CONGRESSO ESTADUAL DE JOVENS QUADRANGULAR

CONGRESSO ESTADUAL DE JOVENS QUADRANGULAR
O Congresso Estadual Setorizado de Jovens "Mais de Deus" está chegando para transformar corações nos dias 18 e 19 de julho de 2025. O evento, organizado pela Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), campos 158 e 337, será realizado na região e contará com uma programação especial.

segunda-feira, 2 de março de 2015

DIA DA MULHER - Grupo Arco-Íris da Justiça realiza evento "Participando sem medo de ser mulher"

Ao lado da presidente do Arco-Íris da Justiça, Rosalina Izoton, mulheres que 
são parte do projeto, Maria Santos Melo, Normaci Brito e Raimunda da Silva

Artesãs do grupo conseguem incrementar renda familiar durante eventos







































No próximo final de semana, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, importante data que marca a longa luta por direitos e conquistas do segmento feminino na sociedade. E, nessa ocasião, o Grupo de Mulheres Arco-Íris da Justiça, situado no Bairro Laranjeiras – núcleo Cidade Nova, promove dois dias de ações exclusivas para o público feminino. O convite é aberto a todas as mulheres da comunidade e vai envolver palestras, momentos de lazer, avaliação da saúde e outras atividades.
O Arco-Íris da Justiça, associação que hoje reúne mais de 150 mulheres, vai completar 11 anos de fundação em maio de 2015, e para celebrar a passagem do dia de reivindicações, traz como tema do evento “Participando sem medo de ser mulher”. 
Na manhã do dia 7, sábado, ocorre o 3º Passeio Ciclístico. Logo às 8h, vai iniciar a formação do pelotão em frente o prédio da associação.
“Isso vai ser apenas a abertura. Não precisa se inscrever, basta vir aqui com sua bicicletinha. A pedalada das mulheres vai passar pelas ruas do Laranjeiras, Liberdade, Novo Planalto. Teremos um carros de som e equipes em outros veículos para dar suporte às mulheres”, detalha Rosalina Pereira Izoton, presidente do grupo.
A pedalada tem como objetivo sair pelas ruas da cidade difundindo a luta por justiça social e políticas públicas, destinadas às mulheres, em áreas como a saúde, segurança, profissionalização e escolaridade.   
Já no dia 8, domingo, a partir das 9h começa uma vasta programação endereçada ao segmento feminino, no Ginásio Poliesportivo Manoel Paulino Alves, o “Dequinha”, mais conhecido como Ginásio da Escola Dezuita.
Momentos de lazer envolvendo danças e desfiles, limpeza de pele e maquiagem, bem como o atendimento à saúde da mulher – com profissionais cedidos dos postos de saúde municipais.
“Vamos ter o encaminhamento de mamografias, de PCCU preventivo (Exame de Papanicolau), exames de diabetes e outros. Teremos também um clínico-geral e, possivelmente, um ginecologista, atendendo até às 14h”, pontua Rosalina Izoton.    
Também vai ter um espaço aberto à exposição e vendas de artesanatos, produzidas pela equipe de artesãs da entidade.
“Há muitas artesãs em Marabá. E estaremos abrindo nessa data, assim como nas que já passaram, para elas mostrarem o trabalho e venderem o material, de forma que isso incremente a renda familiar delas”, observa.  
Além disso, sorteios e brindes vão surpreender a data comemorativa. O desfecho do encontro vai ser marcado pelo grande almoço.  

ABRALIN - Estudantes da UNIFESSPA participaram de Congresso Internacional em Belém


A caravana de Marabá era formada por 10 alunos e 4 professores. Na foto,
amigos do curso tiram tempinho para registrar a presença de Marabá

Stefane Suzuki, Avelino Rodrigues, Allana Gândara
Bruna Dias (agachada) fazem diversão no evento






