Anderson Damasceno
Conforme anunciei, fiz aqui uma breve
pesquisa acerca do romance “Cais da Sagração”, de Josué Montello, uma das três
solicitadas no vestibular PAES 2018 - Processo Seletivo de Acesso à Educação
Superior, realizado pela UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), no dia 22 de
outubro. O material inclui um pequeno questionário sobre essa obra. O gabarito
está nos comentários. Bom estudo e sucesso pra vocês vestibulandos!
CAIS
DA SAGRAÇÃO
Dono de
uma vasta produção literária, desde crônicas à artigos jornalísticos, Josué
Montello nasceu em São Luís – Maranhão, em 21 de agosto de 1917. Foi escritor, jornalista, teatrólogo e
professor. Escreveu para a revista Manchete e para o Jornal do Brasil. Trabalhou no governo de Kubitschek, do
qual escreveu um livro de ensaios, O
Juscelino Kubitschek de minhas recordações (1999,) relatando fatos do país
e a atuação do seu governo.
Em 1954,
foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira
29. Dentre suas diversas importantes obras como Janela Fechada (1941) e Os
Tambores de São Luís (1975), Cais da Sagração (1971) conquistou o
prêmio Intelectual do Ano pela Folha de São Paulo e pela União Brasileira
de escritores, em 1971, e Prêmio de Romance da Fundação Cultural de Brasília,
em 1972.
Sob a perspectiva crítico-analítica, é notável
na obra a não linearidade dos acontecimentos, uma vez que, a trama se inicia a
partir das crises fortes no peito e da apneia do Mestre Severino. Já no segundo
capítulo, o velho barqueiro faz pretensões de casar de véu e grinalda com uma
mulher chamada Vanju, mas logo é
censurado pelo padre Dourado ao saber que a mesma foi uma meretriz. Aqui é
possível observar um outro aspecto interessante da obra, isto é, o constante
conflito de valores existente entre as ideias dos personagens e o contexto
social estabelecido, neste caso específico, a doutrina religiosa da Igreja
Católica.
A história
segue com o Severino dentro da sala do Dr. Estevão que, após se submeter a uma
rápida avaliação médica, é constatado uma lesão grave no coração.
Mesmo
mediante as objeções do médico, o pescador teima em viajar de barco, uma vez que, além de ser o seu instrumento de
trabalho, era o seu estilo de vida e uma
herança de família. Lucas Faísca, um velho conhecido da cadeia, recebe a
visita de Severino que, por sua vez, demonstra a sua insatisfação quanto ao
diagnóstico de sua doença e aconselha o seu amigo, que está moribundo, a não se
entregar, assim como mostra esse fragmento: “- Faísca – disse ele, com energia,
buscando os olhos do outro – você precisa reagir. Reaja, enquanto lhe sobra um
resto de força. Se você não reage, a doença toma conta de você. O homem só
morre quando se entrega. E você está se entregando. Não faça isso. Eu ainda
preciso de você” (1971; pág.: 46).
Observa-se,
com isso, que Mestre Severino encarna o
espírito destemido de quem não se entrega fácil, um homem teimoso, que
insiste em viver a vida considerada por ele a mais correta e digna, mesmo que
para isso seja necessário não oferecer credibilidade à autoridade científica
instituída, representado pela medicina oficial do Dr. Estêvão.
Há um paradoxo na figura feminina de duas
personagens: Vanju e Lourença. Esta,
submissa, cuidadosa, entregue às vontades do Severino. Àquela, delicada, de
beleza exorbitante. Tal divergência não é sustentada por muito tempo, posto
que Severino aspirava ter um menino para dar continuidade à geração, o que o
desaponta. Mesmo assim, ele insiste em ter outro filho, mas ela contesta. Não
aceitando a sua condição de mãe provedora, Vanju manda Lourença cuidar de sua
filha Mercedes, enquanto ela restituía o seu estado anterior: uma vida pacata e
sem obrigações. Apenas entretida na vaidade.
Passado o
tempo, Mercedes cresce e casa-se com Vicente, que por sua vez, este lhe dá um
filho homem, mas ela logo falece. Mais
uma vez, Lourença se sente na obrigação de criar o neto de Severino que, já
adolescente, demonstra desinteresse em virar barqueiro. O enredo também
reporta o leitor às reminiscências do protagonista e ao redimensionamento do
passado. Há momentos, no decorrer da
história, em que o flashback se confunde com a presente situação ali retratada.
Além disso, a linguagem rebuscada, as leves pitadas de humor, as figuras de
linguagem, a identidade regional e temas como valores morais e religiosos,
morte constituem a trama.
