Anderson Damasceno
Na manhã desta segunda-feira, 7 de dezembro, várias
categorias dos servidores públicos de Marabá realizaram manifestação contra o
prefeito Sebastião Miranda e contra a “proposta” de aumentar de 11% para 14% a
alíquota do Ipasemar, autarquia responsável pelo regime previdenciário desses servidores.
O ato ocorreu no prédio da Câmara de vereadores, situado na Agrópolis do INCRA
(núcleo Cidade Nova), onde o Projeto de Lei foi apresentado na última semana.
Segundo a Joyce Rabelo, coordenadora do Sindicato dos
Trabalhadores em Educação Pública do Pará (SINTEPP) em Marabá, se essa proposta
não for rejeitada pelos vereadores, isto será um sinal verde para que o prefeito
Tião continue fazendo um desmonte do serviço público, congelando os salários e
retirando direitos dos servidores por 8 anos.
“O prefeito não respeita a categoria dos funcionários públicos.
E temos que dar uma resposta a ele independentemente de estar reeleito por mais
quatro anos. Queremos nosso reajuste salarial, o reajuste do vale alimentação e
derrubar essa proposta de aumento de alíquota do Ipasemar”, afirmou.
Ainda segundo Joyce, Marabá é uma cidade bilionária, mas os
servidores têm um vale alimentação de R$ 224, custando à prefeitura cerca de R$
1,6 milhão ao ano, e bastaria mais R$ 1 milhão para reajustar e praticamente
dobrar o vale alimentação de todos os funcionários municipais. “Isso demonstra
a falta vontade política do prefeito”, considera.
EDUCAÇÃO DO CAMPO PADECE COM DESIGUALDADE EM INVESTIMENTOS
O professor de história, Vinícius Mendes, questionou o fato
da prefeitura racionar recursos para a educação, no caso da impressão das Atividades
Não Presenciais (ANPs).
“Da Zona Urbana para a Rural tem um desnível gigantesco.
Pois, além dos alunos não terem internet em sua maioria, tive que ouvir que eu
não poderia fazer um material extenso, com mais de duas laudas, por exemplo,
porque a escola tinha limitação de papel e de tinta para imprimir para crianças
da Zona Rural. Entendo todo o trabalho dos diretores das escolas, que até se
esforçam, mas os recursos não chegam”, relata.
Professores da Educação do Campo, Escola Carlos Marighella,
também externaram profunda insatisfação aos ataques regulares que a prefeitura tem
feito aos salários e direitos de todo o funcionalismo públicos, principalmente
contra os dos educadores.
SINTEPP CRITICA MÁ GESTÃO DO PREFEITO TIÃO
Para a coordenadora Joyce, a própria forma do prefeito Tião gerir
os recursos representa uma grande contradição.
“Como isso é possível? É um
absurdo ter tantos recursos para obras neste município e não ter para educação,
saúde e outras secretarias. Ele furou a cidade todinha para jogar asfalto nos
bairros mais pobres, nas vielas mais longes, e diz que não tem dinheiro para a
educação”, critica.
Na visão do SINTEPP, todo o caminho necessário para o
levantamento de dados, através das secretarias e da procuradoria foi feito e
garante que a prefeitura de Marabá tem todas as condições de fazer reajustes.
“Sabe quanto é a promoção horizontal de todos os servidores,
hoje, para mudar de classe/nível, da Classe C para a D, por exemplo, é R$ 370
mil. O que é esse valor para um prefeito desses, pra uma cidade bilionária? Não
custa muito, só custa vontade política”, enfatiza Rebelo.
Para os veteranos do funcionalismo público em Marabá, o tempo
também depõe negativamente a respeito da figura de Tião Miranda. “Quando
cheguei em Marabá, em 2005, o prefeito que está aí já era prefeito naquele
tempo e já tinha a fama de não gostar dos funcionários públicos, por isso os sindicatos
tinham grandes embates com ele. Os novos concursados estão vendo hoje quem é
Tião Miranda”, recordou a liderança do SINTEPP.
Depois da manifestação, uma comissão foi recebida no plenarinho da Câmara para reunião conduzida pelos vereadores Tiago Koch e Gilson Dias.