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quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

QUANDO O AMOR DESMORONA

        É difícil construir uma fortaleza. Seja dentro, seja fora de si. Edificar um lugar, um santuário, um castelo pessoal. Imagine. Ou recorde. Deve ser árduo levantar a própria masmorra. Colocar as mãos na massa e iniciar sua torre. Investir recursos: dinheiro, tempo, trabalho, saúde, lágrimas...

            E quando não é um projeto pessoal investe-se muito mais.

São conversas, são compartilhamentos de sonhos. Sorrisos e coincidências. Cedências e abdicações. Divide-se crenças. Une-se crenças. Esperanças despertadas, seguidas de beijos e abraços seladores.

Mas, para que tudo isso? Pra que tanta construção? O que justifica tantos investimentos? Quem sabe para se proteger ou se esconder. Talvez para viver melhor e desfrutar de algum tipo de paz. Quem sabe seja o natural. O devir das coisas.

O fato é que, sozinho ou acompanhado, é extremamente desafiador criar esse lugar.

Embora as pessoas não perguntem sobre os motivos, sobre as intenções de quem dedicou tempo e trabalho erigindo a própria fortaleza, o dono ou os donos sabem bem. Sabem cada um motivo. Sabem cada uma intenção.

Contudo, pode ser que tudo isso um dia desmorone. Pode ser que a fortaleza do amor pessoal sucumba, que o castelo do amor construído a dois imploda. E agora? Como lidar com a queda?

Nós que não sabemos amar procuraremos as causas do desmoronamento. Tentaremos responder aos porquês de agora sermos o que não éramos. Entender como foi que levaram tudo que era bom.

E nós que não sabemos do amor dispensaremos tempo, acreditando que tudo se curará. Acreditaremos do santo remédio das horas, dos dias, dos meses, dos anos, até o fim da vida.

Enfim, nós que do amor nada sabemos vamos viver umas das mais avassaladoras crises da natureza humana. Revoltar-nos contra o que não se resolve com revoltar. Brandar contra o que não se soluciona com berros. Hierarquizar novos valores. Ou resistir à hierarquização. Digerir sentimentos mal vindos. Vomitá-los. Confundir atitudes certas com erradas. E vice-versa.  

Já os que seguem dizendo que sabem amar não seguirão menos desmoronados. Olharão pra frente e caminharão também sem as respostas que gostariam de ter. Seguirão sem viver novamente o que era bom.

Os que seguem reputando-se entendidos do amor confiarão, do mesmo modo, no tempo. Acreditando que vão viver um outro novo tempo. Terão feridas que acreditam que vão ser curadas.

A verdade é que, mesmo que digam não ter importância, quem edificou entende que nunca foi para desmoronar.

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