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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

ENEM 2017 – Faculdade Metropolitana recebe 2º evento #PartiuAula, neste sábado (28), às 8h. Entrada custa 1 Kg de alimento não perecível
















Anderson Damasceno

Sábado agora (28), o auditório da Faculdade Metropolitana de Marabá, situada na Rodovia Transamazônica (BR-230), será palco da segunda edição do #PartiuAula, um projeto de aulão preparatório para o ENEM 2017, com aulas superatualizadas, organizado pelos professores, Danilo Pereira (Geografia), Lewy Pardinho (História) e Newton Junior (Matemática). A abertura é logo às 8h da matina, sendo o valor da entrada 1 Kg de alimento não perecível, e contará com mais três professores convidados, colocando em relevo os temas mais reincidentes da prova que será em novembro.
Na noite de ontem (24), terça-feira, os professores divulgaram, via live, o convite e novidades para os vestibulandos da cidade e região, no perfil do Instagram, que está com cerca de 800 seguidores.
O trio de mestres anunciou a participação do professor Helder Furtado (Biologia), Katiucia Oliveira (Redação) e Anderson Damasceno (Linguagens). Revelou-se também um pouco da programação, que vai contar com assuntos contextualizados, stand up, paródias para fixar o conteúdo e memes que vão incrementar o encontro de estudo.
Haverá camisas oficiais do evento disponíveis para venda. Vale ressaltar que as vagas são limitadas e será por ordem de chegada.









domingo, 22 de outubro de 2017

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Vereadores de Marabá debatem com João Salame soluções para saúde pública

Vereadores Miguelito, pastor Ronisteu e Irismar Melo tratam dos desafios para se
disponibilizar uma saúde gratuita e de qualidade com diretor do DAE, João Salame



















Anderson Damasceno 

Na quinta-feira última (19), o Diretor do Departamento de Atenção Básica, João Salame Neto, esteve em reunião com os vereadores de Marabá, para tratar das ações desempenhadas no Ministério da Saúde. O ex-prefeito de Marabá, esclareceu que a prefeitura pode pleitear e conseguir recursos do Governo Federal, por exemplo, para se ter ambulância é necessário pelo menos cinco anos de uso e, assim, poder trocar. 
João Salame demonstrou grande preocupação com a questão da saúde prisional e destacou o bom trabalho do mutirão da saúde, realizado recentemente no Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (CRAMMA).
“Daqui uns dias saberemos o quadro epidemiológico na penitenciária. Foi um plano piloto e poderá ser aplicado em todo o Brasil”, afirma.
Mais uma preocupação salientada pelo diretor do DAE é o prontuário eletrônico. Ele defendeu a informatização dos serviços como imprescindível para o desenvolvimento do país.

SABATINA
A reunião seguiu com os parlamentares fazendo perguntas diretas a João Salame. 
Na primeira rodada de questionamentos, o vereador Miguel Gomes Filho, o Miguelito, questionou a situação do Sistema Único de Saúde (SUS) e enfatizou que quer incentivar o João Salame a se empenhar por Marabá.
“Acho que a prefeitura está disposta a resolver o que for preciso, em seus planejamentos e prioridades, para conseguir apoio do Governo Federal”, pontuou.
A vereadora Cristina Mutran ressaltou o trabalho das equipes de “saúde da família”, que possui apenas 22 funcionando, mas há 32 aptas a montar. Além disso, a parlamentar disse ser contra o município ter que fazer novo processo seletivo para agentes de endemias.
Ainda segundo Cristina Mutran, as cirurgias eletivas demoram ou não acontecem pela falta de leitos, pois há pouco mais de 80 leitos no Hospital Municipal de Marabá (HMM).
Por sua vez, o vereador Tiago Koch tratou sobre odontologia. “Se há a possibilidade de ter posto na zona rural ou pelo menos uma equipe volante”, falou solícito, além de cobrar ambulância para zona rural e pontuar que os ACS não atendem uma área enorme na zona rural.
Outro parlamentar que inquiriu João Salame foi Ilker Moraes, que retomou a questão da saúde bucal. “Por falta de equipamento, há um monte de profissionais que estão ociosos e custam aos cofres de Marabá cerca de R$ 200 mil por mês. Também é preciso que, em lugares estratégicos da zona rural, de 2 a 3 postos de saúde sejam construídos”, notou.
Respondendo a Miguelito, João Salame disse que é de pleno acordo sobre o SUS. “Apesar de tudo que se diz, o sistema de saúde do Brasil é melhor que o dos EUA. O Obame Care é um fracasso”, acertou.
Sobre a unidade odontológica móvel, Salame ressaltou que há um custo de manutenção, portanto, cabe ao prefeito Tião ver se quer. E, a respeito dos agente de saúde, o ex-prefeito de Marabá pontuou que há 213 profissionais “em estoque”, basta contratar, sendo que já existem mais de 300 contratados.