Doutora Isabel Rodrigues orientou os
discentes durante evento em Belém
 
Universitários de Marabá participaram do IX Congresso Internacional da ABRALIN – Associação Brasileira de Linguística, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (UFPA) durante os dias 25 e 28 de fevereiro. O grupo de estudantes faz parte do curso Licenciatura plena em Letras da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Campus I, situada na Folha 31. Eles ficaram hospedados na Cidade Universitária Prof. José da Silveira Netto, localizada na cidade de Belém do Pará.
A caravana de Marabá, formada principalmente por dez estudantes das turmas de Letras Inglês e Português, recebeu a companhia da Doutora Isabel Rodrigues, professora que lecionou algumas disciplinas para as turmas.  
Segundo Avelino Rodrigues, da turma Letras 2011, a experiência adquirida, tanto por ouvir profissionais de longa carreira quanto interagir com outros universitários e suas pesquisas, se torna um crescimento intelectual de qualidade. 
Houve quatro diferentes modalidades de participação no Congresso: coordenador de Simpósio Temático, apresentador de comunicação em Simpósio Temático, apresentador de pôster e ouvinte. É preciso ser sócio da ABRALIN para inscrever-se no Congresso nas duas primeiras modalidades, porém, não é necessário ser sócio para participar como ouvinte.
Entre as alunas da turma em Língua Inglesa, que foram ao evento, estão Lia Silva, Karina Borges e Najara Souza, enquanto Avelino Rodrigues, Allana Gândara, Stefane Suzuki e Bruna Dias são do curso em Língua Materna.
Nessa edição, o congresso abordou mais de 20 eixos temáticos.
Os universitários puderam aprimorar seus conhecimentos em áreas como Análise do Discurso, Aquisição da Linguagem, Dialetologia e Sociolinguística, Ensino/Aprendizagem de Línguas, Filologia e Linguística Histórica, Fonética e Fonologia, Gêneros Textuais e Discursivos, Historiografia da Linguística, Linguagem e surdez, Linguística Computacional, Neurolinguística e Neurociências Aplicadas à Linguagem, Semântica e Pragmática, Política Linguística, Psicolinguística e Semiótica.


Avelino Rodrigues faz pose com alunas da
turma de Letras Língua Inglesa



CINE MARROCOS - Projeto da Fanfarra Municipal melhora comportamento e desenvolvimento intelectual de alunos

Cerca de 200 estudantes aprendem técnicas da arte musical





















O projeto da Fanfarra Municipal de Marabá, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult) por meio do Cine Marrocos, tem alcançado alunos de escolas distantes do centro da cidade. Em 2015, a ação de ensino musical planeja alcançar cerca de 200 estudantes, matriculados em diferentes séries do nível fundamental, para participarem das aulas que ocorrem quatro vezes por semana, em escolas como CAIC, na Folha 6, e Oneide Tavares, Folha 30.  
Os professores instrumentistas, Xavier Donaldson e Esther Lima, lecionam às segundas, quartas, sextas e sábados, aulas teóricas e práticas que abordam as técnicas próprias dos instrumentos da fanfarra.
“Trabalhamos com alunos que também vivem em um lugar de risco, muito pouco favorável ao desenvolvimento educacional. Mas, com empenho deles e o despertar da arte musical, eles tem visto novas formas de contornar os problemas que enfrentam”, acerta.
O projeto começou em 2014 e, neste ano, um dos desafios da fanfarra é desfilar com o uso de balizas e outros elementos que incrementam as apresentações artísticas.
Além das aulas de música instrumental, as atividades estão sendo ampliadas para outros gêneros de arte. Um professor de dança tem aprimorado o currículo do alunado.
Ainda segundo os professores, os relatos sobre o resultado das lições demonstram que o projeto está ajudando muitos pais e alunos. 

“Desde que agente começou a dar aulas, as notas melhoraram, o comportamento também e a dedicação deles nem se fala. Inclusive, boa parte dos alunos já participou das atividades da Semana da Pátria, no ano passado”, pontua Lima. 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

PSIU! EI, GOSTOSA! - Enquete mostra o que as mulheres de Marabá pensam sobre cantadas e o limite delas


Até onde vai um simples psiu? Ser alvo de cantadas de amigos, de recém-conhecidos ou de estranhos é o tipo de experiência que as mulheres não esquecem facilmente. Porém, a cena não é sempre tranquila e passageira como se pensa. Todos os dias, em algum lugar da cidade, aparecem aqueles caras que ultrapassam os limites.  
Para muitos, por exemplo, quando chega o mês do carnaval é o mesmo que dizer “A temporada de pegação está aberta”. Considerado o maior festival a céu aberto do Brasil, senão do mundo, as reportagens e cenas vistas nessa semana de festividade demonstram que o nível de “liberalidade” parece subir, e se confundir com libertinagem. Isso quando não ocorrem crimes de fato. 
A enquete quis saber como a mulherada encara essa situação, haja vista que esse tratamento, tão controverso, não dura somente os dias do feriado carnavalesco. Afinal, o que elas pensam do homem que quer chamar atenção usando o “Psiu”?





Aline Gomes, 30 anos, professora de Língua Portuguesa formada em Letras pela Universidade Federal do Pará (UFPA):
“Na minha opinião, é uma forma de comunicação desrespeitosa entre um homem e uma mulher. Quando é para mim que fazem, não dou nenhuma confiança ou atenção. Porém, sei bem que existem mulheres que gostam de ser tratadas assim”.

