CONFERÊNCIA CRESCIMENTO SOBRENATURAL

CONFERÊNCIA CRESCIMENTO SOBRENATURAL
No próximo sábado (26), a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) do Bairro Independência, sede da Região 337 em Marabá, será palco da Conferência Crescimento Sobrenatural, um evento que promete reunir fiéis e líderes religiosos em uma programação especial.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

NA MULTIDÃO DE E(R)ROS - POEMA

NA MULTIDÃO DE E(R)ROS

“Tudo dói, mas passa!”

 

Não vinha com manual de instruções...

A vida.

Nauro,

Machado.

Com letras de analfabeto

Escrevi não só a minha.

Rabisquei a de outros.

Rasurei.

Alguns me deram chance de (re)escrever.

Outros me apagaram com a borracha.

Fecharam seus cadernos pra mim.

Sequer me permitiam cola.

Contudo,

Diante de mim,

Permanecia a minha lida.

 

Ninguém nasce sabendo...

E o menino?

É pai do homem.

Pai dos Machados.

Pai de Wordsworth.

Enfim,

Não haveria maravilha no desconhecido.

Não haveria prazer ao se vencer o não saber.

Muito menos o gozo de nunca saber tudo,

Saber que o suficiente nunca é o suficiente.

Vivendo as incompletudes.

A sanidade do vir a ser.

A dispersão natural.

O melhor vai e vem!

 

Somos uma folha em branco,

Entretanto,

Sei que fui entretecido,

Magnificamente,

No ventre de minha mãe.

As cachoeiras não dão água.

Elas escorrem...

Elas só se sabem movimentos.

Seu líquido,

Numa vazão medida pelo maior Astro,

Banham as cabeças.

Banham as cabeças que nasceram sem pensar a si próprias.

Mas,

Foram magnificamente pensadas.

 

E a minha multidão?

Está no meu livro.

Foram esquecidos da minha mente.

Até onde o que é erro é erro,

Ou é aprendizado?

Durei tanto tempo pra agregar,

Pra ser rico como quem aprende com os erros,

Dos outros,

De si.

E agora, a fronteira entre o que me é riqueza

E o que me é memória em falta

Faz-me questionar:

“Que multidão! Sempre será estúpida como tantas outras?

Como a que levantou no madeiro o Salvador?”

Antes só...

E segue o ditado.

 

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

AS MUDANÇAS QUE NÃO VI - CRÔNICA

Há mudanças que aconteceram tão rapidamente, algumas estão acontecendo agora mesmo, a ponto de eu sequer perceber. Acho que muitas delas, até agora, ainda não consegui dar conta de sua dimensão. De sua mínima dimensão. Quem dirá da máxima. E, francamente, pareço bem desinteressado e nada disposto a gastar com meditação, energia, tempo e trabalho para “sacar o que tá pegando!”. Seria o Ser, e não o ser, heideggeriano!

Em que momento diminui ou quase parei de visitar a casa dos outros? Gente querida, gente amiga. Quantos anos já? Onde está a curva decrescente do meu consumo de artigos de opinião e leitura de romances? E o fim da vida esportiva, que tomou quase uma década da juventude, e a nova vida esportiva que nos últimos anos insiste em ficar? Ficou na vida de adulto.

Há mudanças bem significativas... mais do que essas. Porém, não me interesso por formulá-las. Só as aceitei. Principalmente as que não vi. Foram acontecendo. Em cascata. Até parece que o meu não querer formulá-las, dizer a matéria de que se faz cada uma delas, seja sinal não do meu desinteresse, mas da minha exata não dação de conta.

Quando eu dizia, há mais de uma década, que tenho dormido pouco, não imaginava que isso se tornaria ou se modificaria, no futuro, para noites de insônia. E, talvez por ser maior o desinteresse ou a despreocupação, nem mesmo posso dizer que importa ou me valeu algo a perda das noites. Uma ou outra, devo reconhecer, foi de puro despropósito ou necessidade de lazer não atendida. Contudo, sigo. Claro que com bem mais lazer do que noutros tempos.

Acredito que muita gente passa anos e anos sem se permitir feriar. E, uma das mudanças que me ocorreram foi sim, não a principal, só que muito substancial, foi a da prática do feriar. Em que momento exatamente eu me percebi como um homem que nunca curtiu férias? E por que cargas d’águas eu mudei?

Mudei que nem vi. Agora, prezo. Não mais preso. Eu ferio.

Que show da Xuxa é esse?!

Devo tá guardando no meu bloco de notas do celular muitas notações que foram ou seriam momentos de mudanças. Coisa para se fazer depois. Coisas para se mudar. Coisas que eram de me interessar. Não para aquelas horas em que anotei e, sim, para algum momento que no futuro viverei.

E vivi! Devo recordar de uma ou outra tomação de nota que virou material de minha vida futura – que ficou em algum momento do passado. Um mote de poema para se terminar. Uma senha para eu recordar onlinemente. Uma homenagem pra fazer. Só que... a maioria... mudou. E nem vi!

terça-feira, 5 de novembro de 2024

SOBRE A PALAVRA VIOLENTA - CRÔNICA

        E saiu... como se eu sequer tivesse pensado em dizer. Xinguei.

Saiu naturalmente como se nem fosse eu quem a teria dito. Porém, meus ouvidos denunciavam contra a minha boca. Meus ouvidos permaneciam não enganados diante do que minha mente queria. Queria negar o que dos lábios saiu.

Sim, saiu. E senti por segundos como se eu não fosse aquela pessoa. Por outro lado, alguém dentro de mim quis afirmar o próprio erro. Quis sustentar o fracasso em forma de singelo palavrão: “Essa porra!”; como se fracasso não fosse.

Que turbilhão, passado em segundos. Em um ou dois minutos, que seguiram, parecia que aquilo sequer houvesse existido. Era semelhante a um apagamento involuntário que a mente impunha convenientemente a si.

Contudo, é de pasmar! Não havia ambiente para aquilo. Estava muito longe de haver forças ou motivos suficientes para que alguém sucumbisse a dizer algum nome feio. E, talvez, por se analisar a incipiência de motivos presentes nessas circunstâncias e a tamanha absurdidade contida no meu erro, agora, posso revisitar aquele meu abismo momentâneo e minutal.

Afinal, o que me aconteceu?

Teria eu explodido por motivos em acumulado? Razões de outras temporalidades? De outras assujeitalidades? Quem sabe... estava distante de muitos momentos que me motivariam mais substancialmente a proferir impropérios? Só que o tempo do relógio não é como o tempo que constitui a natureza da memória e a dos sentimentos. E sigo. Teria me acometido um lapso de insensatez diante do não mensurar as forças reais da cena loco-temporal?

Eu sempre falo da intransigência das pessoas. Só que a minha, ali, estava tácita. Quase querendo-se virtuosa. Como pude? Ou quem pode? No entanto, assim fazemos.

Ainda preciso me apegar a um pouco mais de crédito e tolerância para comigo mesmo. Pois, tendo neste instante uma medida mais fiel do que foram as coisas e das coisas que me aconteceram, enxergo que as pessoas que foram alvo e pivô, o estopim, da minha palavra violenta não necessariamente se comportam virtuosamente. Pelo contrário, não poucas vezes já mereceram justos impropérios. Mas, por questões de escolha pessoal, fé, filosofia de vida e compromisso profissional, eu não jamais justificaria a minha conduta de ter xingado.

É verdade! Não xinguei as pessoas. Talvez, por certa pressa e precipitação, ficou aqui algo parecido com isso: o Anderson xingou direta e injustamente uma ou mais pessoas. Contudo, não foi nada disso. Minha fala foi a algo não orgânico, foi endereçada a algo não-pessoa, foi dita um elemento físico, material e prático. Enfim, eu disse: “Para de conversar bobagem e faz a porra dessa atividade!”. E com cara fechada. Ou seja, parecia bem sério. E com raiva.

Em síntese, é! Foi tudo isso sim. E não consigo recordar em nenhum momento da minha história em que sequer tivesse eu passado perto disso.

 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

PROFISSÃO DE FÉ - POEMA

PROFISSÃO DE FÉ

À minha frente, o futuro... alunos.
Atrás, o quadro... vida e conhecimento. 
Por dentro de mim, a fé... os estudos.
Sob os pés, a base... profissão e compartilhamento.

Na diagonal, os desafios... provas, exames e muros.
A queda, mais um ano... atrasos e lamento. 
Mas do alto, um olhar... esperanças e absurdos
Dizendo: siga em frente... um novo tempo.

De um lado, mil... sem preparos. 
À direita, dez mil... multidão do desatento.
A voz inclina, proferindo... aulas e pontos. 

O novo dia veio, atravessado... "margento".
O ontem passou, chorado... beirando sustentos. 
Porém, valeu a dor... o céu estrelado e bento.


quarta-feira, 9 de outubro de 2024

AS CAMADAS DA MENTIRA - CRÔNICA

      Para se observar as camadas da mentira existe uma questão elementar e inevitável. A mentira. Que ela aconteça!

É importante que o erro a ser escondido, que não é escondido de todos, já tenha sido cometido. É necessário que a vergonha que pode ser causada já tenha motivo consumado. Só é possível quando a dor que pode ser sentida já tenha se tornado sentida imaginosamente: contando com os atores que não podem saber da verdade sabendo-a. É crucial que o pecado, o delito em alguma escala da vilania, tome corpo, matéria e forma.

Vencida essa etapa, podemos, então, identificar a geologia da mentira, as eras em que ela se instala. Podemos localizar todas as camadas que o tronco do mal conseguiu arvorar, vasificando sua seiva bruta. Quem sabem possamos discernir, inda que por espelhos, alguma nítida luz, atravessando as brechas do inexplicável natural.

 Há a camada do querer falar a verdade. Há a camada do seguir mentindo para si. Há a camada do acreditar que é melhor mentir para os outros. E, por fim, há a camada de fora, isto é, a não-camada, a liberdade, definida enquanto a retirância de cima de si de todo o julgo-que-não-é-suave e do fardo-que-não-é-leve.

Na camada do querer falar a verdade, você está diante da pessoa sobre quem e a quem você acredita ser melhor mentir. A verdade caminha até tua mente, pula nos teus olhos e ganha feições nos traços da tua face, porém, ela enreda-se pela língua e salta fisicamente em ondas "amorais", sonorando a falsidade. Leve, indolor e conforme o script.

Na camada do seguir mentindo pra si...

Nunca conhecemos sua fundura n´alma. Seria a resposta mais simples e honesta. 

Não sabemos o quanto desse poço em secura pode prejudicar. A si e aos outros. Mas, sigamos com o a si. Sequer imaginamos que seja um abismo chamando outro abismo. É nessa camada que a verdade permanece desconhecida de nós mesmos. Nós nos tornamos desconhecedores de quem somos perante nosso próprio espelho interior.

E, na camada mais covarde da mentira, nela, habita o mal. Nela, a crença que apaga qualquer sentido da vida do outro em nós. Anula e desumaniza. Apaga o Espírito Santo e nos descristianiza. Nela, o senso de toda uma existência dual alquimiza-se em vazio. Isso nos faz questionar de que matéria é construída a dura camada, que dá corpo, que constrói – destruindo-nos – a camada do seguir crendo que mentir às outras pessoas é melhor.

Por fim, há a que devia só haver. Há a em que muitos vivem sem ha(v)er.

Há a camada que, por ora, e por anais, muita gente questiona, filosofa, discrepa... 

O lado de fora.