Anderson Damasceno
“Os 5,1 milhões de vestibulandos tiveram que ‘esquerdar’ na prova
do ENEM 2019?”, eita perguntinha. E outra, ainda mais delicada: “Como pode? Mesmo
sendo governo Bolsonaro essa prova tava
cheia de marxismo cultural?”. Então, vamos tentar entender tudo isso.
POR QUE OS CONSERVADORES
CRITICAM?
Esqueçamos por um momento a prova de Ciências Humanas e suas
Tecnologias (CHT) realizada ontem (3), durante o 1º Dia do Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM) 2019, e foquemos na prova de Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias (LCT). Vamos ver se há algum sentido na crítica de certos setores
do Conservadorismo brasileiro a respeito disso. A respeito do ENEM. Por que (ainda) existe reivindicação, críticas, reclamação ou mesmo grande indignação de certos cidadãos, estudiosos e pensadores
sobre esse assunto?
NEM TODOS
De cara, gostaria de lembrar que os números do INEP dão conta de que 24% dos inscritos faltaram na prova. Portanto, nem todo mundo esquerdou (rsrs). Assim sendo, tem horas que parece que só faltando ao ENEM para o estudante não ser submetido desumanamente a um teste de submissão ideológica.
NEM TODOS
De cara, gostaria de lembrar que os números do INEP dão conta de que 24% dos inscritos faltaram na prova. Portanto, nem todo mundo esquerdou (rsrs). Assim sendo, tem horas que parece que só faltando ao ENEM para o estudante não ser submetido desumanamente a um teste de submissão ideológica.
CADÊ A DEMOCRACIA?
Agora, falando sério, gostaria de reconhecer duas coisas. Em primeiro lugar, eu entendo que a prova de Humanas (CHT)
seja o terreno mais fértil, mais propício para a manifestação da agenda progressista que, há décadas, vem sendo implementada na educação brasileira. O ENEM funcionou com apenas mais um braço desse aparelhamento político conduzido pelas Esquerdas do Brasil. Nela, talvez, se mostre mais facilmente a hegemonia desse
pensamento. “Como assim agenda
progressista, pensamento de esquerda?”, pode questionar algum leitor isentão. Mas, como
também há pessoas que são leigas - e que talvez não tomem uma posição por falta de
estudo sobre o assunto -, eu considero a tal agenda-pensamento em questão como aquilo
que os escritores mais conservadores criticam em seus textos sobre: o gramscismo, os
frankfurtianos, o babaovismo dos Michel
Foucaults, Hobsbawns, Fiorins e Derridas da vida. Sendo que a mesma prova não cobra Chesterton, Burke, Scruton, Sowell, Oakshott, entre outros conhecidos autores com relevo no
Conservadorismo. E olha que nem tô cobrando Olavo de Carvalho, Pascal Bernardin
e Otto Maria Carpeaux.
LINGUAGENS É HUMANAS...
Em segundo, fiz graduação em Letras na UFPA e estou no segundo
ano do mestrado em Letras pela Unifesspa. Logo, minha formação e estudos me dão
sustentação e mais segurança ao falar da prova de Linguagens. Afinal, há 15
anos eu trabalho com disciplinas como: inglês, artes, português, literatura... Por
isso, deixo a de Humanas de fora neste momento. Contudo, costumo dizer que Linguagens é uma área vinculada
às Humanidades. Ainda na minha graduação, percebi que autores brasileiros que eu gostava
por demais: Alfredo Bosi, Antonio Candido tinham forte formação em sociologia e
filosofia que muito influenciaram os cursos de Letras. O britânico Terry Eagleton, totalmente tomado pela teoria marxista, e bastante presente nas salas universitárias do Brasil. Temos só aí alguns dos caras que
fazem a cabeça da galera. E até Marcos Bagno eu curtia. Inocentemente é claro! Desarmadamente é claro. E deste último reconheço meu
gosto com singular vergonha: “Shame on me”. Ele é o Lobão das Letras. “Cê tá lúcido, bixo?”. E não vou nem citar os nomes de umas senhoras aí da AD pra
não me womansplainizarem depois, nem virem com papinho
de que sou machista, frentista, taxista...
