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terça-feira, 17 de março de 2020

POEMA - Amo também a dos heróis (Anderson Damasceno)


POEMA - Amo também a dos heróis

VOZES DA POESIA

A poesia tem disso,
Nasce num minuto,
Morre no segundo seguinte.
Mas se quiser dura o nunca,
Eternizando tudo o quanto efêmero é.

Sim, foi Cecília.
E quanta gente continua deixando
– Caindo, despencando –,
As horas do próprio rosto,
Sem dar por isso, sem se dar pela beleza que passou?

Força arguta,
Quem de nós haverá de pará-la,
Ainda que só um pouco,
Ainda que só por um momento,
E encontrar nela algo para o próprio sustento?

Sim, foi Drummond.
E quantos mais não passam fome por aí?
Gente que deixa de lutar contra os javalis.
Consegue nem parar,
Ouvir e, então, busca saciar a alma faminta.

Ave fome bruta!
Raiva, que bate e borda, alta
A lasca, a flepa, enfiada
Crua no dedo,
Dor de ontem, de hoje, que nos faz inquietos.

Ave o professor de análise sintática!
Se a poesia é marginal,
Problema de vocês,
Isso não é impedimento,
Amo também a dos heróis.

Anderson Damasceno

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