REGRA
1 – COSTAS ERETAS, OMBROS PARA TRÁS[1]
Anderson
Damasceno
Costas o quê? Ombros como?
É
preciso entender para que serve essa regra. Afinal, ela pode ajudar em quê?
Pode interessar a quem?
Quando fiz minha primeira leitura do livro, recordo
agora, tive a constante sensação de que Jordan B. Peterson é uma das vozes que
critica com maior segurança os teóricos e amantes dos estudos culturais. Tive a
sensação de que ele faz análises seguras sobre o quanto o pensamento frankfurtiano
e o dos neomarxistas podem ser prejudiciais para a vida em sociedade. Isto é,
são substratos para a manutenção de mentalidades totalitárias como o
lulo-petismo no Brasil, o chavismo na Venezuela e o fidel-guevarismo em Cuba.
Mas, só agora, com esta resenha feita de forma mais
reflexiva e objetiva, posso realmente ter mais confiança no fato de que a
sensação que tive foi ou não foi apenas uma equivocada primeira impressão. E,
quem sabe, uma impressão errada da obra e do pensamento petersoniano. Quem sabe
seja muito mais ampla e não se limita a somente refutar new-leftists.
Li
em 2019. Porém, desde 2010 e até hoje me preocupa muito o fato de boa parte dos
argumentos esquerdistas, que tentam monopolizar e tomar conta do debate público
(nas rodas de conversa, universidades, programas de TV, entrevistas, podcasts e
canais no YouTube), estarem ancorados em pura desonestidade intelectual e falsa
ciência.
LAGOSTA, PÁSSAROS E
TERRITÓRIO
Adentremos
na regra um. Falemos de “hierarquia de dominância”.
Usando
estudos científicos, por exemplo, sobre o mapeamento neural das lagostas e
sobre a postura de dominância (disputas por território, alimentação, parceiros
de cópula etc.) de aves como a cambaxirra, Peterson faz considerações
elementares e analogias sobre a natureza dos comportamentos animal e humano.
Quem
protege precisa ser violento? Ao explicar que a cambaxirra e a lagosta, apesar
de suas diferenças nítidas: lagostas não voam e pássaros não respiram embaixo
d’água; ambas são obcecadas por status e posição. Jordan Peterson considera que
muitas outras criaturas fazem o mesmo.
Inicialmente,
ele toma os estudos do zoólogo e psicólogo comparativo norueguês Thorlief
Schjelderup-Ebbe que, em 1921, observou o fato das galinhas de quintal também
estabelecerem uma hierarquia[2].
Em certo sentido, a análise abaixo serve como analogia – digo eu, duramente
pararrealista ou de natureza científico-alegórica –, atinente ao como seria a
vida das pessoas nas grandes cidades:
As galinhas, assim como as pessoas na
cidade, vivem em comunidade. Os pássaros, como a cambaxirra, não, mas ainda
habitam uma hierarquia de dominância. Ela apenas está espalhada em uma área maior.
Os pássaros mais astutos, fortes, saudáveis e afortunados ocupam o território
nobre e o defendem. Por causa disso, há uma chance maior de que atraiam
parceiras de alta qualidade para gerarem uma ninhada de filhotes que vai
sobreviver e crescer. Estar protegido do vento, da chuva e de predadores, assim
como ter acesso fácil a alimentação melhor, proporciona uma existência muito
menos estressante. O território é importante, e há pouca diferença entre
território e status social. Geralmente é uma questão de vida ou morte. [3]
Sobre
“ser violento”, quero ressaltar de forma sintética uma área de interesse
pessoal. Como seria possível defender território, comida, valores (família,
cultura, identidade etc.) dando flores para quem nos joga mísseis?
Ainda preciso pesquisar, com mais tempo e
atenção, sobre a guerra política e bio-química que existe em escala global,
interessada em desmasculinizar os homens. Porque, o fato genético de ter mais
testosterona banhando a corrente sanguínea e o sistema nervoso dos homens cada
vez mais tem sido visto, abobadamente, como parte da origem de todo o
mal da humanidade. Seria a testosterona a única causa da violência masculina. Portanto,
para uma certa linha ideológica, que se acha iluminada demais, bastaria modificarmos
a genética masculina que seria um passo suficiente para se abolir a violência e
guerras do mundo.
E
tudo indica que essa guerra hormonal já está em andamento há bom tempo. De
forma sub-reptícia. A causa parece nobre, todavia, pode ser uma das mais malignas
de que se tem conhecimento na história. A meu ver, a tentativa de refundar a
genética masculina pode afundar o mundo.
Reentremos.
J. B. Peterson ressalta que os mais pobres sofrem mais, num hipotético cenário
de doença que se espalha (por exemplo, a pandemia em 2020, contudo, o autor
toma como referência as gripes aviárias que ocorreram antes de 2018, ano de
publicação da 1ª edição do livro). Sofrem mais “os pobres”, sejam os pássaros
menos dominantes, sejam as comunidades humanas de baixa renda, porque “morrem
primeiro e em maior número”. Inclusive, ele usa uma “máxima” relativamente
conhecida “quando a aristocracia pega um resfriado, a classe trabalhadora morre
de pneumonia”[4].
Cito
essa parte porque existe uma estratégia de marketing esquerdista que tenta
rotular todos os filósofos e cientistas conservadores como pessoas insensíveis
às dores alheias, sobretudo, às dores das pessoas mais vulneráveis. O drama das
desigualdades sociais deve ser enfrentado de fato. Não importa de que linha
política as pessoas sejam.
CONFLITO E TERRITÓRIO
Nas
disputas, tanto animais como humanos, aprendem com o tempo estratégias para se
estabelecer domínio e defender esse domínio com a menor quantidade possível de
dano. Ele cita lobos, dragões-barbudos, golfinhos e lagostas. Todos têm suas
formas de sinalizar que não querem conflito, suas formas de conflitar ou de se
render depois de uma luta, quem sabe evitando a pena capital.