SENSO DE
TRANSPARÊNCIA?
E só mais uma coisinha que me ocorreu agora, não vou
analisar todas as 45 questões aqui. Pois, só quero dar um pouco de contribuição
para essa discussão que vejo acontecer todos os anos. Nunca parei para pegar a
prova do ENEM para realizar um ensaio sequer no viés político. Eis o momento.
HÁ QUESTÕES NEUTRAS?
Nem de Esquerda, nem de Direita, nem de Centro. De todos! O
caderno de questões em 2019 apresenta textos com reflexões ricas para o cidadão
brasileiro. Independentemente de qual seja seu espectro político e ideológico. São reflexões que contribuem bastante com a vida em sociedade, numa democracia robusta ou que objetiva ser robusta.
LIBERDADE DE
EXPRESSÃO
Para facilitar a visualização, pulemos as questões de Língua
Estrangeira Moderna (LEM) no caderno azul. Na questão 6 (Imagem que abre nossa postagem), há um texto assinado
pelo Ministério Público de Pernambuco. Trata-se de linguagem
publicitária. Quem a ler, possivelmente, estudou e tem em mente as noções sobre o gênero textual: propaganda. O texto publicitário em questão é uma campanha educativa a respeito de um importante tema para a
Democracia, a liberdade de expressão.
LIBERDADE REQUER RESPONSABILIDADE
Vejamos, tanto o título (parecendo o formato de chamadinha/torpedo nas capas de jornais) em caixa alta: “PALAVRAS TÊM PODER”, quanto os dois períodos seguintes com destaque no texto: “Palavras informam, libertam, destroem preconceitos. Palavras desinformam, aprisionam e criam preconceitos” e “Liberdade de expressão. A escolha é sua. A responsabilidade, também” dão pistas que o cerne desse texto é algo que entendemos ser um princípio constitucional. E segue o texto orientando ao leitor/cidadão a relação entre liberdade e responsabilidade sendo mediada pela lei. Tudo indica que essa questão agrada a gregos e troianos. E aqui, em nossa avaliação sobre a prova do ENEM, é possível defender que questões como essa demonstram sim que existe na prova conteúdos minimamente consensuais. Conteúdos caros que representam a todos os brasileiros. Em resumo, e fazendo uma singela aplicação das ideias que o texto usado no ENEM representa, todo cidadão que não quer ver ferirem os direitos humanos da família do Lula, do mesmo modo, não deve aceitar que ataquem os direitos da família do atual presidente da república, Bolsonaro. É simples!
RESPOSTA...
LIBERDADE REQUER RESPONSABILIDADE
Vejamos, tanto o título (parecendo o formato de chamadinha/torpedo nas capas de jornais) em caixa alta: “PALAVRAS TÊM PODER”, quanto os dois períodos seguintes com destaque no texto: “Palavras informam, libertam, destroem preconceitos. Palavras desinformam, aprisionam e criam preconceitos” e “Liberdade de expressão. A escolha é sua. A responsabilidade, também” dão pistas que o cerne desse texto é algo que entendemos ser um princípio constitucional. E segue o texto orientando ao leitor/cidadão a relação entre liberdade e responsabilidade sendo mediada pela lei. Tudo indica que essa questão agrada a gregos e troianos. E aqui, em nossa avaliação sobre a prova do ENEM, é possível defender que questões como essa demonstram sim que existe na prova conteúdos minimamente consensuais. Conteúdos caros que representam a todos os brasileiros. Em resumo, e fazendo uma singela aplicação das ideias que o texto usado no ENEM representa, todo cidadão que não quer ver ferirem os direitos humanos da família do Lula, do mesmo modo, não deve aceitar que ataquem os direitos da família do atual presidente da república, Bolsonaro. É simples!
RESPOSTA...
E, antes que eu pule para a análise de outra questão, como
eu sempre digo em sala: “Se você ficou entre B, C e E, você ficou em trívida". Mas tudo indica
que essa é B, valeu? Depois a gente confere o gabarito oficial.
(Logo mais, publicamos outras questões)
ATUALIZAÇÃO (14/03/2020)
É alternativa B!
ATUALIZAÇÃO (14/03/2020)
É alternativa B!
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