UPA
A vereadora, Irismar Melo, ao lado do vereador pastor Ronisteu Araújo, congratulou João Salame pelo importante encargo no Ministério da Saúde, e procurou saber sobre a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), situada no Bairro Amapá. 
“Segunda-feira de manhã vamos ter uma reunião. Está sendo feita uma análise técnica do prédio da UPA. E gostaríamos de saber se o valor de R$ 650, é garantido pelo ministro Ricardo Barros, para UPA do tipo 3?”, inquiriu.
Sobre a UPA, João Salame afirmou que o ministro já arrumou R$ 650 mil para equipamentos e que o debate acerca dessa unidade de saúde deve ser aberto de novo e envolver o governo do Estado.
Ainda sobre a UPA, Salame disse que há um dilema em Marabá. Ou a prefeitura devolve quase R$ 2 milhões em parcela única, que é uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), ou, como o prédio é enorme, pode-se pegar um bloco e botar para funcionar como UPA tipo 1 ou 2.
“O que o governo determina é que se pegue um bloco para funcionar. O Ministério da Saúde já deve ter enviado uma notificação cobrando o posicionamento do prefeito. Mas, como eu disse, é o prefeito atual quem decide”, destaca Salame.

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE 
A diretora de média e alta complexidade da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Dármina Duarte, explicou que o concurso público é uma exigência do Governo Federal, a fim de se angariar recursos para a manutenção do serviço público.
Dármina Duarte também informou que a prefeitura possui 368 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e que o HMM e HMI chega a atender os 700 mil habitantes, oriundos das cidades no entorno de Marabá.
A diretora informou ainda que, sobre os dentistas, abriu-se licitação dos materiais odontológicos e as empresas demoraram muito a responder. Contudo, em cerca de 10 ou 15 dias, os dentistas estarão trabalhando. E, quanto a implantação do serviço de pediatria no HMI, a prefeitura já está agindo em parceria com o deputado federal, Beto Salame, e com João Salame.
E, no quesito informatização dos serviços, o Centro de Especialidades de Marabá e o Laboratório Central Mizulan Neves Pereira já estão trabalhando com o prontuário eletrônico.

AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL 
Segundo João Salame, na programação do Governo Federal, serão distribuídas 10 mil cadeiras odontológicas, e sobre cirurgias eletivas, a União passou recurso para o Governo Estadual e este repassou cerca de 800 mil à Marabá.
Na próxima semana, o município de Nova Ipixuna vai receber um médico do programa “Mais Médicos Brasil” e Itupiranga, desde o governo passado, há recursos para 2 postos de saúde, sendo que só agora, com a ida de Salame, o montante finalmente já tem data para ser aplicado.











sábado, 21 de outubro de 2017

I NEGRITUDE MARABÁ - Dia 20 de novembro, evento celebra a "Consciência Negra", na Rotatória da Folha 16


















Anderson Damasceno

Acontece no dia 20 de novembro, a partir das 16h, o 1° Negritude Marabá, realizado em celebração ao Dia da Consciência Negra. Um palco será instalado na Rotatória da Folha 16, onde vão ocorrer as palestras sobre o racismo, oficinas com trancistas e turbanistas, além de exposição de arte, música, poesia, dança, fotografia e artesanato.
O encontro é organizado pelo Movimento da Consciência Negra de Marabá, constituído por Samira Prata, Brenda Letícia, Noelma Cristina e Daniela Garcia, e conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Marabá (PMM).
Segundo Samira Prata, idealizadora do evento, o conteúdo do Negritude Marabá é para todos os públicos da cidade, e busca defender princípios e valores como respeito, compreensão, amor e cidadania.
“Nós teremos momentos especiais como o de depoimentos e as apresentações de escolas, com trabalhos direcionados à Consciência Negra”, afirma.
Ainda segundo Samira Prata, também haverá dicas e cuidados para cabelos afros, com Eudiane Vieira, Big Chop, e a participação dos fotógrafos, Júlia Ranieri e Brendo Oliveira, e da maquiadora Pâmela Aragão, bem com amostras de arte com Yanne Mourão.

