NACIONAL ENERGY

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

NA RODA DA VIDA – Master Coach Marcelo Almeida realiza imersão no curso “O Poder da Autorresponsabilidade”


















Anderson Damasceno

Todo dia temos a oportunidade de entender – nos entender –, ter consciência do estado atual em que se encontram nossas vidas. Mas nem sempre isso acontece. Muita vez, passa o ano inteiro, ou anos, sem nos darmos conta de que a vida é um passo a passo diário, e que de modo nenhum pode funcionar no piloto automático.
Na última semana, o master coach Marcelo Almeida encerrou o curso com 18h de imersão n’O Poder da Autorresponsabilidade, endereçado à equipe de professores e profissionais do Instituto de Ensino Amais, da qual eu faço parte. É impossível não sacar o bom resultado, ou o montante de bom resultado, gerado nesse pouco espaço de tempo. Como estou pilotando minha vida? Foi a questão que me fiz repetidas vezes.
Os encontros ocorreram por dois dias apenas e conseguiram gerar uma reflexão, uma tomada de consciência que já está me fazendo vislumbrar o ano de 2019 com melhores olhos. É como se tudo que espero viver neste ano ganhasse contornos mais definidos.
Uma das ferramentas que pude experimentar ali foi o MAAS, Mapa de AutoAvaliação Sistêmico, uma espécie de Roda da Vida em que 11 importantes áreas da nossa vida se apresentam ali, quase ofendendo nossos olhos, pois muitas vezes evitamos olhar pra elas.
Nela, na roda, tive a grande oportunidade de perceber que não vale a pena investir sacrificialmente numa ou duas áreas da vida, sendo que a natureza da vida é um conjunto. Acho que um dia o Eminem vai precisar se retratar por causa da Lose Yourself. Obviamente, sei que essa autopercepção veio aos poucos, em pequenas doses ao longo do encontro, mediado com muita vivacidade por Marcelo, em cada ferramenta, confronto e convite para que saiamos da zona de conforto. Mas, o MAAS teve algo a mais, um desenho que comunica muito a quem somos em nosso interior.
Como diz meu pastor, Ronisteu Araújo, que “Deus nos livre”, e se não soubermos de que, “Que Ele nos livre de nós mesmos”, e parece que muita vez vivo assim, precisando me livrar de mim mesmo. Coisa que a imersão n’O Poder da Autorresponsabilidade ajudou bastante, permitiu vislumbrar a sensação e a consciência que tenho de mim mesmo, a partir dessas 11 áreas da vida.
Família, saúde, trabalho, finanças, no fundo “tudo (isso) é espiritual”, como diria Rob Bell, e ali pude traçar um desenho melhor do que preciso fazer por mim, para mim e em mim, a fim de que 2019 seja extraordinário a cada novo dia. Como já começou com a leitura de três bons livros, notícias boas para saúde de duas tias minhas, oportunidades se descortinando na política local, alunos vindo se socorrer no meu trabalho porque confiam... et cetera, et cetera. E é só o começo!










sábado, 12 de janeiro de 2019

POEMA – Um tratado de Hamlet do Pará go (to) Minas (Anderson Damasceno)


POEMA – Um tratado de Hamlet do Pará go (to) Minas (Anderson Damasceno*)

Um telefonema sobre os irmãos Karamázov
Vozes sobre o espírito das leis e o direito
As teorias do estado e a distância
Um tapa na cara como desespero
Desespero um tapa na cara
Uma louca boca fala beijos
E um novo hiato se abre...

Os esquecimentos que se materializam no tempo
Do sonho
Alimentos psíquicos intransigentes
Vorazes viajam a despeito de seu dono-hospedeiro
Inconcretudes da boca que falou beijos ao literário ouvido
Pará, Oh, meu Pará!
Pará go! Minas!
I will remember when this blow over...

Tentarei agora um veto nesse novo parágrafo
Da vida
Descriminando todos os incisos peitoris
Ardis
Que sabotam o hospedeiro.

Num quarto o ouvido silencia-se
Comunica pra si o barulho que se rebenta no peito pretérito
O sabor das gargalhadas compartilhadas numa minuta de amizade
A hora era escura pra mim mas...
Clara em algum lugar.

Onde está vendo sendo escrita nobilitante culpa do réu-hospedeiro?
Nas páginas da fantasia poderá alguém encontrar.

