É comum passarem dois ônibus juntos que fazem a mesma linha |
Domingos Silva, do SEST SENAT, questiona organização dos horários e das linhas de ônibus |
Lidiane, que estava com bebê de colo, teve sorte de esperar pouco |
Todos os dias, pelo menos 46
ônibus das empresas que exploram o serviço de transporte coletivo em Marabá
transportam pelo menos 23,5 mil pessoas. Trata-se de um grande público que paga
por um serviço quer vê-lo melhor.
Na última semana a reportagem foi ver de perto algumas dificuldades que os usuários de ônibus
coletivo passam e quais suas principais reclamações. A última parada de ônibus
na Rua Goiás, via que leva aos Bairros Jardim União e Bela Vista, ambos
situados no núcleo Cidade Nova, se tornou um lugar de martírio para os
passageiros. Eles convivem com a sensação de isolamento.
Segundo o trabalhador autônomo,
Flavio Silva, quem tenta pegar um coletivo ali tem que esperar “um bocado”. “A
sensação que tenho aqui é deque passa ônibus só uma vez no dia. Só para as
Folhas também. Agora, os ônibus das empresas passam com frequência”, afirma,
acrescentando que tem gente sendo obrigada a ir de pé para escola ou trabalho,
já que não tem outro meio de transporte.
Esse ponto de ônibus fica em
frente à casa de Anselmo Alves dos Santos, mais conhecido como “Tarzan”. De
acordo com o morador, os motoristas das empresas dobram logo na esquina, indo
pela Avenida 1º de Junho. “O certo era eles irem até o final, pelo menos até
terminar o asfalto. Só que a maioria deles não vai lá, até onde fica o
supermercado Nacional Alimentos”, pontua.
Para Tarzan, de sábado para
domingo a demora aumenta, consideravelmente. “Depois que passa das 9h da manhã,
só tem os que vão para Velha Marabá. Quem que pegar para as Folhas é só se
madrugar”, observa.
Para quem reside no Bairro
Filadélfia, o abandono e o isolamento também é sentido na pele. Conforme Ana
Lúcia, que vive há sete anos naquele espaço, é necessário ir a pé até o final
da linha, que fica no Bairro Vale do Itacaiúnas, ao longo da Rua 9, via também
chamada de Iolete Saliba. Ela chegou ao local com a filha de colo por volta das
16h30 e, como os dois ônibus estacionados lá pareciam aguardar o público, resolveu
esperar. Porém, ambos foram dirigidos para a garagem.
“Eu tenho o hábito de ir para rua
resolver coisas pessoais. No meio de semana até que é mais rápido, já no final
de demora mais de 1h aqui. Mas também acontece igual hoje, alguns vão para
garagem”, detalha Lúcia, que optou por pedir carona a um parente.
Já a passageira, Sodreia Souza,
decidiu esperar mais. “Não tem outro jeito. Tenho compromissos a cumprir”,
destaca, se sentindo impotente.
Na Marabá Pioneira, a sensação é
a de que ninguém tem problema com ônibus coletivo, porque o fluxo é constante.
Lidiane Neves que, do mesmo modo que Ana Lúcia, estava com bebê de colo, pegou
rapidamente o veículo para o Bairro Novo Horizonte.
No entanto, para Domingos dos
Santos Silva, funcionário do SEST SENAT, é questionável a organização dos
horários e das linhas de ônibus. Em menos de dez minutos, conforme Silva,
passam cinco coletivos para o mesmo lugar, enquanto outros itinerários ficam
descobertos.
“E essa falta de ordem acontece
em todos os núcleos da cidade. Eu uso com frequência para ir trabalhar ou
cumprir outros compromissos e vejo que poderiam sequenciar os veículos, para
atender melhor a população. E sem falar nos ônibus ruins, que estão com problema.
Já pensou se ocorre um acidente, quanto pais e mães de família não vão se
prejudicar?”, enfatiza.
Até quando? – Em outubro de 2001,
a edição 647 do Jornal Opinião já trazia relatos de usuários de ônibus coletivo
indignados com a má prestação do serviço. A reportagem publicada deu voz a
Alfrázeo, professor de arte capoeirista, que sofria com a falta de coletivos
para o Bairro Novo Horizonte, sempre que tentava sair da Marabá Pioneira para o
lar, por causa das escalas noturnas.
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