Na ocasião, haverá uma palestra com o presidente da Comissão de Direitos Humanos, vereador pastor Ronisteu Araújo. E, incrementando a programação, o fotógrafo Lucas Almeida apresentará ao público o projeto “Do normal ao Surreal”.  
O 1º Negritude Marabá conta com o apoio da Igreja do Evangelho Quadrangular (Folha 28), das células, Nazireu e Metanóia, e do Departamento da Juventude. 









quinta-feira, 19 de outubro de 2017

UEMA 2018 – Questões sobre a poesia de Adélia Prado

Nesta postagem, reuni 9 questões que permitem fazer um reflexão significativa a respeito da poesia de Adélia Prado, poetisa mineira que será solicitada no vestibular PAES 2018 - Processo Seletivo de Acesso à Educação Superior, realizado pela UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), no dia 22 de outubro. O gabarito está nos comentários. Bom estudo e sucesso pra vocês vestibulandos!

1. Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.
O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação de limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma
a) expectativa do marido em relação à esposa.
b) imposição dos afazeres conjugais.
c) disposição para realizar tarefas masculinas.
d) dissonância entre as vozes masculina e feminina.
e) forma de consagração da cumplicidade no casamento.

2. No texto de Adélia Prado, o eu lírico feminino revela, a partir de suas experiências, que o casamento é
a) frustração e desencanto com o outro.
b) troca paulatina do amor pela subserviência.
c) vínculo baseado na cumplicidade e no respeito.
d) ausência permanente de palavras e ações carinhosas.
e) cárcere onde a mulher é condenada a cuidar do lar.

3.
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Um dos procedimentos consagrados pelo Modernismo foi a percepção de um lirismo presente nas cenas e fatos do cotidiano. No poema de Adélia Prado, o eu lírico resgata a poesia desses elementos a partir do(a)
a) reflexão irônica sobre a importância atribuída aos estudos por sua mãe.
b) sentimentalismo, oposto à visão pragmática que reconhecia na mãe.
c) olhar comovido sobre seu pai, submetido ao trabalho pesado.
d) reconhecimento do amor num gesto de aparente banalidade.
e) enfoque nas relações afetivas abafadas pela vida conjugal.

4. A diva
Vamos ao teatro, Maria José?
Quem me dera,
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha
tou podre. Outro dia a gente vamos
Falou meio triste, culpada,
e um pouco alegre por recusar com orgulho
TEATRO! Disse no espelho.
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
TEATRO! E os cacos voaram
sem nenhum aplauso.
Perfeita.
PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.
Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais diversas reconhecidas pelo leitor com base em suas características específicas, bem como na situação comunicativa em que ele é produzido. Assim, o texto A diva
a) narra um fato real vivido por Maria José.
b) surpreende o leitor pelo seu efeito poético.
c) relata uma experiência teatral profissional.
d) descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora.
e) defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral.

5. Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:

I. Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida
                  (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)

II. Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim. 
                  (BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia das Letras, 1989)

III. Quando nasci um anjo esbelto
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Carga muito pesada pra mulher
Esta espécie ainda envergonhada.
                  (PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por:
a) reiteração de imagens.
b) oposição de ideias.
c) falta de criatividade.
d) negação dos versos.
e) ausência de recursos.

6. Grande desejo
Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia,
sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como.
Aos domingos bato o osso no prato pra chamar o cachorro
e atiro os restos.
Quando dói, grito “ai”.
Quando é bom, fico bruta,
as sensibilidades sem governo.
Mas tenho meus prantos,
claridades atrás do meu estômago humilde
e fortíssima voz pra cânticos de festa.
Quando escrever o livro com o meu nome
e o nome que eu vou pôr nele, vou com ele a uma igreja,
a uma lápide, a um descampado,
para chorar, chorar, e chorar,
requintada e esquisita como uma dama.
                                                                                                Adélia Prado
O poema de Adélia Prado apresenta um eu lírico feminino que explora a inconstância da condição humana. Com base nisso, pode-se concluir que
a) nos dois primeiros versos, a rima provocada pelo contraste dos nomes “Cornélia” e “Adélia” suscita uma relação de similitude.
b) o eu lírico se declara uma mulher simples por meio da enumeração de atos excepcionais como fazer comida e bater o osso no prato para chamar o cachorro.
c) no sexto verso, para que ocorra um afastamento ainda maior do coletivo, o eu lírico diz que “quando dói” grita “ai”, pois não consegue reprimir sua dor.
d) suas sensibilidades são reprimidas e governáveis, pois caracterizam-se como racionais, detentoras de uma lógica da sensibilidade.
e) o eu lírico apresenta uma mulher prosaica, sem fortes traços revolucionários e excepcionais, uma detentora de vivências.