Camila de Menezes, 18 anos, caloura em psicologia: 
“Eu vejo assim, as mulheres gostam sim de receber psiu, porque elas acabam se sentindo mais apreciadas, desejadas pelos homens. Elas gostam ouvir quando isso vem como elogio para a beleza delas. Para mim mesmo, não vejo mal nisso”.

Gabriela Silva, 26, atua na função de Técnico legislativo, formada pela UFPA:
“Existem mulheres que gostam de receber psiu dos homens, porque se sentem bem, mexe com a autoestima delas. Mas a questão, em relação a mim mesmo, eu não gosto. Porque, o psiu ele reforça um discurso que já vem a muito tempo, a mulher sendo vista apenas como objeto sexual. Quer dizer que só porque o cara viu uma mulher passando, usando certa roupa, ele se sente no direito de dar psiu e falar outras coisas maliciosas, que ofendem. Começa com o psiu, mas não é só isso. É a legitimação de um discurso machista”. 

Maria Lucia, 26, atendente de caixa:
“Eu odeio ouvir isso, acho vulgar. Mulheres deveriam ser respeitadas. Cantadas baratas assim nem merecem um pingo de atenção. Sem falar que não para nisso. Eles exageram tipo ‘Psiu! Ei, morena’, sendo que muitas mulheres, principalmente as que eles não conhecem, poderiam muito bem ser casadas ou ter algum compromisso. Não é?”

Nilva Cavalcante, 26, Assistente Técnica Administrativa na prefeitura de Itupiranga e professora de Inglês em cursos de idiomas:
“Bom, o psiu, pra mim, é um tanto intimador e intimidador. Ao ouvir um psiu, eu me sinto intimada, obrigada a olhar e, por isso, até intimidada. Na maioria das vezes eu não olho, não por querer parecer ‘difícil’, mas por vergonha da falta de criatividade dos homens, que ainda usam o psiu pra chamar a atenção. Acho que um ‘oi, bom dia’ pode ser melhor, mais sutil e até mais encantador”.


Sandy Conceição dos Santos, 17 anos, pre-vestibulanda:   
“Eu não gosto desse tratamento porque acho uma falta de respeito. Um cara aparece do nada e fica encarando a mulher. Isso é esquisito. Eu penso que se ele tem algum interesse nela deve utilizar outras formas pra isso. Formas mais educadas”. 

Shara Farias, 34 anos, formada pela Universidade Federal do Pará e professora há quase 15 anos: 
“É comum a gente ouvir o consenso entre as mulheres de que o psiu significa que você é bonita, ou está mais arrumada, ou com corpo em forma. Os homens mexem com a gente na rua. É tipo um termômetro para saber se está legal ou não. Eu, particularmente, odeio. Nunca gostei, nem quando eu era adolescente. Sempre me senti desrespeitada, pois, a impressão que tenho é não passo de um objeto, um pedaço de coisa, e que estou expondo. Parece que sou obrigada a ser exibida. Enfim, eu penso que outras formas de elogiar. Às vezes, um simples olhar demonstra o elogio”. 

Silviane Braga, 2 anos, formada pela Universidade Estadual do Pará (UEPA) e leciona Química:
“Não gosto de psiu. Pois, quando o cara está querendo conhecer uma mulher, ou quando acha ela bonita, existem formas simples de demonstrar isso. Por exemplo, ele chega perto e fala ‘Olha, te achei a maior gata’. Eu dou psiu é para o meu cachorro. Enfim, mulher a gente tem que tratar diferente.” 

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

MENINOS DO TREM DA VALE - Ministério Público do Pará e do Maranhão unem forças para solucionar fenômeno

Autoridades e representantes de organizações sociais
assistem depoimentos comoventes de adolescentes













Audiência foi presidida por Lilian Viana Freire,
promotora de Justiça da Infância e
Juventude de Marabá
Na tarde de ontem (25), o fenômeno “Meninos do Trem”, que trata do transporte clandestino de crianças e adolescentes nos vagões de minério da empresa Vale S.A., foi debatido durante Audiência Pública promovida pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) no prédio da Câmara Municipal de Marabá (CMM), situada na Agrópolis do INCRA, Bairro Amapá. As Promotorias de Justiça da Infância e Juventude de Marabá reuniram órgãos públicos, organizações sociais, famílias e representantes da empresa para analisar os episódios das viagens de risco e procurar soluções.
Crianças e adolescentes deram depoimentos revelando alguns dos traumas, originados nessas idas e vindas. Juvenis de municípios tanto do Pará quanto do Maranhão detalharam as facilidades de ter acesso ao trem.

