É difícil construir uma fortaleza. Seja dentro, seja fora de si. Edificar um lugar, um santuário, um castelo pessoal. Imagine. Ou recorde. Deve ser árduo levantar a própria masmorra. Colocar as mãos na massa e iniciar sua torre. Investir recursos: dinheiro, tempo, trabalho, saúde, lágrimas...
E quando não é um projeto pessoal investe-se muito mais.
São
conversas, são compartilhamentos de sonhos. Sorrisos e coincidências. Cedências
e abdicações. Divide-se crenças. Une-se crenças. Esperanças despertadas, seguidas
de beijos e abraços seladores.
Mas,
para que tudo isso? Pra que tanta construção? O que justifica tantos
investimentos? Quem sabe para se proteger ou se esconder. Talvez para viver
melhor e desfrutar de algum tipo de paz. Quem sabe seja o natural. O devir das
coisas.
O
fato é que, sozinho ou acompanhado, é extremamente desafiador criar esse lugar.
Embora
as pessoas não perguntem sobre os motivos, sobre as intenções de quem dedicou
tempo e trabalho erigindo a própria fortaleza, o dono ou os donos sabem bem.
Sabem cada um motivo. Sabem cada uma intenção.
Contudo,
pode ser que tudo isso um dia desmorone. Pode ser que a fortaleza do amor
pessoal sucumba, que o castelo do amor construído a dois imploda. E agora? Como
lidar com a queda?
Nós
que não sabemos amar procuraremos as causas do desmoronamento. Tentaremos
responder aos porquês de agora sermos o que não éramos. Entender como foi que
levaram tudo que era bom.
E
nós que não sabemos do amor dispensaremos tempo, acreditando que tudo se
curará. Acreditaremos do santo remédio das horas, dos dias, dos meses, dos
anos, até o fim da vida.
Enfim,
nós que do amor nada sabemos vamos viver umas das mais avassaladoras crises da
natureza humana. Revoltar-nos contra o que não se resolve com revoltar. Brandar
contra o que não se soluciona com berros. Hierarquizar novos valores. Ou
resistir à hierarquização. Digerir sentimentos mal vindos. Vomitá-los.
Confundir atitudes certas com erradas. E vice-versa.
Já
os que seguem dizendo que sabem amar não seguirão menos desmoronados. Olharão
pra frente e caminharão também sem as respostas que gostariam de ter. Seguirão
sem viver novamente o que era bom.
Os
que seguem reputando-se entendidos do amor confiarão, do mesmo modo, no tempo.
Acreditando que vão viver um outro novo tempo. Terão feridas que acreditam que vão
ser curadas.
A
verdade é que, mesmo que digam não ter importância, quem edificou entende que nunca
foi para desmoronar.
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