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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Trabalho infantil na praia do Geladinho


Garotos vendendo “geladinho” ao longo da praia conhecida pelo mesmo termo. Coincidência não muito feliz. Enquanto os banhistas cuidavam do seu lazer, a viagem do infante entre a multidão parecia invisível.


No Brasil, assuntos delicados e polêmicos tendem a ser eternizados, ainda que todos afirmem que os querem solucionados. Na Lei, qualquer tipo de exploração em atividades remuneradas, para com os menores, deve ser fiscalizada pelo poder público, os pais e a sociedade.

Somente na qualidade de menor aprendiz que a inicialização a formação profissional é permitida. E, para isto, há uma legislação específica que regula a atividade dos juvenis.

Embora o ponto de referência seja o São Félix, Geladinho é de fato o nome do bairro em que se localiza a praia. Por lá, a poeira impera na estrada que dá acesso às margens do Rio Tocantins.

Eu, na praia do Geladinho durante o feriado(15), Adesão do Pará, fiz alguns registros naquele lugar, que me contristecem, só de lembrar que passei a parte de virada da infância pra adolescência visitando ali.

Oh minha praia, onde as crianças que deviam brincar com seus brincos, trabalham e são invisíveis... e a terra que te faz sanguínea, mais é tratada como asfalto de pista de fórmula 1.
Olha só o capítulo do ECA - Estatuto da Criança do Adolescente abaixo. Na Lei é bem bonitinho, que até nos faz esquecer o grotesco na realidade.  
CAPÍTULO V
DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO
E À PROTEÇÃO NO TRABALHO
Art. 60 - É proibido qualquer trabalho a menores de 14 (quatorze) anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

Art. 61 - A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei.

Art. 62 - Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.

Art. 63 - A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:

I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regular;

Il - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;

lII - horário especial para o exercício das atividades.

Art. 64 - Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de aprendizagem.

Art 65 - Ao adolescente aprendiz, maior de 14 (quatorze) anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários.

Art. 66 - Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

Art. 67 - Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado trabalho:

I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;

Il - perigoso, insalubre ou penoso;

lII - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola.

Art. 68 - O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada.

§ 1° - Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.

§ 2° - A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.

Art. 69 - O adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:

I - respeito a condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;

Il - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Ser pai...




Ser pai é acima de tudo, não esperar recompensas. Mas ficar feliz caso e quando cheguem. É saber fazer o necessário por cima e por dentro da incompreensão. É aprender a tolerância com os demais e exercitar a dura intolerância (mas compreensão) com os próprios erros.
Ser pai é também aprender errando, a hora de falar e de calar. É contentar-se em ser reserva, coadjuvante, deixado para depois. Mas jamais deixar de falar no momento preciso. É ter a coragem de ir adiante, tanto para a vida quanto para a morte. É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho, fazendo-se forte em nome dele e de tudo o que terá de viver para compreender e enfrentar.
Ser pai é saber e calar. Fazer e guardar. Dizer e não insistir. Falar e dizer. Dosar e controlar-se. Dirigir sem demonstrar. É ver dor, sofrimento, vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos o que, a alma, lhe corrói. Ser pai é ser bom sem ser fraco. É jamais transferir aos filhos a quota de sua imperfeição, o seu lado fraco, desvalido e órfão.Ser pai é aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez. É esperar. É saber que experiência só adianta para quem a tem, e só se tem vivendo. Portanto, é agüentar a dor de ver os filhos passarem pelos sofrimentos necessários, buscando protegê-los sem que percebam, para que consigam descobrir os próprios caminhos.
Ser pai é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar. É compreender sem demonstrar, e esperar o tempo de colher, ainda que não seja em vida.
Ser pai é aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão. Mas ir às lágrimas quando chegam. Ser pai é saber ir-se apagando à medida em que mais nítido se faz na personalidade do filho, sempre como influência, jamais como imposição. É saber ser herói na infância, exemplo na juventude e amizade na idade adulta do filho. É saber brincar e zangar-se. É formar sem modelar, ajudar sem cobrar, ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar, amar sem receber.
Ser pai é saber receber raiva, incompreensão, antagonismo, atraso mental, inveja, projeção de sentimentos negativos, ódios passageiros, revolta, desilusão e a tudo responder com capacidade de prosseguir sem ofender; de insistir sem mediação, certeza, porto, balanço, arrimo, ponte, mão que abre a gaiola, amor que não prende, fundamento, enigma, pacificação.