7. Simplesmente amor
Amor é a coisa mais alegre
Amor é a coisa mais triste
Amor é a coisa que mais quero
Por causa dele falo palavras como lanças

Amor é a coisa mais alegre
Amor é a coisa mais triste
Amor é a coisa que mais quero
Por causa dele podem entalhar-me:
Sou de pedra sabão.

Alegre ou triste

Amor é a coisa que mais quero.

 Adélia Prado.
Disponível em: <http://goo.gl/Jl3Ig>. Acesso em: 5 maio 2013.
A obra poética de Adélia Prado é prova de que a poesia não precisa nascer somente do solo duro do eixo Rio-São Paulo. Como poucas, ela sabe resgatar para o seu leitor toda trama cultural e social do piccolo mondo das cidades do interior brasileiro. Pequenas histórias familiares, dramas do dia a dia, tudo isso filtrado pelo seu olhar arguto, resulta em uma poesia extremamente refinada e bela. É aquela famosa história de que, ao tratar de sua aldeia, o poeta está sendo universal. Morando em Divinópolis, Minas Gerais, onde nasceu em 1935, Adélia Prado é uma das mais importantes poetas brasileiras.
Com base no texto e na temática do poema "Simplesmente amor", conclui-se que a autora
a) define o amor sob uma perspectiva lógica, direta e objetiva.
b) considera o sentimento como algo fundamental para sua poesia panfletária.
c) associa o modo de composição do poema ao trabalho do ourives.
d) apresenta uma concepção naturalista e positivista do amor.
e) revela sentimentos e aspectos paradoxais da condição sentimental dos que amam.

8. Ensinamento
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

                                                                                                                               Adélia Prado

O poema “Ensinamento”, entre outros aspectos, versa sobre os relacionamentos humanos, revelando que
a) o amor é uma palavra de luxo por ser escasso na relação familiar apresentada.
b) a mulher é representada por uma figura reprimida, sem acesso ao estudo e subjugada ao marido.
c) o eu lírico aprendeu com a mãe um ensinamento sobre o amor por meio de uma experiência cotidiana.
d) o eu lírico apresenta discordância em relação ao ensinamento da mãe, buscando criticá-la por sua postura submissa.
e) há diferenças entre gerações; no caso, a mãe valoriza o casamento, enquanto a filha preocupa-se com o futuro profissional.

9. Para o Zé
Eu te amo, homem, hoje como
toda vida quis e não sabia,
eu que já amava de extremoso amor
o peixe, a mala velha, o papel de seda e os riscos
de bordado, onde tem
o desenho cômico de um peixe — os
lábios carnudos como os de uma negra.
Divago, quando o que quero é só dizer
te amo. Teço as curvas, as mistas
e as quebradas, industriosa como abelha,
alegrinha como florinha amarela, desejando
as finuras, violoncelo, violino, menestrel
e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito
pra escutar o que bate. Eu te amo, homem, amo
o teu coração, o que é, a carne de que é feito,
amo sua matéria, fauna e flora,
seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas
perdidas nas casas que habitamos, os fios
de tua barba. Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo
pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto:
“Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas
o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não
ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros”.
Adélia Prado.
Fonte: http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/adelia-prado-poemas/#.U8mNS9NOXIU em 17/7/14
O poema de Adélia Prado apresenta uma voz lírica feminina que revela
a) o quanto a mulher é vítima da opressão machista que a impede de amar.
b) uma noção de homem reificado, ou seja, completamente despido da possibilidade de despertar o amor.
c) um olhar desatento sobre a condição masculina, pois ela se mostra impossibilitada de qualificação.
d) uma visão poética, mas referencial, sobre o cotidiano dos homens que habitam as cidades do interior de Minas Gerais.
e) a paixão, a devoção e o carinho que ela sente pelo seu par amoroso, ressaltando suas peculiaridades sentimentais. 

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UEMA 2018 – Confira dicas e questões sobre romance "Cais da Sagração", de Josué Montello

























Anderson Damasceno 

Conforme anunciei, fiz aqui uma breve pesquisa acerca do romance “Cais da Sagração”, de Josué Montello, uma das três solicitadas no vestibular PAES 2018 - Processo Seletivo de Acesso à Educação Superior, realizado pela UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), no dia 22 de outubro. O material inclui um pequeno questionário sobre essa obra. O gabarito está nos comentários. Bom estudo e sucesso pra vocês vestibulandos!