CONFLITO
AMOROSO
Inicialmente,
um aspecto interessante é a construção do tempo na obra. A sua apresentação é envolvida por quebras constantes no núcleo da
memória individual do personagem-chave. É possível considerar então que o
tempo se processa psicologicamente. Os
fatos vividos pelos personagens não constituem um arquivo de memória, mas
objeto de uma construção subjetiva do narrador.
Na subida
que o levaria ao Largo da Matriz para a consulta, outro corte abrupto em sua
memória; ele se lembra da primeira noite de amor com Vanju em seu barco. Ele a
amou naquela noite inesquecível. A
beleza da mulher surge como sinal explícito de um sexo carnal e consumado pelo
desejo da satisfação do prazer. Naquele dia, ele prometera casar-se com
ela, no juiz e no padre, nas leis dos homens e na lei de Deus.
Outra mulher marcante da obra é a personagem
Lourença, que vive este drama: ser submissa, ou fazer tudo por amor? Este
impasse nos salta aos olhos quando Mestre Severino anuncia à Lourença que vai
se casar, e ela ingenuamente pensa ser com ela; ao que ele responde não ser ela
a escolhida, mas uma conhecida de São Luís. Lourença, em estado de completa
desolação, muda-se de quarto, passando a noite em claro, numa insônia
devastadora.
Lourença,
então, de maneira resignada, considera que: “a culpa é minha, de mais ninguém”.
Isto é, ela aceita a posição submissa de
mulher obediente, e passa a preparar a casa para a chegada de sua “substituta”,
com dois dias de antecedência. Fato suficientemente plausível para
considerar a sua condição de acatar de modo incondicional as determinações de
Mestre Severino.
Eis então que surge a imagem da mulher
irresistível, mulher da cidade, de nome Vanju. Como nova
moradora, chega com sua beleza imponente, dando claros sinais de vir para
ficar. Lourença, ao vê-la, mais uma vez
se culpa do fato ocorrido: “se eu tivesse um filho, nada disso tinha acontecido”.
A sua reação incide a pôr-se a espionar Vanju, aumentando ainda mais a sua dor,
de quem não poderia competir com a beleza da nova moradora, que, “mesmo sem se
arrumar era bonita”…
Vê-se, com
isso, que a situação de Lourença era humilhante, pois agora estava ela na
condição de serviçal, diante do casal a saciar-se na mesa do jantar, depois do
amor consumado pela volta do Mestre Severino. A sua diligência para com ele
agora tramitava as órbitas de uma relação subserviente, onde o cenário figurava
em torno de duas personagens principais, e ela, de modo atento e imediato,
guardava os bastidores, providenciando todos os elementos cênicos para a
concretização do espetáculo montado. Ou seja, a platéia aplaudiria dois atores
que tinham tudo a seus pés, sem qualquer esforço ou trabalho. Era certamente a
entrega a uma vida determinada pela posição dominante de Mestre Severino. Lourença retrata em sua condição a posição
de um papel social pré-determinado como mulher serviçal. Ela não questiona,
apenas acata, internalizada pelo suplício de um amor jamais correspondido.
No, entanto, como para quebrar a ordem
rotineira das coisas, o inesperado aconteceu, Vanju estava grávida. Ela jamais
desejou tal condição. Embora este fosse o sonho de Mestre Severino,
ter um filho herdeiro de seu barco. Entretanto, Vanju dá à luz uma menina, a
Mercedes, o que deixa Mestre Severino profundamente desapontado. Torturado pela
notícia, ele vaga em seu estado de ruína, perguntando a si mesmo: “sem outro
homem na família, a quem entregaria o Bonança…?”. Tudo parecia ser fruto de um “capricho
da sorte adversa, interessada em castigá-lo”. Inconformado com a notícia,
Mestre Severino reage, pedindo a Vanju outro filho, ao que ela responde
negativamente, dizendo que bastava o que já havia passado durante o primeiro
parto. São as palavras de Vanju: “Não, isso não! Basta o que sofri. Pelo amor
de Deus, não me fale de outro parto. Sei que morro, se tiver outro filho”.
Atividades 1
Texto para as questões 1, 2 e 3.
Exposição
de fotos recompõe livro "Cais da Sagração", de Montello
27/08/2017 às 07h00
SÃO LUÍS - Entre as atividades de
celebração do centenário do escritor Josué Montello (1917-2017), a exposição
fotográfica “Cais da Sagração” será reapresentada nesta segunda, 28, às 17h, no
Buriteco Café (rua Portugal, 81, Praia Grande). A exposição foi inaugurada na
abertura da Semana Montelliana, organizada pela Casa de Cultura Josué Montello,
e terá sua primeira itinerância no Buriteco Café que recebeu a mostra no
sábado, 26.
