Skrik, 1893 - Edvard Munch |
Especialistas
previam que a pintura, uma das quatro versões produzidas pelo artista
escandinavo e a única de propriedade privada, pudesse arrecadar até US$ 150
milhões.
"Acho
que chegará aos US$ 150 milhões", disse o especialista Nicolai Frahm, da
Frahm Ltd. Outros especialistas independentes sugeriram que o preço final fosse
ficar em torno de US$ 125 milhões.
"Esta
é a primeira vez que temos uma obra tão icônica à venda", disse Frahm.
"Essa pintura é muito mais famosa do que o artista jamais foi."
Fonte: Folha.com
Fonte: Folha.com
Tão alto é o preço, só que não mais que as muitas dúvidas ao seu respeito.
O valor da Arte não está ou está em seus milhões? O valor dela está na fama que uma de suas obras atinge ou por tornar seu respectivo autor uma celebridade? São esses os critérios capazes de validar a riqueza e a importância da Arte para o gênero humano?
O valor da Arte não está ou está em seus milhões? O valor dela está na fama que uma de suas obras atinge ou por tornar seu respectivo autor uma celebridade? São esses os critérios capazes de validar a riqueza e a importância da Arte para o gênero humano?
Se assim for é porque
transportamos às coisas produzidas pelo homem, no campo universal da Arte, o
status de ser humano. Penso que esse transporte não é algoz somente das Belas
Artes. São as pessoas que julgam seu valor pela fama que atingem bem como pela
conta bancária que movimentam.
O meio ideal e mais
seguro para se avaliar a Arte pode ser outro que não o leilão? Um leilão de uma
peça artística dá conta de solidificar um valor de mercado para a dimensão
poética que nela trafega?
Tenho motivos para
descrer dessa meta capitalista como sinônimo de reconhecimento da honra e do
preço atribuído à Arte.
Entendo que a
história social da arte pode nos dizer que não é de hoje que os fins puramente
financeiros atuam como os mais fortes motivadores dela. A produção das obras em
cada gênero artístico foi algo comum em muitas sociedades que também as
comercializavam.
Todavia, o que é
fundamental na Arte vem dos fenômenos que ela possibilita, do que ela tem de
não-homem e reumanizante. Daqui parte sua fidedignidade.
Finanças e fama são tanto
valores quanto práticas de vida que tentam competir com a obra de Arte. Esta
promove fenômenos atemporais, sensíveis e espirituais com ou sem o homem
existindo agora. Já aquelas por si só jamais alcançarão sua vida não-comensal,
sem o parasitismo que as marca.
A Arte fora do homem
continua tendo sua função – a autotelia que Kant enxergou –; porém, fora do
homem dinheiro e fama não têm glória! Hauser diria que ela se subjuga mais à natureza
desde os seus primórdios.
Enfim, somente quando deixarmos de festejar os milhões em leilões para festejarmos que a necessidade humana não é só de pão e circo, encontraremos o caminho verdadeiro do apreço à Arte. Aí, nesse momento, sabendo ou não o valor dela seremos mais humanos.
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