Programa pedagógico pretende deixar legado para Marabá
Em Marabá, a segunda apresentação do espetáculo “Flor de
Macambira” movimentou a noite de centenas de pessoas, durante a última segunda-feira
(10). Um palco instalado na Praça São Francisco, situada no Bairro Cidade Nova,
presentou a população com uma das peças que marcam a passagem da 17ª edição do
Festival do Teatro Brasileiro (FTB), que está percorrendo quatro estados em
2015. No Pará, as cidades de Marabá e Belém foram presenteadas com a ampla programação
de arte.
Nessa ocasião, o “Grupo Ser Tão Teatro” encenou, novamente, a
peça Flor de Macambira, que foi prestigiada pelo grande público.
No local, a reportagem entrevistou Glauber Coradesque, coordenador pedagógico
do FTB, que destacou que o festival também desenvolve uma ação educativa, trabalhando
a formação de plateias em escolas públicas.
“A ideia é começar a introduzir o hábito dos alunos irem ao
teatro, aproximá-los dessa arte, que a gente sabe que muitos deles conhecem
pouco, ou nunca foram”, afirma.
Em todos os estados que a equipe tem passado, os profissionais
presenciaram a dura realidade da falta de espaços para a dramaturgia, inclusive,
de grupos que recebam incentivos para atuar.
“Pensando nisso, o idealizador do projeto, Sérgio Barcelar,
criou essa ação de formação, que consiste em levar os estudantes a assistirem
as peças. Mas, antes disso, há um trabalho de preparação com eles”, pontua
Coradesque, que é arte-educador e especialista em mediação.
A equipe pedagógica do FTB denomina esse conjunto de
atividades, envolvendo os estudantes, de “Ação em três movimentos”. Em primeiro
lugar, ocorrem encontros na escola anteriores ao espetáculo, em seguida, o
alunado assiste o drama, e, por fim, a equipe retorna na escola para debater
com a opinião do alunado.
Esta semana, conforme o coordenador, uma intensa capacitação
está sendo realizada com arte-educadores da cidade, em algumas unidades
escolares como a Escola João Anastácio de Queiroz.
“A gente oferece uma formação com esses profissionais, na
mediação de espetáculo de teatro, e, além disso, este ano em Marabá, estamos
desenvolvendo uma ação com todos os professores de arte do município. No final
do processo, com certeza eles vão poder ser multiplicadores do teatro aqui”,
observa.
A poetisa da Associação de Escritores do Sul e Sudeste do
Pará, Evilângela Lima, que está participando da capacitação nas escolas, esteve
na pracinha, acompanhando a representação Grupo Ser Tão Teatro.
Além dela, a moradora, Elizângela Iop, assistiu encantada a
bela encenação dos atores e atrizes.
Novamente de acordo com o pedagogo, existe também o
compromisso transformar o cenário social, artístico e político da cidade.
“Um dos objetivos do festival é deixar um legado por onde
ele passa. Não quer ser só mais um evento. Pelo contrário, todas essas ações,
desde as apresentações de rua ao investimento nas equipes locais, são para
deixar algo que permaneça na cidade. E gere boas mudanças”, enfatiza.
Embora o panorama marabaense realmente necessite de incentivos
endereçados à dramaturgia, conforme Coradesque, o teatro nunca precisou muito
de um espaço para existir.
“Ele vai acontecendo de forma marginal mesmo. Mas, com
certeza, uma casa para o teatro é uma presente enorme para Marabá. Esperamos
que todos saibam aproveitar isso no futuro. E, depois de construído, vai ser um
desafio muito grande fazer a gestão desse espaço”, considera.
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