LINDEZA DA DEMOCRACIA – A crítica
cidadã e a vulnerabilidade dos profissionais de imprensa
Anderson Damasceno
Defender os profissionais de
imprensa não é o tipo de terreno que estou habituado a andar. Uma das razões é
porque gosto de ver e saber como as pessoas agem, ou reagem, perante as
opiniões e informações emitidas pelos jornalistas de modo geral. Acredito que
essa “dinâmica”, gostaria de poder chamar de feedback, é fundamental para a manutenção da democracia.
Esse “troco”, essas reações, são
antigas. Sempre houve algum tipo de resposta dada pela população que lia, via e
assistia os jornais. Penso que a única coisa não tão nova assim é o fato da
internet, essa jovem de 23 anos, acelerar e facilitar o processo de sabermos de
quais formas as pessoas respondem.
O que “antigamente” era uma carta
do leitor à redação do jornal, hoje é um email,
mensagem ou vídeo inbox nalguma rede
social.
Pois bem, direto ao ponto (rsrs).
Esta semana tive a oportunidade
de ver algo que não me custa aqui chamar de reação/ação em cadeia. Uma cidadã se
utilizou das redes sociais para criticar as falas de um radialista dessas tardes
marabaenses. E o que ela dizia, com tom de crítica e revolta, era endossado pelos amigos virtuais. Show de pirotecnia “reveiônica” perdia de longe.
Tive que “printar” as várias
manifestações e é partir delas, em boa parte, que paro aqui pra refletir sobre
isso que eu apoio. Exatamente. Isso que apoio como sendo um dos muitos efeitos
do trabalho jornalístico casado com o mundo democrático.
Sei que, a esta altura, alguém
possa estar se perguntando qual é o conteúdo, tanto daquilo que o radialista
falou quanto da mulher cidadã postou. Confesso que não ouvi o que
trabalhador proferiu na rádio.
Segundo a cidadã, o trabalhador disse durante a programação que ela não pode ir à praia porque não está com corpo certo de ir à
praia. Obviamente que isso é uma mentira. Afinal, o radialista sequer sabia que
ela existia ou que estava a ouvir a rádio. Contudo, essa foi a interpretação
feita.
Porém, entendo que qualquer cidadão
que possua o mínimo de sanidade não hesitaria duas vezes em rotular o que ele
disse como “piada sobre gente gorda”. Só que o mundo está cada vez mais sisudo
e chato, portanto, levar piada a sério é filosofia de vida (e de morte se for
levar em conta os radicais e as radicais por aí).
Entendo também que é questionável
esse “conteúdo” dentro veículos de comunicação. Só que existe uma infinidade de
variáveis. Vão censurar? Piada em relação à mulher gorda é crime? Alguém
já ouviu por aí as anedotas que falam de sobre homem gordo, meeeee?
São muitas questões a serem
levantadas e, clarividente, não levo em conta boa parte da ideologia feminista
por trás das problematizações que entendo que existem, inclusive muitas
contrárias ao que critico neste texto. Ou simplesmente problematizações de
gente abusada mesmo! Afinal, basta eu, um conservadoooor, falar pra então aparecer
um bando de inteligentinhos que sequer leem outras coisas, que não sejam uma lista
de livros e artigos do professor progressista militante, milindranú nos comentários.
Enfim, a vulnerabilidade do
radialista, a meu ver, ou de qualquer outro repórter, está no fato do sujeito
não poder esperar o mínimo de bom senso de quem o ouve, o lê, o vê. Pois,
ainda que ele esperasse que as pessoas levassem na esportiva, sinto muito dizer mas isso é coisa raaaara
hoje dia, especialmente no meio dessa gente problematizadora!). Aliás, ninguém
em sã consciência pode proibir o povo de ir à praia, exceto por efeito de lei,
o que não vem ao caso. O Brasil é um país livre.
Também é vulnerável por ser vítima de violência simbólica ainda maior do que aquela que dizem que ele fez. Porque, a difamação e a injúria que ele sofreu nos comentárias são simplesmente injustificáveis. Um verdadeiro linchamento inconsequente. Só que poucas pessoas ainda conseguem se espantar quando a capacidade das pessoas tornarem quem faz piada num monstro execrável. Nos comentários conseguiram desumanizar o cara completamente e sem chance de defesa.
Rapá! Antes que eu descambe aqui
no mimimi, fica meu protesto pelo fato dos trabalhadores de imprensa serem
muitas vezes o “Cristo” linchado em via pública, e ao alcance de milhares de
algozes, a poucos toque de distância num aparelho celular. Basta ter net, né?
Esse produto malvaaaaado do capitalismo.
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