Eu não vou responder essas perguntas. Quem quiser que
comente. Mas, posso mostrar um caminho. Caminho que não tem nada a ver com o
tal: “Vai te levar ao sucesso”. Contudo, acredito poder ajudar a que algumas
pessoas não cometam o mesmo erro.
Não vou dizer o dia nem a hora. Só sei que a alegria começou
a morrer no dia que dei o primeiro passo fora de casa para ir ao trabalho. Não pisei
com o pé direito? Nada disso. No primeiro dia em que passei a sair de casa com
meu coração mudado. Meti na cabeça que estava saindo de casa para ganhar o dia,
para vencer na vida. Ir para o trabalho pra ganhar dinheiro. Querendo ganhar
dinheiro. Infelizmente, chegou a um ponto em que estava querendo ganhar só
dinheiro. Até que o vencer se tornou imensamente pequeno.
Por alguma razão, esse propósito se tornou insuficiente. E
hoje, então, é enfadonho. Isso gera um desgaste mental e emocional a ponto de
asfixiar a alma.
Confessar tudo isso é muito sério. E no primeiro momento da
confissão surgem tantas dúvidas e pensamentos. Como será que vão me julgar? O
que vai ser de mim se souberem que estou assim?
O pior deles é do quanto fracassado a gente é ao estar pondo
pra fora toda essa crise pessoal, essa “frescura”. Uma crise de consciência tão
desmotivadora que afeta drasticamente minha disposição para viver e meu
rendimento no trabalho.
Apesar de tudo isso, e de outras coisas que nem consigo
falar aqui, só sei que essa reflexão chegou e ajudou a me ver no espelho.
Ajudou a lembrar que realmente isso existe. A falta de propósito, de conexão
com algo verdadeiramente suficiente, pode estar relacionada a tudo nessa vida.
E mesmo pessoas com fé em Jesus, como eu tenho, em algum momento não percebem
que essa fé precisa ser regada, assim como uma planta, para que suas raízes se
estendam a todas as áreas da vida.
Acredito que, assim, nesse caminho novo, no caminho do
reconhecimento, em que me percebo tão pobre e tão cego, consiga enxergar um
novo sentido para o meu trabalho. Um sentido que supere a vida de trabalho despropositada.
Falo trabalho no sentido de profissão, pois é neste exato sentido literal que
espero que me leiam aqui. Aquilo que está ali assinado na carteira de trabalho.
Pois é pra isso que sinto existir uma esperança, uma solução.
Hoje, entendo que não é errado não amar meu trabalho. E que
ele, por ele mesmo, é despropositado por natureza.
Só agora consigo enxergar transparente o que antes era
opaco. Agora sim dá pra viver com isso.
Consigo enxergar do outro lado, atravessando minha profissão.
Minha visão vislumbra neste momento que, todos os dias estarei dando um
primeiro passo em direção ao meu trabalho, e as coisas que são suficientes para
me motivar estão do outro lado dele. Ele foi só um caminho.
Do outro lado, vejo as faces dos que quero abraçar. Isso sim
é o meu capital.
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