CAIS DA SAGRAÇÃO
Dono de uma vasta produção literária, desde crônicas à artigos jornalísticos, Josué Montello nasceu em São Luís – Maranhão, em 21 de agosto de 1917. Foi escritor, jornalista, teatrólogo e professor. Escreveu para a revista Manchete e para o Jornal do Brasil. Trabalhou no governo de Kubitschek, do qual escreveu um livro de ensaios, O Juscelino Kubitschek de minhas recordações (1999,) relatando fatos do país e a atuação do seu governo.
Em 1954, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira 29. Dentre suas diversas importantes obras como Janela Fechada (1941) e Os Tambores de São Luís (1975), Cais da Sagração (1971) conquistou o prêmio Intelectual do Ano pela Folha de São Paulo e pela União Brasileira de escritores, em 1971, e Prêmio de Romance da Fundação Cultural de Brasília, em 1972.
Sob a perspectiva crítico-analítica, é notável na obra a não linearidade dos acontecimentos, uma vez que, a trama se inicia a partir das crises fortes no peito e da apneia do Mestre Severino. Já no segundo capítulo, o velho barqueiro faz pretensões de casar de véu e grinalda com uma mulher chamada Vanju, mas logo é censurado pelo padre Dourado ao saber que a mesma foi uma meretriz. Aqui é possível observar um outro aspecto interessante da obra, isto é, o constante conflito de valores existente entre as ideias dos personagens e o contexto social estabelecido, neste caso específico, a doutrina religiosa da Igreja Católica.
A história segue com o Severino dentro da sala do Dr. Estevão que, após se submeter a uma rápida avaliação médica, é constatado uma lesão grave no coração.
Mesmo mediante as objeções do médico, o pescador teima em viajar de barco, uma vez que, além de ser o seu instrumento de trabalho, era o seu estilo de vida e uma herança de família. Lucas Faísca, um velho conhecido da cadeia, recebe a visita de Severino que, por sua vez, demonstra a sua insatisfação quanto ao diagnóstico de sua doença e aconselha o seu amigo, que está moribundo, a não se entregar, assim como mostra esse fragmento: “- Faísca – disse ele, com energia, buscando os olhos do outro – você precisa reagir. Reaja, enquanto lhe sobra um resto de força. Se você não reage, a doença toma conta de você. O homem só morre quando se entrega. E você está se entregando. Não faça isso. Eu ainda preciso de você” (1971; pág.: 46).
Observa-se, com isso, que Mestre Severino encarna o espírito destemido de quem não se entrega fácil, um homem teimoso, que insiste em viver a vida considerada por ele a mais correta e digna, mesmo que para isso seja necessário não oferecer credibilidade à autoridade científica instituída, representado pela medicina oficial do Dr. Estêvão.
Há um paradoxo na figura feminina de duas personagens: Vanju e Lourença. Esta, submissa, cuidadosa, entregue às vontades do Severino. Àquela, delicada, de beleza exorbitante. Tal divergência não é sustentada por muito tempo, posto que Severino aspirava ter um menino para dar continuidade à geração, o que o desaponta. Mesmo assim, ele insiste em ter outro filho, mas ela contesta. Não aceitando a sua condição de mãe provedora, Vanju manda Lourença cuidar de sua filha Mercedes, enquanto ela restituía o seu estado anterior: uma vida pacata e sem obrigações. Apenas entretida na vaidade.
Passado o tempo, Mercedes cresce e casa-se com Vicente, que por sua vez, este lhe dá um filho homem, mas ela logo falece. Mais uma vez, Lourença se sente na obrigação de criar o neto de Severino que, já adolescente, demonstra desinteresse em virar barqueiro. O enredo também reporta o leitor às reminiscências do protagonista e ao redimensionamento do passado. Há momentos, no decorrer da história, em que o flashback se confunde com a presente situação ali retratada. Além disso, a linguagem rebuscada, as leves pitadas de humor, as figuras de linguagem, a identidade regional e temas como valores morais e religiosos, morte constituem a trama.