Ali também foi desaguado o alheio
Algemado
O algoz tão culpado quanto Hamlet,
Com o peito ofegante, se autodespunindo em face de Polônio.
Nela a anestesia injetada no sangue era hormonal
A serotonina
No hospedeiro era a catarse
A regressão
O peito hemofílico, de anos, só jorrada com as questões da ansiedade
Da fome
Da ansiedade muscular
De um certo tremor de artérias
Mas sem impudicícia que se vê nos matos
Ou mesmo a de Matos.

A musa esmeraldada estava no jogo do Mega Man X2
Na luta de Alucard
Na sinfonia da noite
No código de Samus Aran
No cérebro do Metroid
Na princesa protegida do Mario World

Será que alguém há de se levantar para jogar com essa nova senha?
Ainda tramita na cruz
Que as madeixas cor de ouro canta na PIB 32
Enquanto o Produto Interno Bruto do outro lado da linha...

Espera...

Nunca acabar...

Mais aquela...

Fonação:  


*Anderson Damasceno Brito Miranda é natural de Marabá, Pará, nascido a 8 de julho de 1985. Mas, residiu por longos anos em outros municípios do estado como Altamira e Goianésia do Pará. Retornou para a cidade natal em 2004, onde passou a morar, novamente, com a família. Aos 19 anos, fez confissão de fé em Cristo. Em 2005, ingressou para o curso de Letras na Universidade Federal do Pará (UFPA), Campus Marabá, onde hoje é o Campus I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). 
O poeta leciona inglês, português, redação, artes e literatura. Também é repórter, fotógrafo e blogueiro.
Participou do Concurso de Poesia Professor(a) Poeta(isa) na sua última edição, realizada em 2011, em que alcançou o segundo lugar. E participa, ativamente, do concurso anual realizado pela Academia de Letras do Sul e Sudeste do Pará (ALSSP), intitulado Prêmio Inglês de Sousa, em que logrou a primeira colocação no gênero poesia, durante a edição do ano 2014.
Atualmente, trabalha no Instituto de Ensino A+, Preparatório de Medicina Everest. Além disso, é assessor parlamentar e assina o blog Olhar do Alto (OA).
Até outubro de 2016, o literato fez parte do coletivo de poetas e artistas do Sarau da Lua Cheia, sendo um dos co-fundadores do movimento, ao lado de Airton Souza, Eliane Soares e Xavier Santos. O Sarau da Lua Cheia é um evento artístico e cultural que iniciou em março de 2013, de caráter itinerante, que acontece em Marabá, uma vez por mês, promovendo a leitura, o livro e a divulgação das obras de autores paraenses.
Também foi membro-fundador da Associação de Escritores do Sul e Sudeste do Pará (AESSP), mas dissidiu por discordar da mentalidade esquerdista que passou a dominar a direção da instituição, após a queda do governo Dilma Rousseff, que manteve o PT no poder por quase 14 anos, isto é, 14 anos que foram, sem sombra de dúvidas, um dos piores projetos de poder e o maior escândalo de corrupção que o mundo já conheceu.










sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

QUESTÃO DESAFIO / ENEM 2019 - Literatura indígena, Tipologias textuais e Funções da linguagem


QUESTÃO DESAFIO – ENEM 2019

O CAÇADOR DE ÇUKURIJÚS

                Os anos se passaram e Kawã tornava-se cada vez mais forte e corajoso.
                Certa noite, ouviu um caçador dizer que na cabeceira do ygarapé Kãwera havia o suspiro de uma grande çukurijú, a cobra-grande. Resolveu, então, enfrentá-la.
                Preparou suas flechas embebidas no veneno kurare. Pegou uma cuia contendo farinha de mandioca e pela manhã cedinho rumou de canoa, remando em direção à cabeceira do famoso ygarapé.
                Ao cair da tarde, Kawã havia chegado ao local. Aquele era um lugar sinistro. Aves de todas as partes pousavam sobre os galhos de uma makakarekuya alagada. Animais grandes e pequenos alimentavam-se próximo a um grande poço de águas escuras. (...) O fundo das águas – rios e ygarapés – tem seus gênios: cobras, botos, purakés e outros animais encantados que só esperam uma oportunidade para amedrontar os frágeis seres humanos. Poucos teriam coragem de ir àquele lugar, mas Kawã era um rapaz diferente.
                Esses animais também são espíritos. Entender isso é difícil e fácil ao mesmo tempo, é só nascer em uma aldeia maraguá, meu amigo. Essa crença faz parte da religião maraguá. Escrever um livro para crianças da cidade não é fácil! Não estou reclamando, não! Só acho engraçado ter que explicar, a literatura indígena foi sempre oral...
                As cobras têm olhos por todas as partes, e ficam observando os pescadores e caçadores, e, quando se sentem ameaçadas, reagem.
Adaptado de: Yaguakãg, Elias. As aventuras de menino Kawã. – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2010, pp. 25-27.
Nesse fragmento, o expediente narrativo é interrompido por reflexões que se desdobram sobre o próprio texto. Isso ocorre através do(a)
a) metalinguagem, caracterizada pela quebra da quarta parede.
b) conjunto de informações referentes ao local, horário e instrumentos de caça.
c) código linguístico, marcado por vocábulos pertinentes à cultura maraguá.
d) argumentação incisiva, que modifica o pensamento do interlocutor.
e) descrição, demonstrando o forte apego emocional do narrador.

