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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Meu trabalho... (não) foi por amor! (Anderson Damasceno)

Trabalhar por amor. É mito? É uma ideologia vendável como enlatado? É fé? Ou é simplesmente algo que acontece sem explicação? Aliás, o que fazem as pessoas que conseguem ou julgam ter alcançado essa realização?

Eu não vou responder essas perguntas. Quem quiser que comente. Mas, posso mostrar um caminho. Caminho que não tem nada a ver com o tal: “Vai te levar ao sucesso”. Contudo, acredito poder ajudar a que algumas pessoas não cometam o mesmo erro.

Não vou dizer o dia nem a hora. Só sei que a alegria começou a morrer no dia que dei o primeiro passo fora de casa para ir ao trabalho. Não pisei com o pé direito? Nada disso. No primeiro dia em que passei a sair de casa com meu coração mudado. Meti na cabeça que estava saindo de casa para ganhar o dia, para vencer na vida. Ir para o trabalho pra ganhar dinheiro. Querendo ganhar dinheiro. Infelizmente, chegou a um ponto em que estava querendo ganhar só dinheiro. Até que o vencer se tornou imensamente pequeno.

Por alguma razão, esse propósito se tornou insuficiente. E hoje, então, é enfadonho. Isso gera um desgaste mental e emocional a ponto de asfixiar a alma.

Confessar tudo isso é muito sério. E no primeiro momento da confissão surgem tantas dúvidas e pensamentos. Como será que vão me julgar? O que vai ser de mim se souberem que estou assim?

O pior deles é do quanto fracassado a gente é ao estar pondo pra fora toda essa crise pessoal, essa “frescura”. Uma crise de consciência tão desmotivadora que afeta drasticamente minha disposição para viver e meu rendimento no trabalho.  

Apesar de tudo isso, e de outras coisas que nem consigo falar aqui, só sei que essa reflexão chegou e ajudou a me ver no espelho. Ajudou a lembrar que realmente isso existe. A falta de propósito, de conexão com algo verdadeiramente suficiente, pode estar relacionada a tudo nessa vida. E mesmo pessoas com fé em Jesus, como eu tenho, em algum momento não percebem que essa fé precisa ser regada, assim como uma planta, para que suas raízes se estendam a todas as áreas da vida.

Acredito que, assim, nesse caminho novo, no caminho do reconhecimento, em que me percebo tão pobre e tão cego, consiga enxergar um novo sentido para o meu trabalho. Um sentido que supere a vida de trabalho despropositada. Falo trabalho no sentido de profissão, pois é neste exato sentido literal que espero que me leiam aqui. Aquilo que está ali assinado na carteira de trabalho. Pois é pra isso que sinto existir uma esperança, uma solução.

Hoje, entendo que não é errado não amar meu trabalho. E que ele, por ele mesmo, é despropositado por natureza.

Só agora consigo enxergar transparente o que antes era opaco. Agora sim dá pra viver com isso.

Consigo enxergar do outro lado, atravessando minha profissão. Minha visão vislumbra neste momento que, todos os dias estarei dando um primeiro passo em direção ao meu trabalho, e as coisas que são suficientes para me motivar estão do outro lado dele. Ele foi só um caminho.

Do outro lado, vejo as faces dos que quero abraçar. Isso sim é o meu capital.


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