CONFLITO AMOROSO
Inicialmente, um aspecto interessante é a construção do tempo na obra. A sua apresentação é envolvida por quebras constantes no núcleo da memória individual do personagem-chave. É possível considerar então que o tempo se processa psicologicamente. Os fatos vividos pelos personagens não constituem um arquivo de memória, mas objeto de uma construção subjetiva do narrador.
Na subida que o levaria ao Largo da Matriz para a consulta, outro corte abrupto em sua memória; ele se lembra da primeira noite de amor com Vanju em seu barco. Ele a amou naquela noite inesquecível. A beleza da mulher surge como sinal explícito de um sexo carnal e consumado pelo desejo da satisfação do prazer. Naquele dia, ele prometera casar-se com ela, no juiz e no padre, nas leis dos homens e na lei de Deus.
Outra mulher marcante da obra é a personagem Lourença, que vive este drama: ser submissa, ou fazer tudo por amor? Este impasse nos salta aos olhos quando Mestre Severino anuncia à Lourença que vai se casar, e ela ingenuamente pensa ser com ela; ao que ele responde não ser ela a escolhida, mas uma conhecida de São Luís. Lourença, em estado de completa desolação, muda-se de quarto, passando a noite em claro, numa insônia devastadora.
Lourença, então, de maneira resignada, considera que: “a culpa é minha, de mais ninguém”. Isto é, ela aceita a posição submissa de mulher obediente, e passa a preparar a casa para a chegada de sua “substituta”, com dois dias de antecedência. Fato suficientemente plausível para considerar a sua condição de acatar de modo incondicional as determinações de Mestre Severino.
Eis então que surge a imagem da mulher irresistível, mulher da cidade, de nome Vanju. Como nova moradora, chega com sua beleza imponente, dando claros sinais de vir para ficar. Lourença, ao vê-la, mais uma vez se culpa do fato ocorrido: “se eu tivesse um filho, nada disso tinha acontecido”. A sua reação incide a pôr-se a espionar Vanju, aumentando ainda mais a sua dor, de quem não poderia competir com a beleza da nova moradora, que, “mesmo sem se arrumar era bonita”…
Vê-se, com isso, que a situação de Lourença era humilhante, pois agora estava ela na condição de serviçal, diante do casal a saciar-se na mesa do jantar, depois do amor consumado pela volta do Mestre Severino. A sua diligência para com ele agora tramitava as órbitas de uma relação subserviente, onde o cenário figurava em torno de duas personagens principais, e ela, de modo atento e imediato, guardava os bastidores, providenciando todos os elementos cênicos para a concretização do espetáculo montado. Ou seja, a platéia aplaudiria dois atores que tinham tudo a seus pés, sem qualquer esforço ou trabalho. Era certamente a entrega a uma vida determinada pela posição dominante de Mestre Severino. Lourença retrata em sua condição a posição de um papel social pré-determinado como mulher serviçal. Ela não questiona, apenas acata, internalizada pelo suplício de um amor jamais correspondido.
No, entanto, como para quebrar a ordem rotineira das coisas, o inesperado aconteceu, Vanju estava grávida. Ela jamais desejou tal condição. Embora este fosse o sonho de Mestre Severino, ter um filho herdeiro de seu barco. Entretanto, Vanju dá à luz uma menina, a Mercedes, o que deixa Mestre Severino profundamente desapontado. Torturado pela notícia, ele vaga em seu estado de ruína, perguntando a si mesmo: “sem outro homem na família, a quem entregaria o Bonança…?”. Tudo parecia ser fruto de um “capricho da sorte adversa, interessada em castigá-lo”. Inconformado com a notícia, Mestre Severino reage, pedindo a Vanju outro filho, ao que ela responde negativamente, dizendo que bastava o que já havia passado durante o primeiro parto. São as palavras de Vanju: “Não, isso não! Basta o que sofri. Pelo amor de Deus, não me fale de outro parto. Sei que morro, se tiver outro filho”.

Atividades 1
Texto para as questões 1, 2 e 3.
Exposição de fotos recompõe livro "Cais da Sagração", de Montello
27/08/2017 às 07h00