Ser pai é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio. O máximo de convivência no máximo de solidão. É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que o filho a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para viver. É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno, por tudo haver feito para deixar de ser importante.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Pornofonia invade a menoridade





Uma crítica além do ritmo. Sons automotivos e estabelecimentos que não respeitam a lei dos decibéis, fiscalizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), não são as únicas fontes de reclamações. Cada vez mais o teor das músicas que se popularizam em Marabá “ganham” no apelo erótico, sobretudo, por parte dos adolescentes.
A indiscriminada reprodução de músicas com conteúdo pornofônico, a qualquer hora do dia, tem rendido controvérsias entre a população. Principalmente, por que a crítica parece ser destinada somente ao funk, uma vez que outros estilos musicais também se valem da libido no ser humano.
De acordo com Elisângela Santana, 34 anos, mãe de três adolescentes, gostar de ouvir música sempre foi algo bastante normal e inocente durante sua criação, mas hoje, se tornou um alerta que é de colocar qualquer mãe de “orelha em pé”.
“De repente você está na esquina de casa com os filhos e passa um carro com uma música dizendo muitas imoralidades. Eu não sei o que pensam meus filhos quando ouvem aquilo, mas sei que não é o certo pra idade deles”, afirma Santana.
Segundo Tatiana Lima, 25, jovem que já encerrou o ensino médio em Marabá, há muitas pessoas contra o erotismo exagerado nessas letras, só que não sabem a quem recorrer. Ela também tem uma visão mais desanimadora com relação à influência que essas músicas, que até simulam os sons do ato sexual explicitamente, trazem a juventude.
“Acho essas músicas umas porcarias, que só servem pra poluir mais ainda a mente de crianças e jovens”, enfatiza Lima, lembrando que sabe de alguns juvenis que chegam a ouvir escondidos dos pais, os quais não aceitam esse tipo de conteúdo.
Já para o acadêmico pela Universidade Federal do Pará, Cassio Melo, o interesse pelo prazer imediato, ainda que seja necessário generalizar a mulher como objeto que serve apenas para o sexo, representa a força dessa linha de canções pornofônicas.
“A meu ver, esses grupos jogam justamente com a questão do prazer, ali no momento apenas, e as pessoas que gostam dessas músicas não querem ouvir uma música mais reflexiva, que faz pensar sobre a condição de vida”, observa Melo.
Conforme Aglaysse de Souza, não dá pra se identificar com a imagem pejorativa que fazem da mulher.
Souza entende que as mulheres que se submetem a dançar essas músicas nos grupos, geralmente possuem um corpo escultural, porém, essa estética não vale mais que o respeito próprio.
“Eu não me vejo assim. Acho que essas canções, na maioria das vezes, denigrem a imagem da mulher e influenciam no comportamento dos jovens. É uma falta de respeito as palavras que são usadas pra se referir a mulher”, defende.

Morte e vida severina - João Cabral de Melo Neto (Trecho)

O RETIRANTE RESOLVE APRESSAR OS PASSOS PARA CHEGAR LOGO AO RECIFE

— Nunca esperei muita coisa,
digo a Vossas Senhorias.
O que me fez retirar
não foi a grande cobiça;
o que apenas busquei
foi defender minha vida
de tal velhice que chega
antes de se inteirar trinta;
se na serra vivi vinte,
se alcancei lá tal medida,
o que pensei, retirando,
foi estendê-la um pouco ainda.
Mas não senti diferença
entre o Agreste e a Caatinga,
e entre a Caatinga e aqui a Mata
a diferença é a mais mínima.
Está apenas em que a terra
é por aqui mais macia;
está apenas no pavio,
ou melhor, na lamparina:
pois é igual o querosene
que em toda parte ilumina,
e quer nesta terra gorda
quer na serra, de caliça,
a vida arde sempre, com
a mesma chama mortiça.
Agora é que compreendo
porque em paragens tão ricas
o rio não corta em poços
como ele faz na Caatinga:
vivi a fugir dos remansos
a que a paisagem o convida,
com medo de se deter
grande que seja a fadiga.
Sim, o melhor é apressar
o fim desta ladainha,
o fim do rosário de nomes
que a linha do rio enfia;
é chegar logo ao Recife,
derradeira ave-maria
do rosário, derradeira
invocação da ladainha,
Recife, onde o rio some
e esta minha viagem se fina.

sábado, 7 de julho de 2012

Apelo de férias

Deixar os livros de lado, mochilas escolares jogadas, tudo ao mofo... parecem atitudes comuns no início das férias. Afinal, o repouso integral chegou. Estudar cansa a mente e entorpece nossos gostos porque o dever vem em primeiro lugar. Temo-lo que cumprir!
Quisera eu acreditar nisso! Que tal repouso vem como a benesse pelo empenho de todos estudantes, de cada um que faz parte de qualquer contexto de estudo escolar.
Nada! O Brasil permanece a passos largos de ser formado por povo um tanto mais sábio, militante, pesquisador, leitor e ético.
Enfim, meu apelo nessas férias.
Reflitam sobre o que é ser aprendiz. Estudar é faculdade inata no homem, pena que a sociedade se entorpeceu com a moda, a música de nível indigente, a luxúria televisionada pra todas as gentes como se a vida fosse menos que o inferno aparente, sustentado pelo Sistema Totalitário Mercantil (STM). Ou, como tá poraí, vida de empreguete é a vontade de ser patroa - não importa quem fica pra trás.
Peço! Leiam bons livros. Sobretudo, a Bíblia Sagrada e .