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sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

ABELHAMENTO

Nós só buscamos entender aquilo que é problema nosso. Esta é uma tese geral. Ou seja, no papel de pessoas responsáveis que somos, de pessoas que cuidam das próprias vidas, temos muito interesse em compreender os porquês das coisas que nos afetam de perto.

Se algo é prejudicial a você, é natural que você queira saber o que é isso que tanto te afeta. Conhecer o problema e buscar saídas. Nó e desenlace. Na vida como na arte.

Mesmo que dê muito trabalho para se compreender as causas de tudo aquilo que nos provoca dano, devemos permanecer, firmes, no propósito de lutar contra a origem do mal. Afinal, como cita o dito popular: “Ninguém tem sangue barata!”. Se você sofre, cuide-se. Resolva!

Além disso, quando algo que nos prejudica diretamente acontece, as nossas reações tendem a ser mais rápidas. Rápidas e interessadas.

Eu sou do tipo que quer entender quem, como, quando e por que algo me afeta. Acredito que faz parte da vida de qualquer sujeito, que atua como condutor do próprio destino, o interesse em encontrar as melhores, mais justas e seguras soluções. Definitivas sempre que possível! Só não gosto de perder tempo, (re)trabalho, recursos e energias com coisas que não posso mudar, nem cabe a mim mudar.

Porém, às vezes ocorre uma demora para que haja esse entendimento: “É algo que posso ou não mudar? E, se posso, devo?”. Se posso e devo, logo, faço. Não vou ter ganho nenhum deixando os problemas, cobranças e desafios que estão ligados a mim sem encontrar seus devidos fins.

Apesar de tudo dito até aqui, pode acontecer da tese geral conter uma falha. Isto é, nem sempre as pessoas buscam entender apenas aquilo que é problema delas. Não dá pra negar que existe muita gente que gasta esforço – diria até que gastam uma grande quantidade de abelhamento – só para poder ficar se metendo nos problemas alheios.

Metem-se, não para resolver os problemas do próximo ou ajudar, mas, sim, para mexericar. Para novelizar os acontecimentos da vida real. Tornar em episódio tudo aquilo que acreditam ser dramático falar acerca das vidas alheias.

Os abelhudos gostam de saborear sadicamente, não com poucas ilações, as nuances que julgam ser as mais acertadas. Julgam como verdades absolutas todos os achismos que seriam mais dolorosos na pele vizinha.

 O abelhamento é uma praga local e nacional, pessoal e coletiva. Ela está no grupo das coisas do: “Se posso ou não posso? Se devo ou não devo?”.

Contudo, uma coisa é certa. Só não podemos dizer que o abelhamento seja a solução. Quem fica alienado à TV da vida do vizinho vai se assustar no dia que a programação acabar. E, geralmente, só acaba para o lado de quem abelha. Digo, de quem assiste.

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