A exposição é acompanhada de sarau
literário aberto ao público, que pode recitar trechos do livro “Cais da
Sagração” e de outras obras do autor em um palco aberto, no Buriteco Café, com
acompanhamento musical. O trabalho é de autoria da médica e professora da UFMA,
Marizélia Ribeiro, baseado em vários trechos do livro que tem como principais
referências históricas e geográficas o Centro Histórico de São Luís, especialmente
o bairro Praia Grande.
As imagens são uma recomposição
ficcional de um dos principais livros do escritor Josué Montello, “Cais da
Sagração”, que deu ao autor o prêmio Juca Pato/Intelectual do Ano, uma das
maiores honrarias da Literatura brasileira. O livro publicado em 1971 tem como
personagem principal Mestre Severino, que narra suas memórias de um tempo em
que o Cais da Sagração (do Porto do Jenipapeiro à Praia Grande) era o principal
entreposto comercial e marítimo do Maranhão. A exposição fotográfica Cais da
Sagração foi inaugurada na abertura dos trabalhos da Semana Montelliana,
realizada na Casa de Cultura Josué Montello.
1. No texto, há o predomínio da função
da linguagem
a) conativa, por evidenciar o tom
confessional.
b) referencial,
por centrar-se no referente ou assunto.
c) fática, por focalizar na manutenção
do canal comunicativo.
d) apelativa, por tornar o repórter um
cúmplice de sua escrita.
e) metalinguística, por utilizar um
código explicando o próprio código.
2. As produções artísticas,
mencionadas no texto, podem ser consideradas tanto cultural como política, pois
a) geram a alienação política por meio
da doutrinação sociocultural.
b) pretendem arregimentar grupos
sociais para a aceitação dos interesses do governo.
c) expressam os planos da classe
artística e candidatos populares às campanhas políticas.
d) demonstram
os costumes e as necessidades políticas
de uma parcela da sociedade maranhense.
e) exercem o poder de fogo como uma
arma e, por isso, é usada tanto por artistas como por políticos.
3. A reportagem anterior apresenta
temática histórica, apesar de o fato central acontecer na atualidade. A despeito
de trabalhar um tema atual, se destaca na reportagem o fato de
a) caracterizar-se como um texto
investigativo por ter sido publicado em jornal.
b) mostrar preocupação acadêmica em
produzir bibliografia sobre o tema.
c) reorganizar
uma ficção, através da arte fotográfica, de um tema relevante historicamente.
d) possuir declarações de fontes não confiáveis
sobre o tema abordado.
e) substituir as obras
historiográficas, como faz a mídia atual.
Textos para a questão 4.
Texto I
Como seria a dona que enfeitiçara
Mestre Severino? De si para si, pitando o cachimbo, Lourença queria queixar-se,
no teimoso esforço para se compenetrar da injustiça da sorte; mas logo
reconhecia que não era direito. Dos dois, pensando bem, quem tinha culpa era
ela. Mestre Severino dera-lhe casa, dera-lhe comida, dera-lhe roupa, dera-lhe carinho,
tirara-a das mãos do pai que lhe batia, e a verdade é que ela não lhe tinha
dado, ao fim de tantos anos, o filho que ele sempre deixava dentro dela, à
noite, quando voltava das viagens.
- A culpa é minha, de mais ninguém.
Cais da
Sagração, de Josué Montello, p. 68
Texto II
O
existencialismo sendo uma doutrina de ação, coloca o homem como ser que exerce
plenamente o seu humanismo através de movimentos subjetivos. É também um
movimento cultural e de caráter humanista, sendo o humanismo, em linhas gerais,
uma filosofia que enfatiza o bem-estar e a dignidade humana, ou seja, procura
do seu "eu", único autônomo, autoconsciente racional, na medida em
que afirma que o homem deve encontrar-se a si mesmo.
A
existência precede a essência. Isso significa que não existe uma natureza
humana, (...) não há uma essência precedente, que determina aquilo que cada
indivíduo vai ser ou deve ser.
4. Em que medida a personagem Lourença
corresponde, ou não, à definição de existencialismo? Valide sua resposta.
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Textos para as questões 5 e 6.
Texto
I
Assim, as mudanças urbanas iniciadas
na segunda metade do século XVIII, e ampliadas no final daquela centúria e
início do século seguinte, foram algo visível. Nesse último período e depois
dele, devido o movimento geral do capitalismo industrial no mundo e o livre
comércio, a cidade de São Luís também passou por mudanças no seu cenário físico
urbano. De todas as
reformas pelas quais a cidade passou,
a construção do Cais da Sagração foi uma das mais significativas, pois seus
resultados foram sentidos na economia por muito tempo. O impacto da construção
do cais sobre a cidade foi forte a ponto de Josué Montello escrever um livro intitulado
“Cais da Sagração”, cenário da construção do mesmo e através do qual se
desenrola a história do pescador Mestre Severino, de sua amada Vanju e da
submissa Lourença, personagens do mar, o qual, mais do que um plano de fundo,
manifesta vida.
