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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

COMISSÃO DA VERDADE DO PARÁ - Nos mês de dezembro, 40 processos vão ser julgados em Belém


Comissão faz caravana na região do Araguaia, em cidades como
Palestina e São Geraldo, registrando depoimento de vítimas






Segundo registros, Baiano, que está ao lado
da esposa, foi o primeiro camponês a ser
aprisionado durante repressão
Na manhã de sábado último (14), membros da Comissão da Verdade no Estado do Pará realizaram reunião com vítimas da repressão ocorrida durante a Guerrilha do Araguaia – anos 69 a 74 –, no auditório do Campus I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), situada na Folha 31. O encontro foi marcado pela gravação de depoimentos do público, formado por mais de 120 pessoas, a maior parte delas idosas, representando a memória de camponeses, ex-soldados, indígenas e outros personalidades.
O evento iniciou ainda a primeira caravana que, nesta semana, faz percurso até a região do Araguaia, ouvindo outra parte da população vitimada pela repressão política.
Segundo Paulo Fonteles, coordenador da Comissão, a boa notícia é que, em Belém, nos dias 10 e 11 de dezembro, cerca de 40 processos de moradores dessa região serão julgados, o que vai permitir a reparação moral e financeira de quem sofreu.
“Com esses registros, estamos formando uma opinião da Comissão da Verdade do Pará com relação ao problema da Ditadura. Na segunda-feira (16), vamos para Palestina do Pará e terça-feira (17) para São Geraldo. E, em conjunto com a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, temos uma caravana para a capital, na luta pela reparação”, afirma Fonteles.
Deputado Beto Salame disse que vai defender,
diretamente no Congresso, o direito
das vítimas da Guerrilha
De acordo com o deputado federal, Beto Salame, existe uma tentativa da Direita e dos grandes grupos econômicos em acabar com esse debate. 
“O Estado brasileiro, mais importante que reconhecer, tem que fazer a reparação do que aconteceu na história, especialmente, na nossa região. Como militante político me sinto muito à vontade em fazer intervenção, no sentido de que o Estado faça não só a reparação daqueles foram os heróis da revolução, mas de quem foi vítima, como o pessoal nesta sala”, observa.  
Na ocasião, uma equipe de cinema efetuava gravações com a finalidade de produzir um documentário.
Além de Beto Salame, a mesa da comissão foi constituída por Fabio Pessoa, professor de História da Unifesspa, Emmanuel Wambergue, francês que vivenciou o drama dos populares, Sezostrys Alves – presidente da Associação dos Torturados na Guerrilha do Araguaia –, Célia Maracaja – representante do Grupo de Trabalho Indígena na Comissão da Verdade – Marcelo Zelic, convidado que é membro do grupo “Tortura Nunca Mais” em São Paulo.
Em seu discurso, Marcelo Zelic enfatizou que a Comissão Nacional da Verdade encerrou os trabalhos em dezembro de 2014, e agora, a Comissão do Pará é a única atuando em todo o país. Ele participa da Comissão de Justiça e Paz, e trouxe material com cerca de 400 mil páginas em documentos, levantados pela Comissão Nacional da Verdade, para fomentar os debates sobre o Regime Militar nos cursos que ocorrem na Unifesspa.
Por sua vez, Ana Maria Oliveira, a única paraense membro conselheira da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, defendeu que a faculdade deve abrir as portas com mais expressividade para esse período da história nacional e estadual.
"Prestem atenção nas eleições. Não se deixem enganar por aqueles que chegam lá na véspera da eleição pedir o seu voto. Vejam quem realmente acompanha vocês em toda a trajetória. A reparação financeira é a menor. Temos que fazer a reparação moral. É o pedido de desculpas do Estado”, destaca.
Por toda a tarde, duas salas foram reservadas para filmagem e no domingo (15), as atividades continuaram nos Campus 3. 


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