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sábado, 1 de janeiro de 2022

FELICIDADE EM TRÊS PASSOS

 FELICIDADE EM TRÊS PASSOS 

Anderson Damasceno


Já me perguntaram muito sobre a felicidade. E, geralmente, respondo três coisas sobre a dita felicidaaade. Inclusive, Felicidade é o título de um dos meus poemas, da categoria shorty poems, que, apesar do tamanho, é profundo em reflexão e carregado de questionamentos. Recordo que, lá pelos idos de 2015 ou 2016, esse poema foi selecionado para o projeto “Janela Literária”, isto é, as empresas de ônibus coletivo de Marabá afixavam – à semelhança de adesivos – textos artísticos de escritores de nossa cidade. 

Isso ampliava o conceito de janela – enquanto suporte –, e tornava o passeio de ônibus um tanto mais prazeroso por criar a oportunidade de encontro com a beleza, através da arte da literatura. Aliás, isso também ajudava o povo marabaense a conhecer seus autores, poetas e literatos, que em nada devem, no sentido de qualidade estética, se comparados a grandes nomes nacionais, sejam os de hoje, sejam os de outrora. Afinal, como já disse o professor Antonio Candido, um movimento literário é composto por escritores bons e moderados. E, sem sombra de dúvidas, Marabá vive(u?) um forte período de efervescência de ideais artísticos desde 2010. Não foi o único momento da história artística de Marabá, mas foi o que vi e vivi(o?).

Quem sabe, no final deste texto, o poema Felicidade apareça.

Bem, como dizia, já me perguntaram muito sobre o que sinto ou penso acerca da felicidade, e confesso que respondo três coisinhas bem básicas. Eu realmente acredito nelas, busco pautar minha vida nelas.

Em 2024, vou completar 20 como professor. O ambiente da sala de aula foi onde mais recorrentemente tive que trabalhar o conceito de felicidade. Trabalhei, quer na teoria, quando vez ou outra o conteúdo da aula atravessava a noção de felicidade, quer na prática, pois de quando em vez apareciam e aparecem alunos cujo quadro emocional exige, nitidamente, uma ação, uma intervenção da minha parte, em forma de lição de vida, ajuda, acolhimento ou simples conversa para desabafar e uma oração.

Também ouço se sou feliz no casamento, se sou feliz na profissão(ões rsrs) que tenho, se sou feliz com Jesus etc. E tudo indica que, ao longo da vida, ouvirei sabe-se lá quantas vezes mais tal perguntinha e os desdobramentos dela. E, por falar em indicar, embora eu tenha ojeriza contra boa parte da postura política do pastor Ed René Kivitz, líder da Igreja Batista de Água Branca (SP), vou indicar um evento em que a ideia de felicidade é, em grande parte, discutida honestamente pelo pastor e, entre outros, pelo filósofo Luiz Felipe Pondé – a quem, apesar de ler alguns de seus livros, continuo nutrindo grande antipatia por tratar com $oberba o pensamento dos Conservadores, no Brasil. Para assistir, clique aqui.  

Então, vamos às três coisinhas especiais. Em primeiro lugar, entender que a “felicidade é a alegria que provém da verdade” representou um momento especial para mim. Agradeço muito a Deus pela vida do meu pastor, Ronisteu Araújo, que foi quem me indicou a obra Confissões, escrita pelo Bispo de Hipona, Aurelius Augustinus, mais conhecido como santo Agostinho (354-430 d.C.), autor dessa percepção acerca da noção de felicidade.

Foi fundamental entender que a felicidade se assemelha a alegria, mas que a fonte dela não depende somente de sentimentos. Sua fonte é a verdade. Daí vem a questão, quase parafraseando Pilatos: "Mas qual verdade?". A verdade é um conhecimento, um fato, um acontecimento? Para o cristão, a felicidade é uma pessoa bem distinta. 

Em segundo lugar, desde novo na fé, em 2004, ouvia meu pastor pregar sobre o texto do Evangelho de João, capítulo 14, em que está o versículo de que: “Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida”, e que ninguém tem acesso ao Pai a não ser por Cristo. Era impossível pegar ônibus do Bairro Liberdade até à Folha 33, na Nova Marabá – onde trabalhava no videogame dos meus tios, Demir e Eli –, passar e não ver no muro da Igreja Batista, na Cidade Nova, o texto de João 14.6 em letras garrafais. Aquilo sempre foi poderoso. E foi refletindo e orando que aprendi o quanto a Verdade, que sustenta minha felicidade, é a pessoa divina de Cristo. E, nesta vida, podem me tirar tudo, exceto Cristo. 

E, por fim, aprendi com C. S. Lewis, que nunca podemos colocar nossa felicidade em algo que possamos perder. Botar minha felicidade - enquanto condição de liberdade - em coisas perecíveis e passageiras, certamente, seria uma bomba relógio, prejudicial para uma vida sem um propósito superior.

Lewis me ajudou a entender que não posso responsabilizar nem colocar o peso da minha felicidade em cima de coisas ou mesmo de pessoas que são finitas e falhas como eu. O máximo que podemos é fazer um acordo, um contrato em prol da felicidade, mesmo que esta seja (ou não) estabelecida apenas pelo padrão do momento, referente a bens de consumo. É um acordo de ajuda mútua: a sermos melhores, a termos coisas melhores. Claro que ter qualidade de vida é fundamental, mas não é tudo. 

Ainda que seja um pobre e de caráter mesquinho e miserável, é FATO que Cristo que se compadece dessa alma, e é possível que essa alma ESCOLHA encontrar o tipo de felicidade duradoura, só encontrada na pessoa de Jesus. 

E sobre o poema Felicidade? Clica no link e confere aqui.


POEMA - Felicidade (Anderson Damasceno)

Nunca tente ser feliz sozinho,

Você não conseguirá.

 

Se for pra ser feliz só,

Para que valeria tentar?

 

Se é essa a sensação de um só,

Que graça teria em se buscar?

 

Ou, com que finalidade existiriam nossos semelhantes,

Se em sendo feliz, não há sentido com eles contar?

 

Como se chamaria a felicidade do só,

Senão hipocrisia, egoísmo, pó e calar?

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