Movimento
popular leva cerca de 4 mil manifestantes às ruas de Marabá.
Ocorreu
na tarde de quinta-feira última (20), o primeiro ato unificado de luta pelos
direitos sociais em Marabá, a exemplo do que vem acontecendo desde a semana
passada nas grandes capitais e metrópoles de todo o País. Entendido como “Movimento
popular sem violência em defesa dos direitos dos trabalhadores e contra o
estado burguês”, a multidão partiu por volta das 17h30 de frente do Ginásio
Poliesportivo Renato Veloso, na Folha 16, começando a onda de protestos pela
cidade.
O
caráter desse movimento é de promoção inicial, isto é, busca mobilizar a
população para atuar no cenário político local e nacional.
A maior
parte da massa popular se constitui de jovens, indiscutivelmente. A voz dos
milhares de manifestantes, convocando os moradores a virem para as ruas e
participarem, tinha o tônus da juventude marabaense.
As
crianças também participaram do protesto. Elas acompanhavam a caminhada
juntamente com os pais e responsáveis, ora de mãos dadas, ora sobre os ombros
dos adultos como se estivessem sentadas numa arquibancada móvel.
Fonte do protesto – O carro de som, que ia
à linha de frente, era que norteava as passadas do protesto. Vários membros da
comissão iam revezando nos discursos, cujo conteúdo era as principais lutas do
movimento, potencializados tanto pelo microfone quanto pelos gritos de guerra, melodizados pelos jovens estudantes.
No
trajeto, várias paradas foram realizadas às proximidades de órgãos do poder
público e privado. Entre elas, os locais foram o Hospital Municipal de Marabá (HMM)
– contra o qual o movimento manteve repúdio à terceirização do mesmo, e
Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) que, segundo a visão do movimento,
oferece serviços
Transporte coletivo – A sede da
Transbrasiliana, empresa que possui a concessão dos serviços coletivos em
Marabá, foi um dos pontos de parada do manifesto. Isso porque a luta nacional é
diretamente contra a política das empresas de transporte público. A frente do
prédio ficou tomada pela multidão em protesto ao serviço, considerado de má
qualidade desde a longa data que é prestado aqui.
Mais uma
vez, no carro de som que conduzia o movimento, membros da comissão proferiram inúmeras
críticas à empresa transportadora.
“Juventude
de Marabá, há mais de vinte e cinco anos a Transbrasiliana tem o monopólio do
transporte público aqui. Sem a elaboração do plano de transporte público
municipal, sem o passe livre... Queremos a criação de novas rotas”,
reivindicou.
Soma-se
à reivindicação, o fato dessa empresa ser acusada de ter criado outra
transportadora, fictícia, com o objetivo de fazer a manutenção do monopólio
local e que já se encontra em funcionamento dentro do município.
Vale
ressaltar que, ao longo das críticas, a multidão se harmonizava, novamente, com
gritos de resistência. Entre eles: “Eu tô na rua, é pra lutar, pelo transporte,
barato e popular”; “Passe livre é obrigação. Passe livre é obrigação” e
“Juventude é revolução! Juventude é revolução!”.
Movimento popular – O que diziam os
protestantes em seus cartazes? Esta questão deve interessar principalmente aos
governantes. Além disso, a resposta demonstra até que ponto havia consenso
entre a massa popular que principiou o ato democrático, dessa natureza, em
Marabá.
CARTAZES
Política
– “Brasil 100 corrupção!”, “Que país é esse? É o novo Brasil”, “Muda, porque
quando a gente muda, o mundo muda com a gente”, “Não adianta manifestar como um
leão, se na hora de votar, vota que nem um jumento”, “Jogaram mentos na geração
Coca-Cola”, “Não à PEC 37”, “Presidência do congresso não é pra ladrão: FORA
RENAN”, “Hey, corruptos o Brasil acordou para tirar o sono de todos vcs”
“Sai do
x-videos. #vemprarua. Cadê os 500 Km, Salame?”,
Leis –
“Para quem vai servir a redução da maioridade? Pare e pense”,
Educação
– Airton Souza: “A educação de qualidade manda lembranças #Marabá-Pa”,
“Educação sim. Corrupção não”,
“Queria
fazer um cartaz maz a diuma não deu educassão”,
Religião
– “Eu e você, podemos sarar Marabá. #Oremos”,
Transporte
– “Precisamos de mais transporte para Morada Nova”
“MACONHA,
legalize já!”,
“Que a
lei seja revista, já. Cada mototáxi tenha seu próprio auxiliar”,
FAIXAS
“Queremos + educação. Redução da menoridade
penal é violação de direito, é tapar o sol com a peneira”,
Mensagens
de segmentos sociais com faixa: “Mais Saúde e Educação, menos copa e corrupção”
(Sintepp – filiado ao CNTE);
BANDEIRAS*
CAMISAS
Fatores controversos – Diante da
pluralidade do movimento popular, somente as bandeiras de luta que diziam
respeito aos interesses de todos foram mais abraçadas. Por conta disso, muito
natural seria que discussões e discordâncias emergissem durante todo o
manifesto.
