Nós
só buscamos entender aquilo que é problema nosso. Esta é uma tese geral. Ou
seja, no papel de pessoas responsáveis que somos, de pessoas que cuidam das próprias
vidas, temos muito interesse em compreender os porquês das coisas que nos
afetam de perto.
Se
algo é prejudicial a você, é natural que você queira saber o que é isso que
tanto te afeta. Conhecer o problema e buscar saídas. Nó e desenlace. Na vida
como na arte.
Mesmo
que dê muito trabalho para se compreender as causas de tudo aquilo que nos
provoca dano, devemos permanecer, firmes, no propósito de lutar contra a origem
do mal. Afinal, como cita o dito popular: “Ninguém tem sangue barata!”. Se você
sofre, cuide-se. Resolva!
Além
disso, quando algo que nos prejudica diretamente acontece, as nossas reações
tendem a ser mais rápidas. Rápidas e interessadas.
Eu
sou do tipo que quer entender quem, como, quando e por que algo me afeta.
Acredito que faz parte da vida de qualquer sujeito, que atua como condutor do
próprio destino, o interesse em encontrar as melhores, mais justas e seguras soluções.
Definitivas sempre que possível! Só não gosto de perder tempo, (re)trabalho,
recursos e energias com coisas que não posso mudar, nem cabe a mim mudar.
Porém,
às vezes ocorre uma demora para que haja esse entendimento: “É algo que posso
ou não mudar? E, se posso, devo?”. Se posso e devo, logo, faço. Não vou ter
ganho nenhum deixando os problemas, cobranças e desafios que estão ligados a
mim sem encontrar seus devidos fins.
Apesar
de tudo dito até aqui, pode acontecer da tese geral conter uma falha. Isto é,
nem sempre as pessoas buscam entender apenas aquilo que é problema delas. Não
dá pra negar que existe muita gente que gasta esforço – diria até que gastam
uma grande quantidade de abelhamento – só para poder ficar se metendo nos
problemas alheios.
Metem-se,
não para resolver os problemas do próximo ou ajudar, mas, sim, para mexericar. Para
novelizar os acontecimentos da vida real. Tornar em episódio tudo aquilo que acreditam
ser dramático falar acerca das vidas alheias.
Os
abelhudos gostam de saborear sadicamente, não com poucas ilações, as nuances
que julgam ser as mais acertadas. Julgam como verdades absolutas todos os
achismos que seriam mais dolorosos na pele vizinha.
O abelhamento é uma praga local e nacional,
pessoal e coletiva. Ela está no grupo das coisas do: “Se posso ou não posso? Se
devo ou não devo?”.
Contudo,
uma coisa é certa. Só não podemos dizer que o abelhamento seja a solução. Quem
fica alienado à TV da vida do vizinho vai se assustar no dia que a programação acabar.
E, geralmente, só acaba para o lado de quem abelha. Digo, de quem assiste.
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