Orientação!
Para o vestibulando solucionar o item acima precisa dos conhecimentos relacionados às habilidades: (primária) H19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução; e (secundária) H18 – Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos. 




sábado, 5 de janeiro de 2019

CRÔNICA – A pena de um pássaro (Anderson Damasceno*)

CRÔNICA – A pena de um pássaro (Anderson Damasceno)

Uma pena, leve, solta da asa de algum pássaro, nobre ou não, por razões que o tempo e a biologia podem nos explicar, caída, depois de ajudar a tantas travessias no céu, está agora perto, bem perto de mim. Uma situação nada inusitada, nem inesquecível, mas que guardava uma porta aberta para o poder da inesquecibilidade. Ao olhar a pena ali, solitária, deitada na terra, seca, que junta ao longo do meio-fio depois de uma chuva na cidade, terra que a prefeitura volta e meia manda limpar, senti que a maçaneta da porta foi dobrada e, de súbito, me joga para dentro das vezes que bastava aquilo pra brincar.
É uma situação comum. Sentado na calçada, à espera de ônibus coletivo na última parada do Bairro Liberdade, adulto aos 33 anos, sem nenhum gosto ou impulso para fazer-me brincar de novo com pena de pássaro. Não tinha nada de marcante, incomum e inesquecível ali. Também não dá para contar a quantas pessoas em Marabá isso é ou possa se aproximar em semelhança.
Isso é muito diferente de infelicidades da adolescência ou da infância que se tornam quase imemoriáveis. Quando nas férias escolar vai se visitar os tios que moram na Folha 33, alegre mesmo por levar só algumas roupas numa bolsa, um punhado que caberia numa sacola dessas grandes de supermercado – talvez fosse até uma sacola, coisa que me escapa à memória agora –, pois o máximo que vai se passar ali é uma semana ou dez dias. Na época, a parada de coletivo mais próxima a quem residia na 33 era a que ladeava uma lanchonete, dessas feitas de carrinhos, móveis como ainda hoje se vê nas praças de Marabá – por pouco tempo eu acho, haja vista o andar da modelagem urbana da atual administração –, parada que ainda hoje existe em frente à Rodoviária da Folha 32, mas que agora é acompanhada por uma borracharia daora, um estabelecimento de serviços digitais e um ponto de garagem que pode ser do DMTU ou da SMSI.
Só quem tem 10 anos de idade, um P.A., sabe a satisfação do que é a mãe deixar andar sozinho de ônibus na cidade. E poder passar por debaixo da roleta. É libertário! ... Ixe! Tô quase pegando ranço dessa palavra. E ranço do ranço.  
Era fim de umas férias. Tendo me despedido do tio Mario e da tia Roseli, subi aquela ladeira da 33 com minha bolsa-sacola-pra-memória, em uma mão, e uma edição da revista Herói, na outra, periódico que eu colecionava – tentava! – e era ávido em ler, todavia, tendo poucos números em casa uma vez que não tinha tanto dinheiro assim para acompanhar as publicações ou, pelo menos, colecionar os lançamentos das edições especiais. Só que ali, mano, tinha frente aos meus olhos uma falando do Ikki, de Fênix! E seu irmão Shun de Andrômeda – caracteres originais que atualmente estão sendo deturpados pela nova formatação lacradora do desenho animado para a TV, canais fechados, streaming, whatever seus putos! –, ou seja, era tudo que eu quiria, saber do meu personagem predileto. Interessava saber o poder do cara, a história sofrida na ilha do inferno, a orfandade, o ódio, o ter que cuidar do irmão mais novo, a conquista da armadura, a amada perdida como unself-righteous suicide para se conquistar a armadura et cetera. Então, subi, subi, subi e quando me dei por conta já estava aguardando o busão ali, sentado numa das cadeiras de cliente da lanchonete. Coisa que menino mal consegue pôr o pé no chão.
Claro que, pensando agora, me ocorre a reflexão dos riscos de ser atropelado, uma vez que a rodovia nunca saiu dali, atravessando as vidas dos caminhantes que sobem da 33. Às vezes, até sendo a travessia final. Incidentes que ainda hoje acontecem.
Só que, por estar tão compenetrado lendo uma revista do Ikki, velho! O ônibus chegou e parti nele só um pouco mais ereto do que estava sentado. Fui rumo à Folha 16 – ou era pro São Félix? Haja vista que em 1995 morei lá? –, indo de volta para a minha casa, esquecendo a sacolinha de roupas no chão, ao lado da cadeira de cliente de lanchonete em que sentara.
Mas sou guerreiro e minha vida nem sempre é de finais infelizes. Dei conta do vacilo quando passava na parada às proximidades da Escola Estadual Gaspar Viana. Sim, a que recentemente pegou fogo, só que na época não havia outra unidade escolar ao lado nem o Fórum Eleitoral Desembargador Ary da Mota Silveira. Essa sacada veio seguida de um desespero no coração. Ai minhas roupas na sacola! Se eu chegar em casa sem minhas roupas estou morto. Era uma das poucas vezes que minha mãe me julgou maduro pra ir sozinho passar férias com parentes. Desci ali mesmo, no ponto, e parti correndo de volta.
Correr atravessando a Folha 21, a grota, as VPs, passar pela rotatória e subir para a parada em frente à Rodoviária ainda hoje é umas das sensações de distâncias maiores que guardo-sentida da minha vida. É uma sensação de fogo!
Pena que os escapes da memória não conseguem me dizer se, quando cheguei lá, encontrei ou não, intacta, minhas roupinhas com cheiro de férias. O fato é que por, simplesmente, ter ocorrido atrás do prejuízo, isso ajudou muito a ter um caráter que valoriza as pequenas coisas – dando valor ao que minha mãe me deu –, e também não desistir antes de tentar por maior que seja grande a incógnita. Quem quer solução só encara a incógnita. Pra que coisa mais feliz que isso?




