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sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

QUESTÃO DESAFIO / ENEM 2019 - Literatura indígena, Tipologias textuais e Funções da linguagem


QUESTÃO DESAFIO – ENEM 2019

O CAÇADOR DE ÇUKURIJÚS

                Os anos se passaram e Kawã tornava-se cada vez mais forte e corajoso.
                Certa noite, ouviu um caçador dizer que na cabeceira do ygarapé Kãwera havia o suspiro de uma grande çukurijú, a cobra-grande. Resolveu, então, enfrentá-la.
                Preparou suas flechas embebidas no veneno kurare. Pegou uma cuia contendo farinha de mandioca e pela manhã cedinho rumou de canoa, remando em direção à cabeceira do famoso ygarapé.
                Ao cair da tarde, Kawã havia chegado ao local. Aquele era um lugar sinistro. Aves de todas as partes pousavam sobre os galhos de uma makakarekuya alagada. Animais grandes e pequenos alimentavam-se próximo a um grande poço de águas escuras. (...) O fundo das águas – rios e ygarapés – tem seus gênios: cobras, botos, purakés e outros animais encantados que só esperam uma oportunidade para amedrontar os frágeis seres humanos. Poucos teriam coragem de ir àquele lugar, mas Kawã era um rapaz diferente.
                Esses animais também são espíritos. Entender isso é difícil e fácil ao mesmo tempo, é só nascer em uma aldeia maraguá, meu amigo. Essa crença faz parte da religião maraguá. Escrever um livro para crianças da cidade não é fácil! Não estou reclamando, não! Só acho engraçado ter que explicar, a literatura indígena foi sempre oral...
                As cobras têm olhos por todas as partes, e ficam observando os pescadores e caçadores, e, quando se sentem ameaçadas, reagem.
Adaptado de: Yaguakãg, Elias. As aventuras de menino Kawã. – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2010, pp. 25-27.
Nesse fragmento, o expediente narrativo é interrompido por reflexões que se desdobram sobre o próprio texto. Isso ocorre através do(a)
a) metalinguagem, caracterizada pela quebra da quarta parede.
b) conjunto de informações referentes ao local, horário e instrumentos de caça.
c) código linguístico, marcado por vocábulos pertinentes à cultura maraguá.
d) argumentação incisiva, que modifica o pensamento do interlocutor.
e) descrição, demonstrando o forte apego emocional do narrador.

Orientação!
Para o vestibulando solucionar o item acima precisa dos conhecimentos relacionados às habilidades: (primária) H19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução; e (secundária) H18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos. 




2 comentários:

  1. Ficaria com a letra A, por causa do seguinte excerto:
    "...Escrever um livro para crianças da cidade não é fácil! Não estou reclamando, não! Só acho engraçado ter que explicar, a literatura indígena foi sempre oral..."

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    1. Entre os elementos que caracterizam a quebra da quarta parede (procedimento que auxilia o emprego de metalinguagem) está o fato do narrador, em textos literários, agir como se fosse um sujeito "fora da narrativa" ou falando ciente de que está "dentro da narrativa". Portanto, a resolução é exatamente a que você apontou, letra A. Essa característica também é muito conhecida nos textos de Machado de Assis.

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