material genético. Mutações ao acaso ocorrem nesse material e são selecionadas pelo efeito do meio ambiente. As mais adaptadas sobrevivem e levam à prole, via reprodução, seu sucesso adaptativo. O verbo em inglês é o to fit. Por sua vez, o acúmulo de design cego é o processo através do qual (a evolução propriamente dita) um conjunto específico de material genético vai sendo selecionado, e aquilo que dele for eliminado jamais voltará ao “mercado da seleção natural”, portanto, ao longo do tempo, um conjunto específico de genes permanece desempenhando (designing) uma espécie mais bem adaptada. Por exemplo, sendo o Neandertal extinto, você não pode ter um filho Neandertal. A história da seleção natural não anda para trás, daí a evolução. Ao longo do tempo, a sensação é de uma “relação” invisível entre o material genético adaptado e as demandas do meio ambiente na história da seleção natural daquela espécie, daí a impressão de que há um design (projeto), mas ele é cego (ninguém está “olhando e organizando” o processo).
            No caso do comportamento, apenas temos que adicionar a hipótese de que um comportamento (ou um conjunto de comportamentos e regras de comportamento) é determinado por uma composição genética bem-sucedida, por isso reproduzida nos descendentes. O exemplo clássico é o que chamamos de moral: a moral como um todo se revelou como um sucesso adaptativo, porque todos os grupos humanos a têm (mesmo que com variação de valores) e ela regra e acomoda as tensões dentro do grupo humano. Quando falamos em moral aqui, falamos em hábitos mesmo inconscientes (a psicologia evolucionista trabalha com a noção de inconsciente biológico selecionado ao longo do tempo determinando a consciência)que foram bem-sucedidos e por isso passaram para a frente, até chegarem a nós.
            Assim sendo, segundo o darwinismo, homens e mulheres tem características diferentes, herdadas pela seleção natural, as quais não passíveis de construção ou desconstrução social, como querem as chatas feministas, porque são frutos do inconsciente “genético” herdado. Mesmo que você dê uma boneca para meninos pequenos e os vista com roupa identificada como de meninas, isso não garantirá uma “menina feliz consigo mesma”.
            Por exemplo, por que dizer para um homem que o filho é a cara dele conta muito enquanto para a mulher nada acrescenta de essencial na sua relação com a criança? Por uma razão muito simples, a mulher não tem insegurança com relação à prole, mas o homem tem, porque ele nunca tem a certeza de que o filho seja seu e, se não se cuidar, pode acabar cuidando do filho do vizinho. E a capacidade de uma mulher de 100 mil anos atrás de ter um homem com ela erafator determinante para a sua sobrevivência, principalmente quando grávida, por isso a importância dela se mostrar fiel a ele. Era assim na caverna e ainda o é hoje – mesmo “mulheres” independentes se sentem mal quando são mães solteiras e sozinhas, mesmo que as chatinhas digam o contrário. A confiança na mulher é chave essencial da relação de investimento na paternidade em família. Os homens foram selecionados assim porque os ciumentos foram so que tiveram sucesso em garantir sua sucessão. Os desencanados são desencanados simplesmente porque não estavam nem estão interessados nela ou na prole deles. Mesmo hoje em dia, se você pedir a sua mulher para fazer um exame de DNA, o casamento acabará por conta desse pedido – e você será mesmo um idiota em fazê-lo. Dizer para uma mulher que o filho é a cara dela nada acrescenta em sua plena segurança quanto à maternidade. Dizer para um homem que o filho é a cara dele significa que ele não cria filhos que não são dele e, para ela, que ela é fiel – portanto ela fica bem na fita. Homens e mulheres não agem assim “porque querem”, mas porque os que agem assim foram bem-sucedidos na manutenção da sua descendência, e ela está aqui até hoje. Isso é a moral: homem que ama investe e é seguro, por isso precisa de sinais de fidelidade da mulher. Mulher que quer ser amada e se sentir segura se comporta de modo a ser vista como fiel, se ela quer o que as americanas chamam de homens keepers (guardiões ou bons partidos). A possibilidade de desenvolver amor pela parceira e pela sua cria foi um ganho adaptativo, porque o macho pode assim ter família (somos um animal gregário porque nossa cria “custa caro”, principalmente num meio ambiente onde podia ser comida toda hora por predadores), e a mulher pode assim ser menos vítima de predadores em função da gravidez e do risco de morte no parto. O número de fêmeas ancestrais que morriam sozinhas muito jovens devido ao parto é dado conhecido pela paleontologia. Ossos “solitários” são encontrados, revelando a morte da jovem mãe e de seu bebê cercados pela solidão e por predadores.
            Sendo assim, como Shakespeare já suspeitava em sua peça Otelo (o grande mouro que destrói sua vida por duvidar de sua amada Desdêmona, como todo homem apaixonado), quanto mais um homem ama (investe afetivamente em) uma mulher, mais ele fica inseguro e ciumento. Se seu namorado estimula você a viajar sozinha, ele provavelmente a está rifando. E a mulher e o “bando” não podem abrir mão do macho investidor (aqui essa palavra não significa meramente “dinheiro”), porque o meio ambiente no qual evoluímos sempre foi extremamente perigoso. Por isso mesmo, uma fêmea até hoje não suporta machos fracos, medrosos e “pobres”. 
            O grande problema da fêmea da espécie humana já há mais de dezenas de milhares de anos é como sobreviver à gravidez e à lida com a prole. Passar sozinha por ambas as coisas sempre foi má idéia, tanto fisiológica quanto psicologicamente. A gravidez é cara fisiologicamente para a fêmea (logo, o sexo também), e não para o macho. Tirar o macho do exílio meramente animal para a humanização (fazê-lo “amar”, e não apenas “transar”) foi um enorme ganho adaptativo da espécie. Mas machos frouxos e pobres não servem para keepers. Logo, “mulher gosta de dinheiro”.
            O politicamente correto parece ser anticientífico. Mas, mais do que isso, ele faz mal para homens e mulheres porque atrapalha milhares de anos de seleção natural de comportamentos nos quais homens e mulheres se reconhecem. A pressão pela “crítica ao macho” contamina as relações porque, apesar de se falar muito hoje em dia sobre homens serem mais sensíveis do que outrora, as mulheres (que não suportam fracos) só agüentam a sensibilidade feminina até a página a três. Passou daí, elas se enchem. A superação da praga do politicamente correto é necessária em todos os campos do pensamento, mas nesse, talvez, mais do que em todos os outros, porque, sendo a vida sexual e afetiva uma das chaves do convívio humano, e sendo ela acima de tudo uma “carga” sobre as costas dos heterossexuais, embaralhar, falsamente, os “papéis” masculinos e femininos é péssimo para a vida cotidiana. Isso nada tem a ver com “negar” a vida profissional das mulheres, mas sim com lembrarmos que mulheres são mulheres, e homens são homens, pouco importando o que as azedas queiram dizer. Claro que a sociedade impacta a sexualidade e seus modos de ação, mas dizer que não há nada no homem e na mulher (ou na maioria esmagadora deles) que tenha a ver com sua herança biológica é como negar a lei da gravidade, dizendo que os corpos caem apenas porque a ideologia opressora persegue os corpos de menor massa.
            Para terminar, um detalhe. Lembraria à leitora que não adianta ficar nervosa porque os  homens não erotizam a inteligência da mulheres, enquanto as mulheres erotizam a inteligência dos homens. Fácil entender: inteligência no homem é como dinheiro, uma forma de potência. O homem apenas precisa da beleza da mulher e, se a amar, da sua fidelidade. Isso não precisa ser motivo de briga – na humanidade, tem lugar para quase todo mundo. 

Uma das coisas que ganhamos quando vemos as coisas sobre o ponto de vista darwiniano ou pré-histórico é uma sensibilidade maior para refletir se os hábitos passados não teriam, afinal, algum sentido. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário