Anderson Damasceno
Em entrevista ao blog Olhar do Alto (OA), o poeta, professor
e mestrando do curso de Pós-Graduação em Letras (POSLET), da Universidade
Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Airton Souza, faz uma
apresentação crítica a respeito da Secretaria Municipal de Cultura (Secult). Refletindo
sobre a infraestrutura, ações e relevância da Secult para a sociedade
marabaense, Souza relata parte do que tem sido, de fato, o contexto da cultura
local. Além disso, pontua quais critérios a nova gestão do poder executivo precisa,
minimamente, se pautar para realizar um trabalho de relevo para a população.
Olhar do Alto: O que
constitui a Secult, seus departamentos e estruturas?
Airton Souza: Hoje, através da Lei n° 17.639, sancionada no
dia 6 de novembro de 2014, houve um grande avanço para a cultura de Marabá. Um
dos pontos principais dessa lei dispõe que a Secult é o órgão máximo da
administração da cultura marabaense. Ela coordena, em tese, dentro do que prevê
a lei, todas as instituições públicas de cultura de Marabá, entre eles:
Fundação Casa da Cultura, Cine Marrocos e a Biblioteca Municipal Orlando Lima
Lobo.
Em tese, a lei diz que a Secult deve administrar essas
instituições. Mas, por enquanto, isso está somente no papel. É lamentável ainda
não estar sendo colocado em prática. Vamos torcer para que nessa nova
administração municipal, essa lei seja coloca em vigor, de fato, e de verdade.
OA: Como esteve
funcionando ou está funcionando?
AS: A Secult esteve funcionando ainda sem seguir o que
previa a lei. Mas, esteve nesses últimos anos tentando promover, na medida do
possível, eventos, formações de artistas para alguns segmentos, tentando
abarcar todos os segmentos culturais e suas particularidades. Claro, tudo isso,
na medida do possível e nas condições disponíveis. Não deixou, como de praxe,
de promover o calendário cultural da cidade, mas deixou de organizar muitos
outros eventos importantes de Marabá, a exemplo disso, o Festival da Canção e a
Feira do Livro de Marabá.
Pensamos que a Secult ainda precisa avançar muito na
contribuição Cultural dessa cidade. Mas, infelizmente, as estruturas são
precárias. A Secult não tem nem mesmo um lugar, está alojada, no bom sentido da
palavra, na Biblioteca Municipal, localizada na Marabá Pioneira. Além disso, o
acesso ao orçamento anual é muito complicado, pois a burocracia tem prejudicado
em muito os avanços e a possibilidade de abarcar os principais segmentos
culturais da cidade de Marabá.
Por isso, avançar é preciso. E para isso, o secretário de
Cultura, ou a secretária, que assumir na gestão Tião Miranda e Toni Cunha,
teria que ser uma pessoa que tenha afinidade, realmente, com a cultura local.
Um compromisso e, sobretudo, um conhecimento do que estava acontecendo na
cidade, em termos de cultura, nos últimos. Espero que este seja o critério de
escolha, e não uma pessoa que foi para ruas pedir votos, para determinados
políticos, só para se tornar secretário ou secretária, sem nenhum conhecimento
técnico pertinente à área.
A Secretaria de Cultura de Marabá precisa de pessoas que
conheçam a realidade, que tenham acompanhado toda essa movimentação Cultural
dos últimos anos. Só isso, já é um imenso avanço.
OA: Qual a finalidade
da Secult?
AS: Pensamos que a grande finalidade, ou as grandes
finalidades, seria(m) de um modo geral ter o compromisso de abarcar, ou pelo
menos tentar abarcar, os principais segmentos artísticos da cidade. Não só
promovendo eventos, mas, em especial, valorizando os artistas, adquirindo a
produção cultural, patrocinar essas manifestações, levar ao conhecimento da
comunidade marabaense as potencialidades culturais da cidade.
É necessário levar os artistas, os grupos culturais, a todos
os bairros e até mesmo à zona rural. Além disso, promover a formação desses
artistas, por meios de oficinas, e promover os intercâmbios. Criar essa dinâmica
é tão essencial para quem trabalha com a Cultura, hoje.
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