Poesia, prosa, música e a importância da arte
para Marabá foram o eixo da conversa
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Secretaria de Cultura convidou Javier de Mar-y-abá
para edição do 14º Papo Literário
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O bate-papo com leitores foi cheio de descontração |
A Biblioteca Municipal Orlando Lima Lobo, situada na Marabá Pioneira,
realizou na noite de quarta-feira última (29) a 14ª edição do Papo Literário,
evento que já recebeu grandes nomes da literatura paraense, promovido pela
Secretaria Municipal de Cultura (Secult). O artista convidado foi o cantor e
escritor, Xavier Santos, mais conhecido como Javier Di Mar-y-abá, que conversou
com o público curioso por sua arte e atendeu aos pedidos de músicas.
O ambiente foi ornamentado com parte das obras de arte
criadas pelo poeta, como os livros “Ensaios de encantamentos” e “Sob as luzes
de Argos”, ou com a participação dele, que é o caso da Antologia Vozes do Sarau
e do CD “Marabá de Todos os Sons”.
Para Genival Crescêncio, secretário de Cultura, a arte
poética tem sido um elemento agregador na cidade.
O poeta marabaense, Airton Souza, foi o mediador do
encontro, que recebeu diversos artistas.
Entre os escritores que apreciaram a noite estavam Adão
Almeida, Evilângela Lima, Lara Borges, Katiucia Oliveira e Joelthon Ribeiro, a
artista plástica Creusa Salame, e Ieda Mendes, representante da Galeria de
Artes Vitória Barros.
BATE-PAPO
Gabriela da Silva apresentou artigo sobre a obra de Javier |
Durante o evento, Javier Di Mar-y-abá enfatizou que não
busca escrever ou compor dentro padrões.
“Eu não sou homem para me preocupar com conceitos e formas.
Uma vez chegaram até mim perguntando a que estilo pertencia minha música. Daí
respondi, ‘Se eu disser qual é meu estilo, o que é que os críticos vão fazer?’
Então, eles que encaixem no que estilos que quiserem”, considera.
O cantor também recordou vários períodos da arte marabaense
e dos desafios que grupos culturais tiveram para atuar, produzir e divulgar seu
conteúdo na cidade e região.
Um momento de destaque no bate-papo foi a apresentação sucinta
de um artigo científico, abordando a arte poética do artista, que foi elaborado
Gabriela da Silva, estudante da Especialização em Abordagens Culturalistas na
Amazônia pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA).
“Nós vemos na poesia de Javier a condição do homem
pós-moderno. É aquele que se desconstrói, que se vê em um momento, e depois não
se vê mais porque é fragmentado em muitos pedaços”, observa Silva, em parte de
seu trabalho acadêmico.
Em seguida, o autor coloca em relevo alguns dos pontos
tratados pela universitária.
“Sobre a questão de irmandade, eu acredito que o mundo, o
universo, em que humano está é único. As separações que existem são apenas
conceituais. No taoísmo a gente tem o entendimento de que tudo é tudo, não há separações
entre os animais, as águas e o humano”, detalha.
Além de Gabriela Silva, a professora, Aline Pinheiro, que
também pesquisou a vida autores locais durante a especialização, acompanhou o
debate e a cantoria.
A poetisa, Evilângela Lima, comentou que tem alto gosto por “poemas
que nos fazem olhar para dentro”, e citou versos de um que chamou a atenção
dela por esse aspecto. “Sempre volto remoçado / Depois de percorrer-me! / É que
onde não vejo a olho nu / Brotam luzes nepentes / Bebendo meus olhos. / É lá
que me sei vários!”.
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