Por
exemplo, em parte do trajeto, alguns manifestantes vinham até a reportagem do Opinião acusar que membros de um
partido político estariam incitando a violência. Inclusive, um adolescente de
escola pública assegurou ter levado um tabefe.
No entanto,
a calmaria e a fidelidade aos princípios do movimento predominaram, haja vista
que nenhum outro caso de suposta violência física apareceu. E, para sanar
qualquer hostilidade, a grande maioria rimava versos que defendiam a efetuação
de todo o protesto pacificamente.
Aliás,
apesar de tanta diferença e toda heterogeneidade que os milhares de
manifestantes representavam, o clima de unidade e paz era indiscutível no local.
Noutro
caso, a bandeira de um partido político virou alvo de constantes gritos de
protesto, porque a maioria julgou o movimento como apartidarista. Assim sendo,
não poderiam levantar quaisquer bandeiras que não fossem as dos segmentos
sociais não partidários.
Esse
atrito culminou na retirada das bandeiras alusivas ao mesmo. Isso de forma nada
amistosa, uma vez que indivíduos do próprio movimento popular puxaram a flâmula
e deram sumiço a ela. Situação esta que também foi perdoada pelos envolvidos.
A
presença da Policia Militar foi notória no percurso dessa ação. Junto à massa
de caminhantes, havia pouquíssimos PMs em número quase simbólico. Somente
algumas viaturas vinham no final da multidão.
O capitão
da PM, Saraiva, e a soldado, Sianne, atenderam aos pedidos de foto por parte
dos jovens manifestantes. Eles empunhavam seus cartazes ao lado dos PM e faziam
o registro com suas câmeras. Uma forte demonstração de simpatia entre as
partes.
Ato final – O trajeto percorrido terminou na
Praça ... onde se localiza a Prefeitura Municipal de Marabá, na Folha 30,
seguindo as determinações do que o movimento votou em reunião de quarta-feira
(19). Esse local foi palco das reivindicações centrais do movimento.
Logo na
chegada, a comissão desferiu argumentos com indignação ao presenciar a tropa de
choque fazendo guarda no prédio. Porém, não houve nenhum confronto direto por
parte dos manifestantes, que do começo ao fim sustentaram a dignidade do
movimento popular.
O tempo
transcorrido em frente a PMM demorou porque a direção do ato esperava que o
prefeito João Salame estivesse aguardando em seu posto. Porém, as informações
era de que o mesmo não se encontrava na cidade.
Por
volta das 20h15, a palavra de ordem foi para o segundo ato, que será realizado
já na próxima terça-feira (25), desta vez com a presença do atual gestor
municipal, João Salame.
O local
e horário da próxima aglomeração popular será publicado nas redes sociais. O
que se sabe de antemão, é que a multidão protestante pretende triplicar o
número de participantes no segundo ato democrático.
Guarda Municipal – Após os argumentos, o
Tenente Coronel da Guarda Municipal, Fernando, se solidarizou com a
manifestação e fez um aparte com o consentimento da comissão do movimento. Sob
a posse do microfone, ele expôs que entende o caráter democrático e a
legitimidade da ação movida pelo povo.
“Essas
reivindicações não são apenas de vocês, mas são nossas também, como cidadãos.
Nós sofremos na pele, com certeza. Porque somos pais de família, somos cidadãos
brasileiros e estamos cansados dessa lengalenga e do vendaval de promessas.
Então, eu queria dizer, também, nós estamos trabalhando. A guarda municipal, a
polícia militar e o corpo de bombeiros... Sempre pra servir e proteger a
comunidade de Marabá. Esse é o nosso objetivo. Muito obrigado pela compreensão
de vocês e quero parabenizar pela coragem de vir pras ruas, juntamente com
outros milhões de brasileiros”, encerra Fernando.
(*O texto ainda está em confecção, portanto, o conteúdo acima ainda passará por fase de refacção, textualização e redimensionamento).
Eu estava presente e fiquei muito orgulhoso do meu povo, meus irmão la presente !!!
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