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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

FUNK PROIBIDÃO E OSTENTAÇÃO - Mulheres insultadas, crianças perdem infância, adolescentes vulneráveis ao crime

Letras de músicas afetam dignidade de mulheres, crianças e adolescentes



Nas cidades e capitais brasileiras, a moda do Funk Proibidão e do Funk Ostentação tem ganhado eventos, programas de TV e shows. Em Marabá, não são poucas as festas temáticas que destacam esses tipos de funk, lotando as boates e casas de show. Inclusive nas ruas e praças públicas, os condutores de carros com som automotivo marcam seus encontros. Sem sombra de dúvidas, muita gente demonstra gostar da qualidade música que ouve.
Porém, apesar da notoriedade que essas linhas do funk vieram ganhando, desde a década de 90, as críticas ao conteúdo das músicas continuam.
A reportagem procurou saber do público feminino algumas das razões e motivos, ligados à polêmica que as canções provocam.
Segundo Mayara Aires, 25 anos, formada em Engenheira Ambiental, a linha do funk proibidão representa de forma negativa a cultura brasileira, pois dá a entender que na periferia só surgem músicas que menosprezam a mulher e outros segmentos da sociedade.
“No Brasil temos uma mistura de costumes, que vão se alinhando conforme as mudanças do estilo das pessoas. O funk carioca, que hoje virou febre entre jovens e adultos, é uma banalização. Os ritmos repetitivos, letras eróticas, danças sensuais. É assustador ver até crianças dançando isso”, afirma.
Ainda segundo a engenheira, o conteúdo pornofônico reflete a maneira de vida de cada pessoa, ou seja, as letras do funk já estão enraizadas no dia a dia.
“Hoje já não é somente na periferia, mas também nos grandes centros urbanos. Esse ritmo é um dos maiores precursores da promiscuidade. Pois, sabemos que atualmente estamos em meio a grandes tecnologias de informação, aflorando e transformando de forma precoce o aprendizado das crianças e adolescentes. Os que mais vendem hoje por aí é sexo e o funk canta isso, fazendo apologias, influenciando as pessoas”, acentua.
Assim como Mayara Aires, a estudante do ensino médio, Wilmara Menezes (20), acredita que o corpo da mulher foi banalizado e os adolescentes acabam tendo contato desregrado com a erotização.
“Eu, particularmente, não gosto do funk e também acho muito imoral. E, como se vê por aí, os mais jovens estão sendo levados a sexualização precoce”, observa.
Para a jovem, Aiona Neves (18), que está cursando Educação Física, além dessas músicas apresentarem as mulheres sendo nada mais que objetos de prazer descartável, a realidade é crítica porque estão expondo as crianças.  
“Não sou a favor. As crianças de hoje em dia já não querem mais saber de cultura ou de estudos. São manipuladas apenas por dinheiro e criminalidade. Enquanto deveriam estar aproveitando sua infância, saudavelmente, estão se prostituindo, outras entrando no mundo da música não só como músicos, mas sim com músicas com palavras baixas, que falam de sexo, droga, mulher e dinheiro”, pontua.
A estudante ressalta ainda que essa situação deixa qualquer pessoa decepcionada.  
“Onde estão as leis? Onde estão os pais dessas crianças? Que não impõe limites vendo seus filhos serem vistos apenas como futuros ladrões e prostitutas, ou se tornarem vulneráveis a isso e coisas piores”, questiona Neves.
De acordo com a bióloga, Paula Cruz (28), se a educação em casa e na escola for realmente eficaz, e a criança ter boa índole para aceitar os ensinamentos, o ambiente ou qualquer outro fator externo não poderá influenciar. “Porém, eu vejo que há um exagero na permissividade, na divulgação sim. Chegando mesmo a algumas coisas serem absurdas”, nota.
Assim como Aiona Neves, Paula Cruz coloca em relevo a validade das leis, como no caso do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
“É hipocrisia também porque o jovem não pode trabalhar, mas pode cantar qualquer imoralidade e ganhar dinheiro pra caramba. Atores, cantores podem trabalhar sendo crianças, porém, quem precisa não pode. Trabalhei, apanhei, nunca morri. Esses direitos da criança e do adolescente boa parte são pura hipocrisia e tapeação”, considera.
Na visão de Nilva Cavalcante (26), que trabalha como Assistente Técnica Administrativa no município de Itupiranga, a sociedade está tratando tudo com naturalidade, deixando o dinheiro acima de valores e direitos humanos.
“Muitos princípios estão sendo feridos por meras questões financeiras. E, no Brasil, quando se trata do financeiro não é legal ser contra, afinal, isso faz parte do que move o país. O que é pena. Seja a pornofonia, seja inúmeros tipos de tráfico. Enquanto todo mundo acha que o país é sustentado por impostos, pagos pelos cidadãos, o que de fato move são outros recursos bem mais ricos e perigosos”, critica.




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