Professora Lucélia Rabelo (centro) coordena o II Congresso Paraense de Educação Especial. Nacélio Madeiro (segundo da esquerda) participa da organização junto ao NAIA. |
Auditório da Faculdade Metropolitana de Marabá vai ficar lotado nos dias 12, 13 e 14 de novembro, para debates e palestras com pesquisadores de renome nacional e internacional. |
Lucélia Rabelo destacou a urgência no debate
acerca da Educação Especial
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Entre os dias 12 e 14 de novembro, a Universidade Federal do
Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) promove o II Congresso Paraense de Educação
Especial, no auditório Leonardo Da Vinci, na Faculdade Metropolitana de Marabá.
O evento é organizado pelo Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Acadêmica (NAIA)
e vai contar com palestras, oficinas e minicursos, apresentados por pesquisadores
de renome nacional e internacional.
A inscrição é gratuita e pode ser feita pelo site
cpee.unifesspa.edu.br, a partir do dia 27 de outubro. No ano passado, o
encontro aconteceu em Castanhal e em menos de quatros horas todas as vagas
foram preenchidas.
O Congresso é realizado em parceria com instituições como
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), o Centro de Apoio
Pedagógico ao Deficiente Físico Visual, 4ª URE e a Secretaria Municipal de
Educação (SEMED). Em 2015, o tema do Congresso é a Educação como direito das
pessoas com deficiência: debatendo e construindo trajetórias na Amazônia.
Segundo Lucélia Cardoso Cavalcante Rabelo, coordenadora
geral do evento, esse tema faz parte de atual política de Educação Inclusiva,
que defende a presença das pessoas com deficiência nas escolas de ensino
regular.
“Todas as escolas do Brasil e de Marabá precisam se adequar a
essa política. Elas devem ofertar um ensino direcionado às pessoas especiais,
através de salas de aulas de recursos multifuncionais e centros especializados
para surdos, deficientes audiovisuais e pessoas com altas habilidades de
superdotação”, afirma.
Ainda segundo Lucélia Rabelo, desde 1988 a Constituição
Federal já assegura os direitos desse segmento social, porém, o país continua
atrasado e falta um investimento mais expressivo na área.
“Por isso, esse encontro vai debater a urgência do processo
de formação de professores para a área de Educação Especial. Os professores
estão em sala de aula sem saber lidar com esse público. Porque, hoje, a grande
problemática é a falta de espaços de formação inicial e continuada para eles”,
pontua.
A coordenadora colocou em relevo o trabalho monumental da
promotora, Lilian Viana Freire, que preside em Marabá a 13ª Promotoria de
Justiça de Direitos Humanos, Órfãos, Interditados, Incapazes, Pessoas com
Deficiência e Idosos. “A atuação dela tem otimizado a urgência desse processo,
no nosso município”, cita.
Durante os três dias, o público vai participar de
comunicações de pesquisas e mesas redondas, destinadas a debates de temas
específicos.
Entre os especialistas convidados estão os professores doutores
Danúsia Lago (UFSB), José Bentes (UEPA), Kátia Caiado (UFSCAR), Leonardo Cabral
(UFGD) – pesquisador de renome internacional, com estudos na Itália – e a professora
mestra Kátia Lima – pesquisadora que estuda a presença das pessoas com deficiência
no espaço amazônico.
Jennifer Viana, mesmo com dificuldades, se preparou para encarar o ENEM |
ESTUDANTES ESPECIAIS E PROFISSIONAIS DETALHAM DIFICULDADES
ENFRENTADAS DIARIAMENTE
Para o universitário, Nacélio Madeiro, 31 anos, a exclusão
social ainda é um absurdo constante na sociedade. Ele é deficiente audiovisual
e atua nos projetos do NAIA, porém, mesmo com formação em Química pela
Universidade do Estado do Pará (UEPA), não consegue uma vaga no mercado de
trabalho.
Hoje em dia, Nacélio está concluindo o curso de Ciências
Sociais pela UNIFESSPA, em fase de produção do Trabalho de Conclusão do Curso
(TCC). “Estou abordando o tema do Mercado de Trabalho e as Pessoas com
Deficiência Física. Um dos objetivos é verificar se os direitos dessas pessoas
são assegurados dentro das empresas. E se o Ministério Público do Trabalho tem
feito a fiscalização como deveria. O fato é que essa atuação é muita frouxa
ainda e favorece a negligência dos empregadores”, critica.
Por sua vez, a jovem Jennifer Viana dos Santos (22) está
encarando o desafio de ingressar na faculdade pela primeira vez, e com
disposição. Ela é cadeirante e tem dificuldades motoras devido uma paralisia
cerebral. No entanto, as funções mentais apresentam um nível semelhante ao dos
estudantes das escolas comuns.
“Eu quero passar e acredito, com fé em Deus, que vou entrar
na faculdade”, enfatiza Santos, que estuda no Curso Pré-vestibular Everest e
pode ser contemplada pela política de cotas, uma vez que a UNIFESSPA reserva
duas vagas em cada curso, somente para alunos especiais.
Novamente conforme Lucélia Rabelo, pela lei de
acessibilidade, promulgada há mais de quinze anos, os prédios públicos e
privados teriam o período de uma década para se adequarem. Contudo, a grande
parcela de deficientes ainda padece nesses espaços. As condições de
acessibilidade física – por exemplo, a disposição dos móveis e calçadas – e arquitetônica
– como portas, corrimões, rampas e piso tátil – estão fora do padrão na maioria
dos lugares.
“Porém, o maior desafio é o da acessibilidade atitudinal. As
pessoas precisam praticar a gentileza e não podem atrapalhar ou criar
obstáculos para as pessoas com alguma deficiência. Seja na fila do banco, no
estacionamento ou num supermercado”, ressalta.
NAIA TEM CONTRIBUÍDO NA MUDANÇA DO CENÁRIO DA EDUCAÇÃO
ESPECIAL EM TODA REGIÃO SUDESTE
Desde abril de 2014, o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão
Acadêmica (NAIA), ligado à UNIFESSPA, promove cursos de formação de professores
para a Educação Básica.
Atualmente, está em andamento o terceiro curso de
aperfeiçoamento – capacitando cerca de 15 profissionais da educação –, sendo
que na turma anterior, ministrada pela professora Francisca Cerqueira, foi
trabalhada a aptidão de 53 professores, para que eles possam atuar na educação
de surdos.
A organização do congresso, conforme a professora Lucélia
Rabelo, é um braço da atuação do NAIA. A segunda edição do Congresso reúne mais
de 50 pessoas, entre docentes da rede municipal e estadual, profissionais da
APAE e membros de associações. Além destes, há o corpo de docentes e técnicos
da UNIFESSPA.
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