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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

RESENHA - REGRA 1: COSTAS O QUÊ? OMBROS COMO?












REGRA 1 – COSTAS ERETAS, OMBROS PARA TRÁS[1]

Anderson Damasceno

          Costas o quê? Ombros como?

É preciso entender para que serve essa regra. Afinal, ela pode ajudar em quê? Pode interessar a quem?

            Quando fiz minha primeira leitura do livro, recordo agora, tive a constante sensação de que Jordan B. Peterson é uma das vozes que critica com maior segurança os teóricos e amantes dos estudos culturais. Tive a sensação de que ele faz análises seguras sobre o quanto o pensamento frankfurtiano e o dos neomarxistas podem ser prejudiciais para a vida em sociedade. Isto é, são substratos para a manutenção de mentalidades totalitárias como o lulo-petismo no Brasil, o chavismo na Venezuela e o fidel-guevarismo em Cuba.

            Mas, só agora, com esta resenha feita de forma mais reflexiva e objetiva, posso realmente ter mais confiança no fato de que a sensação que tive foi ou não foi apenas uma equivocada primeira impressão. E, quem sabe, uma impressão errada da obra e do pensamento petersoniano. Quem sabe seja muito mais ampla e não se limita a somente refutar new-leftists.

Li em 2019. Porém, desde 2010 e até hoje me preocupa muito o fato de boa parte dos argumentos esquerdistas, que tentam monopolizar e tomar conta do debate público (nas rodas de conversa, universidades, programas de TV, entrevistas, podcasts e canais no YouTube), estarem ancorados em pura desonestidade intelectual e falsa ciência.

 

LAGOSTA, PÁSSAROS E TERRITÓRIO

Adentremos na regra um. Falemos de “hierarquia de dominância”.

Usando estudos científicos, por exemplo, sobre o mapeamento neural das lagostas e sobre a postura de dominância (disputas por território, alimentação, parceiros de cópula etc.) de aves como a cambaxirra, Peterson faz considerações elementares e analogias sobre a natureza dos comportamentos animal e humano.

Quem protege precisa ser violento? Ao explicar que a cambaxirra e a lagosta, apesar de suas diferenças nítidas: lagostas não voam e pássaros não respiram embaixo d’água; ambas são obcecadas por status e posição. Jordan Peterson considera que muitas outras criaturas fazem o mesmo.

Inicialmente, ele toma os estudos do zoólogo e psicólogo comparativo norueguês Thorlief Schjelderup-Ebbe que, em 1921, observou o fato das galinhas de quintal também estabelecerem uma hierarquia[2]. Em certo sentido, a análise abaixo serve como analogia – digo eu, duramente pararrealista ou de natureza científico-alegórica –, atinente ao como seria a vida das pessoas nas grandes cidades:

 

As galinhas, assim como as pessoas na cidade, vivem em comunidade. Os pássaros, como a cambaxirra, não, mas ainda habitam uma hierarquia de dominância. Ela apenas está espalhada em uma área maior. Os pássaros mais astutos, fortes, saudáveis e afortunados ocupam o território nobre e o defendem. Por causa disso, há uma chance maior de que atraiam parceiras de alta qualidade para gerarem uma ninhada de filhotes que vai sobreviver e crescer. Estar protegido do vento, da chuva e de predadores, assim como ter acesso fácil a alimentação melhor, proporciona uma existência muito menos estressante. O território é importante, e há pouca diferença entre território e status social. Geralmente é uma questão de vida ou morte. [3]

 

Sobre “ser violento”, quero ressaltar de forma sintética uma área de interesse pessoal. Como seria possível defender território, comida, valores (família, cultura, identidade etc.) dando flores para quem nos joga mísseis?

 Ainda preciso pesquisar, com mais tempo e atenção, sobre a guerra política e bio-química que existe em escala global, interessada em desmasculinizar os homens. Porque, o fato genético de ter mais testosterona banhando a corrente sanguínea e o sistema nervoso dos homens cada vez mais tem sido visto, abobadamente, como parte da origem de todo o mal da humanidade. Seria a testosterona a única causa da violência masculina. Portanto, para uma certa linha ideológica, que se acha iluminada demais, bastaria modificarmos a genética masculina que seria um passo suficiente para se abolir a violência e guerras do mundo.

E tudo indica que essa guerra hormonal já está em andamento há bom tempo. De forma sub-reptícia. A causa parece nobre, todavia, pode ser uma das mais malignas de que se tem conhecimento na história. A meu ver, a tentativa de refundar a genética masculina pode afundar o mundo.

Reentremos. J. B. Peterson ressalta que os mais pobres sofrem mais, num hipotético cenário de doença que se espalha (por exemplo, a pandemia em 2020, contudo, o autor toma como referência as gripes aviárias que ocorreram antes de 2018, ano de publicação da 1ª edição do livro). Sofrem mais “os pobres”, sejam os pássaros menos dominantes, sejam as comunidades humanas de baixa renda, porque “morrem primeiro e em maior número”. Inclusive, ele usa uma “máxima” relativamente conhecida “quando a aristocracia pega um resfriado, a classe trabalhadora morre de pneumonia”[4].  

Cito essa parte porque existe uma estratégia de marketing esquerdista que tenta rotular todos os filósofos e cientistas conservadores como pessoas insensíveis às dores alheias, sobretudo, às dores das pessoas mais vulneráveis. O drama das desigualdades sociais deve ser enfrentado de fato. Não importa de que linha política as pessoas sejam.

 

CONFLITO E TERRITÓRIO

Nas disputas, tanto animais como humanos, aprendem com o tempo estratégias para se estabelecer domínio e defender esse domínio com a menor quantidade possível de dano. Ele cita lobos, dragões-barbudos, golfinhos e lagostas. Todos têm suas formas de sinalizar que não querem conflito, suas formas de conflitar ou de se render depois de uma luta, quem sabe evitando a pena capital.