Embora
Peterson discorra bastante sobre o belicoso comportamento de sobrevivência dos
animais, sobre os vários níveis de luta e disputa entre as lagostas, o que está
no interesse desta resenha são as análises científicas, argumentos e
exemplificações capazes de identificar equívocos nas teorias socialistas,
capazes de refutar que nem tudo na natureza humana é apenas construção social.
Como disse Chico Anísio, a esquerda tem uma grande teoria para as coisas do
mundo[5],
quer ser a mandona do mundo. Olavo de Carvalho falava sobre como os
intelectuais progressistas e frankfurtianos se apossaram da dialética negativa[6]
de tudo o quanto existe, a fim de poderem eles atacar a qualquer visão de mundo
que não lhes interessa. Para mim, a esquerda superestima seus teóricos de araque
e manipula o debate público.
Portanto,
torna-se urgente derrubar todas as construções teóricas e técnicas
argumentativas que os ideólogos de esquerda vomitam no debate público, querendo
que todos as tomem como verdades absolutas e inteligentinhas demais para serem
controvertidas.
E
por falar em conflito:
Os pesquisadores demonstraram que até
mesmo uma lagosta que cresceu isolada sabe o que fazer quando isso acontece.
Ela possui comportamentos de defesa e de agressão embutidos, construídos diretamente
no seu sistema nervoso. Ela começará a dançar como um boxeador, abrindo e
fechando suas pinças, movendo-se para trás, para frente e para os lados,
imitando seu oponente, balançando suas pinças abertas para trás e para frente.
Ao mesmo tempo, usará os jatos especiais que ficam abaixo dos olhos para lançar
um líquido em seu oponente. O líquido contém uma mistura de químicos que
informam o oponente sobre seu tamanho, sexo, saúde e humor. [7]
Se fizermos uma comparação do funcionamento cerebral, do
comportamento belicoso da lagosta, com a fracassada experiência de John Money[8]
– infeliz que tentou fazer engenharia social com a mente e o corpo de crianças,
como no caso Bruce Reimer[9]
–, entenderíamos sobre os porquês de seu fracasso, e também faria bastante
sentido o fato de hoje em dia explodirem os casos de militantes usando crianças
para impor a agenda queer goela a baixo. Tanto quanto Money, essa gente
acredita que a criação pode se sobrepor à biologia. Porém, fato é que vai
continuar sendo trágico assim como foi a trágico achar que poderiam forçar a
criação de um menino como sendo menina. Pura vontade de verdade e não ciência.
É necessário oxigenar o debate público com fatos que derrubem
o caos do novo mundo, produzido pelas brincadeiras de engenharia social
promovidas pela esquerda política-monopolista. Há elementos considerados inatos
ao ser humano e forças naturais, que independem do que acham os
socioconstrutivistas fanáticos ou do que dizem ser verdade os amantes da teoria
queer.
A NEUROQUÍMICA DA DERROTA
E DA VITÓRIA
Nesse tópico, Jordan Peterson delineia, aprofunda uma
informação intrigante, dita no encerramento do tópico anterior: “Se uma lagosta
dominante for seriamente derrotada, seu cérebro praticamente se desconstrói.
Então, um novo cérebro, de subordinado, surge – um mais apropriado para a sua
nova posição, inferior”[10].
Ele ainda sugere que o cérebro humano também experimentaria algo semelhante
quando passa derrotas e perdas.
[1]
Resenha crítica da primeira regra do livro: PETERSON, Jordan B. 12 regras
para a vida: um antídoto para o caos. Tradução: Wendy Campos, Alberto G.
Streicher. Rio de Janeiro: Alta Boks, 2018
[2]
PETERSON, Jordan B. 12 regras para a vida: um antídoto para o caos. Rio
de Janeiro: Alta Boks, 2018, p. 3.
[3]
PETERSON, Jordan B. 12 regras para a vida: um antídoto para o caos. Rio
de Janeiro: Alta Boks, 2018, p. 4.
[4]
Idem. p. 4.
[5] https://www.youtube.com/watch?v=AABH56gRUM8
e https://www.youtube.com/watch?v=5vFaV_2nq3c
Acesso em Dez. 2023.
[6] https://www.youtube.com/watch?v=PxeL4Fddg5A
Acesso em Dez. 2023.
[7]
PETERSON, Jordan B. 12 regras para a vida: um antídoto para o caos. Rio
de Janeiro: Alta Boks, 2018, p. 6.
[8] Psicólogo
e sexólogo norte-americano considerado o pai da ideologia de gênero. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652018000300002#:~:text=John%20Money%20e%20a%20cria%C3%A7%C3%A3o,ele%20considerava%20o%20sexo%20psicol%C3%B3gico.
[10]
PETERSON, Jordan B. 12 regras para a vida: um antídoto para o caos. Rio
de Janeiro: Alta Boks, 2018, p. 7.
[11] A
recaptação é um mecanismo que o neurônio realiza para retirar o
neurotransmissor (no caso, serotonina) da fenda sináptica. Quando a recaptação
é inibida, aumenta a quantidade de serotonina disponível para os neurônios.
medicamentos como o pondera podem ser muito úteis na redução de sintomas.
Fonte: https://www.doctoralia.com.br/perguntas-respostas/como-funciona-a-recaptacao-de-serotonina-e-depois-que-eu-parar-meu-tratamento-para-ansiedade-antecipatoria#:~:text=A%20recapta%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20um%20mecanismo,%C3%BAteis%20na%20redu%C3%A7%C3%A3o%20de%20sintomas.
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