*Anderson Damasceno Brito Miranda é natural de Marabá, Pará, nascido a 8 de julho de 1985. Mas, residiu por longos anos em outros municípios do estado como Altamira e Goianésia do Pará. Retornou para a cidade natal em 2004, onde passou a morar, novamente, com a família. Aos 19 anos, fez confissão de fé em Cristo. Em 2005, ingressou para o curso de Letras na Universidade Federal do Pará (UFPA), Campus Marabá, onde hoje é o Campus I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). 
O poeta leciona inglês, português, redação, artes e literatura. Também é repórter, fotógrafo e blogueiro.
Participou do Concurso de Poesia Professor(a) Poeta(isa) na sua última edição, realizada em 2011, em que alcançou o segundo lugar. E participa, ativamente, do concurso anual realizado pela Academia de Letras do Sul e Sudeste do Pará (ALSSP), intitulado Prêmio Inglês de Sousa, em que logrou a primeira colocação no gênero poesia, durante a edição do ano 2014.
Atualmente, trabalha no Instituto de Ensino A+, Preparatório de Medicina Everest. Além disso, é assessor parlamentar e assina o blog Olhar do Alto (OA).
Até outubro de 2016, o literato fez parte do coletivo de poetas e artistas do Sarau da Lua Cheia, sendo um dos co-fundadores do movimento, ao lado de Airton Souza, Eliane Soares e Xavier Santos. O Sarau da Lua Cheia é um evento artístico e cultural que iniciou em março de 2013, de caráter itinerante, que acontece em Marabá, uma vez por mês, promovendo a leitura, o livro e a divulgação das obras de autores paraenses.
Também foi membro-fundador da Associação de Escritores do Sul e Sudeste do Pará (AESSP), mas dissidiu por discordar da mentalidade esquerdista que passou a dominar a direção da instituição, após a queda do governo Dilma Rousseff, que manteve o PT no poder por quase 14 anos, isto é, 14 anos que foram, sem sombra de dúvidas, um dos piores projetos de poder e o maior escândalo de corrupção que o mundo já conheceu.





quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

POEMA – Leitores (Anderson Damasceno)


POEMA – Leitores (Anderson Damasceno*)

Saber ler pessoas
É coisa que toma o tempo.
Sou devedor risonho,
E em nada me apego a diabruras,
Apesar do tempo, escasso,
Ou por do meu diário rasgar as folhas.

Pessoas que falam com a respiração,
Te deixando ouvir o som,
Se compassado, se acelerando.
Te deixando ver a estrutura,
Remontando a caixa torácica.

Que linhas, será, têm ali?
As palavras que vejo sendo ditas de outra forma.
Não! Não quero explicações dos doutos da linguagem corporal,
Não quero a explicação psicomotora, neurolinguística.
Quero a poeticomotora, a eu-liricolinguística,
Desassoberbada de simpósios internacionais.
Não que eu odeie tais sapiências,
Mas é que elas não me respondem,
Não me dão a natureza humana na forma corpórea que faz meu sangue responder aos impulsos.
Nem me dá as incertezas das ações subsequentes que terei ao presenciar os atos corpóreos.
Só deixem as pessoas falarem mesmo que seus corpos me entulhem num labirinto que asfixia.

Que falam com o olhar, resoluto,
Quem sabe opaco, nada interpretativo.
Olha, olha e olha,
E nós, lá...
A ver...
A entender...
O que é aquilo?
Ora contemplativa, ora de um olhar perdido no horizonte
Ora o olhar surdo, irrespondível aos meus acenos, entonações, gritos.
Ou ora enfurecido, como quem batalha por algo que não consigo.
É porque não consigo ver que me angustio,
O porquê também não quero o saber dos profissionais que respeito,
Pois mesmo que interpretem a física quântica do olhar,
Ainda assim não me darão aquela natureza outra que existe
E não me socorre naquela exata hora em tento
Lê-los!
Oh olhos que me mordem!
Esse clarão de luz que me permite fixar os meus em vocês,
E apesar da matéria e fenômenos ópticos não consigo saber o que vocês são,
O que vocês dizem
O que vocês querem.
Angústia tamanha que até agora me correm na mente as imagens de vocês,
A reflexão do tempo gasto ali, perdendo-me em vocês.
Sem compreender.

E quando as mãos teimam a dizer?
O dorso revirado, a cara virada,
Os cotovelos sobre a mesa, os pés à meia entrados de lado na sapatilha?
Até a inércia,
Ou, do outro extremo, as pernas balançando no banco dizem sim estou fervilhando.

Mas quando se questiona...
Nada. Nada não!
Nada?
E eu?
Eu que li tanta coisa.
Termino...
Analfabeto.  


*Anderson Damasceno Brito Miranda é natural de Marabá, Pará, nascido a 8 de julho de 1985. Mas, residiu por longos anos em outros municípios do estado como Altamira e Goianésia do Pará. Retornou para a cidade natal em 2004, onde passou a morar, novamente, com a família. Aos 19 anos, fez confissão de fé em Cristo. Em 2005, ingressou para o curso de Letras na Universidade Federal do Pará (UFPA), Campus Marabá, onde hoje é o Campus I da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).

O poeta leciona inglês, português, redação, artes e literatura. Também é repórter, fotógrafo e blogueiro.
Participou do Concurso de Poesia Professor(a) Poeta(isa) na sua última edição, realizada em 2011, em que alcançou o segundo lugar. E participa, ativamente, do concurso anual realizado pela Academia de Letras do Sul e Sudeste do Pará (ALSSP), intitulado Prêmio Inglês de Sousa, em que logrou a primeira colocação no gênero poesia, durante a edição do ano 2014.
Atualmente, trabalha no Instituto de Ensino A+, Preparatório de Medicina Everest. Além disso, é assessor parlamentar e assina o blog Olhar do Alto (OA).
Até outubro de 2016, o literato fez parte do coletivo de poetas e artistas do Sarau da Lua Cheia, sendo um dos co-fundadores do movimento, ao lado de Airton Souza, Eliane Soares e Xavier Santos. O Sarau da Lua Cheia é um evento artístico e cultural que iniciou em março de 2013, de caráter itinerante, que acontece em Marabá, uma vez por mês, promovendo a leitura, o livro e a divulgação das obras de autores paraenses.
Também foi membro-fundador da Associação de Escritores do Sul e Sudeste do Pará (AESSP), mas dissidiu por discordar da mentalidade esquerdista que passou a dominar a direção da instituição, após a queda do governo Dilma Rousseff, que manteve o PT no poder por quase 14 anos, isto é, 14 anos que foram, sem sombra de dúvidas, um dos piores projetos de poder e o maior escândalo de corrupção que o mundo já conheceu.