SÃO LUÍS - Entre as atividades de celebração do centenário do escritor Josué Montello (1917-2017), a exposição fotográfica “Cais da Sagração” será reapresentada nesta segunda, 28, às 17h, no Buriteco Café (rua Portugal, 81, Praia Grande). A exposição foi inaugurada na abertura da Semana Montelliana, organizada pela Casa de Cultura Josué Montello, e terá sua primeira itinerância no Buriteco Café que recebeu a mostra no sábado, 26.
A exposição é acompanhada de sarau literário aberto ao público, que pode recitar trechos do livro “Cais da Sagração” e de outras obras do autor em um palco aberto, no Buriteco Café, com acompanhamento musical. O trabalho é de autoria da médica e professora da UFMA, Marizélia Ribeiro, baseado em vários trechos do livro que tem como principais referências históricas e geográficas o Centro Histórico de São Luís, especialmente o bairro Praia Grande.
As imagens são uma recomposição ficcional de um dos principais livros do escritor Josué Montello, “Cais da Sagração”, que deu ao autor o prêmio Juca Pato/Intelectual do Ano, uma das maiores honrarias da Literatura brasileira. O livro publicado em 1971 tem como personagem principal Mestre Severino, que narra suas memórias de um tempo em que o Cais da Sagração (do Porto do Jenipapeiro à Praia Grande) era o principal entreposto comercial e marítimo do Maranhão. A exposição fotográfica Cais da Sagração foi inaugurada na abertura dos trabalhos da Semana Montelliana, realizada na Casa de Cultura Josué Montello.
1. No texto, há o predomínio da função da linguagem
a) conativa, por evidenciar o tom confessional.
b) referencial, por centrar-se no referente ou assunto.
c) fática, por focalizar na manutenção do canal comunicativo.
d) apelativa, por tornar o repórter um cúmplice de sua escrita.
e) metalinguística, por utilizar um código explicando o próprio código.

2. As produções artísticas, mencionadas no texto, podem ser consideradas tanto cultural como política, pois
a) geram a alienação política por meio da doutrinação sociocultural.
b) pretendem arregimentar grupos sociais para a aceitação dos interesses do governo.
c) expressam os planos da classe artística e candidatos populares às campanhas políticas.
d) demonstram os costumes e as necessidades políticas
de uma parcela da sociedade maranhense.
e) exercem o poder de fogo como uma arma e, por isso, é usada tanto por artistas como por políticos.

3. A reportagem anterior apresenta temática histórica, apesar de o fato central acontecer na atualidade. A despeito de trabalhar um tema atual, se destaca na reportagem o fato de
a) caracterizar-se como um texto investigativo por ter sido publicado em jornal.
b) mostrar preocupação acadêmica em produzir bibliografia sobre o tema.
c) reorganizar uma ficção, através da arte fotográfica, de um tema relevante historicamente.
d) possuir declarações de fontes não confiáveis sobre o tema abordado.
e) substituir as obras historiográficas, como faz a mídia atual.

Textos para a questão 4.
                Texto I
Como seria a dona que enfeitiçara Mestre Severino? De si para si, pitando o cachimbo, Lourença queria queixar-se, no teimoso esforço para se compenetrar da injustiça da sorte; mas logo reconhecia que não era direito. Dos dois, pensando bem, quem tinha culpa era ela. Mestre Severino dera-lhe casa, dera-lhe comida, dera-lhe roupa, dera-lhe carinho, tirara-a das mãos do pai que lhe batia, e a verdade é que ela não lhe tinha dado, ao fim de tantos anos, o filho que ele sempre deixava dentro dela, à noite, quando voltava das viagens.
- A culpa é minha, de mais ninguém.
Cais da Sagração, de Josué Montello, p. 68
Texto II
O existencialismo sendo uma doutrina de ação, coloca o homem como ser que exerce plenamente o seu humanismo através de movimentos subjetivos. É também um movimento cultural e de caráter humanista, sendo o humanismo, em linhas gerais, uma filosofia que enfatiza o bem-estar e a dignidade humana, ou seja, procura do seu "eu", único autônomo, autoconsciente racional, na medida em que afirma que o homem deve encontrar-se a si mesmo.
A existência precede a essência. Isso significa que não existe uma natureza humana, (...) não há uma essência precedente, que determina aquilo que cada indivíduo vai ser ou deve ser.
4. Em que medida a personagem Lourença corresponde, ou não, à definição de existencialismo? Valide sua resposta.
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Textos para as questões 5 e 6.
Texto I
Assim, as mudanças urbanas iniciadas na segunda metade do século XVIII, e ampliadas no final daquela centúria e início do século seguinte, foram algo visível. Nesse último período e depois dele, devido o movimento geral do capitalismo industrial no mundo e o livre comércio, a cidade de São Luís também passou por mudanças no seu cenário físico urbano. De todas as
reformas pelas quais a cidade passou, a construção do Cais da Sagração foi uma das mais significativas, pois seus resultados foram sentidos na economia por muito tempo. O impacto da construção do cais sobre a cidade foi forte a ponto de Josué Montello escrever um livro intitulado “Cais da Sagração”, cenário da construção do mesmo e através do qual se desenrola a história do pescador Mestre Severino, de sua amada Vanju e da submissa Lourença, personagens do mar, o qual, mais do que um plano de fundo, manifesta vida.
CAIS DA SAGRAÇÃO: O Processo de Modernização da Cidade de São Luís no século XIX
Texto II
Mestre Severino, inteiriçado na cadeira, não se move, a mão em cima do peito, lívido, as sobrancelhas travadas. A dor lhe viera de repente, agora crescia, alastrava-se para o lado esquerdo, (...) enquanto o velho Cunha, entregue à sua ira, gesticulava, sacudia os fios ralos da cabeleira toda branca, deixando cair as mãos ossudas (...) na tampa do balcão - e com isto espantava o gato gordo, enroscado sobre si mesmo, que dormitava adiante, num vão de prateleira.
- Outra coisa eu lhe asseguro: a Praia Grande não vai morrer sozinha. Com ela irá também o Cais da Sagração. Os barcos vão se passar para o Itaqui. Sem barcos, de que serve o cais? Nem para tomar canoa, para ir à Ponta de São Francisco ou à Ponta da Areia, ele vai ser preciso: a ponte já está aí.
Cais da Sagração, de Josué Montello, p. 389.
5. Sob diferentes perspectivas, os textos citados são exemplos de uma abordagem histórica e literária recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,
a) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados.
b) a ironia marca o distanciamento do historiador e do narrador em relação aos atores sociais e personagens.
c) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social.
d) o espaço onde vivem os personagens constitui a natureza humana e determina suas relações.
e) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.