Embora Peterson discorra bastante sobre o belicoso comportamento de sobrevivência dos animais, sobre os vários níveis de luta e disputa entre as lagostas, o que está no interesse desta resenha são as análises científicas, argumentos e exemplificações capazes de identificar equívocos nas teorias socialistas, capazes de refutar que nem tudo na natureza humana é apenas construção social. Como disse Chico Anísio, a esquerda tem uma grande teoria para as coisas do mundo[5], quer ser a mandona do mundo. Olavo de Carvalho falava sobre como os intelectuais progressistas e frankfurtianos se apossaram da dialética negativa[6] de tudo o quanto existe, a fim de poderem eles atacar a qualquer visão de mundo que não lhes interessa. Para mim, a esquerda superestima seus teóricos de araque e manipula o debate público.

Portanto, torna-se urgente derrubar todas as construções teóricas e técnicas argumentativas que os ideólogos de esquerda vomitam no debate público, querendo que todos as tomem como verdades absolutas e inteligentinhas demais para serem controvertidas.

E por falar em conflito:

 

Os pesquisadores demonstraram que até mesmo uma lagosta que cresceu isolada sabe o que fazer quando isso acontece. Ela possui comportamentos de defesa e de agressão embutidos, construídos diretamente no seu sistema nervoso. Ela começará a dançar como um boxeador, abrindo e fechando suas pinças, movendo-se para trás, para frente e para os lados, imitando seu oponente, balançando suas pinças abertas para trás e para frente. Ao mesmo tempo, usará os jatos especiais que ficam abaixo dos olhos para lançar um líquido em seu oponente. O líquido contém uma mistura de químicos que informam o oponente sobre seu tamanho, sexo, saúde e humor. [7]

 

            Se fizermos uma comparação do funcionamento cerebral, do comportamento belicoso da lagosta, com a fracassada experiência de John Money[8] – infeliz que tentou fazer engenharia social com a mente e o corpo de crianças, como no caso Bruce Reimer[9] –, entenderíamos sobre os porquês de seu fracasso, e também faria bastante sentido o fato de hoje em dia explodirem os casos de militantes usando crianças para impor a agenda queer goela a baixo. Tanto quanto Money, essa gente acredita que a criação pode se sobrepor à biologia. Porém, fato é que vai continuar sendo trágico assim como foi a trágico achar que poderiam forçar a criação de um menino como sendo menina. Pura vontade de verdade e não ciência.

            É necessário oxigenar o debate público com fatos que derrubem o caos do novo mundo, produzido pelas brincadeiras de engenharia social promovidas pela esquerda política-monopolista. Há elementos considerados inatos ao ser humano e forças naturais, que independem do que acham os socioconstrutivistas fanáticos ou do que dizem ser verdade os amantes da teoria queer. 

           

A NEUROQUÍMICA DA DERROTA E DA VITÓRIA

            Nesse tópico, Jordan Peterson delineia, aprofunda uma informação intrigante, dita no encerramento do tópico anterior: “Se uma lagosta dominante for seriamente derrotada, seu cérebro praticamente se desconstrói. Então, um novo cérebro, de subordinado, surge – um mais apropriado para a sua nova posição, inferior”[10]. Ele ainda sugere que o cérebro humano também experimentaria algo semelhante quando passa derrotas e perdas.

            Há elementos químicos que atuam no processo de comunicação entre os neurônios das lagostas. A vitória aumenta proporcionalmente o nível de serotonina em relação à octopamina. Isso seria a característica ou status psíquico do vencedor. Por isso, os medicamentos receitados para pessoas deprimidas atuam no cérebro, evitando a recaptação[11] de serotonina. A proporção oposta desses elementos químicos tem “eco” no medo aumentado em soldados ou crianças espancadas com transtorno de estresse pós-traumático.

(Continua...)


[1] Resenha crítica da primeira regra do livro: PETERSON, Jordan B. 12 regras para a vida: um antídoto para o caos. Tradução: Wendy Campos, Alberto G. Streicher. Rio de Janeiro: Alta Boks, 2018

[2] PETERSON, Jordan B. 12 regras para a vida: um antídoto para o caos. Rio de Janeiro: Alta Boks, 2018, p. 3.

[3] PETERSON, Jordan B. 12 regras para a vida: um antídoto para o caos. Rio de Janeiro: Alta Boks, 2018, p. 4.

[4] Idem. p. 4.

[7] PETERSON, Jordan B. 12 regras para a vida: um antídoto para o caos. Rio de Janeiro: Alta Boks, 2018, p. 6.

[8] Psicólogo e sexólogo norte-americano considerado o pai da ideologia de gênero. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652018000300002#:~:text=John%20Money%20e%20a%20cria%C3%A7%C3%A3o,ele%20considerava%20o%20sexo%20psicol%C3%B3gico.

[10] PETERSON, Jordan B. 12 regras para a vida: um antídoto para o caos. Rio de Janeiro: Alta Boks, 2018, p. 7.

[11] A recaptação é um mecanismo que o neurônio realiza para retirar o neurotransmissor (no caso, serotonina) da fenda sináptica. Quando a recaptação é inibida, aumenta a quantidade de serotonina disponível para os neurônios. medicamentos como o pondera podem ser muito úteis na redução de sintomas. Fonte: https://www.doctoralia.com.br/perguntas-respostas/como-funciona-a-recaptacao-de-serotonina-e-depois-que-eu-parar-meu-tratamento-para-ansiedade-antecipatoria#:~:text=A%20recapta%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20um%20mecanismo,%C3%BAteis%20na%20redu%C3%A7%C3%A3o%20de%20sintomas.

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