CAIS DA
SAGRAÇÃO: O Processo de Modernização da Cidade de São Luís no século XIX
Texto
II
Mestre Severino, inteiriçado na
cadeira, não se move, a mão em cima do peito, lívido, as sobrancelhas travadas.
A dor lhe viera de repente, agora crescia, alastrava-se para o lado esquerdo, (...)
enquanto o velho Cunha, entregue à sua ira, gesticulava, sacudia os fios ralos
da cabeleira toda branca, deixando cair as mãos ossudas (...) na tampa do
balcão - e com isto espantava o gato gordo, enroscado sobre si mesmo, que dormitava
adiante, num vão de prateleira.
- Outra coisa eu lhe asseguro: a Praia
Grande não vai morrer sozinha. Com ela irá também o Cais da Sagração. Os barcos
vão se passar para o Itaqui. Sem barcos, de que serve o cais? Nem para tomar
canoa, para ir à Ponta de São Francisco ou à Ponta da Areia, ele vai ser
preciso: a ponte já está aí.
Cais da
Sagração, de Josué Montello, p. 389.
5. Sob diferentes perspectivas, os
textos citados são exemplos de uma abordagem histórica e literária recorrente
na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,
a) a linguagem afetiva aproxima os
narradores dos personagens marginalizados.
b) a ironia marca o distanciamento do
historiador e do narrador em relação aos atores sociais e personagens.
c) o detalhamento do cotidiano dos
personagens revela a sua origem social.
d) o espaço
onde vivem os personagens constitui a natureza humana e determina suas relações.
e) a crítica à indiferença da
sociedade pelos marginalizados é direta.
6. Outra passagem do romance, em que
ocorre uma abordagem semelhante à da questão anterior se encontra na seguinte
alternativa:
a) “Sei perfeitamente o que estou dizendo.
Quando eu falo, pode escrever. Por fim, aliviado de sua cólera, pendeu os
ombros, alisou uma das pontas do bigode”.
b) “E depois de um silêncio:
- Traga o seu neto aqui, Mestre Severino.
Quando quiser. Faço questão de conhecer o rapaz. Diga-lhe que faço questão de
ser amigo dele, como sempre fui de seu
avô”.
c) “Pode acrescentar que o crédito que
o senhor tem aqui ele também terá. Pelo menos enquanto viver o velho Filomeno
Cunha, seu criado”.
d) “Mestre Severino retardou a
resposta, ainda pálido, esperando que a dor aliviasse de todo. E assim que pôde
falar, respirando a breves haustos, cautelosamente, enxugou devagar o rosto,
ergueu o olhar ainda tenso”.
e) “- Hoje
de tarde ou amanhã de manhã, trago o rapaz aqui. Não é por ser meu neto, mas o
senhor vai ver que é um pedaço de homem, mais alto do que eu, com o cabelo de fogo
que eu tinha na idade dele, e caladão, de poucos amigos, como deve ser quem
nasceu para viver no mar”.
7. Agora mesmo, se eu não batesse o
pé, tornava a não deixar. E o menino em casa, na boavida, se estragando.
Ultimamente passa o dia no mato caçando passarinho. Felizmente tirou da cabeça
a ideia de ser padre. Era o que faltava. Ainda não largou de todo foi a mania
do desenho, que aprendeu na escola.
Aquela caixa de lápis de cor, que a professora
lhe deu no dia do diploma, encontrei um jeito de dar sumiço nela. De vez em
quando, eu tirava um lápis e jogava fora. Quando ele abriu os olhos, não tinha mais
nenhum. Os desenhos que ele fazia não eram ruins. Ele até tem muito jeito para desenhar.
Mas nunca fez um barco. Pelo menos eu nunca vi. Com o mar diante dos olhos, nunca
pôs o mar no papel. Era uma borboleta, uma boneca (a velha mania da boneca, que
quase me fez perder a cabeça), uma casa, um passarinho, um São Luís Gonzaga,
uma porta de igreja, uma escada, tudo muito parecido.
Antigamente passava o dia inteiro
desenhando e com a Lourença perto dele se babando. Agora, está melhor. Ainda desenha
com o lápis preto, mas é só uma vez ou outra.
Cais da
Sagração, de Josué Montello, p. 131.
Nesse texto em prosa, e, no contexto
em que se emprega as expressões, "batesse o pé" e "perder a
cabeça", pode-se afirmar que elas contribuem para
a) marcar a classe social das
personagens.
b) caracterizar usos linguísticos de
uma região.
c) enfatizar a relação familiar entre
as personagens.
d) sinalizar a influência do gênero
nas escolhas vocabulares.
e) demonstrar
o tom autoritário da fala de uma das personagens.
FONTES: