NACIONAL ENERGY

terça-feira, 5 de setembro de 2023

...QUE NEM GENTE GRANDE

...QUE NEM GENTE GRANDE

 

[...]

Soneto infame, sátira elegante;

 

Cartinhas de trocado para a freira,

Comer boi, ser Quixote com as damas,

Pouco estudo: isto é ser estudante. 

Gregório de Matos

 

Anoiteceu...

 

Já deitei minhas pérolas aos porcos.

Dei uma aula muito ruim.

Senti os zumbidos

E as serpentes

Falando de longe,

Do outro lado,

Do abismo que nos separa.

 

Senti a grade da prisão...

O soco no peito duro,

De dentro pra fora,

Forçando o meu externo.

Constante pressão na caixa torácica,

A voz rouca no fim no dia,

A incerteza como agonia.

 

Num segundo,

A maioria dos rostos não tinham faces.

Era uma classe

E a burocracia,

Somada à apertada

E à nova forçada de planejamento,

Fizeram minha fala e meu ofício

 

Passar minutos no limbo.

Que lugar era aquele?

Cresceu dentro de mim,

Como paredes que há muito tempo

Iam se construindo,

Sem, contudo,

Eu (me) perceber.

 

Foi uma nova sensação:

De um lado, o desafio

De construir com o novo.

Do outro,

O meu eu parecendo não saber

O que faz,

Nem como começar de novo.

 

Foi o grogue da idade?

Foi o muito sol na moleira,

De um dia abrasado no campo?

Foi a dor de cabeça,

Talvez da insolação?

Foi a parada do remédio de dor de cabeça,

Tomado um pouco antes do horário da lição?

 

Mas, eu havia planejado...

Coisa de anos até.

Sei que sou experimentado,

E carrego um pouco de saber.

Conheço o que posso falar,

E de seu poder de acontecer.

Compartilho o que há pra compartilhar,

 

Sendo pago –

E muito bem pago –

Pelo meu ofício de dizer,

De dirigir caminho a boas consciências,

De fazê-las conhecer,

Entregar a elas a boa parte,

Pela arte do bem querer. 


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