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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

PSIU! EI, GOSTOSA! - Enquete mostra o que as mulheres de Marabá pensam sobre cantadas e o limite delas


Até onde vai um simples psiu? Ser alvo de cantadas de amigos, de recém-conhecidos ou de estranhos é o tipo de experiência que as mulheres não esquecem facilmente. Porém, a cena não é sempre tranquila e passageira como se pensa. Todos os dias, em algum lugar da cidade, aparecem aqueles caras que ultrapassam os limites.  
Para muitos, por exemplo, quando chega o mês do carnaval é o mesmo que dizer “A temporada de pegação está aberta”. Considerado o maior festival a céu aberto do Brasil, senão do mundo, as reportagens e cenas vistas nessa semana de festividade demonstram que o nível de “liberalidade” parece subir, e se confundir com libertinagem. Isso quando não ocorrem crimes de fato. 
A enquete quis saber como a mulherada encara essa situação, haja vista que esse tratamento, tão controverso, não dura somente os dias do feriado carnavalesco. Afinal, o que elas pensam do homem que quer chamar atenção usando o “Psiu”?





Aline Gomes, 30 anos, professora de Língua Portuguesa formada em Letras pela Universidade Federal do Pará (UFPA):
“Na minha opinião, é uma forma de comunicação desrespeitosa entre um homem e uma mulher. Quando é para mim que fazem, não dou nenhuma confiança ou atenção. Porém, sei bem que existem mulheres que gostam de ser tratadas assim”.

Camila de Menezes, 18 anos, caloura em psicologia: 
“Eu vejo assim, as mulheres gostam sim de receber psiu, porque elas acabam se sentindo mais apreciadas, desejadas pelos homens. Elas gostam ouvir quando isso vem como elogio para a beleza delas. Para mim mesmo, não vejo mal nisso”.

Gabriela Silva, 26, atua na função de Técnico legislativo, formada pela UFPA:
“Existem mulheres que gostam de receber psiu dos homens, porque se sentem bem, mexe com a autoestima delas. Mas a questão, em relação a mim mesmo, eu não gosto. Porque, o psiu ele reforça um discurso que já vem a muito tempo, a mulher sendo vista apenas como objeto sexual. Quer dizer que só porque o cara viu uma mulher passando, usando certa roupa, ele se sente no direito de dar psiu e falar outras coisas maliciosas, que ofendem. Começa com o psiu, mas não é só isso. É a legitimação de um discurso machista”. 

Maria Lucia, 26, atendente de caixa:
“Eu odeio ouvir isso, acho vulgar. Mulheres deveriam ser respeitadas. Cantadas baratas assim nem merecem um pingo de atenção. Sem falar que não para nisso. Eles exageram tipo ‘Psiu! Ei, morena’, sendo que muitas mulheres, principalmente as que eles não conhecem, poderiam muito bem ser casadas ou ter algum compromisso. Não é?”

Nilva Cavalcante, 26, Assistente Técnica Administrativa na prefeitura de Itupiranga e professora de Inglês em cursos de idiomas:
“Bom, o psiu, pra mim, é um tanto intimador e intimidador. Ao ouvir um psiu, eu me sinto intimada, obrigada a olhar e, por isso, até intimidada. Na maioria das vezes eu não olho, não por querer parecer ‘difícil’, mas por vergonha da falta de criatividade dos homens, que ainda usam o psiu pra chamar a atenção. Acho que um ‘oi, bom dia’ pode ser melhor, mais sutil e até mais encantador”.


Sandy Conceição dos Santos, 17 anos, pre-vestibulanda:   
“Eu não gosto desse tratamento porque acho uma falta de respeito. Um cara aparece do nada e fica encarando a mulher. Isso é esquisito. Eu penso que se ele tem algum interesse nela deve utilizar outras formas pra isso. Formas mais educadas”. 

Shara Farias, 34 anos, formada pela Universidade Federal do Pará e professora há quase 15 anos: 
“É comum a gente ouvir o consenso entre as mulheres de que o psiu significa que você é bonita, ou está mais arrumada, ou com corpo em forma. Os homens mexem com a gente na rua. É tipo um termômetro para saber se está legal ou não. Eu, particularmente, odeio. Nunca gostei, nem quando eu era adolescente. Sempre me senti desrespeitada, pois, a impressão que tenho é não passo de um objeto, um pedaço de coisa, e que estou expondo. Parece que sou obrigada a ser exibida. Enfim, eu penso que outras formas de elogiar. Às vezes, um simples olhar demonstra o elogio”. 

Silviane Braga, 2 anos, formada pela Universidade Estadual do Pará (UEPA) e leciona Química:
“Não gosto de psiu. Pois, quando o cara está querendo conhecer uma mulher, ou quando acha ela bonita, existem formas simples de demonstrar isso. Por exemplo, ele chega perto e fala ‘Olha, te achei a maior gata’. Eu dou psiu é para o meu cachorro. Enfim, mulher a gente tem que tratar diferente.” 

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