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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Páscoa

            A imprensa marabaense se solidarizou, no último fim de semana do mês de março, com o caso Tina Santos. A população também não ficou atrás. Ela, mulher e jornalista, durante uma vistoria policial teve o braço esquerdo quebrado, devido à brutalidade aplicada por um servidor público, membro da polícia militar que compõem o GTPM – Grupo Tático da Polícia Militar.
            Justificável ou não, abusivo ou não, vale lembrar que esse fato aconteceu justo num mês tão simbólico para as mulheres.
            De um lado, houve solidariedade, do outro, repúdio e indignação. A pele do policial militar – cabo V. Fernandes – que praticou a crua abordagem está sendo “escorchada” em praça pública. Ora com o bisturi da mídia, ora com a gilete da opinião pública.
            Fica difícil tecer algum juízo sobre esse acontecimento. Eu não estava presente no local do mesmo modo que mais de 99% da população de Marabá. Tudo o que sabemos vem das duas versões principais: a mulher fraturada e o PM intransigente.
            Nesse caso, fraturada e intransigente, são condições cada vez mais fluídas à medida que as versões das testemunhas oculares começam a entrar no problema. Há quem viu o ocorrido e desaprova o feito brutal, todavia, há quem assine tudo como um mal necessário.
            Bem, não que eu queira favorecer a mulher como injustiçada e desfavorecer ao polícia como autor da fria injustidade. Mas, entendo que a maioria vai julgar de acordo com suas máximas, “Ninguém merece ser tratado com violência”; “O poder sobe a cabeça de algumas autoridades e de muitos policiais”; “Homem não bate em mulher”; “Homem não pode revistar mulher”; etc. Agora, se a maioria está sendo justa, disso não temos garantia.
            A verdade é que as controvérsias pesam para os dois lados.
            Há boatos de que ela estava bastante alcoolizada e, por conta disso, desacatou o PM – e sabe-se lá até que ponto alguém no desempenho de seu trabalho suporta insultos e abusos –; doutra feita, as línguas também condenam a falta de preparação da PM que tanto não soube proceder nessa ocasião, como cometeu um erro primário, isto é, não levou um soldado do sexo feminino para apalpar as de igual sexo.
            Enfim, o caso Tina fez me lembrar da páscoa. Isto é, da grande passagem que Deus nos permite viver.
Pra ser mais claro, o polícia que a fraturou me trouxe a lembrança algo sobre o apóstolo Paulo. O capítulo 8 do livro de Atos dos Apóstolos nos mostra um relance de quem este homem era. Um perseguidor da igreja, Saulo de Tarso. Servia às cegas a religião acreditando que fazia o trabalho de Deus. Era assim que Saulo, homem que um dia passou por um encontro com Jesus e tornou-se Paulo, vivia naquela época.
            Sobre ele, após assistir sem nenhuma antipatia os covardes assassinos de Estevão, discípulo de Jesus, os versos de 1 a 3 citam:
            “Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria. Alguns homens piedosos sepultaram Estevão e fizeram grande pranto sobre ele. Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pela casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere”.
             Se assim fora com Paulo, por que razão não podemos crer que um PM se refaça através de Jesus? O caminho está aberto. Paulo, o polícia acusado, ou qualquer homem, ou mulher, podem vir. Atravessem o caminho desse mundo com Jesus. Nossa festa está do outro lado.

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