NACIONAL ENERGY

terça-feira, 18 de julho de 2023

MONOBLOCO ALZHEIMER

POEMA - MONOBLOCO ALZHEIMER 

Anderson Damasceno

 

Como é difícil seguir sendo esquecido exatamente por quem mais amamos.

Sentir que aquele olhar não existe mais do mesmo modo quando o encontramos.

Saber: tudo que (se) passar não vai somar com o tudo que já passamos.

Ouvir cada fala distante, larga... e bem diferente do que já ditamos.

Tocar a pele tão conhecida, mas que não lembra o quanto a tocamos.

Abraçar com força aquela vida deixando de ser a vida enquanto abraçamos.

Entrelaçar os dedos da mão tão querida que não entende porque entrelaçamos.

Beijar a testa seca ou úmida – como era nos dias em que a beijamos.

Cheirar o tom dos cabelos (brancos) cujo perfume não saberá que o cheiramos.

O ser que foi personificado nos seus cheiros não recordará do meu nariz em prantos,

Não lembrará que foi por muitos dias que banhei com o mesmo sabonete que usamos.

Compartilhar os perigos da vida com a mesma dor-adrenalina em que compartilhamos.

Prestar o favor em qualquer hora do dia sem ser favor o preço que pagamos.

Comer acompanhado a melhor comida que por acaso era a que mais gostamos.

Ver o prato secando à medida em que se ia a fome com que almoçamos.

Passear na praça comprida e que foi ficando pequena com o passar dos anos.

Se eu soubesse que o dom da vida a faz menos sofrida quando aceitamos,

Aceitamos que em cada partida não é só a vida que vai nos deixando,

Deixando vai a mensagem que trazemos pra plantar enquanto acabamos:

Há um milagre feito para cada dia e que é muito preciso colher sem planos. 


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quarta-feira, 12 de julho de 2023

LIVRO FÉ QUE PENSA - NOITE DE AUTÓGRAFOS COM PASTOR RONISTEU



O livro “Fé que pensa” foi lançado em abril deste ano. Ele é o 5º título de autoria do pastor Ronisteu Araújo. E teve sua noite de lançamento, realizada na Igreja do Evangelho Quadrangular do Bairro Independência, em Marabá. 

Fiz a revisão do livro e foi uma experiência única analisar a estrutura do texto, a apurada escrita do autor.

O pastor Ronisteu se debruçou numa temática muito urgente para estudantes de ensino médio, universitários e para quem ama estudar a palavra de Deus.

Fé, ciência, cosmovisão, apologética... são cerca de 70 páginas robustas de conteúdo.

Garanta já o seu exemplar da obra “Fé que pensa”, pelo contato (WhatsApp) 94 99137-9036. E tenha acesso a boas reflexões e argumentos seguros em defesa da fé.


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terça-feira, 11 de julho de 2023

AMOR EM CASCA - POEMA

AMOR EM CASCA - EPITALÂMIO


Anderson Damasceno


Encontre a mulher do teu amor e siga em frente.

Pegue as rosas, roube as flores pelo caminho...

Você sabe que todas ficarão lindas do lado dela,

Porque é ela.

 

Tome-a pela mão, puxe-a para caminhar, escreva teu carinho...

O tempo é o que pouco importa,

O lugar pouco importa qual é,

Ela é quem importa.

 

Cheire os cabelos uma vez mais

As ondas, onde há cachos e onde cachos não há.

Enterre neles tuas mãos, teus dedos, massageando com as digitais sob os fios e o crânio,

O crânio todo deste ser.

 

A vida que não te abraça, que não te colhe, que não te aquece...

Tem tudo isso nela.

É gratuito e tem fim. É fortuito e nada mais há que valha assim.

Que interessa se quebrar o punho da rede?

 

E se for no sofá, nos sofás, a cabeça pendida no fim da noite,

O silêncio que se escuta apesar do barulho da TV,

Do carro passando na rua...

Você já é mais que a poeira do dia deixando o corpo dela no banho.

 

Se é sem cor a escuridão da madrugada, e mesmo assim você a vê.

Agarre-as com os suspiros, com o fôlego que vem a cada fração de tempo.

Volte a dormir e escute o ar quente da paixão inflamada –

Que vai ser apagada no sono até o amanhecer.

 

E que vida é essa?

Que mão é essa que te prende deliciosamente e não te para?

Deixado os dedos na pele, e segure pra nunca mais deixar ir.

Faça doer mesmo que não pareça existir medo algum de te deixar louco o perder.

 

Canta pra ela, mesmo que tua voz não preste, e tua harmonia seja mal rotulada, bem ou mal avaliada.

Os olhos podem revirar, o gracejo pode vir, a piada...

Se lance, viva, mas não se sufoque.

Construa as estradas que você irá andar com ela.

 

E a fúria dos desencontros?

Morda tua nuca se conseguir, mas não permita que tua mente te afogue nas amenidades.

A impetuosa paixão, que não aceita ter lugar com a lascívia, está em esqueleto:

Sustenta teus músculos do peito, liga teus tendões acima das doenças.

 

Vá beijá-la! Não sucumbe!

Crave as unhas no amor da tua vida. As mesmas unhas que ela cuida.

Arranque da face negra todo os anos do desmerecer, da indignidade.

A crueldade é maior a cada segundo que passa.

 

Curve-se perto de seus pés, reclinado, e puxe seus dedos.

Estale, um a um,

Passe a outro, e outro, e ao outro pé. Desça a perna ao chão e erga a seguinte.

Tá em tuas mãos. É com tuas mãos que se faz, mãos que tecem este tempo, em que se estala um: “Estou aqui.”.

 

Em que degredo estive?

Fale a ela, espuma e mar por sobre ela, enxarcando cada som compressivo, ondular, propagado, e endereçado aos tímpanos.

Processe os sinais acústicos da fala que fala, vasculhando imprintings no cérebro dela, varredurando as funções superiores da mente,

Sons capazes de construir todo o teu rosto de amor na mente jardinada que ela tem.

 

A mente jardinada que ela tem te fez flor.

Homem, flor, raiz, minério, sol, seiva, ela...

Cave maxmartinamente que seja, mas cave. Cave policarpicamente, mas cave.

Ela-flor, enegrecida, mais que bela, maturada, plantada com os dedos de tuas mãos.

 

Grite e faça som... estrídulos que se somam ininterruptamente.

Faça!

Só não aceite o vazio se estabelecer nesse caso de amor que só agora é e só agora pode ser depois de tantos anos que é.

É audível teu sussurro no ouvido dela dando o boa noite em despedida – e que não quer mais se despedir.

 

E se quer seguir assim...

Nessa loucura do sem saber, enlouquecer-se e crescer com e pelo teste do tempo e do fruto.

Tu e ela são frutas, de sabor que se mastiga, integradas à vida, no guaraná da Amazônia.

Vem e sonha teu ser junto com ela, para que seja então o Ser de tudo aquilo que vocês ainda não conseguem mensurar.

 

Vem com a morte do arrependido.

Vem com a fé pura do convertido.

Segure-a pela mão, a dela espalmada na tua, soltando de vez quando pra enxugar o suor no cruzamento dos dedos.

Vem com a fé, o filho, a filha, em sonho, em vida.

 

O ser que sou capaz de amar,

Ela me aguarda dormindo agora, nesta hora em que não estou com ela.

A vida segue longa nesta madrugada, mas não me para nem me cancela...

Quero o meu desacordado amor, e sobreviver ao contra-desacordo do tempo que nos separa.

 

E há tanta intriga nesse nó.

Desenrole, faça o desenlace, vaqueje seus atrasos, enlace seus medos, amarre-os, dominados.

Da prisão do curral, saia batendo o pó para receber das mãos da mulher que você ama o copo d’água.

Em cada passo que você for avançando, lembre-se que cada passo também está te distanciando exatamente disso que você busca.

 

Olhe a paixão de forma cruzada, atravessada no peito, consumindo cada bombeada do sangue dos ventrículos.

Compressivamente, é ela quem te aperta.

E sistolicamente ela é quem te faz jorrar pra vida, teu sangue oxigenado pela emoção dos dois.

Talvez você não saiba, mas ninguém mais há que te faça respirar assim novamente.

 

E ganhe peso na tua busca.

O peso de quem ama é a única base forte em que os pés dela poderão se sustentar um dia.

A dor dos anos sós, insistidos e esperançados, chorados com tanto sal e silêncio, travesseirados...

Execute a confissão do teu amor por ela no altar. Se não for, há de matar por asfixia do amor quem só te há de amar. 


segunda-feira, 10 de julho de 2023

POEMA – PONTO FINAL

POEMA – PONTO FINAL

Anderson Damasceno

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Fim.

Acabou.

É morto.

É museu.

É passado.

Já aconteceu.

Não volta mais.

Não existe hoje.

Até existiu um dia.

Mas ser desexistido...



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PENSANDO EM VOCÊ I

            Você já ouviu alguém dizer que para o amor não tem saídas? Ainda no século XVI, a história de um velho sessentão, que ficou perdidamente apaixonado por uma jovem moça, contagiava os espectadores nos teatros de Portugal durante a ascensão do humanismo. Velho e enamorado, combinação mui louca e até destemperada para época. Por isso mesmo, o seu sabor foi “inimitável”. “Original”.

            Como o Brasil foi alvo de exploração portuguesa – e olha que até hoje eles são por demais orgulhosos, no que diz respeito a esse passado que frequentemente lemos nós livros de história – então, nada é mais normal do que nosso país receber uma herança, da história amorosa que semeou o coração dos portugueses. O amor fechado. Hermético. Por conta disso, o estilo de amor que grande parte do mundo vive, precisamente a parte do mundo chamada Brasil, mais aprisiona do que liberta. Mata invés de gerar vida.

            Será que Deus pensou em tudo isso? Por que Ele mandaria à terra seu Filho pra ensinar um amor libertário, muito antes da existência de um país cujo povo acredita num amor que não tem saída? O Brasil seria o que é hoje se amor fosse visto sem desengano? Há maior desengano que dar ao amor uma cara que ele não tem?

            Quando falo Brasil, falo os casais de hoje, homens e mulheres, moças e rapazes, perpetuando a crise de amor que aquele velho sessentão, que entende menos de hortaliças que de sentimentos sem ilusão, passou. E quanto maior não é a dor desses casais... Por que não param para pensar que essa conduta de amor é algo para se renegar? Ou por que não pensam em parar e dar uma olhada no lugar onde existe um amor que a ninguém quer fechar. Fechar em crise; muito menos em mentirices.

            Ah, o que o Senhor Deus pensou nunca saberemos só nesse momento. Mas, em quem Ele pensou tá mais claro que um quadro de pintor realista. Que caiam as falsas representações! Que o amor do mundo não traga mais nojo aos corações. E viva o homem a melhor das emoções. Aquela que o Senhor Deus pensou; destinada a quem o Senhor Deus pensou. Nós. Sim, por que não nós!? E por que não refletirmos sobre isso hoje?

            “Penso que não sei amar!”; “Penso que não sei viver!”; e outros tortos pensamentos rondam as mentes tanto dos mais pueris em atos de amor quanto dos mais galantes quem se acham um beija-flor. Isso vale para as galanteadoras que sem tem pelo mundo aí afora! Claro que hoje em dia tá difícil confessarem os certos pensamentos; quem dirá os tortos. Confessados ou não, nós os sabemos. Tem muito homem e mulher zanzando crente de que ninguém sabe que seu amor é infeliz. Afinal, eles não fazem loucuras de amor? Aparecem na mídia, não é mesmo? Mas, como é um amor que não tem saídas; sem soluções para a vida ou para se ser feliz de verdade; é só dar fim no contrato, digo, divórcio. Isso quando há um casamento antes. Eles findam o casamento ali, mas continuam na prisão de um amor mundano, que pintaram para eles sendo belo, só que em nada perceberam o quanto se metiam em uma cela. O amor fechado; um feio amor.

            Ai, que triste! Já é o fim. Não pra nós, pois, a terra ainda se move, e com ela também o coração do nosso Senhor Jesus. Ele é a saída. Tá esperando o quê? Ame-o! Liberte-se!