A audiência foi presidida por Lilian Viana Freire, promotora de Justiça da Infância e Juventude de Marabá. Entre as autoridades convidadas para compor a mesa estiveram presentes Aldo de Oliveira Sá e Filho, ouvidor geral do MPPA, Verena Sampaio Borges, procuradora do Ministério Público do Trabalho, Ubirajara Sompré, exercendo a presidência da CMM, e Eduardo Antônio Martins Teixeira, que é juiz da Infância e Juventude de Marabá.
Na abertura, a presidente Lilian Viana Freire ressaltou os objetivos da audiência “Meninos do Trem”. A partir do material produzido na audiência, os órgãos públicos vão traçar metas e realizar deliberações para aplicar perante o estado e a empresa mineradora.
Na galeria de honra atenderam ao convite o Bispo diocesano de Marabá, Dom Vital Corbellini, o promotor de justiça Márcio Tadeu da Silva Marquês, que na ocasião representava o coordenador da Infância e Juventude do Ministério Público do Estado do Maranhão (MPMA). Além deles, compareceram o promotor de Justiça de Santa Luzia do Pará, Lúcio Leonardo Froes Gomes, o chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Jair Barata Guimarães, a gerente executiva do IBAMA, Gracicleide dos Santos Braga, e o presidente da comissão de Direitos Humanos em Marabá, o vereador Ronaldo Yara.
Logo na entrada do plenário, havia dispostas duas mesas para inscrições, uma destinada a órgãos públicos e outra de organizações sociais. Mais de 40 organizações sociais vieram ao evento. Dentre elas, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Justiça nos Trilhos – que no grupo de seus representantes estava o advogado, Danilo Chammas.

FENÔMENO MENINOS DO TREM 
Após abertura, os presentes assistiram a alguns depoimentos produzidos em vídeo, cujas gravações foram realizadas durante oitivas na última segunda-feira (23). Segundo Lilian Freire, a intenção era ouvir o que a população sabe acerca da fragilidade do sistema de segurança da ferrovia.
No primeiro caso, um garoto revelou que desde os 10 anos de idade, por várias vezes, partiu de Marabá para São Luís do Maranhão, acompanhado de outros adolescentes. Levando apenas um pouco de comida, o garoto narrou que esperava o trem parar na estação para então entrar no vagão de minério. Nas ruas da capital maranhense, ele passava vários dias dependendo de comida de estranhos. E quando os funcionários da Vale o pegavam, era levado ao Conselho Tutelar.
“Eu ia por aventura. É fácil embarcar”, afirma o adolescente, que tem o rosto não identificado no vídeo.
A mãe, também com rosto não revelado, recorda as mais de sete vezes que o filho partiu, enfatizando a maneira fácil dele ir para o trem.
“As viagens atrapalharam estudos. Mais de seis meses lá. Eu fico sofrendo sem dormir e comer. Fui duas vezes buscar meu filho. Passei a noite toda num bar sem conhecer ninguém na esperança de encontrar”, recorda.
No segundo caso, um jovem de São Luís, já com 16 anos, começou suas “aventuras inconsequentes” aos 10 anos.
Mas, sem sombra de dúvidas, o caso mais emblemático dos efeitos desse fenômeno foi visto quando a promotora de Justiça da Infância e Juventude entrevistou ao vivo um jovem de 19 anos, que entrou mascarado no plenário da CMM pedindo para se referirem a ele pelo nome fantasia Brad Pitt.
Além de confirmar com maiores detalhes as facilidades que os menores tem de entrar nos vagões, Brad Pitt que teme sofrer retaliações, relatou que em algumas das vezes que foi pego pelos agentes de segurança da Vale S.A. sofreu lapadas de facão, coronhadas e outras ofensas. Certa vez, ele foi empurrado de cima do vagão a ponto de sofrer grave ferimento na perna, do qual ainda existem sequelas.

MP DO PARÁ E DO MARANHÃO UNEM FORÇAS PRA SOLUCIONAR
Em São Luís datam desde 2005, e em Marabá desde 2003, as referências a essa prática nominada meninos do trem. Por conta disso, os MPs dos dois estados deram as mãos para coibir o fenômeno que tem afetados centenas de crianças e adolescentes. Inclusive a parceria tem buscado informações junto aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, que também possuem estradas de ferro, e pode ser que tenham o mesmo problema.
No quadro de dados apresentados durante a audiência, em 2003, cerca de 109 menores fizeram as viagens de risco. Já em 2008 foram 195. Porém, segundo a Vale, desde 2009 esse número caiu para uma média de 17 ao ano.
De acordo com Lilian Freire, tem que se exigir da empresa medidas sérias e eficazes para coibir essas viagens, que resultam em exploração sexual, uso de drogas, haja vista que os menores vão para lugares sem amparo nenhum.
São mais de 900 quilômetros de extensão a composição da ferrovia, tendo os trens algo em torno de 3 Km de comprimento. Isso representa um espaço mais que o suficiente para que crianças e adolescentes se tornem vítimas fáceis de acidentes, lesões corporais, mortes e outras fatalidades.
O público riu de um fato que a promotora contou sobre um garoto que dizia gostar de vir de São Luís e ficar nas ruas de Marabá, porque a cidade é bonita. Porém, Freire ressaltou o grau de risco à vida da criança. 
Antônio Celso Brasiliano apresenta relatório que vai
contra posição do técnico canadense e da
avaliação do Ministério Públic
o
O discurso do promotor do MPMA, Marcio Tadeu da Silva Marquês, tratou dos direitos desse segmento de menores empregando o termo “invisíveis”. Isso porque ele entende que o poder público não tem se interessado como devia ao saber da condição de vida deles.
Marquês comentou que o trabalho do Maranhão, na capital, foi de provocar a Agência Nacional de Transporte em Terra (ANTT), porém, a entidade deu a entender que não identificou nenhuma falha na conduta de segurança da Vale.
O promotor ressaltou ainda que o espírito de aventura dos juvenis, bem como outras causas de ordem econômica e cultural, não minimiza a responsabilidade da Vale em garantir segurança dos menores. Ele criticou que a facilidade ao acesso das composições de carga do trem é de total responsabilidade da empresa. 
Para Brasiliano, o problema envolve Estado, Família e
a empresa Vale. E aponta a evasão escolar, a falta de
políticas públicas e a negligência familiar como algumas
das principais causas da condição de vulnerabilidade
que afeta crianças e adolescentes 
"Não é mais importante o resultado financeiro da Vale S.A. do que a vida de uma criança e o padecimento de uma mãe ou dos familiares. São as responsabilidades técnicas e operacionais com que a Vale pode dar cobro a isso. Então, é necessário uma postura institucional", afirma.
Marquês ainda questionou o fato da mineradora não garantir a segurança das crianças e adolescentes que são vitimados na ferrovia.
“Se a Vale tem tecnologia para saber, em tempo real, a temperatura de cada roda de uma composição do trem, não me parece impossível que se faça a vistoria com qualidade”, considera.


AVALIAÇÃO DE ENGENHEIRO CANADENSE DIZ QUE SISTEMA DE SEGURANÇA DA VALE É INSUFICIENTE 
Engenheiro canadense vê falhas do 
sistema de segurança da VALE

O parecer do engenheiro canadense, James Raymond Bertrand, foi um dos momentos mais esperados da Audiência. Depois de relatar que a Vale não contribuiu com nenhum elemento em todo o período que estudou a ferrovia, apresentou uma avaliação do documento judicial que a mineradora utiliza para orientar a parte de segurança do sistema ferroviário e transporte de minério.
Com mais de 40 anos na atuação na área de ferrovias, a avaliação apresentada por Bertrand foi aterradora.
“O relatório deveria mostrar onde as crianças subiam e onde elas sofreriam acidentes, mas nada havia. Deveria apresentar medidas para prevenir acidentes ou atropelamentos, e diz apenas que as locomotivas remotas são fechadas, só que nada fala de como evitar atropelamento. O relatório teria que dizer sobre a verificação das luzes de segurança, mas não fazia. Deveria instalar câmeras, mas a empresa se limitou”, fala o profissional através de uma tradutora.
Outro tópico apurado por Bertrand foi o relacionamento entre as crianças e agentes da Vale, ou seja, como deveria a equipe de segurança lidar com elas. No relatório não há menção alguma. Também deveria falar do relacionamento entre Vale e Conselho Tutelar, contudo, só dizia que não funciona. Deveria mostrar o relacionamento da Vale com instituições que trabalham com crianças e adolescentes, porém, há somente fotos bonitas do Conselho Tutelar e nada por escrito. 

“O canadense observou ainda que ao duplicar a ferrovia vai otimizar o tráfego de trens. E como as novas descobertas da Vale estão fazendo aumentar as cargas, vão aumentar muito mais esses problemas”, enfatiza.