CONFERÊNCIA CRESCIMENTO SOBRENATURAL

CONFERÊNCIA CRESCIMENTO SOBRENATURAL
No próximo sábado (26), a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) do Bairro Independência, sede da Região 337 em Marabá, será palco da Conferência Crescimento Sobrenatural, um evento que promete reunir fiéis e líderes religiosos em uma programação especial.

domingo, 21 de janeiro de 2024

CRÔNICA – TÚMULO DOS SONHOS

CRÔNICA – TÚMULO DOS SONHOS

 

Nós somos os homens ocos

Os homens empalhados

Uns nos outros amparados

O elmo cheio de nada. Ai de nós!

T. S. Eliot (1888-1965)

 

Eu acredito no poder do sonho. Penso que cada sonho que buscamos realizar representa um dos meios usados por Deus para alimentar nossas almas. Alimentar com esperanças dignas, coragem e crenças no que há de mais valioso na vida.

Afinal, se não fossem os sonhos, o que seria capaz de dar motivo e sentido aos olhos que se abrem, às narinas que suspiram e aos sorrisos gostosos a cada manhã?

        Porém, parece que vivemos um tempo fatalista. Pessimista. Tempo capaz de anular até mesmo a menor fagulha do imaginário humano. Pois, a poeira nos meus ouvidos vive me contando, já faz um tempo, a respeito de uma velhacaria que se tornou triste verdade: tem sido bastante incomum encontrar pessoas que ainda ousam falar de alguns de seus sonhos.

Claro que precisamos identificar a origem desse mal funéreo. As pessoas estão caminhando como covas ambulantes. Enterram dentro de si a riqueza do expectar. Ou seja, a frase mais assassina do momento é: “Não crio nenhuma expectativa, assim não tenho que passar por nenhum tipo de decepção”. Rapaz! Será mesmo? O quanto pode ser oca uma alma assim. Nem consigo pensar se dar para medir a oquidão de um peito assim.

         Dante!

Ele, sim, soube enxergar como poucos o material que constitui a natureza embrionária do sonho. Seu germe primevo. A imaginação!

Dante sacou que a alta fantasia é um lugar que chove dentro. E, se o sonho pessoal, quer dormindo ou acordado, não for o primeiro lugar em que as gotas caem, que importa onde mais cairão?

Contudo, diante desse velório exponencial, o que podemos fazer? Devemos reconhecer que existem muitas forças atuando para que tanta gente vá dormir com pesadelos e acorde sem sonhar.

Eu tenho uma lista sintético-identificadora dessas forças catatúmbicas.

            A fonte. Um dos problemas que marcam este tempo cadavérico é a fonte. O homem moderno escasseou todos os fingidos porquês que tentaram matar Deus. E substituí-lo. Julgaram-se a nascente. Mas, hoje, só são a morrente.

O medo. Eta miserável medo! É tão difícil alcançar e eu não sou ninguém pra isso.

A desconfiança. Dos ouvidos em que meus sonhos foram pousar. Falar dos sonhos significa dar poder a quem nos escutar. Pode se fazer o bem e o mal.

O egoísmo. O mais avassalador de todos. O sonho nasce, cresce, destrói tudo e morre.

As superstições. São as respostas para as coisas que nunca foram perguntadas. E nem havia de se perguntar.

A ganância. Tudo só pra mim. Eis o túmulo mais enfeitado. E o mais seco de todos. Nada tem na cabeça deste ser. O sonho do ganancioso é a pobreza da realidade.

É por isso a epígrafe.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

ROTEIRO AB OVO

Abertas as paredes

No sossego do meu lar

Ninguém está à porta

Só eu posso mudar

 

Quando eu piso no chão

As camadas de imantar

Sacodem novos sons

De Goelas a falar

 

Ficaram revolvidas

Mais memórias e mais histórias

Bobinas que não rodavam

Magnetizam, mas vão embora

 

Os passos até as paredes

Pra fugir do lado de lá

Comida encontro, as cestas

Formigam, há um quarentilhar

 

Perto da nova esquina

O ano que se seguirá

Comboios nascem por cima

Pelas esteiras a caminhar

 

Vão eclodir as tartarugas

A natureza adentra o mar

Renascem novas figuras

E na minha casa vão morar

domingo, 14 de janeiro de 2024

POEMA - SUPER AÇÃO

SUPER AÇÃO

 

Homens dos quais o mundo não era digno

 

A todos que enfrentaram seus gigantes,

Que conseguiram se superar,

Que não pararam de seguir adiante,

Independentemente do que encontrar.

Vocês se tornaram exemplos ao mundo.

Espero que todos tenham olhos de olhar:

Tiveram forças que os outros precisam ter,

Lutaram acreditando que vale lutar.

 

Homens que decidiram batalhar por um sonho.

Ouviram palavras duras, fortes para desmotivar.

Encararam o medo, o engano, a solidão e a fome.

Engrossaram a pele de tanto bater e apanhar.

Existe muito motivo para se dizer sujeito homem,

Mesmo que ainda se multipliquem covardes a negar.

Engolir as próprias dores e reagir como um sem nome,

Sem saber quando, nem onde, cada dia iria terminar.

 

Mulheres que anelaram, por si, o melhor futuro,

Cultivando esperanças... quebrando vinganças...

Tristes em face da injustiça, impondo-se em muro,

Anoitecendo os passados, o presente as escuras.

Firmes, com a chama inextinta, fechados os punhos.

Leves, como a neve gelada, congelando as amarras,

Para em seguida quebrá-las, perpetuar-se no rumo.

Com vozes erguidas, seguem-se os passos e as idas.

 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

ABELHAMENTO

Nós só buscamos entender aquilo que é problema nosso. Esta é uma tese geral. Ou seja, no papel de pessoas responsáveis que somos, de pessoas que cuidam das próprias vidas, temos muito interesse em compreender os porquês das coisas que nos afetam de perto.

Se algo é prejudicial a você, é natural que você queira saber o que é isso que tanto te afeta. Conhecer o problema e buscar saídas. Nó e desenlace. Na vida como na arte.

Mesmo que dê muito trabalho para se compreender as causas de tudo aquilo que nos provoca dano, devemos permanecer, firmes, no propósito de lutar contra a origem do mal. Afinal, como cita o dito popular: “Ninguém tem sangue barata!”. Se você sofre, cuide-se. Resolva!

Além disso, quando algo que nos prejudica diretamente acontece, as nossas reações tendem a ser mais rápidas. Rápidas e interessadas.

Eu sou do tipo que quer entender quem, como, quando e por que algo me afeta. Acredito que faz parte da vida de qualquer sujeito, que atua como condutor do próprio destino, o interesse em encontrar as melhores, mais justas e seguras soluções. Definitivas sempre que possível! Só não gosto de perder tempo, (re)trabalho, recursos e energias com coisas que não posso mudar, nem cabe a mim mudar.

Porém, às vezes ocorre uma demora para que haja esse entendimento: “É algo que posso ou não mudar? E, se posso, devo?”. Se posso e devo, logo, faço. Não vou ter ganho nenhum deixando os problemas, cobranças e desafios que estão ligados a mim sem encontrar seus devidos fins.

Apesar de tudo dito até aqui, pode acontecer da tese geral conter uma falha. Isto é, nem sempre as pessoas buscam entender apenas aquilo que é problema delas. Não dá pra negar que existe muita gente que gasta esforço – diria até que gastam uma grande quantidade de abelhamento – só para poder ficar se metendo nos problemas alheios.

Metem-se, não para resolver os problemas do próximo ou ajudar, mas, sim, para mexericar. Para novelizar os acontecimentos da vida real. Tornar em episódio tudo aquilo que acreditam ser dramático falar acerca das vidas alheias.

Os abelhudos gostam de saborear sadicamente, não com poucas ilações, as nuances que julgam ser as mais acertadas. Julgam como verdades absolutas todos os achismos que seriam mais dolorosos na pele vizinha.

 O abelhamento é uma praga local e nacional, pessoal e coletiva. Ela está no grupo das coisas do: “Se posso ou não posso? Se devo ou não devo?”.

Contudo, uma coisa é certa. Só não podemos dizer que o abelhamento seja a solução. Quem fica alienado à TV da vida do vizinho vai se assustar no dia que a programação acabar. E, geralmente, só acaba para o lado de quem abelha. Digo, de quem assiste.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

QUANDO O AMOR DESMORONA

        É difícil construir uma fortaleza. Seja dentro, seja fora de si. Edificar um lugar, um santuário, um castelo pessoal. Imagine. Ou recorde. Deve ser árduo levantar a própria masmorra. Colocar as mãos na massa e iniciar sua torre. Investir recursos: dinheiro, tempo, trabalho, saúde, lágrimas...

            E quando não é um projeto pessoal investe-se muito mais.

São conversas, são compartilhamentos de sonhos. Sorrisos e coincidências. Cedências e abdicações. Divide-se crenças. Une-se crenças. Esperanças despertadas, seguidas de beijos e abraços seladores.

Mas, para que tudo isso? Pra que tanta construção? O que justifica tantos investimentos? Quem sabe para se proteger ou se esconder. Talvez para viver melhor e desfrutar de algum tipo de paz. Quem sabe seja o natural. O devir das coisas.

O fato é que, sozinho ou acompanhado, é extremamente desafiador criar esse lugar.

Embora as pessoas não perguntem sobre os motivos, sobre as intenções de quem dedicou tempo e trabalho erigindo a própria fortaleza, o dono ou os donos sabem bem. Sabem cada um motivo. Sabem cada uma intenção.

Contudo, pode ser que tudo isso um dia desmorone. Pode ser que a fortaleza do amor pessoal sucumba, que o castelo do amor construído a dois imploda. E agora? Como lidar com a queda?

Nós que não sabemos amar procuraremos as causas do desmoronamento. Tentaremos responder aos porquês de agora sermos o que não éramos. Entender como foi que levaram tudo que era bom.

E nós que não sabemos do amor dispensaremos tempo, acreditando que tudo se curará. Acreditaremos do santo remédio das horas, dos dias, dos meses, dos anos, até o fim da vida.

Enfim, nós que do amor nada sabemos vamos viver umas das mais avassaladoras crises da natureza humana. Revoltar-nos contra o que não se resolve com revoltar. Brandar contra o que não se soluciona com berros. Hierarquizar novos valores. Ou resistir à hierarquização. Digerir sentimentos mal vindos. Vomitá-los. Confundir atitudes certas com erradas. E vice-versa.  

Já os que seguem dizendo que sabem amar não seguirão menos desmoronados. Olharão pra frente e caminharão também sem as respostas que gostariam de ter. Seguirão sem viver novamente o que era bom.

Os que seguem reputando-se entendidos do amor confiarão, do mesmo modo, no tempo. Acreditando que vão viver um outro novo tempo. Terão feridas que acreditam que vão ser curadas.

A verdade é que, mesmo que digam não ter importância, quem edificou entende que nunca foi para desmoronar.