6. Outra passagem do romance, em que ocorre uma abordagem semelhante à da questão anterior se encontra na seguinte alternativa:
a) “Sei perfeitamente o que estou dizendo. Quando eu falo, pode escrever. Por fim, aliviado de sua cólera, pendeu os ombros, alisou uma das pontas do bigode”.
b) “E depois de um silêncio:
- Traga o seu neto aqui, Mestre Severino. Quando quiser. Faço questão de conhecer o rapaz. Diga-lhe que faço questão de ser amigo dele, como sempre fui de seu
avô”.
c) “Pode acrescentar que o crédito que o senhor tem aqui ele também terá. Pelo menos enquanto viver o velho Filomeno Cunha, seu criado”.
d) “Mestre Severino retardou a resposta, ainda pálido, esperando que a dor aliviasse de todo. E assim que pôde falar, respirando a breves haustos, cautelosamente, enxugou devagar o rosto, ergueu o olhar ainda tenso”.
e) “- Hoje de tarde ou amanhã de manhã, trago o rapaz aqui. Não é por ser meu neto, mas o senhor vai ver que é um pedaço de homem, mais alto do que eu, com o cabelo de fogo que eu tinha na idade dele, e caladão, de poucos amigos, como deve ser quem nasceu para viver no mar”.

7. Agora mesmo, se eu não batesse o pé, tornava a não deixar. E o menino em casa, na boavida, se estragando. Ultimamente passa o dia no mato caçando passarinho. Felizmente tirou da cabeça a ideia de ser padre. Era o que faltava. Ainda não largou de todo foi a mania do desenho, que aprendeu na escola.
Aquela caixa de lápis de cor, que a professora lhe deu no dia do diploma, encontrei um jeito de dar sumiço nela. De vez em quando, eu tirava um lápis e jogava fora. Quando ele abriu os olhos, não tinha mais nenhum. Os desenhos que ele fazia não eram ruins. Ele até tem muito jeito para desenhar. Mas nunca fez um barco. Pelo menos eu nunca vi. Com o mar diante dos olhos, nunca pôs o mar no papel. Era uma borboleta, uma boneca (a velha mania da boneca, que quase me fez perder a cabeça), uma casa, um passarinho, um São Luís Gonzaga, uma porta de igreja, uma escada, tudo muito parecido.
Antigamente passava o dia inteiro desenhando e com a Lourença perto dele se babando. Agora, está melhor. Ainda desenha com o lápis preto, mas é só uma vez ou outra.
Cais da Sagração, de Josué Montello, p. 131.
Nesse texto em prosa, e, no contexto em que se emprega as expressões, "batesse o pé" e "perder a cabeça", pode-se afirmar que elas contribuem para
a) marcar a classe social das personagens.
b) caracterizar usos linguísticos de uma região.
c) enfatizar a relação familiar entre as personagens.
d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares.
e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens.



FONTES: