(Essa é minha leitura atual. Bom investimento feito na Livraria Cruzeiro do Sul. Vale muito refletir sobre os efeitos do Politicamente Correto na sociedade brasileira. Quem lê o ensaio abaixo vai ter não apenas bons argumentos contra o fanatismo feminista que sê dissemina "doentiamente", mas, vai fazer um exercício com a opinião contrária. Ninguém é obrigado a endeusar a ideologia desse grupo. E como sei que a lei dos direitos autorais pode me incriminar, tenho a esperança que eles interpretem essa postagem apenas como um ato de um leitor curioso que quer compartilhar boas leituras. Tipo uma propaganda "for free", mas bem direcionada e intencionada. A todos, boa leitura. Às feministas, desejo uma melhor leitura ainda.)
Esse tema é um dos preferidos pela praga politicamente
correta. Para eles, nem temos sexo, mas gênero. O que é gênero, nesse caso?
A teoria de gênero afirma que nossa sexualidade é
socialmente construída. Nada há nela de biológica. Assim sendo, as sociedades
constroem os gêneros (leia-se, os sexos) na dependência do poder das classes
sociais ou dos grupos malvados da vez. Claro, ao final, quem paga o pato é
sempre o homem heterossexual.
Essa discussão incide diretamente sobre questões caras ao
politicamente correto, desde as mais gerais até as mais específicas, como o
patriarcalismo, para alguns feministas o culpado pela poluição e pelos erros do
Big Bang cósmico, ou o fato de que mulheres têm normalmente pressão arterial
mais baixa “devido a opressão patriarcal”, e não a dados fisiológicos bem
conhecidos. Mesmo a gravidez deve ser “culpa” do patriarcalismo. Aqui vale
contar um fato real ocorrido comigo.
Certa feita, sentado ao lado de uma amiga um tanto
feminista (infelizmente, porque ela até é bonitinha, e feminista, normalmente,
são azedas porque são feias) antes de um debate do qual participaríamos, vi com
meus próprios olhos o quão absurdo pode ser o mau-caratismo do politicamente
correto (no caso específico da sexualidade e das diferenças entre mulheres e
homens).
Minutos antes de o debate começar, ainda sentados na
platéia, ela se sente mal. Mãos frias, tontura, mal-estar. Digo a ela que vá ao
ambulatório da instituição porque deve ser pressão baixa, fato comum nas
mulheres (que têm pressão em média mais baixa que os homens segundo todas as
pesquisas médicas conhecidas). Ela vai. Minutos depois volta se sentindo
melhor, dizendo que era mesmo pressão baixa e que depois de uns minutos deitada
e uma pequena medicação melhorou.
Ao iniciar o debate, ela diz ao público como sou machista
porque supus que ela, ao se sentir mal, e por ser mulher, deveria estar com
pressão baixa. Independentemente do fato de eu ter acertado o diagnóstico (os
sintomas era de pressão baixa), e de que a pressão mais baixa das mulheres é
uma constatação científica (decorre de sua menor massa e metabolismo), ela
insistia que tudo isso era mesmo machismo e ideologia patriarcal. Resultado: as
diferenças fisiológicas são também fruto das construções sociais para as
fanáticas da teoria do gênero.
Esse fato em si é um diagnóstico: como o politicamente
correto afeta mesmo pessoas inteligentes (e bonitas).
O que está pressuposto por trás da hipótese da minha
amiga afetada por essa praga? Que eu sou machista, que a medicina é machista,
que os medidores de pressão arterial são machistas, enfim, que o átomo é
machista. A construção social se faz assim: nem a fisiologia é biológica, mas
social e política. Dá sono, não?
Para esses fanáticos, homens e mulheres não existem da
mesma que cães e gatos, mas são projetos ideológicos. Todas as diferenças de
temperamento, comportamento, expectativas e mesmo biológicas são fruto do
patriarcalismo.
Um bom antídoto contra o politicamente correto nesse
campo é o darwinismo. Mas, antes, uma breve explicação de como o darwinismo
funciona.
O mecanismo de seleção natural não pressupõe qualquer
inteligência operando acima da matéria e seus elementos. Não me interessa aqui
a discussão do darwinismo com o criacionismo, portanto não vou entrar em
reflexões cosmológicas ou (a)teológicas acerca da origem do universo. Meu
interessa recai apenas sobre o que o darwinismo nos relata a respeito da
psicologia evolucionista, ou seja, o mecanismo de seleção natural atuante no
âmbito do comportamento humano.
A seleção natural opera a partir de dois conceitos
básicos: acaso e acúmulo de design cego, O acaso diz que o meio ambiente é
acaso, e a mutação do DNA também. A rigor, no darwinismo contemporâneo, o que
passa por seleção é o DNA ou material genético. Mutações ao acaso ocorrem nesse
material e são selecionadas pelo efeito do meio ambiente. As mais adaptadas
sobrevivem e levam à prole, via reprodução, seu sucesso adaptativo. O verbo em
inglês é o to fit. Por sua vez, o
acúmulo de design cego é o processo através do qual (a evolução propriamente
dita) um conjunto específico de material genético vai sendo selecionado, e
aquilo que dele for eliminado jamais voltará ao “mercado da seleção natural”,
portanto, ao longo do tempo, um conjunto específico de genes permanece desempenhando
(designing) uma espécie mais bem
adaptada. Por exemplo, sendo o Neandertal extinto, você não pode ter um filho
Neandertal. A história da seleção natural não anda para trás, daí a evolução.
Ao longo do tempo, a sensação é de uma “relação” invisível entre o material
genético adaptado e as demandas do meio ambiente na história da seleção natural
daquela espécie, daí a impressão de que há um design (projeto), mas ele é cego
(ninguém está “olhando e organizando” o processo).
No caso do comportamento, apenas temos que adicionar a
hipótese de que um comportamento (ou um conjunto de comportamentos e regras de
comportamento) é determinado por uma composição genética bem-sucedida, por isso
reproduzida nos descendentes. O exemplo clássico é o que chamamos de moral: a
moral como um todo se revelou como um sucesso adaptativo, porque todos os
grupos humanos a têm (mesmo que com variação de valores) e ela regra e acomoda
as tensões dentro do grupo humano. Quando falamos em moral aqui, falamos em
hábitos mesmo inconscientes (a psicologia evolucionista trabalha com a noção de
inconsciente biológico selecionado ao longo do tempo determinando a
consciência)que foram bem-sucedidos e por isso passaram para a frente, até
chegarem a nós.
Assim sendo, segundo o darwinismo, homens e mulheres tem
características diferentes, herdadas pela seleção natural, as quais não
passíveis de construção ou desconstrução social, como querem as chatas
feministas, porque são frutos do inconsciente “genético” herdado. Mesmo que
você dê uma boneca para meninos pequenos e os vista com roupa identificada como
de meninas, isso não garantirá uma “menina feliz consigo mesma”.
Por exemplo, por que dizer para um homem que o filho é a
cara dele conta muito enquanto para a mulher nada acrescenta de essencial na
sua relação com a criança? Por uma razão muito simples, a mulher não tem
insegurança com relação à prole, mas o homem tem, porque ele nunca tem a
certeza de que o filho seja seu e, se não se cuidar, pode acabar cuidando do
filho do vizinho. E a capacidade de uma mulher de 100 mil anos atrás de ter um
homem com ela erafator determinante para a sua sobrevivência, principalmente
quando grávida, por isso a importância dela se mostrar fiel a ele. Era assim na
caverna e ainda o é hoje – mesmo “mulheres” independentes se sentem mal quando
são mães solteiras e sozinhas, mesmo que as chatinhas digam o contrário. A
confiança na mulher é chave essencial da relação de investimento na paternidade
em família. Os homens foram selecionados assim porque os ciumentos foram so que
tiveram sucesso em garantir sua sucessão. Os desencanados são desencanados
simplesmente porque não estavam nem estão interessados nela ou na prole deles. Mesmo
hoje em dia, se você pedir a sua mulher para fazer um exame de DNA, o casamento
acabará por conta desse pedido – e você será mesmo um idiota em fazê-lo. Dizer
para uma mulher que o filho é a cara dela nada acrescenta em sua plena
segurança quanto à maternidade. Dizer para um homem que o filho é a cara dele
significa que ele não cria filhos que não são dele e, para ela, que ela é fiel
– portanto ela fica bem na fita. Homens e mulheres não agem assim “porque
querem”, mas porque os que agem assim foram bem-sucedidos na manutenção da sua
descendência, e ela está aqui até hoje. Isso é a moral: homem que ama investe e
é seguro, por isso precisa de sinais de fidelidade da mulher. Mulher que quer
ser amada e se sentir segura se comporta de modo a ser vista como fiel, se ela
quer o que as americanas chamam de homens keepers
(guardiões ou bons partidos). A possibilidade de desenvolver amor pela
parceira e pela sua cria foi um ganho adaptativo, porque o macho pode assim ter
família (somos um animal gregário porque nossa cria “custa caro”,
principalmente num meio ambiente onde podia ser comida toda hora por
predadores), e a mulher pode assim ser menos vítima de predadores em função da
gravidez e do risco de morte no parto. O número de fêmeas ancestrais que
morriam sozinhas muito jovens devido ao parto é dado conhecido pela
paleontologia. Ossos “solitários” são encontrados, revelando a morte da jovem
mãe e de seu bebê cercados pela solidão e por predadores.
Sendo assim, como Shakespeare já suspeitava em sua peça Otelo (o grande mouro que destrói sua
vida por duvidar de sua amada Desdêmona, como todo homem apaixonado), quanto
mais um homem ama (investe afetivamente em) uma mulher, mais ele fica inseguro
e ciumento. Se seu namorado estimula você a viajar sozinha, ele provavelmente a
está rifando. E a mulher e o “bando” não podem abrir mão do macho investidor
(aqui essa palavra não significa meramente “dinheiro”), porque o meio ambiente
no qual evoluímos sempre foi extremamente perigoso. Por isso mesmo, uma fêmea
até hoje não suporta machos fracos, medrosos e “pobres”.
O grande problema da fêmea da espécie humana já há mais
de dezenas de milhares de anos é como sobreviver à gravidez e à lida com a
prole. Passar sozinha por ambas as coisas sempre foi má idéia, tanto
fisiológica quanto psicologicamente. A gravidez é cara fisiologicamente para a
fêmea (logo, o sexo também), e não para o macho. Tirar o macho do exílio
meramente animal para a humanização (fazê-lo “amar”, e não apenas “transar”)
foi um enorme ganho adaptativo da espécie. Mas machos frouxos e pobres não
servem para keepers. Logo, “mulher
gosta de dinheiro”.
O politicamente correto parece ser anticientífico. Mas,
mais do que isso, ele faz mal para homens e mulheres porque atrapalha milhares
de anos de seleção natural de comportamentos nos quais homens e mulheres se
reconhecem. A pressão pela “crítica ao macho” contamina as relações porque,
apesar de se falar muito hoje em dia sobre homens serem mais sensíveis do que
outrora, as mulheres (que não suportam fracos) só agüentam a sensibilidade
feminina até a página a três. Passou daí, elas se enchem. A superação da praga
do politicamente correto é necessária em todos os campos do pensamento, mas
nesse, talvez, mais do que em todos os outros, porque, sendo a vida sexual e
afetiva uma das chaves do convívio humano, e sendo ela acima de tudo uma
“carga” sobre as costas dos heterossexuais, embaralhar, falsamente, os “papéis”
masculinos e femininos é péssimo para a vida cotidiana. Isso nada tem a ver com
“negar” a vida profissional das mulheres, mas sim com lembrarmos que mulheres
são mulheres, e homens são homens, pouco importando o que as azedas queiram
dizer. Claro que a sociedade impacta a sexualidade e seus modos de ação, mas
dizer que não há nada no homem e na mulher (ou na maioria esmagadora deles) que
tenha a ver com sua herança biológica é como negar a lei da gravidade, dizendo
que os corpos caem apenas porque a ideologia opressora persegue os corpos de
menor massa.
Para terminar, um detalhe. Lembraria à leitora que não
adianta ficar nervosa porque os homens
não erotizam a inteligência da mulheres, enquanto as mulheres erotizam a
inteligência dos homens. Fácil entender: inteligência no homem é como dinheiro,
uma forma de potência. O homem apenas precisa da beleza da mulher e, se a amar,
da sua fidelidade. Isso não precisa ser motivo de briga – na humanidade, tem
lugar para quase todo mundo.
Uma
das coisas que ganhamos quando vemos as coisas sobre o ponto de vista
darwiniano ou pré-histórico é uma sensibilidade maior para refletir se os
hábitos passados não teriam, afinal, algum sentido.
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