CONFERÊNCIA CRESCIMENTO SOBRENATURAL

CONFERÊNCIA CRESCIMENTO SOBRENATURAL
No próximo sábado (26), a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) do Bairro Independência, sede da Região 337 em Marabá, será palco da Conferência Crescimento Sobrenatural, um evento que promete reunir fiéis e líderes religiosos em uma programação especial.

segunda-feira, 31 de março de 2025

SONHOS DO DISTANTE

            Não vou morrer sem dizer que os lugares por onde mais andei não tinham chão. Eram caminhos de vento e meus pés sujos. Ora tinham forma, enredo de sonhos, ora eu simplesmente os esquecia... sem saber o porquê.

Acho que eram lugares que se moviam. Que também tinham pés. Partiam como se fossem compor enredos dentro de algum esquecido nunca-mais. Dentro de outras crianças e adultos, mais testemunhas de seus esquecidos nunca-mais.

Eu esquecia, talvez, acreditando que em algum momento eles voltariam a me visitar. Seria gostoso andar por eles de novo. Afinal, eram meus. Eram eus. Na verdade, eu é quem seria quem os novamente poria os pés. Faria novas andanças, sujaria ainda mais os pés.

            Ledo engano... Depois que as fantasias aportam em nosso cais e zarpam, segue-se diante delas uma mar de esquecimento.

            Mas, recordo que fui fondo... Viajei por novos lugares, pelas sombras do imaginado. Caminhei em fantasias de videogame, em arquétipos de filmes e até em ficções da TV aberta. Mas as grandes viagens não foram essas de produtos de massa. Salve a elas. Mas não foram.

Os caminhos mais intermináveis pelos quais percorri nunca tiveram fim. Não dado por mim. Porém, tiveram seus pontos finais das mais variadas formas. Para atender alguém no videogame, vida de trabalhador, ou para atender ao chamamento de alguém da família.

Quantas vezes eu estava brincando de pensar, miguilineando, e o corte do sonho veio, abrupto, até por um pássaro que o olhar pegava, involuntário, impressionável. E devo isso a mim. Contemplado de pássaros. Devo lembrar que muitas vezes esses bichos de asas foram os pontos finais de algum bicho-sonho que me instava.

Tiveram muitos buracos que foram abertos, entradas para algum tipo de nunca-saberei, que só lembro de ter neles caído. Não importava o lugar: durante a aula no ensino médio ou faculdade, trocando um CD no Play 1, chegando em casa de um evangelismo ou aguardando que copiassem a lição de Filosofia da Arte no quadro. Eu... tudo, dando certo ou errado. Sentado, rodeado de barulhos, ouvindo os silêncios de uma nova queda.

Talvez, eu escreva essas linhas na esperança de nunca me permitir não lembrar. Devo a mim lembrar: que todas as vezes que dei saltos no imaginado solitário, voluntarioso, eu estava abrindo ali os sonhos do distante. Como alma que procura vida... com uma vida procura a alma.

E como procura. Desde a criança no fliperama ao servidor público que ama sua fé, a caminhada segue sua quilometragem. Eu me tive pelos caminhos do imaginado. Vivi as travessias dos sonhos de quem dorme acordado. Quem sabe ficaram tatuadas na tábua do coração. Contudo, perdoem-me o prefixo, inxergáveis são. Acho que, embora perdidas de mim, um dia foram minhas: suas geografias, suas histórias, suas filosofias, todas as linguagens do onde-não-se-andei.

Fato é! Foi pensado, logo, foi sentido! Não contei suas horas, não escrevi as tantas fantasias que me levavam embora, longínquas, mas todas tão dentro de mim, entijolando a mente. A todas elas que nunca dei nome, saibam: elas foram embora, contudo, foram elas que me levaram pra mais perto de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário