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sábado, 5 de maio de 2012

Arte dá($) dúvida($)!

Skrik, 1893 - Edvard Munch

A obra "O Grito", de Edvard Munch, foi vendida em um leilão nesta quarta-feira (2) por US$ 120 milhões --ultrapassando, assim, os US$ 106,5 milhões de "Nu, Folhas Verdes e Busto" de Pablo Picasso, o máximo alcançado até agora por um quadro em um leilão.

Especialistas previam que a pintura, uma das quatro versões produzidas pelo artista escandinavo e a única de propriedade privada, pudesse arrecadar até US$ 150 milhões.

"Acho que chegará aos US$ 150 milhões", disse o especialista Nicolai Frahm, da Frahm Ltd. Outros especialistas independentes sugeriram que o preço final fosse ficar em torno de US$ 125 milhões.

"Esta é a primeira vez que temos uma obra tão icônica à venda", disse Frahm. "Essa pintura é muito mais famosa do que o artista jamais foi."
Fonte: Folha.com

 
Tão alto é o preço, só que não mais que as muitas dúvidas ao seu respeito.

O valor da Arte não está ou está em seus milhões? O valor dela está na fama que uma de suas obras atinge ou por tornar seu respectivo autor uma celebridade? São esses os critérios capazes de validar a riqueza e a importância da Arte para o gênero humano?

Se assim for é porque transportamos às coisas produzidas pelo homem, no campo universal da Arte, o status de ser humano. Penso que esse transporte não é algoz somente das Belas Artes. São as pessoas que julgam seu valor pela fama que atingem bem como pela conta bancária que movimentam.

O meio ideal e mais seguro para se avaliar a Arte pode ser outro que não o leilão? Um leilão de uma peça artística dá conta de solidificar um valor de mercado para a dimensão poética que nela trafega?

Tenho motivos para descrer dessa meta capitalista como sinônimo de reconhecimento da honra e do preço atribuído à Arte.

Entendo que a história social da arte pode nos dizer que não é de hoje que os fins puramente financeiros atuam como os mais fortes motivadores dela. A produção das obras em cada gênero artístico foi algo comum em muitas sociedades que também as comercializavam.

Todavia, o que é fundamental na Arte vem dos fenômenos que ela possibilita, do que ela tem de não-homem e reumanizante. Daqui parte sua fidedignidade.

Finanças e fama são tanto valores quanto práticas de vida que tentam competir com a obra de Arte. Esta promove fenômenos atemporais, sensíveis e espirituais com ou sem o homem existindo agora. Já aquelas por si só jamais alcançarão sua vida não-comensal, sem o parasitismo que as marca.
A Arte fora do homem continua tendo sua função – a autotelia que Kant enxergou –; porém, fora do homem dinheiro e fama não têm glória! Hauser diria que ela se subjuga mais à natureza desde os seus primórdios.  

Enfim, somente quando deixarmos de festejar os milhões em leilões para festejarmos que a necessidade humana não é só de pão e circo, encontraremos o caminho verdadeiro do apreço à Arte. Aí, nesse momento, sabendo ou não o valor dela seremos mais humanos.  

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